Alvo espanhol da Bondalti vê lucros afundarem 92% no primeiro semestre

A Ercros, a empresa espanhola que está a ser disputada pela portuguesa Bondalti e pela italiana Esseco, fechou o primeiro semestre com um resultado líquido de 1,4 milhões de euros, o que representa uma quebra de 92% face aos 17,7 milhões reportados na primeira metade de 2023. Já as vendas contraíram 17%, arrastadas pela quebra da procura do setor químico na Europa e pela descida dos preços dos produtos.

As vendas da química espanhola encolheram de 419 para 348 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano, a refletirem o momento difícil que o setor atravessa a nível europeu e a forte concorrência. Já o EBITDA baixou 53% para 21,35 milhões de euros, segundo os resultados divulgados pela empresa espanhola.

A dívida líquida da empresa subiu 23,13 milhões de euros para 113,20 milhões.

A empresa dedicada ao fabrico e venda de produtos químicos e farmacêuticos afirma que o consenso generalizado das publicações especializadas tem vindo a adiar as expectativas de recuperação da procura da indústria química europeia, prevista inicialmente para o primeiro semestre de 2024, para o ano de 2025.

Este mau momento dos resultados ocorre numa altura em que a empresa está a ser alvo de duas ofertas de aquisição. A Bondalti anunciou em março o lançamento de uma OPA sobre a totalidade do capital da Ercros por 3,6 euros por ação [preço entretanto ajustado para 3,505 euros após o pagamento do dividendo de 0,096 euros brutos], uma oferta que avaliava a espanhola em 329 milhões de euros.

Em resposta, a italiana Esseco lançou, no passado dia 28 de junho, uma proposta concorrente à oferta realizada pelo grupo português, propondo-se a pagar 3,84 euros [ajustados para 3,745 euros para deduzir o dividendo pago pela empresa] por cada ação da Ercros.

Apesar do preço oferecido ser 7% superior à contrapartida da Bondalti, ainda não chega para convencer os acionistas a vender, conforme mostra a evolução bolsista da empresa. As ações da Ercros têm estado a negociar acima da contrapartida oferecida em ambas as operações, um comportamento que evidencia que os mercados estão a antecipar que, a estes preços, as OPA não avançam.

As ofertas também estão a ser contestadas por um grupo de 150 acionistas da Ercros, que representa cerca de 27% do capital da gigante espanhola, e anunciou que não aceita nem a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela portuguesa Bondalti, nem a OPA concorrente da italiana Esseco. Os investidores da empresa já tinham manifestado contra as operações na assembleia geral de acionistas do passado dia 28 de junho, por considerarem que as contrapartidas oferecidas nas duas ofertas [3,6 e 3,84 euros, respetivamente] são demasiado baixas.