Economia circular representa novo paradigma do sistema económico
Ao contrário da transição energética, Portugal ainda está atrasado na economia circular, que vai forçar a empreender novos modelos de negócio.
A economia circular é um conceito que tem vindo a ganhar relevância nos últimos anos, mas Portugal ainda está atrasado neste que se apresenta como “um novo paradigma do sistema económico”, apontam os especialistas.
“Quando falamos em economia circular estamos a falar num novo paradigma do sistema económico”, aponta a economista Sandra Martinho, num painel dedicado a este tema, no Green Economy Forum, que decorreu esta terça-feira em Gaia. A mesma especialista refere que apenas podemos falar de uma “tímida economia circular” em Portugal e que, no futuro, vai ser necessário “empreender novos modelos de negócio em relação à economia circular.”
Num momento em que muito se fala em transição energética, a economista aponta que “em matéria de circularidade evoluímos muito pouco. Estamos a tatear os primeiros passos e estamos muito longe até da literacia do tema de ter a economia circular”.
João Amaral, da Voltália, concorda que “falta educação”, acrescentando que fala-se muito sobre substituição de equipamentos, mas “será que devemos pensar em reciclagem da forma que pensamos? A vida útil do produto é fundamental”.
“Prefiro falar na circularidade da economia e não da economia circular. Temos que tomar ações para garantir que conseguimos zelar pela vida útil e pela reparabilidade, sendo que hoje é mais fácil substituir“, atira João Amaral, da Voltália. Para o especialista, há situações em que “é mais fácil substituir do que reparar. Estas condições não ajudam à circularidade.”
Quanto a esta questão, a economista refere que “a extensão do tempo dos produtos que é fundamental pensar na dimensão de estender a sua vida”, acrescentando que “o princípio da história é a forma como se concebem os próprios produtos”, o planeamento. “Temos na moda e vestuário casos exemplares de inovação”, exemplifica.
“O que vai alavancar a economia circular vai ser sobretudo a pressão que se pode sentir da descarbonização. Construção e mobilidade são setores fundamentais”, resume.
Para o responsável da Voltália, “o maior avanço técnico que podemos ver é a regulamentação”. “A mudança cultural vai ser longa. A tecnologia está a nosso favor para nos ajudar na circularidade”, acrescenta.
Sandra Martinho “é fundamental” que haja incentivos, enquanto no que diz respeito ao financiamento, “é preciso que o incentivo venha do lado do mercado.” Dito isto, a economista diz que há dinheiro: “o sistema financeiro está ávido por projetos destes”.
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