Generali sai da Turquia vendendo seguradora histórica
A companhia italiana vendeu a sua operação na Turquia, onde se implantou em 1863, como mais um passo da sua atual estratégia de se concentrar em mercados onde tenha presença liderante.
A Generali acaba de vender a sua operação na Turquia a três investidores fora do setor. Segundo comunicou a seguradora italiana, “a transação está totalmente alinhada com o plano estratégico ‘Lifetime Partner 24: Driving Growth’” focado em obter crescimento sustentável e rentabilidade.
“A contribuição do negócio na Turquia para os resultados operacionais era negligenciável e terá um impacto imaterial na solvência do grupo”, explicou a Generali no comunicado.
Verificando os relatórios de 2023, o volume de negócios da Generali Sigorta (seguros em turco) foi de 613 milhões de euros e os prejuízos de 105 milhões. O balanço transitava 253 milhões de prejuízos de ano anteriores e, para um ativo de 1.325 milhões de euros os capitais próprios totalizavam 331 milhões de euros, valor bastante inferior ao capital social realizado de 695 milhões.
Os números da transação não foram divulgados, e o negócio concretizar-se-á em 2025 e após autorização das entidades responsáveis. Os compradores de 99,9% do capital da Generali Sigorta foram em 48% a sociedade de investimentos Arex Yatırım Holdingem e em 1% a seguradora desta, depois 42% foram para a Kiler Holdings, uma holding familiar que em 2015 vendeu uma rede de supermercados à francesa Carrefour, e 9% para a Ekol Girişim Sermayesi Yatırım Ortaklığı, uma sociedade de capital de risco e de desenvolvimento.
Sobre posição de liderança, na Turquia apesar da antiguidade e de vender seguros dos principais ramos não vida como Habitação, automóvel, saúde e até o DASK, o seguro sísmico obrigatório para todos os edifícios na Turquia dando direito a indemnizações através do fundo sísmico, a quota de mercado da Generali era em 2023 de apenas 4,8%.
Considerando que a Lira Turca desvalorizou 50% face ao euro nos últimos dois anos, ainda assim a dimensão do mercado turco é semelhante à do mercado português. Em 2023 o total de seguros vendidos foi de 12,8 mil milhões de euros, dos quais 88% são em seguros Não Vida, aí diferenciando-se do mercado português que é mais equitativo entre ramos Vida e Não Vida.
Com cerca de 700 funcionários, 500 agências e rede de distribuição por mediadores e acordos bancários, a quota de mercado da Generali Sigorta, parecia pouco modificável num mercado liderado pela Türkiye Sigorta, pertencente ao fundo soberano da Turquia que tem 11.6% do mercado, seguido pela Allianz com 9,8% e pela Anodulu com 8,7%, seguradora esta pertencente ao Türkiye İş Bankası, um banco controlado pelo Partido Republicano do Povo, o maior opositor ao atual presidente Recep Erdogan.
A saída da Generali da Turquia tem outro simbolismo para além do económico. Foi um dos primeiros mercados que entrou com o objetivo de servir clientes europeus e expatriados que viviam no império otomano com quem o império austro-húngaro teve boas relações. Só no final da 1ª guerra mundial, a cidade de Trieste, onde ainda hoje e desde 1813 fica a sede da Generali, passou a ser território italiano.
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