Taxa mais usada no crédito da casa baixa dos 3% pela primeira vez em ano e meio

Taxas usadas no crédito da casa reforçaram tendência de queda nos últimos meses. Euribor a seis meses voltou abaixo da fasquia dos 3% pela primeira vez desde março de 2023.

As taxas que servem de base para o cálculo de prestação da casa continuam a cair perante a perspetiva de descida dos juros dos bancos centrais. Nesse movimento, a Euribor a seis meses, a mais usada nos empréstimos à habitação em Portugal, voltou abaixo da fasquia dos 3%, algo que não acontecia desde 16 de março de 2023, há mais de ano e meio.

Pelo meio, este indexante — usado em mais de 40% dos contratos da casa e que esta segunda-feira fixou-se nos 2,972% — chegou a atingir o ponto mais alto nos 4,143% em outubro do ano passado. Desde então tem vindo progressivamente a cair, ainda que com algumas interrupções, em linha com as Euribor nos outros dois prazos principais, a três e 12 meses, que baixaram esta segunda-feira para 3,138% e 2,63%, respetivamente.

O que acontece é que as pressões inflacionistas aliviaram significativamente e o Banco Central Europeu (BCE) já vê a taxa de inflação encaminhar para o seu objetivo de 2%, conforme estipula o seu mandato.

O governador do Banco de Portugal e membro do conselho do BCE, Mário Centeno, foi o primeiro a declarar vitória sobre a inflação. “Alguns dos meus colegas do conselho de governadores não gostam da expressão, mas a inflação foi, de facto, vencida. Fizemos um sacrifício muito grande para vencê-la”, disse Centeno.

A este fator juntou-se outro nos últimos tempos: o abrandamento da economia, que fez soar os alarmes em Frankfurt e a acelerar o calendário de descidas.

Neste contexto, o BCE começou a desapertar a malha da sua política monetária. Na semana passada, cortou as taxas de juro pela segunda vez consecutiva, reduzindo a taxa de depósito em 25 pontos base para 3,25%. A decisão, amplamente antecipada pelos mercados, abre caminho para mais reduções nos próximos meses, à medida que a inflação continua a abrandar e a economia da Zona Euro mostra sinais de fraqueza.

Euribor a 3 meses abaixo dos 3% até final do ano

As Euribor são definidas diariamente por um conjunto de bancos comerciais da Zona Euro nos empréstimos que fazem entre si, refletindo em cada momento as perspetivas para o que irá acontecer com as taxas oficiais do BCE.

Elas depois são usadas nos contratos que os bancos comerciais estabelecem com as famílias nos financiamentos para a compra de casa. Na prática, isto significa que se as Euribor estão em alta, a prestação também sobe e vice-versa.

Nos últimos dois anos, as Euribor deram um salto para máximos de 15 anos. O que significou que Portugal foi duramente afetado, pois cerca de 90% dos contratos da casa têm taxa variável, segundo os últimos dados disponibilizados pelo Banco de Portugal.

Se as famílias com crédito à habitação “passaram as passas do Algarve” nos últimos meses, agora preparam-se para ter algum fôlego nos seus orçamentos porque a mensalidade da casa vai continuar a baixar.

Os contratos forward sobre as Euribor deixam antecipar que a Euribor a três meses também irá baixar da fasquia dos 3% em dezembro, devendo manter-se entre os 1,8% e 2,5% até final da década.

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