Scholz fala com Putin pela primeira vez em dois anos

  • Lusa
  • 16:24

Olaf Scholz exigiu ao Presidente russo a retirada das tropas da Ucrânia. Putin respondeu que uma proposta de paz para a Ucrânia deve ter em conta “novas realidades territoriais”.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, exigiu ao Presidente russo, Vladimir Putin, a retirada das tropas da Ucrânia na primeira conversa telefónica que mantiveram em quase dois anos, indicou esta sexta-feira o Governo alemão num comunicado. Putin respondeu que a proposta de paz para a Ucrânia deve ter em conta “novas realidades territoriais”, exigindo que Kiev abdique das regiões ocupadas por Moscovo.

O chanceler apelou a Putin para demonstrar “vontade de encetar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura” e sublinhou “o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia”, acrescentou a chancelaria. O executivo alemão informou igualmente que Scholz tinha anteriormente falado com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

A proposta de paz, de junho passado, inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass e do sul do país, e ainda a renúncia de Kiev à adesão à NATO. “Os potenciais acordos devem ter em conta os interesses de segurança da Federação Russa, basear-se em novas realidades territoriais e, acima de tudo, abordar as causas profundas do conflito”, de acordo com um comunicado do Kremlin que resume a conversa telefónica entre os dois líderes.

Esta conversa telefónica de uma hora foi o primeiro diálogo entre os dois líderes desde dezembro de 2022, e o Kremlin (sede da Presidência russa) ainda não o comentou. Putin não fala com a maioria dos líderes ocidentais desde 2022, quando a UE e os Estados Unidos impuseram sanções maciças à Rússia após a invasão da Ucrânia, em fevereiro desse ano.

Muitos dirigentes ocidentais, como os chefes de Estado norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, entre outros, recusam-se a falar com o Presidente russo – com a notável exceção do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. No início de novembro, Vladimir Putin lamentou que os líderes ocidentais tivessem “parado” de lhe telefonar.

“Se algum deles quiser retomar os contactos, sempre o disse e quero repetir: não temos nada contra isso”, afirmou Putin no Fórum político de Valdaï, na Rússia. Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas a Kiev, a seguir aos Estados Unidos.

Esta conversa ocorre num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob fogo da Rússia, com grande parte das suas infraestruturas energéticas danificadas ou totalmente destruídas. Com a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, coloca-se a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas desde fevereiro de 2022.

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