BRANDS' ECO Do mar português para o mundo

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Debater oportunidades e desafios para os setores da pesca, aquicultura e indústria transformadora de produtos do mar são os objetivos da 4ª edição da Expo Fish, que arrancou esta segunda-feira.

Esta é a maior plataforma dedicada à internacionalização e à promoção das atividades no setor da pesca e da comercialização do pescado, e um “ponto de encontro para a inovação, e de valor acrescentado no setor da pesca, aquicultura e atividades relacionadas com a sua comercialização”, afirmou Sérgio Faias. Aproveitando a sessão de abertura da 4ª edição da Expo Fish, que começou esta segunda-feira em Lisboa e que termina hoje, o presidente do Conselho de Administração da Docapesca recordou que esta iniciativa procura, acima de tudo, promover o que de melhor se faz em Portugal nas atividades relacionadas com a economia azul. “Queremos contribuir para que a excelência dos produtos das nossas águas, aliado ao saber fazer de muitas gerações, e às mais recentes tecnologias possam ser partilhadas com o mundo ajudando a consolidar a marca Portugal”, apontou.

"No percurso de internacionalização do pescado português precisamos do empenho de todos os segmentos do setor, com o objetivo de acrescentar valor para todos”

Sérgio Faias, presidente do Conselho de Administração da Docapesca

Sérgio Faias reconhece, contudo, que este é um desafio ousado, uma vez que “a cadeia de valor do pescado é complexa, onde participam vários agentes económicos com diferentes preocupações, vários canais do mar ao prato e nem sempre lineares”. Adicionalmente, outros desafios como a dificuldade que o país tem em ganhar escala, uma vez que a diversidade das espécies que habitam o mar português é muito abrangente e que as quantidades que podem ser capturadas de forma sustentável são reduzidas, ou a capacidade de dar resposta às necessidades de grandes cadeias logísticas, exponenciam a complexidade para o setor. O responsável da Docapesca acredita, no entanto, que a solução passa por uma afirmação pela qualidade e não pela quantidade, procurando nichos de mercado que valorizem acima de tudo as caraterísticas dos produtos.

Sérgio Faias, presidente do Conselho de Administração da Docapesca

Mas este é um caminho que deve ser feito em conjunto. “No percurso de internacionalização do pescado português precisamos do empenho de todos os segmentos do setor, com o objetivo de acrescentar valor para todos”, salienta Sérgio Faias. Na sua opinião é fundamental a existência de uma cadeia logística e de comercialização bem consolidada, uma indústria que prepare, transforme e acrescente valor ao produto, e uma frota de pescadores que diariamente disponibilize pescado com frescura e qualidade.

Aumentar o rendimento de quem está no mar todos os dias é, nas palavras da Secretária de Estado das Pescas, o resultado que se pretende ao manter o foco na internacionalização e na valorização do pescado. Cláudia Monteiro de Aguiar, que fechou a sessão de abertura da 4ª edição da Expo Fish, recorda que os setores da pesca, aquacultura e transformação do pescado “formam um pilar fundamental da economia do mar, mas também um pilar fundamental da economia do nosso país”.

A governante disse ainda que pesca não se cinge à captura dos recursos que estão nos mares nacionais. “Pesca é tradição, cultura, gastronomia, turismo, e todo este efeito multiplicador que gera no nosso país deve ser enaltecido, valorizado e apoiado”.

O nosso peixe é o melhor do mundo

Sem dúvidas de que “o nosso peixe é o melhor do mundo”, Cláudia Monteiro de Aguiar sublinha a importância de continuar a apostar na internacionalização deste setor que emprega cerca de 60.000 pessoas, além dos empregos indiretos relacionados, o que reforça a sua importância em termos económicos e sociais.

Qualidade, frescura e sustentabilidade dos recursos nacionais devem, na perspetiva da Secretária de Estado, ser elementos essenciais para levar o produto nacional além-fronteiras, através da internacionalização. Um caminho que, acredita a governante, está a ser percorrido com sucesso, apesar do potencial de crescimento que ainda encerra. Em 2023, as exportações de pescado, com destaque para o pescado congelado, cresceram 12 e 13%, respetivamente, ultrapassaram os 1.300 milhões de euros. Já o preço médio tem estado a subir, tendo crescido 5,2% até setembro deste ano.

Cláudia Monteiro de Aguiar, Secretária de Estado das Pescas

Segundo Cláudia Monteiro de Aguiar, o Ministério da Agricultura e Pescas tem vindo a apoiar o setor com um objetivo de fundo: atribuir valor acrescentado ao pescado capturado, através de uma estratégia e valorização dos produtos e dos subprodutos da pesca e da aquicultura. “Acreditamos na importância da modernização do setor, na importância da sua internacionalização, e apoiamos a transformação digital de todas as empresas que estão relacionadas com o setor”.

Para fazê-lo, a governante recorda que existem fundos europeus, com um chapéu de fundos marítimos para a pesca e a aquacultura, no Programa Mar 2030, que prevê uma dotação de 539 milhões de euros. Neste programa, a Secretária de Estado revela que existem mais de 1.700 projetos aprovados e uma taxa de compromisso de 36%.

Além deste programa, existem também apoios no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) na componente transição verde e digital e segurança das pescas, com uma dotação de 21 milhões de euros. Aqui, diz Cláudia Aguiar, a taxa de execução é de 42%, “muito superior à média nacional”.

Ao longo do primeiro dia, um conjunto de painéis de debate sob o mote do ‘Desafio do Peixe no Mundo’, apresentaram as oportunidades e as dificuldades de entrar noutros mercados com o pescado e os produtos derivados nacionais, e partilharam experiências de quem já deu o primeiro passo na internacionalização. Japão, França, Espanha, Brasil e Estados Unidos foram os mercados abordados e analisados por cerca de duas dezenas de empresários, representantes de associações do setor e do AICEP.

Manuel Tarré, Presidente da Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares

No final do dia, e em jeito de conclusão, Manuel Tarré (Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares), Rodrigo Souza (Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe), Paulo Mónica (Associação dos Industriais do Bacalhau), Francisco Avelelas (Associação Portuguesa de Aquacultores) e João Zorrinho (AICEP) debateram, linhas gerais, o que precisa de mudar neste setor. De forma praticamente unânime, os representantes destas associações reconheceram que faltam lideranças competentes, legislação e regulação mais adequada, políticas públicas e apoio às PME. À parte de uma vertente mais institucional, todos destacam o “trabalho notável” dos empresários do setor.

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