“Europa está a ficar para trás”, alerta Lagarde. Declínio económico ameaça estado social e investimento

Presidente do BCE alerta, com base no relatório de Draghi, que o declínio económico da Europa vai condicionar investimentos no estado social, no combate às alterações climáticas e na defesa.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) alerta que a Europa não terá capacidade financeira para investir no setor da defesa, combater as alterações climáticas e ainda suportar as prestações do Estado social, a menos que corrija um declínio verificado a nível do crescimento económico.

Num discurso proferido esta segunda-feira, em Paris, e citado pelo Financial Times, Christine Lagarde afirmou que sem políticas económicas arrojadas, a União Europeia (UE) “não será capaz de gerar a riqueza necessária para satisfazer as crescentes necessidades de despesa para garantir segurança, combater as alterações climáticas e proteger o ambiente” tal como o bloco europeu pretende.

Segundo a líder do BCE, o bloco corre o risco de enfrentar “um futuro de receitas fiscais mais baixas e rácios de dívida mais elevados”, realidade que resultaria em “menos recursos para as despesas sociais”.

Ademais, alerta para uma potencial guerra comercial com os Estados Unidos agora que a Casa Branca entra em fase de transição e Donald Trump se prepara para assumir a presidência do país, a 20 de janeiro. Sem abordar diretamente o risco de virem a ser novas taxas aduaneiras às importações da UE e da China, Lagarde sublinhou que a “paisagem geopolítica” está a “fragmentar-se em blocos rivais, onde as atitudes em relação ao comércio livre estão a ser postas em causa”.

"Temos de nos adaptar rapidamente a um ambiente geopolítico em mudança e recuperar o terreno perdido em termos de competitividade e inovação.”

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE)

Os alertas em torno da competitividade e inovação surgem depois de o antigo chefe BCE, Mario Draghi, ter avisado, num relatório enviado à Comissão Europeia de que o bloco europeu está particularmente exposto aos riscos externos, sobretudo numa altura em que uma potencial guerra comercial sobe de tom. Lagarde subscreveu à tese, sublinhando que a Europa é hoje “mais aberta do que os outros”.

Citando diretamente as conclusões do estudo do antigo primeiro-ministro italiano, Christine Lagarde relembrou que apenas quatro das 50 maiores empresas tecnológicas do mundo são europeias”, e que a nível do desenvolvimento e aposta em tecnologias emergentes, nomeadamente, a inteligência artificial, “a Europa está a ficar para trás”.

Assim, a economista recomenda que a Europa se transforme numa “grande economia única, com interesses predominantemente partilhados”, unidos os recursos em áreas como a defesa e a transição ecológica. “Não podemos continuar a olhar para nós como um clube frouxo de economias independentes”, atirou.

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