Finanças chumbaram empréstimo à Inapa por faltar “estratégia de recuperação” e garantia de “ressarcimento do Estado”

Parpública, Direção-Geral do Tesouro e Finanças e Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial deram parecer negativo à injeção imediata de 12 milhões na empresa.

O Governo decidiu chumbar o empréstimo de 12 milhões de euros à Inapa, que vai conduzir a distribuidora de papel à falência “nos próximos dias”, depois de a Parpública, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM) terem “concluído que a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.

“Considerando os pareceres negativos a este financiamento, que a Inapa não apresentou qualquer estratégia de recuperação, que a Parpública é detentora de 45% da Inapa, mas não é acionista maioritária, que a Inapa é uma empresa privada, não tendo uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa; o Ministério das Finanças confirmou o parecer da Parpública de não avançar com as operações de financiamento solicitadas”, refere a tutela, em resposta ao ECO.

Prometendo que o Governo vai “acompanhar o processo de insolvência” da empresa, o Ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento confirma ainda, como o ECO noticiou em primeira mão, que apenas “tomou conhecimento da situação crítica em que se encontrava a Inapa” na sequência da decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de suspender as ações da empresa, a 11 de julho.

“Após a divulgação dessas notícias, e por sua iniciativa, o Governo convocou a Parpública, responsável pela gestão da posição acionista do Estado na Inapa, para uma reunião, onde lhe foi transmitido que a Inapa havia solicitado uma injeção de 12 milhões de euros no imediato, para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, quando estaria já em análise um outro pedido de 15 milhões de euros para reestruturar a empresa”, esclarece o Ministério das Finanças.

No domingo, em comunicado enviado à CMVM, a distribuidora de papel anunciou que irá apresentar-se à insolvência “nos próximos dias” na sequência de uma falha de tesouraria na ordem dos 12 milhões de euros na sua subsidiária alemã, que arrasta a própria Inapa – Investimentos, Participações e Gestão (Inapa IPG) para a falência.

Uma falha de liquidez que a administração da empresa diz não ter sido possível suprir, “pese embora todos os esforços atempadamente desenvolvidos junto de credores e dos acionistas, em especial junto do seu maior acionista detentor de cerca de 45% do capital social, a Parpública – Participações Públicas (SGPS), S.A.”. Da injeção de 12 milhões, cerca de nove milhões caberiam ao acionista público e os restantes ao Novobanco (6,55%) e à Nova Expressão (10,85%).

Já esta segunda-feira de manhã, depois de as ações da empresa terem sido suspensas pela CMVM, Frederico Lupi, que em junho de 2023 tinha sido cooptado para CEO da holding, após a saída de Diogo Rezende, apresentou a renúncia ao mandato, assim como os restantes administradores: Inês Louro, Afonso Chaby, Victor Barros, Patrícia Caldinha, Emília de Noronha Galvão Franco Frazão, João Miguel Pacheco Sales Luís e Fernando Sanz Pinto.

No ano passado, a Inapa teve um prejuízo de oito milhões de euros, depois de ter lucrado 17,8 milhões em 2022, para o qual disse terem contribuído as “condições de crédito mais exigentes [que] agravaram a função financeira”. As vendas consolidadas do grupo recuaram 20,1% em termos homólogos, para 968,7 milhões de euros. A 31 de dezembro de 2023, a dívida ascendia a 207 milhões de euros.

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