Crise na coligação governamental alemã. Scholz deixa cair ministro das Finanças

  • ECO e Lusa
  • 19:56

Coligação governamental alemã colapsa com a saída do ministro das Finanças liberal. Christian Lindner defendia reformas económicas difíceis de aceitar pelos parceiros social-democratas e verdes.

O chanceler Olaf Scholz afastou esta quarta-feira o ministro das Finanças, confirmou o porta-voz do líder alemão. O líder liberal Christian Lindner está de saída do governo alemão, uma decisão que faz colapsar a coligação governamental entre os social-democratas de Scholz (SPD), os Verdes e os liberais (FDP).

Lindner defendia reformas económicas difíceis de aceitar pelos parceiros da coligação semáforo durante o debate do orçamento para o próximo ano. Redução de impostos e mudanças no sistema de pensões faziam parte dos planos do liberal, que agudizaram a divisão no executivo de Berlim. A maior economia da União Europeia parte assim para 2025 sem um orçamento aprovado – a reunião da comissão orçamental estava marcada para 14 de novembro – e submersa numa crise política que fragiliza a posição europeia no dia em que Donald Trump venceu as eleições nos EUA.

Em conferência de imprensa, após a reunião na chancelaria com os três partidos, Scholz acusou Lindner de ter como único interesse a política de clientelismo e a sobrevivência a curto prazo do seu próprio partido. “Um tal egoísmo é incompreensível. Já não há confiança em trabalhar com Lidner (…) Não quero que o nosso país passe por este tipo de comportamento”, sublinhando que “gostaria de ter poupado” o país a esta “decisão difícil”, especialmente em tempos difíceis.

Com a saída de Lindner, a coligação governamental deixa de ser suportada por uma maioria parlamentar no Bundestag. E, por isso, o chanceler anunciou que irá apresentar uma moção de confiança a 15 de janeiro, que provavelmente perderá, e precipitar as eleições para março. Em 2005, foi assim que Gerhard Schröder, também chanceler do SPD, antecipou as eleições que acabou por perder para Angela Merkel.

No caso de uma rejeição num voto de confiança em Scholz, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier tem 21 dias para decidir se dissolve o parlamento – e convocar eleições num prazo de 60 dias – ou convidar os partidos para uma outra solução política. Na história política alemã nunca um presidente dissolveu o parlamento.

Até ao Natal, e com o fim da coligação “semáforo”, o chanceler alemão quer levar a votação todas as leis que não podem ser adiadas. Scholz adianta ainda que vai tentar “dialogar” com o líder da oposição, Friedrich Merz, da União Democrata-cristã (CDU), “muito rapidamente”.

A crise na coligação surge num momento de recessão na Alemanha, o que trouxe ainda mais tensão no debate entre os membros do governo sobre um buraco de nove mil milhões de euros na despesa do país para 2025. Segundo Financial Times, os Verdes, através do ministro da Economia Robert Habeck, tentaram negociar com os subsídios prometidos à norte-americana Intel – agora congelados – para construir uma fábrica no este alemão. Mas sem sucesso.

As sondagens mostram que 82% dos inquiridos alemães não acreditam que a atual coligação consiga soluções para a crise económica.

(atualizada pela última vez às 22h21)

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