Corrida a dois pelo Hospital da Cruz Vermelha com desfecho incerto
Decisão está nas mãos do Governo. Sanfil Medicina e Trofa Saúde são os dois grupos na corrida pelo Hospital da Cruz Vermelha, que espera atingir o breakeven no próximo ano.
Neste momento, o Governo tem em mãos duas propostas para o Hospital da Cruz Vermelha. Sanfil Medicina e Trofa Saúde são os dois grupos que continuam na corrida pelo hospital detido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (55%) e pela Parpública (45%), enquanto o grupo Lusíadas está fora, confirmando-se, de resto, as informações avançadas pelo ECO em setembro. Mas o processo ainda tem um desfecho incerto.
Oficialmente, nenhuma das partes faz comentários (ou respondeu às questões colocadas pelo ECO) sobre a venda da sociedade gestora do Hospital da Cruz Vermelha, uma operação que se arrasta nos últimos dois anos e num quadro de muitas dificuldades financeiras do hospital.
O ECO sabe que o processo se encontra agora dependente de uma decisão da tutela, isto é, o Ministério das Finanças e o Ministério do Trabalho e da Segurança Social terão de decidir o futuro do problemático hospital. E ainda não é certo que seja escolhido o grupo Sanfil Medicina (que concentra a sua atividade na região Centro) ou Trofa Saúde (um dos maiores grupos de hospitais do país, operando uma rede de 17 unidades hospitalares, sobretudo na região Norte).
Embora a sociedade gestora seja detida pela Santa Casa e pela Parpública, com esta última a liderar o processo de venda, o edifício e terreno onde está o hospital (nas Laranjeiras, em Lisboa) são propriedade da Cruz Vermelha Portuguesa, razão pela qual a organização liderada por António Saraiva pressionou e acabou mesmo por ser envolvida no processo, nomeadamente na fase final de apresentação de propostas e planos estratégicos para o futuro do hospital por parte dos grupos interessados.
Breakeven no próximo ano
A venda do Hospital da Cruz Vermelha dá-se num quadro financeiro difícil não só para o próprio hospital, mas também para o seu maior acionista, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (em profunda reestruturação e uma comissão de inquérito à espreita).
O hospital deverá fechar 2024 com prejuízos, após ter acumulado resultados negativos de 26 milhões nos últimos cinco anos. Mas a atividade está a recuperar e deverá registar um aumento do negócio para os 35 milhões este ano, perspetivando atingir o breakeven no próximo ano.
Para esta recuperação tem sido fulcral o apoio financeiro dos acionistas, sobretudo da parte da Parpública, que tem vindo a injetar dinheiro na tesouraria do hospital.
Hospital acumula prejuízos de 26 milhões em cinco anos
Fonte: Hospital da Cruz Vermelha
Em face das dificuldades que a própria Santa Casa da Misericórdia de Lisboa atravessa, foi assinado um acordo para a Parpública adiantar os fundos que deveriam ser aportados pela Santa Casa, que devolverá com juros a partir de janeiro do próximo ano. A Parpública chegou a injetar um milhão de euros por mês no hospital, mas as necessidades estão a aliviar à medida que vai recuperando atividade.
Em caso de não se consolidar a venda, o Governo terá outro dossiê para decidir: a próxima administração da sociedade gestora.
O conselho de administração é liderado pelo antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. Carlos Sá preside à comissão executiva que conta com mais dois administradores: Ana Marques da Silva e Carlos Rodrigues da Silva.
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