Bashar al-Assad transportou 250 milhões de dólares do banco central da Síria para Moscovo

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13:15

Investigação do Financial Times revela registos de transferências em dinheiro vivo por avião entre 2018 e 2019. Família de ex-Presidente sírio comprou ativos na Rússia no mesmo período.

Durante dois anos, o banco central da Síria transferiu cerca de 250 milhões de dólares em dinheiro para a Rússia, quando o então Presidente sírio, Bashar al-Assad, estava em dívida para com o Kremlin devido ao apoio militar prestado na guerra civil do país, revela uma investigação do Financial Times (acesso pago).

De acordo com o jornal britânico, o dinheiro transferido pelo regime de Assad foi transportado em 21 voos cujo destino era o aeroporto de Vnukovo, em Moscovo, para ser depositado em bancos russos sujeitos a sanções entre março de 2018 e setembro de 2019. Embora a Síria precisasse desesperadamente de moeda estrangeira, as remessas foram realizadas em notas de 100 dólares e de 500 euros.

Estas transferências evidenciam como a Rússia era um importante aliado de Bashar al-Assad: além do apoio militar que permitiu ao Presidente deposto da Síria prolongar o seu regime em Damasco, tornou-se um dos destinos mais importantes para o dinheiro sírio, de forma a conseguir contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos e a União Europeia, que afastaram o país do sistema financeiro internacional.

A investigação do Financial Times revela também que, no mesmo período, os familiares de Assad adquiriram secretamente ativos na Rússia. Em 2019, o jornal britânico noticiou que compraram pelo menos 20 apartamentos de luxo em Moscovo desde 2013, através de uma complexa série de empresas e acordos de empréstimos.

Em maio de 2022, Iyad Makhlouf, primo materno de Assad e major dos Serviços Secretos Gerais da Síria, criou uma empresa imobiliária na capital russa, do qual era proprietário juntamente com o seu irmão gémeo Ihab, denominada Zevelis City, segundo os registos empresariais russos.

O regime teria de levar o seu dinheiro para o estrangeiro, para um refúgio seguro, a fim de o poder utilizar para obter uma boa vida… para o regime e o seu círculo íntimo“, disse David Schenker, que foi secretário de Estado Adjunto dos EUA para os Assuntos do Médio Oriente entre 2019 e 2021, citado pelo Financial Times.

Aliás, a fuga de Bashar al-Assad e sua família para Moscovo chegou a enfurecer alguns antigos fiéis do regime, que a consideram uma prova dos interesses próprios do agora ex-Presidente sírio.

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