BYD vai contornar tarifas europeias com produção na Hungria
Vice-presidente da fabricante chinesa de veículos elétricos assume não estar preocupada com a aplicação de taxas aduaneiras adicionais pela UE tendo em conta a nova unidade que vai abrir na Hungria.
A vice-presidente da BYD, Stella Li, disse, em declarações ao Jornal de Negócios, que não está preocupada com a imposição por Bruxelas de taxas adicionais às importações de veículos elétricos fabricados na China, porque a empresa “já vai começar a produzir na Hungria” a partir de setembro do próximo ano. Significa que o maior investimento da BYD na Europa vai ser impulsionado a partir de um país da própria União Europeia (UE), cujo primeiro-ministro Viktor Orbán tem estado frequentemente desalinhado com as posições dos restantes Estados-membros, em particular em matéria de política externa.
Desde 2017 que a BYD tem uma unidade de fabrico de autocarros na Hungria e, no verão passado, instalou no país uma fábrica de produção de baterias. “A BYD é uma empresa de longo prazo, uma visionária. Já decidimos fabricar na Europa, vamos investir mais na Europa, tornando-nos num dos fabricantes locais europeus“, justificou a vice-presidente executiva da fabricante chinesa a nível global e CEO para as Américas, acerca da fábrica que vai abrir no próximo ano naquele país, falando à margem da inauguração de um novo concessionário em Lisboa, em parceria com a Salvador Caetano.
Para Stella Li, a decisão da União Europeia de aplicar taxas aduaneiras adicionais aos fabricantes chineses de veículos elétricos — que, no caso da BYD, serão de 17% — só vai ter custos internamente. “Acho que deviam reduzir a maior parte das tarifas, porque estão a prejudicar o consumidor europeu. No fim de contas, é o consumidor que tem de pagar por isso. Não é uma decisão correta“, acredita a responsável, que considera que os fabricantes de automóveis tradicionais têm de ter uma “mentalidade aberta” para lidar com a nova concorrência asiática.
Ministro chinês vem à Europa discutir taxas
O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, vai deslocar-se na próxima semana à Europa para discutir as tarifas impostas por Bruxelas sobre veículos elétricos provenientes da China, após uma investigação aos subsídios concedidos por Pequim aos fabricantes. O porta-voz do ministério, He Yongqian, disse em conferência de imprensa que Wang vai encontrar-se com Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo e comissário de comércio da Comissão Europeia, no dia 19 de setembro, para discutir a questão.
A tensão comercial entre China e União Europeia (UE) tem vindo a aumentar. No mês passado, a China anunciou a abertura de uma investigação sobre os subsídios atribuídos pela UE aos produtores de laticínios. A decisão surgiu um dia após a UE ter fixado a taxa de importação de veículos elétricos chineses em 36,3%. Bruxelas considera que os preços dos veículos chineses são artificialmente baixos devido a subsídios estatais que distorcem o mercado e prejudicam a competitividade dos fabricantes europeus.
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