Salário médio bruto na Função Pública atinge 1.975 euros. Cresce mais do que no privado
Remuneração total média por funcionário público aumentou 4,7% em termos reais. No setor privado, o ordenado médio ficou-se nos 1.365 euros, registando uma variação de 3,7%, descontando a inflação.
O salário médio bruto da Função Pública atingiu os 1.975 euros, no terceiro trimestre, o que corresponde a um crescimento homólogo de 7% e, em termos reais, ou seja, descontando o efeito da inflação, de 4,7%. O aumento é bem superior ao verificado no setor privado, onde a remuneração total média por trabalhador subiu 6% ou 3,7%, se retirarmos o efeito da subida de preços, para 1.365 euros, segundo o relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as remunerações brutas registadas no terceiro trimestre e publicado esta quinta-feira. No conjunto da economia, o vencimento médio total, antes de impostos e contribuições sociais, avançou 6,1% ou 3,8%, em termos reais, para 1.528 euros.
“No setor institucional das Administrações Públicas, observou-se um acréscimo homólogo de 7% na remuneração total média por trabalhador, que atingiu 1.975 euros em setembro de 2024″, quando um ano antes o salário médio bruto estava nos 1.846 euros, de acordo com o gabinete de estatísticas. Entre julho e setembro, a componente regular, que engloba o subsídio de alimentação, prémios e bónus pagos todos os meses, além do ordenado, aumentou 7,5%, de 1.709 euros para 1.837 euros, e a retribuição base, que exclui outras parcelas remuneratórias, registou um aumento de 6,7%, passando de 1.607 euros para 1.714 euros. “Em termos reais, nas Administrações Públicas, as remunerações total, regular e base aumentaram 4,7%, 5,2% e 4,4%, respetivamente”, de acordo com o INE.
Os vencimentos no setor privado registaram um crescimento mais modesto comparativamente com a evolução dos salários no Estado. O INE indica que “a remuneração total registou uma variação homóloga positiva de 6%”, de 1.365 euros para 1.446 euros, no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. A componente regular aumentou 6,3%, subindo de 1.123 euros para 1.193 euros e a remuneração base avançou 6,4%, passando de 1.056 euros para 1.124 euros. Descontando o efeito da inflação, que se fixou em 2,2%, “foram observados aumentos homólogos reais nos três tipos de remuneração: 3,7% na total e 4,1% na regular e na base”.
As diferenças nos níveis remuneratórios médios entre o público e o privado “refletem, entre outras, diferenças no tipo de trabalho realizado, na composição etária (com impacto na acumulação de capital humano e de experiência profissional) e nas qualificações dos trabalhadores que os integram”, explica o INE.
Assim, o instituto conclui que os funcionários públicos têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados, o que justifica níveis remuneratórios mais elevados: “55,7% dos trabalhadores neste setor tinham ensino superior”, o que compara com apenas 25,5% no setor privado; “27,1% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (33,6% no privado) e 17,2% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (40,9% no privado)”.
Ordenado para o conjunto da economia cresce 3,8% em termos reais e chega aos 1.528 euros
No conjunto da economia, isto é, juntando as remunerações do público e privado, o salário médio bruto valorizou 6,1% para 1.528 euros, no terceiro trimestre, quando há um ano estava nos 1.441 euros. O INE destaca que “esta variação foi inferior à observada em junho de 2024 (6,5%)”. Mas, ajustando o efeito da inflação, que tem vindo a desacelerar, de 2,7%, em junho, para 2,2%, em setembro, o aumento real foi superior, de 3,8%, quando, no trimestre anterior, tinha sido de 3,4%.
Analisando as várias componentes remuneratórias, o vencimento regular médio que exclui os subsídios de férias e de natal, pelo que tem um comportamento menos sazonal, avançou 6,4%, passando de 1.216 euros para 1.294 euros. Em termos reais, a valorização foi de 4,2%. Já o ordenado base aumentou 6,3% ou 4,1% em termos reais, evoluindo de 1.144 euros para 1.216 euros brutos mensais.
Por atividade económica, “os maiores aumentos relativos da remuneração total foram observados nas ‘atividades de saúde humana e apoio social'”, cujos salários evoluíram 10,9%, para 1.583 euros e nas ‘atividades de agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca'”, com as remunerações a subir 7,8% para 987 euros. A menor variação homóloga da remuneração total foi observada nas profissões das áreas de “eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (1,9%), com os vencimentos a atingir os 2.979 euros mensais brutos no terceiro trimestre. Tendo por referência a variação do IPC, em setembro de 2024, foram observadas variações reais positivas da remuneração para todas as secções da Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE), com exceção da área de eletricidade.
O INE indica que a remuneração total média por trabalhador variou entre 987 euros na “agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” e 2.979 euros nas atividades de
“eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio”.
Analisando a valorização salarial por dimensão da empresa, verificou-se que a retribuição total “aumentou em todos os escalões, tendo a maior variação (6,6%) ocorrido nas microempresas com um a quatro empregados. O salário médio bruto destes trabalhadores subiu para 1.102 euros. Nas médias empresas, que empregam entre 100 e 249 trabalhadores, a evolução foi mais modesta, evoluindo 5,4% para 1.732 euros.
O INE observou ainda a variação das retribuições de acordo com a intensidade tecnológica e intensidade do conhecimento das empresas e instituições da Administração Pública. “Através da classificação da atividade económica das empresas, é possível construir grupos de acordo com a intensidade tecnológica (alta, média e baixa tecnologia, para a “indústria transformadora”) e a intensidade do conhecimento (intensivos e pouco intensivos em conhecimento, para os “serviços”), esclarece o gabinete de estatísticas.
Assim, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador na “indústria transformadora” foi de 1.546 euros, em resultado de um acréscimo homólogo de 6,8%. Nesta secção, o valor mais elevado do salário médio total, isto é, considerando todas as componentes remuneratórias, foi observado nas empresas de “alta tecnologia industrial” (2.183 euros), a que correspondeu um aumento homólogo de 5,5%, destaca o INE. Porém, o aumento homólogo relativo mais elevado, de 7,2%, foi constatado nas empresas de “baixa tecnologia industrial”, com um ganho bruto total de 1.372 euros.
Nos “serviços intensivos em conhecimento”, o ordenado médio bruto subiu 6,2% para 1.808 euros, tendo sido mais elevado nas empresas de “serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento”, cujos salários valorizaram 3,3% e atingiram os 2.514 euros. Nos “serviços de mercado com forte intensidade de conhecimento”, os vencimentos subiram mais (5,8%), fixando-se nos 1.570 euros.
(Notícia atualizada às 12h14)
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