Vale da Rosa traz uva com sabor a “algodão doce”
O produtor de uvas português trouxe para Portugal – e para a Europa – uma uva que ainda não era produzida por cá. Chama-lhe uva "algodão doce", pelo sabor mais adocicado.
A Vale da Rosa, conhecida pelas uvas sem grainha que produz no Alentejo, decidiu trazer para as suas terras uma nova variedade: a uva com sabor a “algodão doce”, mais doce do que o normal. Para já, trata-se apenas de uma experiência, mas o fundador acredita que as uvas de sabor “são o futuro” e está assim prestes a estrear este produto em solo europeu.
“Já plantei, já arranquei, e já plantei e já arranquei”, afirma Henrique Silvestre, que gere o Vale da Rosa. É esta a dinâmica do seu “laboratório”, a parcela de terra onde experimenta novos tipos de uva. Há três anos, começou a plantar a variedade “algodão doce”, que só este agosto está pronta para ser colhida e distribuída pelas grandes superfícies. “É caso único na Europa“, garante, sublinhando o caráter inovador. A Herdade Vale da Rosa faturou cerca de 19,2 milhões de euros em 2022, últimos números disponíveis, um resultado operacional (EBITDA) de 2,1 milhões e um lucro de 1,2 milhões.
“Trabalhámos muito até chegar a estes cachos [de uva] ideais e ao sabor que o mercado irá gostar”, conta. Num hectare tem de momento 30.000 quilos, que serão colhidos entre agosto e setembro. “É uma produção ainda pequena”, considera. Investiu 120.000 euros neste novo ramo. Mas acredita que no mercado nacional exista procura suficiente para justificar uma expansão da área de produção até aos 10 hectares.
Uvas como estas estão a ser produzidas no Peru e a ser vendidas em Inglaterra “com sucesso”, como uvas premium, indica Silvestre. “Eu vou muito atrás de Inglaterra. Na minha visão, é o mercado que vai mais à frente”, complementa. Tem a expectativa de, na venda das uvas “algodão doce”, conseguir fixar um preço 20% acima das uvas convencionais.
Para já, o agricultor não vê que esta nova aposta possa pesar mais do que 5% no volume de negócios. Mas afirma que já tem canal aberto para vender em Inglaterra, a uma grande cadeia de supermercados. Também Alemanha, França e Dinamarca são mercados que já mostraram interesse em receber “grandes quantidades”.
“Penso que é o futuro, as uvas com sabor“, defende Henrique Silvestre. Espera que tenha especial impacto entre as crianças, não só pela doçura mas também por não terem grainha.
O agricultor do Vale da Rosa conheceu esta variedade quando se dirigiu a uma feira norte-americana. A uva extra-doce foi desenvolvida na Califórnia, a partir de uma estirpe de uma produtora do Canadá que garantia que as suas uvas sabiam a frutos tropicais, conta o agricultor alentejano.
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