Seis perguntas para a noite eleitoral

Quem será primeiro-ministro? Haverá maioria à direita sem Chega? A CDU vai desaparecer? Livre vai conseguir um grupo parlamentar? As respostas serão dadas depois do fecho das urnas.

As últimas sondagens deixaram de dar empate técnico ao PS e Aliança Democrática (AD) nas intenções de voto para as eleições legislativas de 10 de março. A coligação que junta PSD, CDS e PPM tem surgido, agora, à frente dos socialistas. Resta saber se o voto nas urnas confirma as projeções.

A direita até pode conseguir governar sem o Chega, com uma coligação alargada entre a AD e a Iniciativa Liberal, mas uma maioria de esquerda pode tirar o tapete a Montenegro, como aconteceu em 2015 quando António Costa conseguiu formar Governo, ainda que Pedro Passos Coelho tenha conseguido mais votos.

A CDU arrisca desaparecer, enquanto o CDS deve voltar à Assembleia da República. E o Livre (L) pode, pela primeira vez, ter um grupo parlamentar, elegendo mais do que um deputado. As respostas serão dadas depois de apurados os resultados.

Debate Legislativas com todos os partidos com assento parlamentar - 23FEV24

1. Pedro Nuno ou Montenegro, quem será primeiro-ministro?

São os únicos candidatos que poderão liderar o próximo Governo, mas, desde 2015 os eleitores sabem que não basta ter mais mais votos para ser primeiro-ministro. As últimas sondagens deixaram de dar empate técnico a PS e AD para apontar para uma vantagem da coligação, liderada por Luís Montenegro. No último estudo, da Universidade Católica para Público/RTP, a AD surge à frente, com 34% das intenções de voto, e o PS, em segundo lugar, com 28%, ambos a uma distância considerável da maioria absoluta.

Ainda assim, Luís Montenegro já admitiu que não será primeiro-ministro se a AD não for a mais votada, ao contrário de Pedro Nuno Santos, que já antecipou uma nova geringonça se houver uma maioria de esquerda, cenário improvável de acordo com todas as sondagens conhecidas.

A mobilização dos indecisos que andam em torno dos 16%-20% será determinante. Sendo certo que o cenário mais provável é a necessidade de entendimentos à direita ou à esquerda para uma governação estável e viabilização de Orçamentos do Estado.

2. Haverá maioria de direita ou de esquerda?

A sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, publicada esta quinta-feira, deu uma vantagem clara à direita, com intenções de voto de 56%. A AD (PSD/CDS-PP/PPM) com 34%, a IL com 6% e o Chega com 16%. A esquerda reúne, por seu lado, 41% das intenções de voto, contabilizando o PS, Bloco de Esquerda, CDU (aliança PCP-PEV) e Livre. Sobra o PAN, com 1% de intenções de voto e sem clarificar para que lado poderá cair.

As maiorias assentes em intenções de voto não têm correspondência direta no exercício de distribuição de deputados, uma vez que o círculo de Lisboa consegue eleger 48 deputados e Beja apenas três, por exemplo. Com base em critérios territoriais, a sondagem da Católica concluiu que, no melhor cenário, a esquerda não vai além de 96 parlamentares, abaixo do melhor cenário de mandatos da AD (98). Esta distribuição indica ainda que AD e IL registam, no melhor cenário, 108 deputados, mas continuam distantes do mínimo de 116 deputados que garante uma maioria absoluta, a qual só seria possível se, à direita, também fosse incluído o Chega. Luís Montenegro repetiu à exaustão o ‘não é não’ ao Chega, o que remete para Ventura uma decisão de voto que, no limite, poderia mandar abaixo um governo de centro-direita.

Na Sondagem das Sondagens, o agregador criado pela Rádio Renascença que junta os vários barómetros que foram sendo conhecidos, esquerda (PS, BE, CDU e L) e direita (AD e IL) estão praticamente equiparados, com 38,8% e 37,8%, respetivamente. Se o PAN alinhar com Pedro Nuno Santos, então pode surgir uma nova geringonça 2.0, com 40,1% dos votos. Se Inês de Sousa Real preferir negociar com Montenegro, a direita consegue uma pequena vantagem sobre a esquerda, ficando com 39,1%. Mas esta matemática até pode ser dispensada, se o Chega, mesmo sem acordo, decidir votar ao lado da AD e IL: Somados, alcançariam 54,7% com os 16,9% do partido de André Ventura.

3. A AD e a Iniciativa Liberal vão conseguir governar sem o Chega?

Os estudos apresentados têm demonstrado que a AD poderá ganhar as eleições, mas, mesmo com a Iniciativa Liberal (IL), não terá maioria absoluta sem contabilizar favoravelmente os votos dos deputados do Chega. Neste contexto de vitória da AD com maioria relativa, Pedro Nuno Santos já afirmou que não vai propor uma moção de rejeição do Programa de Governo nem apoiar uma que venha a ser apresentado.

O Governo da AD poderá passar, assim, o teste do Programa de Governo mesmo sem o voto favorável ou abstenção do Chega, mas a matemática voltará a colocar-se aquando da apresentação da proposta de Orçamento para 2025, em outubro deste ano.

4) Chega vai conseguir eleger mais de 30 deputados?

Neste momento, o partido de André Ventura tem 12 deputados, tendo alcançado 7,18% dos votos nas últimas eleições legislativas de 2022. As mais recentes projeções têm dado entre 15% e 16% das intenções de voto, o que pode levar a bancada do Chega a crescer para mais de 30 deputados.

O último estudo da Católica indica que o Chega pode alcançar 16% das intenções, o que poderá significa entre 33 a 41 deputados. A distribuição territorial dos votos será, contudo determinante, porque distritos menos populosos, como os do Alentejo, elegem menos parlamentares do que círculos como Lisboa (48 deputados), Porto (40) ou Braga (19).

É sabido que o Chega apostou muito no sul do País. Ora Faro elege nove deputados, Beja só consegue três e Évora outros tantos, num total de 230 deputados. Há, porém, que ter em equação o distrito de Setúbal, onde o Chega também quer roubar votos a PS e CDU, e que tem direito a 19 parlamentares. Se o partido de extrema-direita tiver aqui um bom resultado, a probabilidade de alargar a bancada é maior.

5) A CDU vai desaparecer e o CDS está de volta?

A CDU corre o risco de desaparecer da Assembleia da República, mas tudo dependerá de onde se vão concentrar mais os votos. Na sondagem mais recente, da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, as perspetivas até são mais animadoras, com a CDU a obter 5% das intenções de voto. Recorde-se que, nas legislativas de 2022, a coligação, que junta PCP e PEV, até teve um resultado inferior: 4,3% (238.962 votos) e conseguiu seis deputados.

Na Sondagem das Sondagens, o agregador criado pela Renascença, a CDU terá 2,7% de intenções de voto. É suficiente para um mandato? Depende de onde se localizam as votações. Basta recordar o caso do CDS, nas eleições legislativas de 2022: o partido teve 89.113 votos, mais do que o PAN e o Livre, mas não conseguiu eleger nenhum deputado, ao contrário desses dois. Isto porque os votos foram dispersos pelo país, enquanto o PAN e o Livre têm uma base de eleitores maior nos centros urbanos, nomeadamente Lisboa, que consegue eleger mais parlamentares.

Certo deverá ser o regresso do CDS à Assembleia da República, nomeadamente através de Paulo Núncio, número quatro na lista da AD por Lisboa, e Nuno Melo, em segundo pelo Porto. Os dois estão em posições são perfeitamente elegíveis.

6) Livre vai conseguir formar grupo parlamentar?

Nas últimas legislativas, o Livre teve 1,28% (71.196 votos) e alcançou um mandato. Neste ato eleitoral, o partido de Rui Tavares poderá, pela primeira vez, conseguir um grupo parlamentar.

A sondagem da Católica dá 3% ao partido. Chega para eleger mais do que um deputado? Mais uma vez vai depender da localização dos votos. Se estiverem concentrados em distritos mais populosos e, por isso, habilitados a um número superior de mandatos, é possível que o Livre até alcance uma bancada com quatro eleitos. Recorde-se que, nas legislativas de 2019, o PAN teve 3,32% e conseguiu eleger igual número de deputados.

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Ana Catarina Mendes critica Marcelo: “Não é aceitável” que tenha decidido “entrar em campanha”

  • Lusa
  • 8 Março 2024

A governante diz que "não é admissível que o senhor Presidente da República tenha decidido convocar estas eleições mas, pior do que isso, tenha decidido entrar hoje em campanha eleitoral".

A cabeça de lista do PS por Setúbal, Ana Catarina Mendes, considerou inaceitável que o Presidente da República tenha decidido “entrar hoje em campanha”, num discurso em que Marcelo Rebelo de Sousa foi apupado pelos simpatizantes socialistas.

Na sua intervenção no comício do PS no Complexo Municipal dos Desportos Cidade de Almada, Ana Catarina Mendes manifestou a “maior perplexidade” por o Presidente da República ter decidido “entrar em campanha no último dia”, com os simpatizantes socialistas a assobiarem Marcelo Rebelo de Sousa mal o seu nome foi pronunciado.

“Em democracia não é aceitável. O Presidente da República – habituou-nos Mário Soares, Jorge Sampaio – é o garante da estabilidade democrática, é o garante de que todas as forças políticas têm os mesmos direitos em sociedades democráticas”, sustentou.

Por isso, prosseguiu a também governante, “não é admissível que o senhor Presidente da República tenha decidido convocar estas eleições mas, pior do que isso, tenha decidido entrar hoje em campanha eleitoral”. “Os portugueses responderão, e responderão de uma forma muito clara, meu caro Pedro Nuno Santos. Responderão com uma grande, enorme vitória no PS, e o Pedro Nuno Santos primeiro-ministro de Portugal”, sublinhou, salientando que “é assim em sociedades democráticas”.

O Expresso noticiou esta sexta que, caso a Aliança Democrática (AD) perca as eleições, mas houver uma maioria de direita no parlamento, o Presidente da República não vai aceitar um primeiro-ministro de substituição de Luís Montenegro para um eventual Governo com o Chega. Segundo esse mesmo artigo, o Presidente da República “já cenarizou o que pode sair do 10 de março e não antevê que quem fique em segundo nas eleições possa governar”.

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Veja a chave do Euromilhões desta sexta-feira. Há 63 milhões de euros em jogo

  • ECO
  • 8 Março 2024

No sorteio desta sexta-feira está em jogo um jackpot de 63 milhões de euros no Euromilhões.

Com um primeiro prémio no valor de 63 milhões de euros, decorreu esta sexta-feira um novo sorteio do Euromilhões, após duas rondas sem um vencedor do jackpot.

Veja a chave vencedora do sorteio desta sexta-feira, 8 de março:

Números: 8, 11, 12, 16, 44

Estrelas: 4, 7

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Ativistas climáticos “estilhaçam” vidros do banco Santander em Arroios

  • ECO
  • 8 Março 2024

Ativistas da Climáximo acusam o banco espanhol de estar a "financiar conscientemente o colapso climático".

Depois de terem interferido na arruada do PS, esta tarde, em Lisboa, os ativistas climáticos prosseguiram o dia aderindo à manifestação do Dia da Mulher, tendo parado em Arroios para “estilhaçar” os vidros da surcursal do Banco Santander, em Arroios. Em comunicado, os ativistas da Climáximo justificam esta ação por considerarem que o banco espanhol está a “financiar conscientemente o colapso climático”.

 

O Banco Santander é responsável por financiar petrolíferas, as empresas que nos estão a matar: a nós às mulheres, no mínimo quatro vezes mais que aos homens“, cita a nota, as declarações de Maria Mesquita, uma das ativistas do grupo Climáximo. “A crise climática é um resultado de colocar o lucro acima da vida, de ignorar todo o trabalho reprodutivo necessário para manter a vida, desde a regeneração da Terra até ao cuidado entre as pessoas”.

O coletivo de justiça climática que afirma ter “o feminismo como um dos seus pilares” indica “que não haverá justiça de género até haver justiça climática”, argumentando que “a crise climática afeta mais as mulheres, aumenta a violência física e sexual sobre as mulheres e exacerba as desigualdades existentes.

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Lucro da Sonaecom cai mais de 69% em 2023

  • Lusa
  • 8 Março 2024

O Conselho de Administração da Sonaecom aprovou uma proposta de distribuição de um dividendo líquido de sete cêntimos por ação.

A Sonaecom contabilizou 43,8 milhões de euros de lucro em 2023, uma queda de 69,4% relativamente ao ano anterior, de acordo com a informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). “O resultado líquido atribuível ao grupo fixou-se em 43,8 milhões de euros, abaixo dos 143,1 milhões de euros apresentados em 2022, devido à evolução quer do resultado direto, quer do resultado indireto”, apontou no comunicado enviado ao mercado.

No acumulado de 2023, o resultado direto diminuiu para 58,2 milhões de euros, quando no ano anterior tinha sido de 123,9 milhões de euros. Por sua vez, o resultado indireto teve, neste período, um valor negativo de 16,1 milhões de euros, “maioritariamente justificado por impactos negativos da evolução adversa das taxas de câmbio e por ajustes ao justo valor de alguns ativos do portefólio da Bright Pixel”.

O volume de negócios da Sonaecom totalizou 18,2 milhões de euros, um aumento de 2,1% face a 2022. Já o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) foi de 52,2 milhões de euros em 2023, uma queda homóloga de 58,5%.

O Conselho de Administração da Sonaecom aprovou uma proposta de distribuição de um dividendo líquido de sete cêntimos por ação. A proposta tem que ser aprovada na assembleia-geral de acionistas. Para além da Bright Pixel, fazem parte do portfólio da Sonaecom empresas como a NOS – Telecomunicações e o jornal Público.

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Gomes Cravinho considera “inaceitável” plano israelita de novos colonatos na Cisjordânia

  • Lusa
  • 8 Março 2024

Também a ONU advertiu que a criação e a expansão de colonatos nos territórios palestinianos ocupados constituem um crime de guerra e uma ameaça prática à criação de um Estado palestiniano viável.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, considerou esta sexta-feira inaceitável o plano israelita de construção de mais de 3.400 novas casas nos territórios palestinianos ocupados, pedindo a reversão da decisão. Numa mensagem na rede X, o chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “a autorização das autoridades de Israel para quase 3.500 novas unidades nos territórios palestinianos é inaceitável e deve ser revertida”.

Cravinho alertou que “a expansão dos colonatos ilegais por Israel é um atentado contra o Direito Internacional e contraria os esforços para uma paz sustentável” no Médio Oriente, onde está em curso uma guerra entre as forças de Telavive e movimento islamita palestiniano Hamas pelo controlo da Faixa de Gaza. O Governo israelita avançou na quarta-feira com o processo de aprovação para a construção de mais de 3.400 novas habitações em três colonatos da Cisjordânia ocupada, justificada como uma medida de represália por um recente ataque palestiniano.

“Juntamente com as autorizações de construção, estamos a efetuar um enorme investimento no desenvolvimento da infraestrutura de transportes, emprego e qualidade de vida. Os inimigos tentam ferir e debilitar, mas vamos continuar a construir”, disse o ministro da Finanças israelita, Bezalel Smotrich, dirigente do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, numa mensagem na rede social X. Desde 2023, e segundo o ministro, o Governo judaico concedeu 18.515 novas autorizações de construção para colonos na Cisjordânia.

Ao reagir a esta medida, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestiniana, que governa em zonas reduzidas da Cisjordânia, rejeitou a decisão israelita, já anunciada em 23 de fevereiro, ao argumentar que “os colonatos são ilegítimos e ilegais em conformidade com o Direito Internacional” e constituem um fator de “prosseguimento do conflito e do ciclo de guerras e violência, assim como uma ameaça à segurança e estabilidade da região”.

Em comunicado, o ministério pediu “sanções internacionais dissuasoras a todo o sistema racista de colonatos, e a imposição de sanções contra [Itamar] Ben Gvir [ministro israelita da Segurança Nacional e líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit] e Smotrich”. O ataque armado de 22 de fevereiro a um posto de controlo militar perto do colonato de Maale Adumim, nos arredores de Jerusalém, provocou um morto e 11 feridos israelitas, servindo de justificação para estas novas medidas de expansão territorial.

A ONU advertiu que a criação e a expansão de colonatos nos territórios palestinianos ocupados constituem um crime de guerra e uma ameaça prática à criação de um Estado palestiniano viável. Os colonatos “equivalem a Israel transferir a própria população civil para os territórios que ocupa”, o que constitui “um crime de guerra”, afirmou o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Israel ocupa o território da Cisjordânia e de Jerusalém leste desde a designada Guerra dos Seis Dias de 1967, e mantém desde então um amplo regime de ocupação militar e colonização do território palestiniano. Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 07 de outubro, foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental mais de 400 palestinianos pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 6.650 detenções.

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O discurso de Joe Biden sobre o Estado da União em cinco pontos

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Março 2024

Imigração, aborto, conflito em Gaza e ataques a Trump foram os temas que marcaram o último discurso do Estado da União do Presidente Joe Biden antes das eleições de novembro.

Na quinta-feira, Joe Biden proferiu o último discurso sobre o Estado da União do seu primeiro mandato à frente da Casa Branca. À procura da reeleição, o Presidente norte-americano abordou temas que devem marcar a campanha eleitoral, como a imigração, o aborto, a economia e o conflito em Gaza, mas aproveitou também para atacar Donald Trump, o seu provável adversário em novembro.

Diante de aplausos da bancada democrata e protestos de alguns republicanos, Biden discursou durante mais de uma hora, sem ter cometido gafes significativas, numa altura em que se tem questionado se está apto para mais um mandato, ao fim do qual terá 86 anos.

O estado da nossa união é forte e está a ficar mais forte“, afirmou. O ECO reuniu cinco pontos-chave do discurso do chefe de Estado norte-americano.

No tiro ao alvo, a mira é Trump

A oito meses das eleições presidenciais, com as primárias já realizadas em vários estados do país, Joe Biden aproveitou o discurso anual para fazer campanha contra Donald Trump, o qual preferiu tratar usando o termo “o meu antecessor”.

A forma como lidou com a pandemia de Covid-19 foi uma das primeiras críticas dirigidas ao ex-presidente. “O meu antecessor falhou o dever mais básico que qualquer presidente tem para com o povo americano: o dever de cuidar. Isso é imperdoável”, disse.

Focando-se num dos temas centrais da sua agenda, a proteção da democracia, o Presidente acusou Trump – e alguns membros do Partido Republicano ali presentes – de tentar “enterrar a verdade” sobre o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, dia em que o Congresso ia confirmar a vitória de Joe Biden.

Biden responsabilizou igualmente o seu antecessor pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça de anular o acórdão Roe v. Wade, que garantia o direito ao aborto no país, e por bloquear as reformas bipartidárias em matéria de imigração.

Em matéria de política externa, o chefe da Casa Branca também não poupou nas críticas ao candidato republicano, condenando as recentes declarações de Trump de deixar a Rússia “fazer o que quiser” aos países europeus membros da NATO que não cumprissem a meta de 2% de despesa em Defesa.

Mesmo numa referência à sua idade, Biden, de 81 anos, atacou Trump, que é apenas quatro anos mais novo. “Algumas pessoas da minha idade veem uma história diferente: uma história americana de ressentimento, vingança e retribuição“, afirmou, após enumerar uma lista de atributos positivos que, segundo ele, definem os EUA.

Apelo à aprovação da lei de imigração

Se houve um momento em que Joe Biden não esteve tão bem no seu terceiro discurso sobre o Estado da União foi na abordagem à imigração. Acusado pela congressista republicana Marjorie Taylor Greene de ignorar o assassínio de uma estudante de enfermagem no estado da Georgia, alegadamente cometido por um imigrante venezuelano sem documentos, o Presidente segurou um pin com o nome da vítima, que Greene lhe tinha oferecido à chegada.

Depois de, aparentemente, ter pronunciado mal o nome da jovem de 22 anos — chamou-lhe “Lincoln” Riley em vez de Laken Riley –, Biden disse que ela tinha sido assassinada por um “ilegal”, um termo criticado por grupos de defesa dos direitos dos imigrantes.

A imigração é um dos principais temas no centro da discussão entre os candidatos à votação presidencial de novembro. Ainda em fevereiro, os senadores do Partido Republicano chumbaram uma iniciativa bipartidária para reformar as leis de asilo e reforçar a segurança na fronteira com o México, que incluía, como contrapartida, desbloquear um novo pacote de assistência à Ucrânia, mas também a Israel.

O desfecho já era esperado, visto que Donald Trump havia anunciado a sua oposição ao acordo. Nesse sentido, Biden apelou aos republicanos para que apoiem a legislação bipartidária sobre imigração, acusando o seu adversário de “fazer política” ao opor-se ao projeto de lei para obter ganhos eleitorais.

Restaurar o direito ao aborto

“Na sua decisão de revogar [a lei] Roe v. Wade, a maioria [dos juízes] do Supremo Tribunal escreveu: ‘As mulheres não estão desprovidas de poder eleitoral ou político’. Claramente, aqueles que se gabam de ter anulado a Roe v. Wade não fazem ideia do poder das mulheres na América”, declarou Biden, debaixo do olhar de alguns dos juízes responsáveis pela decisão.

Dirigindo-se diretamente aos congressistas republicanos e ao seu adversário na corrida à Casa Branca, criticou a intenção destes de “aprovar uma proibição nacional do aborto” que poderia equivaler a “forçar sobreviventes de violação e incesto” a levar a gravidez até ao fim.

Nesse sentido, o Presidente reiterou a sua promessa de restaurar a histórica lei se for reeleito com maiorias democratas em ambas as câmaras do Congresso, assegurando que o aborto e os direitos reprodutivos continuam a ser uma peça central da sua agenda legislativa.

Esta questão ajudou a mobilizar os eleitores democratas em estados tipicamente republicanos nas midterms de 2022 e nas eleições off-year realizadas no ano passado, que incluiu votações para governador e legislativas estaduais em alguns estados.

Os sucessos do primeiro mandato

Nos momentos em que não estava a atacar o favorito à nomeação republicana, o chefe da Casa Branca procurou, por um lado, destacar o que caracterizou como um registo de realizações do seu primeiro mandato e, por outro, delinear medidas para alcançar a reeleição.

Herdei uma economia que estava à beira do abismo“, começou por dizer, declarando depois que atualmente a economia norte-americana é a “inveja do mundo”, cujos indicadores têm vindo a subir há meses. As primeiras estimativas apontam para um crescimento económico de 2,5% no ano passado, enquanto a inflação abrandou, em janeiro, para 3,1%, com a Reserva Federal a sinalizar uma descida das taxas de juro em junho. A recuperação económica dos Estados Unidos é “a maior história nunca contada”, frisou Biden.

No entanto, a perceção da economia junto do eleitorado não é favorável ao atual Presidente, que, de acordo com uma sondagem do canal televisivo norte-americano NBC News, tinha um índice de aprovação excecionalmente baixo no momento do discurso, de 37%. Este valor é inferior ao índice de aprovação dos seus antecessores Trump em 2020 (46%), Barack Obama em 2012 (48%), George W. Bush em 2004 (54%) e Bill Clinton em 1996 (46%), em janeiro dos seus anos de reeleição.

Já as propostas para o segundo mandato incluem um crédito fiscal para quem comprar casa, a expansão de um limite máximo para as despesas com medicamentos sujeitos a receita médica a todos os norte-americanos que têm seguro de saúde e o aumento dos impostos sobre as empresas.

Além disso, Biden deu a entender que irá propor uma taxa de imposto mais alta para os mais ricos. “Nenhum bilionário deveria pagar uma taxa de imposto mais baixa do que um professor ou um trabalhador do saneamento“, disse, perante os aplausos dos congressistas do seu partido, lançando acusações à bancada republicana de querer cortar a Segurança Social e o Medicare.

As medidas dirigem-se, sobretudo, à classe média do país, mas a maioria exigiria a aprovação do Congresso, o que é improvável, a não ser que os democratas retomem a maioria na Câmara dos Representantes.

Porto marítimo para ajuda humanitária em Gaza

Embora tenha iniciado o discurso com um apelo à aprovação do pacote que inclui um novo apoio militar à Ucrânia, Biden concentrou a maior parte da sua intervenção sobre política externa no final, quando abordou o conflito no Médio Oriente.

Segundo o Presidente norte-americano, está a ser negociado um novo cessar-fogo na Faixa de Gaza, que duraria “pelo menos seis semanas”. Mas a principal novidade, que tinha sido anunciada no início do dia, é a construção de um porto marítimo temporário em Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária por navio, trabalhando com outros países alinhados neste projeto e também com organizações humanitárias.

A “missão de emergência” surge depois de, nos últimos dias, aviões norte-americanos sobrevoarem Gaza para largar alimentos para a população palestiniana. Estima-se que mais de um milhão de deslocados sejam neste momento incapazes de se abrigar e de se alimentar, com Telavive a prometer endurecer ainda mais o cerco à Faixa de Gaza.

Ainda que os Estados Unidos sejam o principal aliado de Israel, Biden dirigiu palavras duras ao país, ao classificar como “desoladoras” as mortes de civis em Gaza, ao mesmo tempo que apontou a “responsabilidade fundamental” de Telavive na proteção das vidas inocentes.

“Trinta mil palestinianos foram mortos, a maior parte dos quais não pertencem ao Hamas”, disse, acrescentando que se trata de “mulheres e crianças, raparigas e rapazes”, enquanto muitos outros estão sem alimentos ou medicamentos. “É de partir o coração”.

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As apostas das TVs para a noite das legislativas

  • + M
  • 8 Março 2024

Sondagens à boca das urnas, magic wall e vários comentadores em estúdio são as apostas das televisões para a noite das legislativas.

No próximo domingo, às 20h, os portugueses terão as primeiras indicações sobre os resultados ditados nas urnas durante o dia. A noite de eleições é sempre sinónimo de grandes operações televisivas e, no dia 10, não será exceção.

Na SIC, a emissão será conduzida por Clara de Sousa, Bento Rodrigues e Rodrigo Guedes de Carvalho e as sondagens acompanhadas por Pedro Magalhães. As primeiras projeções serão dadas pela sondagem realizada pelo ICS/ISCTE-Metris para SIC e Expresso.

Rodrigo Guedes Carvalho será a “âncora” principal e irá conduzir a emissão sendo a ponte entre os diferentes postos, conta a estação. O set 2 é o espaço dos comentadores, com Clara de Sousa e os comentadores da casa Ana Gomes, Luís Miguel Júdice e Luís Marques Mendes. No set 3, muito alocado ao ecrã touch Bento Rodrigo vai apresentar os resultados e estatísticas.

Por último, pelo set 4, passarão nomes como Sebastião Bugalho, Ângela Almeida, Ricardo Costa, José Gomes Ferreira, entre outros. Na TVI, José Alberto Carvalho é o pivô central e será acompanhado por Ana Sofia Cardoso, João Póvoa Marinheiro, Pedro Benevides (na Magic Wall), Sandra Felgueiras e Sara Pinto.

Miguel Sousa Tavares e Pedro Santos Guerreiro são os comentadores residentes e vão estar acompanhados por Paulo Rangel e Sérgio Sousa Pinto, na análise dos resultados. Aos quatro comentadores da TVI e da CNN Portugal juntam-se, num outro espaço, Anabela Neves, Anselmo Crespo, Helena Matos, Mafalda Anjos, Miguel Pinheiro, Rui Calafate, entre outros.

A emissão terá às 20h uma sondagem à boca da urna realizada pela Pitagórica e termina e, no início da madrugada de segunda-feira, a CNN Portugal emite um Especial de “O Princípio da Incerteza” com os comentadores residentes – Alexandra Leitão, Lobo Xavier e Pacheco Pereira – a fazerem o balanço e projeção dos resultados eleitorais.

Na RTP, a emissão especial dedicada às legislativas tem início às 18h00, num simultâneo RTP1 e RTP3, e será conduzida por José Rodrigues dos Santos, Ana Lourenço e João Adelino Faria.

Às 20h será apresentada a sondagem feita à boca de urna do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, com as primeiras projeções dos resultados eleitorais.

O comentário estará a cargo de Pedro Norton, Susana Peralta, João Soares e Miguel Poiares Maduro e, em estúdio, a estação terá também um painel com Mariana Vieira da Silva (PS), António Leitão Amaro (AD), Rita Matias (Chega), Carlos Guimarães Pinto (IL), João Oliveira (CDU), José Manuel Pureza (BE), Bebiana Cunha (PAN) e Ricardo Sá Fernandes (Livre).

Ao final da noite, para análise de resultados, haverá espaço para segundo painel de comentadores, desta vez com Manuel Carvalho, Maria Flor Pedroso, José Manuel Fernandes, António Costa Pinto, Carmo Afonso e António José Teixeira.

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Sauditas apresentam melhor oferta pela Altice Portugal. Franceses e consórcio de Horta Osório têm de rever propostas

A Saudi Telecom terá feito a maior oferta para a compra da telecom portuguesa. Altice pediu ao grupo Iliad e ao consórcio, do qual António Horta Osório faz parte, para reverem as suas propostas.

Os sauditas da Saudi Telecom estão à frente na corrida pela compra da Altice Portugal. De acordo com a notícia avançada pela Bloomberg, que cita duas fontes próximas do processo, esta sexta-feira, a telecom saudita terá feito a maior oferta de aquisição da empresa portuguesa. Face à oferta, a Altice terá pedido aos dois restantes interessados – o grupo francês Iliad e o consórcio Warburg Pincus do qual António Horta Osório faz parte – que revissem as suas proposta.

No entanto, segundo a Bloomberg, enquanto as negociações com o grupo francês terão “abrandado” nos últimos dias, o Warburg Pincus já terá admitido não estar disponível para aumentar a parada da sua proposta.

Embora pouco se saiba sobre os contornos da venda da Altice Portugal, as agência internacionais estimam que Patrick Drahi, dono do grupo Altice, estará a pedir entre 8.000 milhões a 10.000 milhões de euros pelos ativos neste mercado.

Contactadas pela imprensa internacional, nenhuma das partes tem feito comentários — até porque, oficialmente, a Altice Portugal não confirma estar a trabalhar na venda. Mas os três nomes, que a Bloomberg noticiou no princípio de fevereiro terem passado à fase seguinte da venda, mostram que são possíveis sinergias com outras empresas do setor, porém, não isentas de desafios.

Notícia atualizada pela última vez às 18h47

 

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ECO da Campanha: à conquista das mulheres e um chega para lá a Ventura

O último dia ficou marcado pelo apelo ao voto do eleitorado feminino e pela linha vermelha que o Presidente da República traçou sobre alianças de um Governo de direita com o partido de Ventura.

No derradeiro dia de campanha para as legislativas de 10 de março, os partidos queimaram os últimos cartuchos, elevando o tom do apelo ao voto, nomeadamente dos indecisos e do eleitorado feminino, assinalando assim o Dia Mundial da Mulher. E levaram reforços para as caravanas.

Aníbal Cavaco Silva, antigo presidente da República e líder do PSD, quebrou o silêncio de 21 anos e voltou a participar numa campanha eleitoral para defender Luís Montenegro e a estabilidade à direita. Mas sem Chega, como também quer a Iniciativa Liberal (IL), que rejeita o voto de protesto no extremismo. As declarações foram proferidas ao sabor da mensagem de Belém. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu esta sexta-feira um chega para lá a André Ventura ao traçar uma linha vermelha: não viabiliza um Governo maioritário de direita sem Montenegro e com o Chega.

Pedro Nuno Santos foi quase levado em ombros pelo legado do Costismo, ladeado por António Costa, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva, na descida do Chiado, em Lisboa. Voltaram a acenar com o papão da direita, que vai privatizar o SNS, atrasar o novo aeroporto de Lisboa e prejudicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), do qual sempre disseram mal.

 

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ladeado pelo primeiro-ministro, António Costa, durante uma arruada no Chiado, no último dia da campanha para as eleições legislativas de 10 de março, Lisboa, 8 de março de 2024.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

 

O antigo líder do PSD, Aníbal Cavaco Silva, expressa o seu apoio a Luís Montenegro da Aliança Democrática (AD) no início do almoço do Dia da Mulher no âmbito da campanha para as eleições legislativas de 10 de março, Lisboa, 8 de março de 2024.TIAGO PETINGA/LUSA

Tema quente

À conquista do voto das mulheres e um chega para lá a Ventura

Depois das declarações de Paulo Núncio sobre o aborto, os direitos das mulheres assumiram um lugar central nesta campanha eleitoral, culminando neste final de campanha, que coincide com o Dia da Mulher. Os partidos de esquerda marcaram presença em várias marchas e eventos que assinalam este dia, enquanto PS e AD trouxeram o tema para as habituais arruadas do último dia.

Pedro Nuno Santos marcou o dia com uma mensagem nas redes sociais onde defende que “as maiores conquistas e avanços foram conseguidos com o PS – e assim continuará a ser no futuro”. “Nós queremos estar ao lado das mulheres do nosso país, das mulheres que construíram este país com muita luta, que permitem que o país avance, porque fazem aquilo que ninguém faz”, disse.

Já a AD contou com algumas das mulheres do partido que mais se destacaram, como Manuela Ferreira Leite e Leonor Beleza, na campanha e continuou a defender-se das críticas. Montenegro respondeu às acusações de Pedro Nuno Santos apontando: “Temos no mínimo a mesma intenção e, se formos realistas, temos muitos melhores resultados para a vida das mulheres do que o PS.” O líder da AD destacou ainda propostas para lidar com o tema da violência doméstica, depois de ter dito uma frase muito criticada nas redes sociais. “Hoje, dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, que é uma evocação à família, à maternidade”, disse.

Nem André Ventura ficou indiferente ao tema, mesmo num dia em que notícias davam conta de que o Presidente da República não permitirá uma substituição de Luís Montenegro para um eventual Governo com o Chega. Ventura criticou o “legado PS e PSD” que, diz, “quando chega ao que importa, salários, progressão na carreira, cargos de topo e políticos já não lhes interessa tanto e deixam um legado que deve ser dos piores da Europa”.

Rui Rocha também não deixou o dia passar em branco e reiterou a defesa pelos direitos das mulheres, nomeadamente em situações como se vivem com as grávidas “a terem de se deslocar de urgência em urgência no fim da gravidez”. Prometeu ainda que o partido “vai respeitar e desenvolver os direitos fundamentais das mulheres”.

À esquerda, o discurso tem sido marcado pelo ataque à direita, que vai comprometer os direitos das mulheres se chegarem ao poder, acusam os partidos. A maior parte dos líderes marcaram presença em marchas ou eventos de comemoração do Dia da Mulher, tanto em Lisboa como no Porto.

A figura

Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República rejeitará um substituto de Luís Montenegro para um eventual Governo com Chega, noticia esta manhã o Expresso. A forma como o líder do Chega e alguns partidos da esquerda insistem em especular sobre um suposto acordo entre figuras do PSD e André Ventura, para montarem uma solução de Governo que ultrapasse Luís Montenegro se este perder as eleições havendo uma maioria de direita, é vista em Belém como um delírio.

“Isso não existe”, confirmam fontes da Presidência da República, garantindo que nunca Marcelo aceitaria um primeiro-ministro de substituição do líder do PSD, da mesma forma que não aceitou Mário Centeno quando António Costa lho propôs para o substi­tuir em S. Bento.

Presidente da República, Marcelo Rebelo de SousaLusa

A frase

"A covid para este Governo foi uma benesse, foi uma desculpa para nada fazer, foi a possibilidade de poder ajudar quem efetivamente nessas alturas teve necessidade de apoios – e que qualquer Governo com certeza que o faria, um Governo do PSD também o faria.”

Manuela Ferreira Leite, antiga presidente do PSD

A surpresa

Jovens da Greve Climática Estudantil pintam frases de protesto em sedes de partidos

Apesar de já não ser uma novidade, continua a surpreender a forma de luta escolhida pelos ativistas climáticos. Desta vez, estudantes da Greve Climática Estudantil pintaram frases de protesto nas entradas de sedes de partidos para exigir o fim aos combustíveis fósseis. PS, PSD e Bloco confirmaram à Lusa que foram pintadas frases nas suas sedes, em Lisboa.

Em comunicado, os estudantes da Greve Climática informaram ainda que interromperam um evento da campanha do PS para um novo protesto pelo fim aos combustíveis fósseis. Reiteram que “nem o PS, nem nenhum outro partido tem um plano compatível com a ciência”.

Prova dos 9

“Assinamos um acordo com os parceiros sociais nos termos em que em 2027 o salário médio atinge o valor de 1.750 euros. O que a direita vem dizer é que quer adiar por três anos essa subida para 2030. O que se propõe fazer é adiar para 2030 o salário médio que já acordamos com os parceiros sociais?”

Pedro Nuno Santos, PS

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou: “Assinamos um acordo com os parceiros sociais nos termos em que em 2027 o salário médio atinge o valor de 1.750 euros. O que a direita vem dizer é que quer adiar por três anos essa subida para 2030. O que se propõe fazer é adiar para 2030 o salário médio que já acordamos com os parceiros sociais?” A declaração está certa ou errada?

No programa do PS, em parte alguma, está definida a meta para o salário médio, apenas uma referência ao acordo de rendimentos que o Governo de António Costa assinou com os parceiros sociais e que prevê que o ordenado médio suba 20% de 2022 a 2026. Pelo contrário, o plano da AD estabelece, de forma clara, que aquele referencial deve atingir os 1.750 euros em 2030.

Ora num esclarecimento enviado ao Polígrafo, a 19 de fevereiro, o gabinete do secretário-geral do PS explicou as contas: “O ponto de partida é a remuneração média bruta por trabalhador declarada à Segurança Social em novembro de 2023 (média 12 meses, últimos dados conhecidos). Assumimos os referenciais do acordo de médio prazo para os anos de 2024 (5%), 2025 (4,7%) e 2026 (4,6%) e equivalente nos dois anos seguintes (4,5% e 4,4% em 2027 e 2028, respetivamente). Com base nestes pressupostos, chegamos aos cerca de 1.750 em 2027.”

Contudo, numa entrevista ao Correio de Azeméis, publicada a 4 de março, o líder do PS disse: “Criar todas as condições económicas para que o acordo de rendimentos possa ocorrer como o previsto e o salário médio possa atingir os 1.725 euros já em 2026“. Ou seja, um valor abaixo dos 1.750 euros.

Ou seja, não é claro que o PS queira efetivamente antecipar o vencimento médio em quatro anos face à proposta da AD, ainda que o valor de 1.725 esteja muito próximo do referencial defendido, de 1.750 euros mensais brutos.

Conclusão: Mais ou menos.

Norte-Sul

No último dia de campanha, os partidos concentram-se em Lisboa, maior círculo eleitoral. A AD começou com uma arruada em Alvalade, seguindo depois para um almoço na Estufa-fria, onde marcaram presença Maria e Aníbal Cavaco Silva. O partido trocou a habitual descida do Chiado por um comício no Campo Pequeno, devido ao mau tempo.

O PS teve o almoço na Trindade e manteve a descida do Chiado, apesar da chuva, terminando o dia com um comício em Almada e uma festa no Village Underground. O Chega, por sua vez, começou o dia em Setúbal, tendo depois uma arruada em Lisboa e, ao fim do dia, um concerto com Quim Barreiros na Praça do Município.

A Iniciativa Liberal arrancou o último dia da campanha em Leiria, fazendo depois uma arruada na Avenida da Liberdade, em Lisboa, terminando o dia na LX Factory. Já a CDU esteve em Vila Nova de Gaia, fazendo depois o desfile na Praça da Batalha, no Porto e terminando o dia num comício em Braga.

A líder do Bloco participou numa manifestação do Dia Internacional das Mulheres, na Alameda e terá o jantar de encerramento da campanha eleitoral em Lisboa. O PAN, depois de estar numa manifestação de enfermeiras, junta-se a uma marcha do Dia da Mulher. O líder do Livre participou também numa Marcha Feminista do dia Internacional das Mulheres, fechando o dia num comício no Porto.

Onde vão estar os líderes na noite eleitoral?

O sábado que se segue é o dia da reflexão, sendo domingo o dia derradeiro das eleições. Os partidos já têm marcadas as noites eleitorais, a maioria em hotéis. O PS, como habitual, estará no Hotel Altis, em Lisboa, enquanto a AD vai acompanhar os resultados eleitorais no Epic Sana Marquês Hotel.

O Chega estará no Lisbon Marriott Hotel, enquanto a Iniciativa Liberal segue a contagem dos votos no Monsanto Secret Spot.

À esquerda, o Bloco estará no Fórum Lisboa, enquanto a CDU passará a noite eleitoral no Hotel Sana Metropolitan e o Livre estará no Teatro Thalia, ambos em Lisboa. O PAN deverá permanecer na sua sede, também na capital, devendo depois deslocar-se para a estação do Rossio.

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Lucros do Haitong Bank crescem 55% em 2023, para 17 milhões de euros

  • Joana Abrantes Gomes
  • 8 Março 2024

Confirmando a “consistência” de resultados positivos, os lucros do Haitong aumentaram 55% ao longo de 2023, para um total de 17 milhões de euros.

O Haitong Bank encerrou o exercício de 2023 com um resultado líquido de 17 milhões de euros, mais 55% do que ano anterior, quando reportou lucros de 11 milhões de euros, anunciou o banco, num comunicado enviado esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Estes números demonstram que o banco “geriu, com sucesso, os efeitos da difícil conjuntura de 2023, resultante das guerras na Ucrânia e Médio Oriente, da manutenção da volatilidade dos mercados e das elevadas taxas de juro”, lê-se no comunicado.

Segundo o Haitong Bank, o produto bancário aumentou 2,7% face ao ano anterior, para 76 milhões de euros, o que se deveu às “atividades de crédito” e à “gestão proativa do passivo”, resultando numa margem financeira líquida de 36 milhões de euros, que mais do que duplicou comparativamente a 2022.

Enquanto os custos operacionais se situaram nos 60 milhões de euros, “não obstante o ambiente inflacionista na maioria dos mercados em que [o banco] está presente, o resultado operacional foi de 16 milhões, equivalendo a um crescimento homólogo de 25%.

O Haitong aumentou ainda os ativos para cerca de 3,5 mil milhões de euros, mais 2,4% em relação a 2022. Nesta matéria, o banco assinala que “manteve uma rigorosa disciplina nas suas atividades de crédito”, o que levou a “bons níveis de qualidade dos ativos, expressos nos rácios de crédito não produtivo (NPL ratio) de 1,2% e de exposições não produtivas (NPE ratio) de 1,4% em 2023″.

(Notícia atualizada às 18h43)

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Proteção de Dados admite “grande preocupação” com Worldcoin e prepara-se para tomar medidas

Comissão Nacional de Proteção de Dados avançou esta sexta-feira que a investigação à Worldcoin está "em fase decisória", admitindo "grande preocupação" com recolha de dados de cidadãos menores.

O dispositivo usado pela Worldcoin para a leitura da íris foi batizado de OrbWorldcoin

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) sinalizou esta sexta-feira, num comunicado, que o “processo de averiguação ao tratamento de dados pessoais” por parte da Worldcoin em Portugal está “em fase decisória”. O ECO sabe que o anúncio das conclusões estará por dias, depois de as autoridades em Espanha terem travado o projeto que é liderado a nível europeu pelo português Ricardo Macieira.

Ainda assim, o organismo presidido por Paula Meira Lourenço “entende que se impõe desde já esclarecer as pessoas” para que ponderem “muito bem a cedência dos seus dados” e que “os pais não devem, em circunstância alguma, submeter os filhos menores à recolha dos seus dados biométricos”.

A Worldcoin é um projeto criado em 2019 que está a recolher dados biométricos dos cidadãos em vários países, incluindo em Portugal, através da leitura da íris, a troco de um pagamento numa criptomoeda. Em dezembro, anunciou já ter digitalizado a íris de mais de 200 mil pessoas no país, “o equivalente a 2% da população”. A recolha destes dados pessoais, considerados informação sensível, é feita em stands em locais de afluência de pessoas, como paragens de transportes públicos ou centros comerciais, por exemplo.

Esta semana, a Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) ordenou a suspensão da atividade da Worldcoin, o que significa que “é ilegal” qualquer atividade da empresa que tenha como fim recolher dados pessoais em Espanha. À Lusa, fonte oficial da CNPD confirmou depois que existe uma investigação em curso em Portugal desde o ano passado.

No comunicado divulgado esta sexta-feira, a CNPD manifesta “em particular grande preocupação pela recolha de dados de menores sem a autorização dos pais, além de receio pela forma como estes dados biométricos podem vir a ser usados”. A comissão indica ainda que, fruto das notícias que têm sido divulgadas sobre o tema, “as pessoas têm-se dirigido à CNPD, expondo dúvidas sobre o exercício dos seus direitos e revelando não lhes ter sido prestada a informação suficiente sobre o tratamento dos seus dados biométricos”.

“A CNPD encoraja as pessoas a refletirem sobre a sensibilidade dos dados que pretendem fornecer, que são únicos e fazem parte da sua identidade, e os riscos que tal implica, e a ponderarem o significado de a cedência dos seus dados biométricos envolver, por contrapartida, um eventual pagamento”, sublinha a nota de imprensa.

“Por último, a CNPD considera que os pais não devem, em circunstância alguma, submeter os filhos menores à recolha dos seus dados biométricos, por tal não garantir neste caso o melhor interesse da criança, que deve sempre ser salvaguardado”, conclui.

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