Dependência energética nacional sobe 4,2 pontos para 69,9% em 2022

  • Lusa
  • 22 Novembro 2024

Destaca-se a diminuição das exportações de gasóleo rodoviário, que reduziram 45,4%.

A dependência energética nacional aumentou 4,2 pontos percentuais para 69,9% em 2022, reforçando a tendência crescente registada desde 2020, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A dependência energética resulta do rácio entre as importações líquidas de energia e a utilização interna de energia.

De acordo com a “Conta de Fluxos Físicos de Energia 2000-2022” do INE, em 2022 registou-se um ligeiro aumento de 0,1% das exportações de fluxos energéticos, interrompendo a tendência decrescente que se verificava desde 2017 e refletindo a subida das exportações de produtos petrolíferos (+3,5%), nomeadamente, querosene e ‘jet fuel’ (combustível para aviação, +160,0%), nafta (+47,1%) e fuelóleo (+8,2%).

Em sentido oposto, destaca-se a diminuição das exportações de gasóleo rodoviário (-45,4%). Entre 2021 e 2022, o INE dá conta de um aumento de 1,6% na utilização de energia pelas famílias, com subidas nas utilizações de calor (+10,5%), gasolina sem biocomponentes (+8,0%) e gasóleo para transportes sem biocomponentes (+5,1%).

Em sentido oposto, observaram-se no setor das famílias reduções na utilização de gás de refinaria, etano e GPL (-8,1%), gás natural sem biocomponentes (-6,9%) e eletricidade (-2,5%).

Já nos ramos de atividade económica, entre 2021 e 2022 assistiu-se a um aumento de 0,9% da utilização de energia, com subidas nas utilizações de gasolina sem biocomponentes (+8,2%), madeira, desperdícios de madeira e outra biomassa sólida, carvão vegetal (+5,8%) e gasóleo para transportes sem biocomponentes (+4,9%).

Pelo contrário, diminuiu a utilização de gás natural sem biocomponentes (-11,1%), de calor (-5,7%) e de biocombustíveis líquidos (-2,8%).

Os dados divulgados pelo INE apontam ainda que a extração de recursos energéticos naturais (recursos endógenos) diminuiu 4,1% em 2022, mas foi, ainda assim, 28,8% superior à média anual do período compreendido entre 2000-2022.

Já a utilização de resíduos para fins energéticos aumentou 1,4% face ao ano anterior, representando um valor 21,2% superior à média da série temporal em análise.

Intensidade energética diminui pelo quinto ano

Da última edição da “Conta de Fluxos Físicos de Energia” resulta ainda que, em 2022, houve uma diminuição em 4,5% da intensidade energética da economia portuguesa (rácio entre a utilização interna líquida de energia e o Produto Interno Bruto (PIB) a preços constantes), refletindo um aumento de 2,0% da utilização de energia, inferior à variação positiva de 6,8% do PIB em termos reais.

Segundo destaca o INE, trata-se do quinto ano consecutivo de redução da intensidade energética da economia e do resultado mais baixo desde o ano 2000, o primeiro a que remonta a série.

Em 2021, último ano com informação disponível para a União Europeia (UE), Portugal foi o Estado membro com a terceira mais baixa intensidade energética da economia. No que se refere à produção de eletricidade com origem renovável, diminuiu 6,1% em 2022, devido sobretudo à menor disponibilidade hídrica (-45,1%).

Ainda assim, a contribuição das energias renováveis para a produção de eletricidade foi de 51,0%, o segundo valor mais elevado do período 2000-2021, só ultrapassado pelo ano de 2021, com 52,9%.

Este resultado traduziu o efeito conjugado da eliminação da utilização de carvão, por encerramento em 2021 das duas últimas centrais de produção de eletricidade a carvão em Portugal, com o aumento de utilização de fontes renováveis, com destaque em 2022 para a energia solar (+38,7%).

Ainda segundo o INE, em 2022 as utilizações energéticas na atividade da fabricação de coque e de produtos petrolíferos refinados aumentaram 5,6% face a 2021, invertendo o decréscimo verificado desde 2017, ano em que se registou o máximo da série em análise. Para este crescimento foram determinantes os aumentos na produção de querosenes e ‘jet fuels’ (+74,5%), outros produtos petrolíferos (+9,7%), gasolina (+4,7%) e fuelóleo residual (+4,4%).

 

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