Exclusivo BCP vende dívida de 80 milhões da falida Inapa

Banco já dava exposição à distribuidora de papel como crédito malparado antes de declarar falência. Além da Inapa, também vendeu dívida de 80 milhões do Autódromo do Algarve.

O BCP prepara-se para se desfazer da exposição problemática no valor de 80 milhões de euros que tem na falida Inapa. O banco já considerava aquele crédito como malparado antes de a distribuidora de papel anunciar a insolvência. Agora está prestes a vender a dívida juntamente com outras dívidas tóxicas, incluindo da promotora do Autódromo do Algarve, a Parkalgar, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO. Comprador: o consórcio da Arrow e CRC.

Nenhuma das partes envolvida no negócio quis fazer comentários sobre esta operação, até porque ainda não está fechado, prevendo-se o closing para as próximas semanas.

O ECO avançou em maio que o banco liderado por Miguel Maya tinha colocado à venda um portefólio de crédito malparado no valor de 265 milhões de euros, o chamado “Projeto Spring”.

Praticamente metade deste valor corresponde às exposições problemáticas junto da Inapa e da Parkalgar, ambas com o valor contabilístico bruto (isto é, sem imparidades) de cerca de 80 milhões de euros. Mas a meio deste processo, as duas empresas vieram a estar nas notícias durante o verão.

No caso da promotora do Autódromo Internacional do Algarve perdeu o seu CEO, Paulo Pinheiro, que acabou por falecer no dia 10 de julho depois de dois meses hospitalizado em França. “Era o motor da Parkalgar em todos os aspetos”, comenta uma fonte apontando aos muitos desafios que o projeto vai enfrentar com a perda do seu mentor.

Quanto à Inapa marcou a agenda mediática e política com a falência anunciada no dia 21 de julho após a aposta falhada no mercado alemão, e num processo ainda não terminado e que envolveu o Governo em face da recusa da Parpública, tutelada pelo Ministério das Finanças, em socorrer financeiramente a distribuidora de papel com 12 milhões de euros.

Pelo meio, a Inapa – cuja administração apresentou demissão – acusou a Parpública de ter provocado a falência, com o Governo recusar responsabilidades, argumentado que não injetou dinheiro porque não havia garantias de que fosse reembolsado. Ainda assim, as falhas de comunicação com a Parpública levaram as Finanças a afastarem a administração da holding que gere as participações do Estado na semana passada. Para o lugar do presidente José Realinho de Matos o Governo escolheu o nome de Joaquim Cadete. A Parpública acabou por incluir uma perda por imparidade de 7,7 milhões de euros em relação ao investimento na Inapa nas contas de 2023.

O BCP chegou a deter uma participação de 30% na Inapa, tendo reduzido a exposição ao longo do ano passado. Ainda mantinha uma participação (que passou a ser não qualificada) de cerca de 4,7%, avaliada em menos de um milhão de euros a preços de mercado. A Parpública é o maior acionista da Inapa com 44,89% do capital da empresa, seguindo-se a Nova Expressão (10,85%) e o Novobanco (6,55%).

O relatório e contas de 2023 da Inapa dava conta de financiamentos bancários contraídos junto do BCP de 85,987 milhões de euros. A dívida da Inapa ascendia a mais de 200 milhões, com Novobanco e Caixa Geral de Depósitos (CGD) a figurarem também na lista dos maiores credores.

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