Queda do governo francês é “sinal de como a Europa está cheia de problemas”, diz Marcelo
Já o chefe da diplomacia portuguesa recusou dar "uma importância grande" ao que é o dever normal da política de dois países.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta quarta-feira, no Porto, à margem de uma missa em homenagem a Sá Carneiro, que a queda do Governo francês é um “sinal de como a Europa está cheia de problemas”.
“Não queria dizer nada, porque estamos à saída de uma cerimónia de evocação de Sá Carneiro, mas é óbvio que é um sinal de como a Europa está cheia de problemas”, disse hoe Marcelo Rebelo de Sousa à saída da missa evocativa de Sá Carneiro, que decorreu na igreja de Cristo Rei, no Porto.
Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa não acrescentou mais nada à sua reflexão sobre a situação política em França.
Instabilidade em França e Alemanha são “fenómenos”, diz Rangel
Já o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse esta quarta-feira que a instabilidade política em França e na Alemanha são “fenómenos” e que não afetarão o funcionamento das instituições democráticas da União Europeia.
“É evidente que é melhor ter estabilidade do que instabilidade, mas os assuntos internos de cada país têm a sua dinâmica própria. Evidentemente que eles têm sempre efeitos sobre a União Europeia, no sentido em que criam novos ciclos, interrompem ciclos, podem criar alguns impasses”, disse o ministro, em declarações à Lusa na Embaixada de Portugal em Paris, depois de ressalvar que Portugal não comenta a situação interna dos países.
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros referiu que a França, cujo governo caiu esta quarta com uma moção de censura aprovada pela esquerda e extrema-direita no parlamento, e a Alemanha, que terá em fevereiro eleições antecipadas, vivem um “fenómeno” como muitos países da Europa, com “situações de alguma fragmentação parlamentar” e sem maiorias estáveis nos governos.
“Isso pode ser um efeito colateral deste tipo de acontecimentos, mas, sinceramente, vamos olhar para o normal de vida das instituições democráticas, porque é disso que se trata”, defendeu Paulo Rangel.
O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “poderá haver algum impacto” dentro do “desenrolar que é a vida das instituições democráticas, que têm essas vicissitudes”, com a instabilidade a criar dúvidas no mercados, nomeadamente nos investidores, mas recusou dar “uma importância grande” ao que é o dever normal da política de dois países.
“Quer a França quer a Alemanha têm sistemas de Governo que foram pensados para, justamente, robustecer a estabilidade, é verdade, mas isto não quer dizer que, obviamente, de quando em vez não tenham, justamente, aquilo que é o dever normal da política e que, obviamente, cria esses ‘hiato’ ou essas aberturas”, afirmou.
Esta instabilidade vai implicar a prazo novos ciclos governativos, “na Alemanha seguramente com as eleições” e, no caso da França, “é diferente porque as eleições só podem ocorrer em julho e, portanto, com certeza que se encontrará uma solução até lá”, acrescentou.
Uma moção de censura da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), apoiada pela extrema-direita União Nacional (RN), foi hoje aprovada, na primeira vez que tal acontece em França desde 1962, resultando na queda do executivo francês, liderado por Michel Barnier (centro-direita).
Já a Alemanha vai a eleições no dia 23 de fevereiro de 2025, sete meses antes do previsto, com o chanceler Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), a submeter-se em 16 de dezembro a uma moção de confiança no parlamento alemão (Bundestag) depois da demissão do ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner (do FDP), que culminou no fim da coligação.
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