Economia espanhola cresce 3,4% no terceiro trimestre, um máximo do último ano e meio

  • Lusa
  • 8:58

O crescimento em cadeia foi de 0,8%, o mesmo que no trimestre anterior. A taxa de inflação, por sua vez, acelerou três décimas face a setembro, para 1,8%.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Espanha avançou 3,4% no terceiro trimestre, mais duas décimas do que no segundo trimestre e a taxa mais elevada do último ano e meio.

Em cadeia, a economia espanhola cresceu 0,8% no terceiro trimestre do ano, o mesmo que no trimestre anterior, graças, sobretudo, à despesa pública, que avançou a um ritmo trimestral de 2,2%, uma taxa superior em 1,6 pontos à do trimestre anterior, e ao consumo das famílias, que aumentou 1,1%, mais uma décima, segundo os dados antecipados das Contas Nacionais publicados na quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Evolução trimestral do PIB de Espanha

Fonte: INE espanhol

Esta taxa, idêntica à do segundo trimestre, é superior às previsões do Banco de Espanha, que esperava um crescimento de 0,6% e confirma a boa saúde da quarta maior economia da Zona Euro, ao contrário da maioria dos seus vizinhos europeus.

De acordo com o INE espanhol, este facto deve-se à força das exportações, que aumentaram 0,9%, depois de já terem subido 0,7% no segundo trimestre, mas também ao forte consumo das famílias (+1,1%), num contexto de abrandamento da inflação.

Esta dinâmica refletiu-se no bom desempenho do setor dos serviços, onde a atividade aumentou 1,1%, num contexto de um número recorde de turistas, com 21,8 milhões de visitantes estrangeiros recebidos entre julho e agosto.

O setor agrícola (+0,5%) e, em menor escala, o setor industrial (+0,2%) também foram beneficiados. Por outro lado, a atividade diminuiu no setor da construção (-1,4%), após três trimestres consecutivos de crescimento, segundo o INE.

Os resultados do terceiro trimestre colocam Espanha numa posição favorável para atingir o objetivo de crescimento anual de 2,7% fixado pelo Governo — uma previsão que foi revista em alta em 0,3 pontos em setembro.

Este objetivo está abaixo das expectativas do Banco de Espanha e da OCDE, que apostam num crescimento de 2,9%, e também do FMI, que reviu em alta a sua projeção em 0,5 pontos para 2,9% em meados de outubro.

De acordo com o Banco Central Europeu (BCE), este valor é muito superior ao previsto para a Zona Euro, onde o crescimento deverá ficar pelos 0,8%, devido sobretudo às dificuldades da economia alemã.

Na semana passada, o primeiro-ministro Pedro Sánchez felicitou a Espanha por “um momento extraordinário”, insistindo, num fórum económico, que o país estava “à frente de todos os países desenvolvidos”.

Esta mensagem foi repetida pelo seu ministro da Economia, Carlos Cuerpo, que afirmou que Espanha será “um dos principais motores de crescimento da Zona Euro este ano”, graças ao turismo e ao dinamismo das exportações.

O INE espanhol reviu em alta de uma décima de ponto percentual o crescimento homólogo do segundo trimestre para 3,2%.

Espanha com inflação de 1,8% em outubro

Os preços em Espanha subiram 1,8% em outubro, mais três décimas do que no mês passado, segundo uma estimativa da inflação divulgada também esta quarta-feira pelo Instituto de Estatística espanhol.

Esta evolução da inflação (aumento dos preços em relação ao mesmo período do ano anterior) deveu-se, principalmente, a uma subida dos combustíveis e, em menor medida, também da eletricidade e do gás, que tinham descido em outubro de 2023.

Quanto à taxa de inflação subjacente (sem a energia e os produtos alimentares frescos, tradicionalmente os mais voláteis do cabaz de compras), o INE estima que tenha sido 2,5% em outubro, mais uma décima do que em setembro.

Se se confirmarem estas estimativas, a inflação subiu em outubro em Espanha após quatro meses consecutivos de descida.

Variação da taxa de inflação homóloga em Espanha

Fonte: INE espanhol

Espanha acabou no final de setembro com o IVA zero em alguns alimentos e espera repor até ao final de 2024 todos os valores normais deste imposto, terminando assim com quase três anos de medidas extraordinárias para controlar a inflação.

O Governo de Espanha adotou pacotes para responder à subida dos preços depois de no primeiro semestre de 2022 ter tido dos valores mais elevados da União Europeia (UE) e de em julho daquele ano ter registado a inflação mais alta no país desde 1984 (10,77%).

Acabou por fechar 2022 com a inflação mais baixa da UE (5,7%) e a taxa continuou a baixar no ano passado, apesar de algumas oscilações, chegando a dezembro nos 3,1%.

Só ao longo de 2022, Espanha aprovou vários pacotes de medidas para responder à inflação superiores a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), com um valor de cerca de 45.000 milhões de euros, entre ajudas diretas a consumidores e empresas e benefícios fiscais, como a redução do IVA da eletricidade e do gás ou um desconto na compra de combustíveis.

Segundo a estimativa oficial mais recente, a taxa de inflação nos países da moeda única da UE (Zona Euro) desacelerou em setembro para 1,7%.

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