Chega isolado e criticado por todos os partidos sobre acusação a Marcelo de traição à pátria

  • Lusa
  • 15 Maio 2024

No Parlamento, André Ventura voltou a considerar que as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre reparações às ex-colónias "representam uma profunda traição sem paralelo" na história portuguesa.

O Chega ficou esta quarta-feira isolado e foi criticado por todos os partidos pela acusação ao Presidente da República de traição à pátria “sem paralelo” pelas declarações que fez sobre reparações às ex-colónias.

Na abertura do debate de urgência no parlamento pedido pelo Chega sobre este tema, André Ventura considerou que as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa “representam uma profunda traição sem paralelo” na história portuguesa.

O presidente do Chega dirigiu-se aos antigos combatentes, retornados e “espoliados das províncias do Império”, considerando que “no saldo do deve e do haver” se houvesse “alguma coisa para pagar” seria “esse mundo fora que teria que pagar a Portugal”.

Ventura questionou o Governo, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, se “algum dia fará uma diligência” para a reparação às antigas colónias.

Em 27 de abril, dias depois das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo já tinha afirmado que “não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito” de reparação pelo passado colonial.

Pelo PSD, Regina Bastos defendeu que “a liberdade de opinião é o oxigénio da democracia”, lamentando que haja “temas interditos e censura legitimada para alguns que não conseguem aceitar essa liberdade”.

Para o PSD, Portugal tem com as ex-colónias uma relação “sem sobressaltos” e “com exemplares relações institucionais”, considerando que só com respeito e reconciliação com o passado comum se pode “cooperar e crescer”, sendo a cooperação uma “pedra de toque das relações bilaterais”.

“Não foram as declarações do Presidente da República que criaram um tumulto mediático. Quem o criou e continua a alimentar foi mesmo o aproveitamento político que delas foi feito”, acusou.

Já o PS, por Pedro Delgado Alves, criticou “mais uma busca desesperada de atenção” e na qual o Chega “procurou clivagem num tema que é difícil e que merecia mais respeito”, acusando o partido de “falta de noção e falta de respeito pela inteligência” do parlamento e do país.

Considerando que este agendamento não tem um “pingo de urgência”, o deputado do PS referiu que “Portugal pode ainda não ter feito um debate sobre descolonização como outros países”, mas isso nunca impediu a relação de lealdade e respeito.

Paulo Núncio, do CDS-PP, discordou da posição do chefe de Estado, mas não a confunde com um “processo-crime gravíssimo”. “Não perderei um segundo mais com uma iniciativa que é politicamente insana, juridicamente ignorante e institucionalmente infantil”, disse, numa curta intervenção na qual não usou todo o tempo disponível.

A intervenção de Joana Mortágua, do BE, gerou um dos momentos mais tensos, quando subiu ao púlpito perante sons da bancada do Chega e perguntou: “é tudo medo?”. “O tema das reparações históricas ganhou espaço no debate público. A Europa está a lidar com o seu passado. (…) A escolha que temos de fazer é entre acompanharmos este debate europeu ou ficarmos amarrados à propaganda antiga”, defendeu.

A bloquista afirmou que se fosse levada a sério esta queixa “o Presidente arriscaria 10 anos de prisão” perguntando se essa “é a pena para quem tem uma opinião diferente” do Chega.

Pelo Livre, Rui Tavares disse que os termos usados pelo Chega “indicam um total desrespeito e ignorância sobre a história de Portugal”. Para Tavares, o que Ventura fez do púlpito a dizer que deviam ser as ex-colónias a pagar barragens ou pontes é um discurso que corresponde ao de Putin sobre a Ucrânia.

Pelo PCP, António Filipe criticou um debate que só serve para o Chega “ter mais umas horas de tempo de antena nas televisões”. “A par da valorização de acontecimentos e processos que se inserem na marcha de progresso da civilização humana, não se pode contemporizar com o branqueamento do colonialismo, da escravatura e do fascismo”, disse.

Pela IL, Rui Rocha considerou que há “reparações históricas, reações histéricas e também reações hipócritas”. Nas reações histéricas, está a intenção do Chega que o “Presidente da República seja condenado a uma pena de pisão entre 10 a 20 anos”, considerando que Ventura “é jurista e tem obrigação de saber da absoluta falta de fundamento do que pretende fazer”.

No lado da hipocrisia estão as “imputações coletivas de culpa”, aproveitando para perguntar a Ventura se subscreve as palavras do cabeça de lista do Chega às europeias sobre teorias da conspiração, afirmando que o líder do Chega “em casa é um cordeirinho e aqui promove o circo”.

Pelo PAN, Inês Sousa Real acusou o Chega de “usar o parlamento de forma abusiva” e disse que os “50 deputados no parlamento não querem resolver os problemas, só querem escândalos, lutas na lama”.

As declarações do Presidente da República em causa, sobre o período colonial, feitas num encontro com órgãos de comunicação social estrangeiros, em 23 de Abril, são as seguintes: “Nós somos responsáveis por aquilo que lá fizemos, e continuamos. Não é pedir desculpa e passou, ficamos amigos, não. O que fizemos lá, nos massacres, teve custos. Há que pagar os custos. Ainda é possível pagar hoje, paga-se. Trata-se de bens que foram espoliados e não foram devolvidos, quando se provou que eram espoliados. Então vamos ver como é que se consegue fazer a reparação disso”.

Nos termos do artigo 308.º do Código Penal, comete o crime de traição à pátria, “aquele que, por meio de usurpação ou abuso de funções de soberania: a) tentar separar a mãe-pátria ou entregar a um país estrangeiro ou submeter à soberania estrangeira todo o território português ou parte dele, ou b) ofender ou puser em perigo a independência do país”.

O artigo 328.º do Código Penal estabelece que “injuriar ou difamar o Presidente da República” constitui crime de ofensa à honra do Presidente da República e “é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa”, e quando “a injúria ou a difamação forem feitas por meio de palavras proferidas publicamente”, a pena agravada para “de 6 meses a 3 anos ou com pena de multa não inferior a 60 dias”.

No mesmo artigo, prevê-se que “o procedimento criminal cessa se o Presidente da República expressamente declarar que dele desiste”.

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“Encontramos algumas evidências que as preferências de investimento ESG estão a ter impactos reais”

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  • 15 Maio 2024

Pedro Matos, professor da Darden School of Business, esteve na Nova SBE para falar sobre as tendências da sustentabilidade, no âmbito do Simpósio Internacional Sustainability and Green Transition.

O Simpósio Internacional Sustainability and Green Transition é a primeira iniciativa da Catédra de Sustentabilidade que junta o novobanco e a Nova SBE. O programa contou com a presença de Pedro Matos, especialista em gestão de ativos da Darden University, para abordar o caminho percorrido em matéria de ESG (critérios ambientais, sociais e de governança, em português) e separar o trigo do joio. “A prioridade é perceber se, de facto, estamos ou não a fazer progressos com a adoção do ESG. O problema é que há muito greenwashing e entusiasmo em torno deste tema e nem tudo o que é medido está realmente a acontecer”, alertou.

Pedro Matos, Universidade da Virgínia - Darden School of Business
Pedro Matos, Universidade da Virgínia – Darden School of Business

Mas, afinal, há ou não razões para estar otimista ao nível da sustentabilidade? O académico acredita que sim e destaca que “estamos a desenvolver a energia solar, eólica e as baterias mais rápido do que o previsto”. Os dados apontam ainda para que a utilização do carvão esteja a cair, assim como o custo das baterias, e, em sentido oposto, a mobilidade elétrica levantou voo: na China já são vendidos mais veículos elétricos do que a combustão, a Europa está a seguir esse caminho e, mais atrás, os Estados Unidos.
Pedro Matos assinala a importância de considerar os critérios ESG para a avaliação do risco de um determinado investimento, já que as escolhas a este nível podem, e vão, impactar “o retorno dos investimentos”. “O mercado de capitais global representava, no final de 2023, qualquer coisa como 230 triliões de dólares. Se olharmos apenas para os fundos ESG, são cerca de 2,7 triliões de dólares. E, destes, a maior parte está na Europa”, continua.

Do ponto de vista do verdadeiro impacto das medidas ESG, Pedro Matos encontra uma diferença grande entre a Europa e os EUA. Do outro lado do oceano, há, de forma geral, uma “desconexão maior entre os compromissos ESG e os portefólios. Fora dos EUA, há um maior alinhamento entre as palavras e as ações”, conclui. Mas há outras formas de calcular o verdadeiro valor do investimento ESG, pelo que, assegura Pedro Matos, o maior desafio é aferir esse montante com exatidão. Os 2,7 triliões de dólares podem ser 30 triliões, se forem considerados fundos de pensões, soberanos e de seguros que incluam princípios de ESG. Porém, o valor pode atingir os 100 triliões, caso se tenha em consideração os ativos geridos pelos signatários dos Princípios de Investimento Responsável (PRI, em inglês), uma iniciativa que conta com o apoio da ONU. “O investimento em ESG é de 100 triliões? Ou é de 2,7 triliões? Esta deve ser a questão de partida”, enuncia o académico.

Futuro da sustentabilidade à lupa

Enquanto a manhã foi dedicada à visão transversal sobre sustentabilidade e a aplicação real dos critérios ESG, bem como da sua relação com os investimentos financeiros, o período da tarde do Simpósio Internacional Sustainability and Green Transition debruçou-se sobre os esforços académicos para aprofundar conhecimento com utilidade prática para esta jornada. Melissa Prado, coordenadora da Cátedra de Sustentabilidade e professora catedrática de finanças na Nova SBE, tem elevadas expectativas para esta iniciativa, que pretende que venha a ajudar a “encontrar soluções inovadoras para promover um futuro mais sustentável”.

Melissa Prado, Professora Catedrática de Finanças na Nova SBE
Melissa Prado, Professora Catedrática de Finanças na Nova SBE

À distância, por videochamada, o investigador Lakshmi Naaraayanan, da London Business School, apresentou um artigo científico “Investimentos que tornam as nossas casas mais verdes: o papel da regulação”. Neste trabalho, o especialista analisou o impacto da legislação do Reino Unido sobre o mercado de arrendamento para perceber se as obrigações legais potenciaram o aumento da eficiência energética nos edifícios residenciais, que, segundo o autor, representam 22% do consumo de energia e 17% das emissões de CO2. “A regulação parece ser importante para incentivar alguns destes investimentos”, conclui.

Daniel Streitz, professor e investigador na Universidade de Jena

Seguiu-se o estudo “Pobre demais para ser verde? Os efeitos da riqueza no aquecimento residencial”, apresentado por Daniel Streitz, da Universidade de Jena. “Queremos perceber o que está a impedir as pessoas de se tornarem mais sustentáveis”, resume o académico, que procura uma relação entre a “riqueza doméstica” e a adoção de equipamentos energeticamente mais eficientes. “É importante compreender se as condições financeiras domésticas influenciam realmente a adoção de tecnologias mais verdes e, se sim, em que medida e que motivações estão na sua origem desse investimento”, diz.

A programação terminou com “Os efeitos globais do investimento socialmente responsável: uma abordagem sensorial remota”, por Melissa Prado. A coordenadora da Cátedra de Sustentabilidade explica que “a questão que se coloca é se o dinheiro faz realmente diferença”, nomeadamente para perceber “como é que o investimento socialmente responsável afeta a atividade poluidora de multinacionais industriais. Queremos ver se há melhorias ou regressões quando entra capital mais verde e sustentável”, perspetiva. Uma das conclusões deste trabalho – que continua em aprofundamento – prende-se com noção de que existe uma melhoria no desempenho ambiental das áreas junto a instalações de produção nos países da OCDE, por via do investimento verde e da regulação, mas que, pelo contrário, fora da OCDE verifica-se uma deterioração.

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“Em Portugal, só 12% dos edifícios têm classificação A ou A+”

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  • 15 Maio 2024

Construção sustentável e transição energética no sector da habitação foi o tema de um debate organizado pelo novobanco na Nova SBE, em Carcavelos.

É possível construir mais edifícios de forma sustentável? A resposta é positiva, mas os oradores presentes no debate “Transição energética no setor imobiliário”, integrado num evento do novobanco e da Nova SBE dedicado à sustentabilidade, defendem que não basta continuar a construir – é preciso investir na reabilitação urbana, em novas técnicas de trabalho e em novos materiais. “Temos de olhar para os edifícios que existem não como um futuro resíduo de construção, mas como um extraordinário banco de materiais que temos de saber reutilizar e reincorporar nas novas construções”, afirma João Pedro Matos Fernandes.

João Pedro Matos Fernandes
João Pedro Matos Fernandes, Ex-Ministro do Ambiente e da Ação Climática

O antigo ministro do Ambiente e da Ação Climático aceita que possa existir “dificuldade” no aproveitamento material de um prédio com 70 anos, mas recusa a ideia de que “um edifício projetado e construído hoje não seja aproveitado em 95% quando vier a ser desconstruído daqui a 60 ou 70 anos”. Na União Europeia (UE) onde o setor da construção tem hoje metas de sustentabilidade ambiciosas – em 2030, os novos edifícios têm de ser neutros em carbono -, a reutilização de materiais é ainda muito baixa. Na Holanda, que lidera a tabela, a taxa de reaproveitamento é de 30%, mais do dobro da média europeia (12%) e muito superior ao registado em Portugal, que não vai além dos 2,3%. “É sobretudo no fabrico de materiais e na reutilização de matérias-primas que, de facto, podemos dar aqui um grande salto [em matéria de sustentabilidade]”, reafirma.

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties
José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, considera improvável que seja possível alcançar as metas de renovação dos edifícios ou da nova construção. “Estas coisas têm de ser programadas com muito tempo e, no nosso caso, o desafio português é muito grande. A pressão regulatória, europeia e nacional, mas também da banca, vai ser muito importante para acelerar”, aponta. Há ainda um longo caminho a percorrer para tornar as casas e os espaços comerciais mais amigos do ambiente e eficientes do ponto de vista da utilização da energia. “Em Portugal, só cerca de 12% dos edifícios têm classificação A ou A+. Temos muito ainda para reabilitar”, perspetiva.

Inês Soares, Diretora Central e do Gabinete ESG do novobanco
Inês Soares, Responsável do Gabinete ESG do novobanco

Inovação é essencial

No painel moderado por Inês Soares, responsável do gabinete de ESG do novobanco, inovação foi uma das palavras-chave. Quer a Vanguard Properties, quer o Grupo Casais estão a apostar fortemente no conhecimento como arma para liderar o novo capítulo da construção em Portugal. “A inovação é fundamental. Estamos a falar de uma indústria que é muito tradicional, que se habituou a trabalhar de forma muito repetitiva com recurso a materiais e soluções construtivas que não mudaram nos últimos 50 anos”, assinala António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais.

António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais
António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais

O empresário tem investido no aumento da produtividade, por um lado, mas também na utilização de novos materiais e técnicas de construção, nomeadamente a madeira. “Se olharmos para a utilização de madeira, estamos a utilizar material endógeno que nos ajuda a resolver o problema da gestão florestal”, reforça. A ligação da indústria à academia é, diz José Cardoso Botelho, essencial para acelerar a inovação no sector. E isso reflete-se de muitas formas que não apenas nos materiais utilizados. Um exemplo é a plataforma que a Vanguard vai lançar até ao final do ano e que permitirá desenhar, com apoio da inteligência artificial, uma casa com preço e data de entrega em pouco tempo. “O cliente constrói a casa com todos os acabamentos que pretende e tem um desenho em 3D. Este é o tipo de inovação que responde às necessidades do mercado”.

Para acelerar o ritmo da disponibilização de habitação, José Cardoso Botelho diz ser preciso aumentar o poder de compra dos portugueses, porque o custo da construção e da reabilitação é necessariamente elevado. Mas a burocracia também podia ser melhorada, acredita. “Em Portugal temos um código complexo, já podia ter sido atualizado. Com pouco poder de compra e custos mais altos, é uma equação difícil de resolver”, lamenta.
Os especialistas falavam durante o debate integrado no Simpósio Internacional Sustainability and Green Transition, que resulta de uma parceria entre o novobanco e a Nova SBE.

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“Aliança poderosa” cria Industry Club para alavancar transformação digital

Os membros deste clube terão acesso exclusivo a estudos sobre o setor da indústria, eventos, workshops práticos, visitas técnicas a empresas líderes e programas de formação.

Com o desígnio de alavancar a transformação digital na indústria em Portugal, a Nos, Cotec, Inesc Tec, Kaizen Institute e o Porto Business School uniram-se para criar o Industry Club, uma plataforma aberta para a partilha de boas práticas, formação e networking.

O Industry Club é aberto a decisores e gestores de topo de empresas com presença em Portugal, assumindo o compromisso de criar visibilidade para as oportunidades existentes, divulgar casos de sucesso e potenciar pontos de contacto para apoiar as empresas rumo à excelência digital.

Os membros deste clube terão acesso exclusivo a notícias e estudos sobre o setor da indústria, eventos, workshops práticos, visitas técnicas a empresas líderes, bem como aos mais avançados programas de formação no que respeita a inovação e gestão industrial.

“A plataforma Industry Club nasce de uma aliança poderosa entre entidades reputadas, que se complementam entre si e que conhecem bem as necessidades de capital tecnológico dos setores industriais. Ao integrar esta aliança, a Cotec Portugal reforça o seu posicionamento de liderança no fomento da competitividade das empresas através do acesso a capital de inovação”, afirma Jorge Portugal, diretor-geral da Cotec Portugal.

Para João Ricardo Moreira, administrador da Nos Comunicações, “esta iniciativa vem reforçar o compromisso da Nos de ser um motor de transformação e desenvolvimento do país, ajudando as empresas a incorporar tecnologia nos seus processos de transformação, tirando partido das melhores práticas”.

José Carlos Caldeira, do Inesc Tec, sublinha que “os avanços tecnológicos são exponenciais e estar preparado para tirar partido das oportunidades daí resultantes será crucial para garantir o desenvolvimento e crescimento da indústria”. De acordo com este perito, a função de interface entre a academia e a indústria, proporcionada por entidades como o Inesc Tec, é fundamental para conseguir agarrar essas oportunidades, de forma eficaz e eficiente.

“É urgente ajudar o setor industrial a ter impactos concretos, tendo a consciência que a tecnologia em si não resolve todos os problemas, mas tem que ser acompanhada por metodologias de melhoria contínua, capazes de atingir os resultados esperados”, acrescenta José Carlos Pires, senior partner do Kaizen Institute, citado na mesma nota.

Já José Esteves, dean da Porto Business School, reforça a “importância que a formação tem nos processos de transformação”. “A transformação é fundamentalmente sobre mudança, e a mudança organizacional é a base da transformação digital dos negócios. A mudança organizacional, relacionada com pessoas, processos, estratégias, estruturas e dinâmicas competitivas, é onde reside a maioria dos desafios e oportunidades”, conclui.

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Execução do PRR acelera, mas fica aquém do esperado pelo terceiro ano consecutivo

Taxa de execução do PRR face ao previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2023 fixou-se em 61,8%, o que representa um desvio de 2.282 milhões de euros, diz o CFP.

Em 2023 houve uma aceleração na aplicação das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) – foi executado mais do dobro face a 2021 e 2022 –, mas continua aquém do previsto pelo Governo, indica o Conselho das Finanças Públicas no relatório sobre a evolução orçamental das Administrações Públicas no ano passado, publicado esta quarta-feira.

“A execução do PRR no primeiro triénio (2021-23) de implementação aponta para um valor global de 2410 milhões de euros. Dois terços deste resultado (1618 milhões, ou seja 0,6% do PIB) deve-se à execução do ano de 2023, que apesar de registar uma aceleração na aplicação das verbas, continuou a ficar aquém do previsto pelo Governo nos documentos de programação orçamental”, sublinha o CFP.

“A taxa de execução face ao previsto na Proposta de Orçamento do Estado para 2023 fixou-se em 61,8%, o que representa um desvio de 2.282 milhões de euros”, quantifica a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral, recordando que o Executivo de António Costa antecipava que a despesa a realizar no âmbito do PRR ascendesse a 3900 milhões de euros (1,4% do PIB) em 2023.

Execução do PRR entre 2021 e 2023, PRR

“Esta execução mostrou-se, uma vez mais insuficiente para impulsionar o investimento público, que desde 2012 demonstra incapacidade para repor o stock de capital público, resultando num investimento líquido negativo, o que prejudica o potencial de crescimento económico no futuro”, frisa a entidade que acompanha as contas públicas.

A diferença entre o executado e o previsto refletiu em 2021 e 2022 baixas taxas de execução, respetivamente de 15,7% e 21,7%, enquanto em 2023 essa taxa foi de 61,8%, detalha no mesmo relatório.

O CFP quantifica ainda o impulso orçamental PRR “imprimiu à economia um estímulo direto equivalente a 0,3 p.p. do PIB”. A maior parte da despesa de capital (1.051 milhões), foi direcionada às agendas mobilizadoras e a restante parcela de 675 milhões corresponde a investimento (FBCF) realizado pelo Estado (Administrações Públicas).

“No ano de 2023 aproximadamente 80% das transferências da União Europeia destinada ao PRR (subvenções) incidiram na despesa de capital, principalmente na “outra despesa de capital”. Os apoios a projetos de investimento dirigido a outros setores da economia no qual se incluem, em particular, as agendas e alianças mobilizadoras e verdes para a inovação empresarial absorveram a maior fatia destas verbas”, escreve o CFP.

Já “as subvenções da União Europeia aplicadas em despesa corrente totalizaram 370 milhões tendo-se destinado quase dois terços desse valor a subsídios e a “outra despesa corrente” para apoio igualmente a projetos realizados por entidades fora das Administrações Públicas”.

E como o PRR tem uma componente de subvenções (a fundo perdido) e de empréstimo, a equipa de Nazaré Costa Cabral revela que a “utilização de empréstimos para financiamento de despesa PRR ascendeu a 53 milhões em 2023, dos quais 46 milhões foram aplicados em despesa de capital, tendo os restantes sete sido aplicados em despesa corrente”.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Crédito ao consumo sobe 4% para recorde de 2 mil milhões no primeiro trimestre

Famílias portuguesas pediram mais de dois mil milhões em empréstimos ao consumo no arranque do ano. Compra de carro ajuda a explicar subida: 36 euros em cada 100 foram pedidos para a compra de carro.

Os bancos e as financeiras emprestaram mais de dois mil milhões de euros aos consumidores no primeiro trimestre, um aumento de 3,7% em comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se do valor mais elevado desde 2013, quando começa a série estatística do Banco de Portugal.

Para este desempenho contribuiu, sobretudo, o crédito para a compra de carro, que acelerou 8,7% para 742,7 milhões de euros nos três primeiros meses do ano, pesando mais de 36% no total dos empréstimos ao consumo concedidos neste período, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo supervisor bancário.

No que diz respeito à aquisição de carro usado, os empréstimos subiram 11% para 577,4 mil milhões, incluindo através de operações de locação financeira ou ALD e com reserva de propriedade. Para a compra de automóvel novo, o crédito ascendeu a 165,3 milhões, mais 1% em relação ao mesmo período de 2023.

Também o crédito concedido através do cartão de crédito, linhas de crédito, contas correntes e facilidades a descoberto subiu quase 7% para 360,6 milhões de euros, representando quase 18% do crédito aos consumidores.

Em contrapartida, o crédito pessoal, que continua a ser a principal componente dos empréstimos para o consumo (45,7%), registou um decréscimo de 1% para 928,1 milhões de euros entre janeiro e março.

Dentro deste segmento, o crédito pessoal sem finalidade específica caiu 1% para 892,8 mil milhões de euros, enquanto o crédito pessoal com a finalidade de educação, saúde e energias renováveis aumentou 3% para 35,4 milhões.

Crédito ao consumo sobe

Fonte: Banco de Portugal (Dados relativos ao primeiro trimestre de cada ano)

Crédito ao consumo cai 8% em março

Em termos mensais, o crédito concedido às famílias com a finalidade de consumo ascendeu a 685 milhões de euros em março, menos 8% em relação a março do ano passado, com o crédito pessoal a afundar 15% para 306,4 milhões de euros e o crédito automóvel a cair 5% para 252 milhões.

O crédito através de cartões contrariam esta tendência, aumentando 3% para 126,6 milhões, mostram os dados do Banco de Portugal

(Notícia atualizada às 11h56)

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Transporte aéreo cresce 6%. Aeroportos receberam 13,6 milhões de passageiros até março

  • Joana Abrantes Gomes
  • 15 Maio 2024

Março registou um novo máximo histórico mensal de passageiros aéreos, com um desembarque médio diário de 86,5 mil pessoas, mais 8,2% do que o valor registado em igual mês de 2023.

Os aeroportos portugueses receberam 13,6 milhões de passageiros no primeiro trimestre deste ano, mais 5,9% face ao mesmo período de 2023. Só em março houve 5,3 milhões de passageiros aéreos, o que corresponde a um crescimento homólogo de 8,1%, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Entre janeiro e março, França manteve o estatuto de principal país de origem e de destino dos voos, ainda que o número de passageiros desembarcados e embarcados em relação aos primeiros três meses do ano passado tenha diminuído 2,4% e 2,6%, respetivamente.

Reino Unido, Espanha e Alemanha ocuparam a segunda, a terceira e a quarta posições, como principais países de origem e de destino. Por fim, o Brasil ficou na quinta posição como principal país de origem e Itália como principal país de destino.

Passageiros desembarcados e embarcados nos aeroportos nacionais em tráfego internacional, por continente de origem/destino, em março

Fonte: INE

No período em análise, o aeroporto de Lisboa movimentou mais de metade do total de passageiros (55,1%), cerca de 7,5 milhões. Este valor aponta para um aumento de 5,5% comparativamente aos primeiros três meses de 2023.

O aeroporto do Porto, por sua vez, concentrou 23% do total de passageiros, com uma subida homóloga de 7,3%, para 3,1 milhões. Faro foi o terceiro aeroporto com maior movimento de passageiros no primeiro trimestre deste ano, mas teve um crescimento superior (+7,5%) ao do Francisco Sá Carneiro, para 1,2 milhões.

Número de americanos a viajar para Portugal sobe 25%

As estatísticas rápidas do transporte aéreo do INE revelam também que o mês de março — durante o qual aterraram nos aeroportos nacionais 18,2 mil aeronaves em voos comerciais — registou um desembarque médio diário de 86,5 mil passageiros, um novo recorde mensal, superior ao valor observado no mesmo mês de 2023 (80,0 mil, o que corresponde a um acréscimo de 8,2%).

No terceiro mês do ano, 82,2% dos passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais corresponderam a tráfego internacional, ou seja, 2,2 milhões. A maioria (68,4% do total) era proveniente do continente europeu, refletindo uma subida homóloga de 7,0%. O continente americano foi a segunda principal origem, com 9,2% do total de passageiros desembarcados (mais 25,0% face a março de 2023).

Quanto ao destino dos passageiros, 81,4% corresponderam a tráfego internacional, num total de 2,1 milhões de pessoas. O principal destino foram países da Europa (68,7% do total), num crescimento de 7,0% em relação a março de 2023. O segundo principal destino dos passageiros embarcados foi, igualmente, o continente americano (8,7% do total).

O gabinete estatístico nota ainda que, até março, verificou-se um crescimento de 13,6% no movimento de carga e correio nos aeroportos nacionais face ao mesmo período do ano passado, totalizando 59.911 toneladas.

(Notícia atualizada às 11h42)

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Um em cada quatro desempregados encontrou trabalho nos primeiros três meses de 2024

Quase 92 mil pessoas que não tinham trabalho encontraram um emprego entre janeiro e março de 2024. Por outro lado, 84,3 mil pessoas que estavam empregadas ficaram sem um posto de trabalho.

Quase 92 mil pessoas que estavam desempregadas encontraram um novo posto de trabalho nos primeiros três meses do ano. Quer isto dizer que mais de um quarto das pessoas que não tinham trabalho passou a estar empregado. Estes dados foram divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que indica que, em sentido inverso, 83,4 mil pessoas que estavam empregadas perderam o seu posto profissional, no arranque do ano.

Do total de pessoas que estavam desempregadas no quarto trimestre de 2023, 56,4% (200 mil) permaneceram nesse estado no primeiro trimestre de 2024, 25,9% (91,8 mil) transitaram para o emprego e 17,7% (62,8 mil) transitaram para a inatividade”, adianta o gabinete de estatísticas, no destaque publicado esta manhã.

Por outro lado, das pessoas que no fim de 2023 tinham emprego, 96,5% (4,8 milhões) mantiveram-se nessa situação, enquanto 1,7% (83,4 mil) passaram ao desemprego e 1,8% (91,3 mil) transitaram para a inatividade, como mostra o gráfico abaixo.

O INE detalha que, das pessoas que tinham um emprego a tempo parcial no último trimestre de 2023, quase um quinto (isto é, 19,9% ou 79,7 mil indivíduos) passaram a trabalhar a tempo completo, entre janeiro e março deste ano.

Outro dado a destacar é que, das pessoas que continuaram empregadas entre os dois referidos trimestres, 3,3% mudaram de emprego. Em causa estão 159,4 mil pessoas. No último trimestre, 3,7% tinham feito essa mudança, o que significa que a fatia de pessoas que mudaram de emprego encolheu no arranque do ano.

A completar o cenário do emprego, o gabinete de estatísticas realça que, do total de trabalhadores por conta de outrem que, no quarto trimestre de 2023, tinham um contrato de trabalho com termo ou outro tipo de contrato, 22,5% (163,9 mil) passaram a ter um contrato sem termo no primeiro trimestre de 2024.

Além disso, 9,7% das pessoas que trabalhavam por conta própria passaram a trabalhar por conta de outrem (65,7 mil pessoas), no arranque deste ano.

Quanto aos indivíduos que estavam na inatividade (não tinham emprego, mas também não estavam à procura, nem estavam disponíveis para agarrar uma nova oportunidade), o INE dá conta que a maioria (94,1% ou 3,3 milhões) manteve-se nessa situação. Ainda assim, 3,5% (122,1 mil pessoas) dos inativos passaram ao emprego, enquanto 2,4% (84,8 mil pessoas) começaram a procurar uma vaga de trabalho, o que significa que passaram a ser classificadas como desempregadas.

(Notícia atualizada às 11h27)

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Risco de pobreza é quase o triplo entre quem trabalha com contrato temporário

Risco de pobreza é mais elevado entre pessoas desempregadas, mas aquelas que têm trabalho não estão totalmente protegidas, especialmente se o contrato for temporário.

Não são só os desempregados que estão em risco de pobreza em Portugal. Entre quem trabalha, também há esse risco, sobretudo se estiverem em causa contratos de trabalho não permanentes. Para os trabalhadores com contratos temporários, o risco de pobreza é quase o triplo do vivido pelos trabalhadores com contratos sem prazo, de acordo com o estudo “Portugal, Balanço Social 2023”, que é divulgado esta quarta-feira.

“A taxa de risco de pobreza entre as pessoas que trabalham com contrato temporário é quase o triplo da registada entre quem tem contrato sem termo”, salienta o estudo da autoria da professora Susana Peralta, do investigador Bruno P. Carvalho e do investigador Miguel Fonseca.

Em concreto, entre quem tem contratos permanentes, a taxa de risco de pobreza foi de 7,4% em 2022, destacam os especialistas. Já entre quem tem contratos temporários a taxa foi de 20,6%.

“Os contratos temporários são mais mal pagos tipicamente. Depois, [essa discrepância] pode ser também devida a essas pessoas não terem trabalho durante todo o ano“, explica Susana Peralta, em declarações ao ECO.

A piorar este cenário está a constatação de que os contratos temporários são mais populares entre trabalhadores que, regra geral, estão numa posição mais frágil no mercado de trabalho, nomeadamente os mais jovens.

O estudo detalha que 52% dos trabalhadores com 18 a 24 anos têm contratos temporários. Em contraste, 24,4% dos trabalhadores com 25 a 34 anos estão nessa situação e só 11,8% do que têm 35 a 54 anos, como revela o gráfico abaixo.

Os contratos de trabalho temporário são mais frequentes, além disso, entre os trabalhadores com salários por hora mais baixos (22,1%), entre os trabalhadores com ensino secundário (18,7%), entre os estrangeiros residentes com origem não Europeia (38,5%) e entre quem cumpre menos de 35 horas por semana (37,4%).

Outro dado relevante relativo ao mercado de trabalho e à pobreza é a intensidade laboral, isto é, a percentagem de tempo total do ano em que os adultos entre 18 e 64 anos de um agregado estão a trabalhar.

Ora, a percentagem de pessoas em agregados pobres com muita baixa intensidade laboral (nos quais as pessoas adultas trabalham menos de 20% do tempo) era de 21,4% em 2022. Já para os agregados não pobres, “este valor diminui para 2,6%“, salientam os especialistas”.

Por outro lado, os autores do “Portugal, Balanço Social 2023” fazem questão também de chamar a atenção para a prevalência do trabalho remoto: este regime é mais frequente entre as pessoas que trabalham mais de 35 horas por semana semana (19,7%), entre os residentes sem nacionalidade Portuguesa e de origem noutros países da Europa (37,7%), nas pessoas com maior salário por hora (38,4%), com ensino superior (39,2%) e entre os jovens com idades entre 25 e 34 anos (19,7%).

“Em sentido contrário, os residentes estrangeiros de fora da Europa (15,2%), os trabalhadores que têm até o ensino básico (4,1%) e que têm salários por hora mais baixos (4,6%) afirmam menos frequentemente ter trabalhado maioritariamente a partir de casa“, sublinham os especialistas.

Em reação, a professora Susana Peralta afirma, em conversa com o ECO, que estes dados mostram que “nem toda a gente está a ter o mesmo acesso a estas novas formas de participação no mercado de trabalho“. Ou seja, que há “bastante desigualdade” também no acesso ao teletrabalho.

Inflação agrava insatisfação económica

Tanto entre a população pobre como a população não pobre, a insatisfação económica tem aumentado em reflexo dos níveis elevados de inflação, que têm marcado os últimos anos.

“A insatisfação económica é especialmente frequente na população pobreza, afetando quase dois terços dos indivíduos“, assinalam os especialistas.

E detalham que, entre esses indivíduos, aumentou a percentagem que não tem capacidade para aquecer a casa, para assegurar uma despesa inesperada, para pagar uma semana de férias, para comer proteínas em dias alternados, para substituir móveis usados, para comprar roupa, para encontros sociais uma vez por mês ou para adquirir um computador.

Ainda assim, não aumentou a percentagem de pessoas com atraso no pagamento da hipoteca ou de contas mensais, como água e eletricidade, mas isso pode ser resultado das medidas adotadas pelo Governo, admitem os autores.

Já entre a população não pobre, aumentou a prevalência do sobre-endividamento, é realçado no mesmo estudo.

No que diz respeito à desigualdade, os especialistas reconhecem que entre 2008 e 2020 houve uma diminuição, mas essa trajetória, entretanto, inverteu-se. Resultado: em 2023, os 25% mais ricos detinham cerca de 47% da riqueza do país, a comparar com os 25% mais pobres, que detinham apenas 10,8%.

É nas regiões autónomas que a prevalência da pobreza é maior e que a desigualdade é mais acentuada. A região com maior desigualdade foi mesmo os Açores, “que foi também aquela em que a desigualdade mais aumentou face ao ano anterior, seguida da Madeira e do Centro”.

Confrontado com esta evolução da desigualdade (em particular com inversão registado a partir de 2020), a professora Susana Peralta nota que a “boa notícia” da recuperação da economia pós pandemia, tem um outro lado: é que há indício de que o crescimento está a propiciar “mais oportunidades às pessoas de mais altos rendimentos”, o que é indutor, de alguma forma, de desigualdade.

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KKR fecha compra da posição maioritária da Greenvolt a 31 de maio

  • ECO
  • 15 Maio 2024

Só depois da compra maioritária de 60,9% aos acionistas da Greenvolt é que o fundo KKR vai lançar a OPA à empresa de energia, liderada por Manso Neto.

Os norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR), através da sociedade GVK Omega, preveem fechar a aquisição das ações dos sete principais acionistas da Greenvolt, que controlam 60,9% do capital da empresa, no final deste mês, depois das condições do anúncio preliminar da Oferta Pública de Aquisição (OPA) terem sido preenchidas.

Em comunicado, publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a empresa liderada por João Manso Neto indica que a “transmissão das ações da Greenvolt ao abrigo dos Contratos de Compra e Venda de Ações deve ocorrer no dia 31 de maio de 2024″. Desta forma, a KKR não terá de pagar qualquer “ticking fee” aos oferentes no montante igual a uma taxa de juro anual de 7% com base em 360 dias de calendário aplicável ao preço de compra acordado.

A compra das posições detidas na Greenvolt pelos acionistas da Greenvolt – Actium Capital, Caderno Azul, Livrefluxo, Promendo Investimentos, V-Ridium Holding Limited, KWE Partners Ltd. e a 1 Thing Investments – obrigará depois ao lançamento da OPA, como estava previsto no anúncio preliminar.

Para lá desta posição, há que somar a posição de 15,55% que o Mediobanca – mandatado pela GVK Omega – comprou no mercado. Este mandato é extensível até aos 19,9%.

A Greenvolt ainda aguardava, em abril, a autorização de entidades irlandesas e búlgaras, mas agora a empresa informa o mercado que “não se prevê a entrada em vigor das leis em matéria de investimento estrangeiro na Irlanda e na Bulgária até ao dia 31 de maio de
2024″.

Na nota é referido ainda que os atuais acionistas vão receber 8,30 euros por ação, em dinheiro, “deduzida de qualquer montante (ilíquido) que venha a ser atribuído a cada ação, a título de dividendos, de adiantamento sobre os lucros do exercício ou de distribuição de reservas”. Este valor é superior ao preço mínimo de 7,30 euros, fixado pelo perito independente nomeado pela CMVM.

A oferta de compra da Greenvolt foi lançada em 21 de dezembro do ano passado pelo fundo de investimento em infraestruturas Gamma Lux, com sede no Luxemburgo e gerido pela KKR, tendo, entretanto, sido constituída, já este ano, a sociedade GVK Omega, com sede em Lisboa, para realizar a operação.

Em 19 de janeiro, o Conselho de Administração da Greenvolt considerou “justo” o valor oferecido pela KKR na oferta de compra do grupo português de energias renováveis, sustentando que capital acionista adicional permitirá “acelerar o plano de negócios”.

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Portugal paga abaixo de 3,7% para emitir 1.250 milhões de euros a 6 e 12 meses

O Estado pagou praticamente o mesmo para emitir a 6 e 12 meses, face aquilo que despendeu já este ano em operações semelhantes.

O Estado regressou esta quarta-feira ao mercado de dívida para realizar dois leilões de dívida de curto prazo por via de duas emissões de bilhetes do Tesouro a 6 e 12 meses, que permitiram obter um financiamento total de 1.250 milhões de euros, pagando praticamente o mesmo que despendeu nas últimas operações com características semelhantes.

“As taxas de juro de curto prazo continuam a apresentar prémios de risco superiores ao longo prazo”, refere Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, sublinhando ainda que “é quase certo que o Banco Central Europeu faça o seu primeiro corte de taxas de juro em junho, sendo que os prémios de risco da dívida soberana e das empresas neste momento já têm esse corte descontado, pelo que não se esperam grandes variações nas taxas até à reunião.”

As operações realizadas hoje ficaram no limite inferior do intervalo definido pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida do Pública (IGCP) a 10 de maio, que estabelecia a intenção de emitir entre 1.250 milhões e 1.500 milhões de euros, mas contou com mais uma operação face ao que estava estabelecido no Programa de Financiamento da República Portuguesa para o segundo trimestre — que estabelecia apenas uma emissão a 12 meses para o dia de hoje.

A operação a 6 meses promovida pelo IGCP através da linha de Bilhetes do Tesouro com maturidade a 22 de novembro contou com uma procura 2,6 vezes acima da oferta, e resultou na emissão de 500 milhões de euros com uma yield de 3,631%. A última vez que a República emitiu dívida a 6 meses foi a 19 de janeiro, tendo na altura emitido 1.065 milhões de euros pelo preço de 3,66% e contado com uma procura 2,24 vezes acima da oferta.

Na emissão a 12 meses, por via da linha de Bilhetes do Tesouro com maturidade a 16 de maio do próximo ano, a República colocou no mercado 750 milhões de euros com uma yield de 3,451% e contou com uma procura 2,49 vezes acima da oferta. Na última vez que o IGCP, entidade liderada por Miguel Martín, realizou uma emissão de dívida a 12 meses foi a 20 de março, tendo na altura colocado no mercado 1.000 milhões de euros com uma taxa média ponderada de 3,44%, e contou com uma procura 2,13 vezes acima da oferta.

Texto atualizado às 11h46 com declarações de Filipe Silva.

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Worten estreia laboratório de logística no Instituto Superior Técnico

Parceria entre a Worten e o Instituto Superior Técnico prevê ainda o desenvolvimento de várias iniciativas conjuntas como um prémio de mérito anual, formação e workshops Universidade-Indústria.

A Worten e o Instituto Superior Técnico inauguraram na terça-feira o novo Laboratório de Logística – Log.lab, powered by Worten, no Polo de Oeiras do Técnico, no Taguspark. Tem como objetivo potenciar a formação em áreas como a logística, gestão de armazéns, gestão de operações ou gestão de cadeias de abastecimento, com uma grande componente prática.

OLog.lab foi criado no âmbito da parceria estratégica entre a Worten e o Instituto Superior Técnico, que teve início em janeiro de 2022, com foco na área da Engenharia e Gestão Industrial e da Logística. “Este é um exemplo de como as parcerias empresariais podem trazer benefícios mútuos ao Técnico e às empresas suas parceiras. Tal é possível através da construção, em conjunto, de diferentes iniciativas que envolvem alunos e docentes e que os colocam em contacto com o mundo profissional de forma ativa”, afirmam em comunicado as professoras do Instituto Superior Técnico, Susana Relvas e Tânia Ramos, corresponsáveis pelo projeto.

A parceria prevê o desenvolvimento de várias iniciativas conjuntas, entre as quais um prémio de mérito anual, doação de equipamentos para proporcionar mais e melhores meios educacionais, formação avançada com a atualização profissional para os colaboradores da Worten, e workshops Universidade-Indústria, com o objetivo de estreitar a ligação Técnico-Worten e fomentar outras iniciativas.

A parceria já deu os primeiros passos com a atribuição do Prémio de Mérito Worten na Unidade Curricular de Gestão de Armazéns e Materiais a estudantes do Instituto Superior Técnico, que conta já com três edições, e a criação dos Cursos de Especialização em Logística 5.0 e Gestão da Qualidade, desenhados especialmente para a Worten. A parceria prevê ainda a continuação da atribuição do prémio de mérito e apoio a uma tese de doutoramento, permitindo desenvolver projetos de investigação inovadores e alinhados para a resolução de problemas reais.

Investir no conhecimento em áreas como a Logística e a Gestão Industrial e conhecer as últimas tendências do setor, nomeadamente as potencialidades da transformação digital e da Logística 5.0, é fundamental para manter os nossos colaboradores atualizados e preparados para responder rapidamente às exigências do mercado.

Miguel Mota Freitas

CEO da Worten

“A supply chain é uma área de extrema importância para o negócio da Worten e na qual temos vindo a apostar cada vez mais, como parte de uma forte estratégia omnicanal. Investir no conhecimento em áreas como a Logística e a Gestão Industrial e conhecer as últimas tendências do setor, nomeadamente as potencialidades da transformação digital e da Logística 5.0, é fundamental para manter os nossos colaboradores atualizados e preparados para responder rapidamente às exigências do mercado. A parceria com o Técnico, que dá agora um importante passo com a inauguração do novo laboratório, permite-nos fazer isso mesmo”, explica Miguel Mota Freitas, CEO da Worten.

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