BCP quer distribuir até 75% dos lucros pelos acionistas e lança programa de recompra de ações

Banco anunciou um reforço da remuneração aos acionistas com uma melhoria do payout e um programa de recompra de ações, visando atrair mais investidores perante potencial saída da Fosun e Sonangol.

O BCP quer distribuir pelos acionistas pelo menos metade dos resultados, de acordo com o plano estratégico 2025-2028 anunciado esta quarta-feira. Mas a distribuição pode mesmo subir para os 75% dos lucros através de um programa de recompra de ações, isto caso cumpra determinados objetivos (nomeadamente um rácio de capital acima de 13,5% e indicadores de negócio em Portugal e lá fora) e caso tenha a aprovação dos reguladores.

De resto, o banco vai pedir ao supervisor para executar um programa de recompra de ações de 25% do resultado líquido de 2024. Os analistas apontam para lucros acima dos 900 milhões este ano, o que significa que este programa poderá ter um montante de 225 milhões.

“Depois de uma mais de década em que os acionistas suportaram o banco, é tempo de retribuir a transformação do banco, mantendo sempre um banco muito robusto”, explicou o CEO, Miguel Maya.

O banco liderado por Miguel Maya avança com o reforço da remuneração aos acionistas num esforço para atrair investidores e compensar a potencial saída da Fosun e Sonangol, “protegendo-se” assim de eventuais investidas de rivais, de acordo com os analistas. O próprio Miguel Maya afirmou recentemente que dar mais dinheiro aos acionistas é a única forma de proteger o banco de ofertas rivais.

“Se conseguirmos e tivermos condições de remunerar adequadamente os acionistas, é a única forma de protegermos e mantermos o hub. (…) Quando está frágil fica muito mais propício a alguém que olhe para cá”, disse o gestor há três meses.

Esta quarta-feira, Miguel Maya considerou que “a melhor proteção” para o banco “é ter acionistas satisfeitos, que vejam no banco uma boa aplicação dos seus investimentos”. “É é a lógica natural de um banco que tem de ter investidores para se desenvolver, queremos ter uma relação com o mercado altamente positivo, e um título desejado para todos os portefólios”, acrescentou.

Lucros de mil milhões ao ano

O BCP está a projetar lucros entre os quatro mil milhões e os 4,5 mil milhões de euros acumulados nos próximos quatro anos deste novo ciclo, crescendo entre 5% a 6% anualmente, e ambicionando uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) acima dos 13,5%.

Neste cenário, os acionistas poderão receber dividendos de pelo menos dois mil milhões de euros até 2028, assumindo um rácio de payout de 50%. Sendo que outros mil milhões serão destinados ao programa de recompras, o qual será decidido anualmente, segundo explicou Miguel Maya.

Crescimento orgânico, sem aquisições

O novo plano do BCP visa valorizar (Deliver more value) não só os acionistas, mas também os clientes e os trabalhadores (pelo menos 25% dos trabalhadores com promoção todos os anos), apontando para um crescimento orgânico, isto é, sem aquisições.

Até 2028 quer atingir 190 mil milhões de euros de volume de negócios (120 mil milhões em Portugal), acima dos 158 mil milhões registados em setembro de 2024. E pretende superar a marca dos oito milhões de clientes (dos quais três milhões em Portugal).

Do lado da estrutura, perspetiva um rácio cost to income abaixo dos 40%, algo que já cumpre atualmente (35%).

“São objetivos ambiciosos, mas já mostrámos que temos a capacidade de dar resposta a esta missão, mesmo num quadro desafiante”, disse Miguel Maya.

O banco registou lucros de 714,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, subindo quase 10% em comparação com o mesmo período do ano passado.

(notícia atualizada às 18h42)

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