Savannah “atenta” a mais oportunidades no lítio em Portugal se houver leilão

CEO da Savannah Resources explica que a prioridade da empresa é entregar o projeto que tem em mãos, mas não exclui novos investimentos se avançar um leilão para a exploração de novas áreas.

O CEO da Savannah Resources, Emanuel Proença, afirma que tem registado o interesse de “várias empresas globais” em investir na cadeia de valor das baterias em Portugal e Espanha, e desvaloriza o abalo que se tem sentido no mercado de carros elétricos, aferindo que “há crises piores”. Partilha ainda que, apesar de o foco da empresa estar no lançamento da operação em 2027, seria positivo o Governo português dar um sinal aos investidores estrangeiros através do lançamento de um concurso para a exploração de lítio, que está na gaveta desde 2022. Se vir a luz do dia, a Savannah estará “atenta”.

Temos visto certamente interesse por parte de várias empresas globais no passado recente, [interesse] em investir mais no país [Portugal] e na região [Península Ibérica]“, afirmou o CEO da Savannah Resources, Emanuel Proença, numa chamada com investidores, esta sexta-feira. O gestor diz-me “muito otimista” de que em cerca de dez anos Portugal e Espanha vão ser bem sucedidos na implementação de uma cadeia de valor de baterias.

Na apresentação, a empresa mineira deu conta que estão na calha entre duas a quatro refinarias de lítio em Portugal, a menos de 500 quilómetros de Boticas. O projeto Aurora (da Galp em parceria com a Northvolt) está previsto que entre em operação em 2028, enquanto a Liftium, da Bondalti, aponta para 2027 e “está a avançar para a decisão final de investimento”. Uma segunda unidade da Liftium e da AMG, acionista da Savannah, estão “em análise”. Há ainda o investimento que a chinesa CALB pretende fazer em Sines, que foi recentemente considerado um Projeto de Interesse Nacional, e dez mil milhões de euros em investimento na cadeia a serem desenvolvidos em Marrocos.

O recente abalo que tem sido reportado no mercado de carros elétricos, que nota uma diminuição no crescimento, não melindra a empresa. “É uma crise em que o mercado está a crescer 22% na primeira metade deste ano. Há crises piores“, afirmou o CEO.

Já no que diz respeito à agenda candidata a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, a CVB – Cadeia de Valor das Baterias, Emanuel Proença lamenta: “infelizmente, não há grandes desenvolvimentos. Estamos a aguardar pacientemente, mas certamente que já esperaríamos que esse processo estivesse concluído”. Sendo a Savannah Resources uma das 19 empresas que fazem parte do consórcio candidato, o CEO indica que o financiamento seria bem-vindo para acelerar os projetos.

Questionado sobre se a Savannah estará interessada em desenvolver outros projetos em Portugal, no caso de o Governo abrir um concurso para outras áreas, Proença afirma que a empresa está “atenta às oportunidades” mas sobretudo “focada em entregar” o projeto que já tem em mãos, em Boticas. No entanto, ressalva que “é importante que o Governo português dê um sinal aos investidores internacionais de que os projetos avançam“.

Em 2022, o Governo sujeitou a análise oito áreas com potencial de existência de lítio, e concluiu que em seis delas havia condições para avançar com explorações. Um trabalho que não teve continuidade desde então. O atual Executivo, na voz da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, veio adiantar que este assunto não está esquecido, mas sim em revisão por um grupo de trabalho.

O líder da Savannah Resources adiantou ainda que a empresa já possui mais de 100 propriedades na zona de Boticas e que está a consolidar o terreno que detém. Afirma ainda que está a começar a trabalhar em terrenos que ainda não são seus, “debaixo de determinadas regras” e a preparar o cenário de expropriação. Isto “não porque há problemas em adquirir, mas porque projetos nesta região o requerem”, justifica, exemplificando que alguns dos terrenos não têm o dono identificado. “Tentamos que se aplique ao menos área possível porque preferimos aquisições amigáveis”, rematou.

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