“O desafio para Portugal é colocar outros setores onde está o turismo”
O turismo deverá fechar 2024 com receitas turísticas de 27 mil milhões de euros, valor que, de acordo com o plano estratégico para o setor em vigor, se previa que atingir em 2027.
O ministro da Economia enalteceu hoje o contributo do turismo para o crescimento de outros setores e, consequentemente, para a economia, acrescentando que o desafio é colocar outras áreas económicas onde este setor está na primeira linha.
“O desafio para Portugal é colocar os outros setores — e há muitos noutras áreas da economia [como o turismo], felizmente — também onde está o turismo, que é na primeira linha”, afirmou Pedro Reis, que falava no 49.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em Huelva, Espanha.
Perante uma plateia de empresários e agentes de diversas áreas de atividade ligadas ao turismo, o ministro começou por realçar “a sorte” que Portugal tem em ter “a força, as condições e os profissionais” que constroem um setor que está na “ponta da economia mundial”.
Os benefícios do turismo, considerado há muito tempo um dos principais motores de crescimento da economia nacional, têm sido alvo de alguma contestação por parte de alguns grupos da sociedade e em algumas cidades — à semelhança do que acontece noutras partes da Europa — com o argumento de que tira condições de vida aos residentes, pelo excesso de tráfego, ou pelo aumento de preços que provocou no imobiliário, por exemplo.
“Às vezes, é como defender a baixa fiscal, há assim uns temas quase esquizofrénicos. Ainda bem que temos o turismo com a qualidade, sofisticação, profissionalismo e com a força que temos em Portugal”, sublinhou o governante.
O ministro da Economia disse ainda rejeitar outra crítica dos últimos tempos que é a de que “a importância dos setores tem a ver com as orgânicas dos governos ou a contabilização das medidas dos programas equivalentes ao Acelerar”.
“Era tão fácil se fosse assim”, desabafou.
Ao invés, disse “não alinhar nada na compartimentação da economia”, nem na do “próprio turismo”, evocando o efeito de alavanca que o turismo tem na indústria ou na construção, por exemplo.
“Quanto puxa pelo [setor] que é responsável pelo que nos serve à mesa, e pelo imobiliário e calçado e outros? Quanto é que o turismo não promove e da mobilidade? E a relação com os serviços e com o setor agrícola e com o enoturismo e com o agroindustrial? Quanto é que puxa? Quanto é que imprime? Quanto é que promove? onde é que acaba o espantoso papel que o turismo tem de projeção da marca Portugal?”, enfatizou.
De acordo com os dados apresentados e pelo sentimento dos intervenientes no congresso da APAVT, o turismo deverá fechar 2024 com novos recordes, nomeadamente com receitas turísticas de 27 mil milhões de euros, valor que, de acordo com o plano estratégico para o setor em vigor, se previa que atingisse em 2027.
“Acho que o turismo dá muitíssimo bem o seu contributo à economia e é importante é que consigamos – e isso é outra conversa – promover a reindustrialização e promover o crescimento do setor agrícola e do mar. (…) O desafio de Portugal é a execução, a implementação, não é diagnóstico”, disse.
Ainda assim, considerou ser “preciso evitar que o fenómeno de excesso, de nomeadamente nos grandes centros urbanos de turistas que se instalou internacionalmente, passem de uma fase de reação, a rejeição. E isso tem muito a ver com diluição no território e com o ‘upgrade’ [melhora] na qualificação da oferta”, disse a propósito dos que se queixam de eventual excesso de turistas.
“Curiosamente, é muito isso que eu penso que se vê nos números do turismo. Já está a acontecer em Portugal. É claro que estão a subir os números todos — os números das dormidas, dos gastos por dia, e outros —, mas há infelizmente um efeito ‘preço’, não é? E isso é positivo porque é um caminho para a qualificação em que se vai captando mais margem e se vai posicionando Portugal na primeira linha, mais uma vez”, disse.
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