“Não é a quente que se mexe na arquitetura do direito”, diz Montenegro

O lider do PSD adiantou ainda que o partido está disponível para um debate sobre melhorias na Justiça, mas que deverá acontecer só depois das eleições.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou este sábado que o caso das detenções de políticos da Madeira, que entretanto forma libertados, mostra que há melhorias a fazer no Código Penal, mas explicou que essa reflexão terá de ser feita após as eleições de 10 de março.

Em declarações aos jornalistas em Espinho, Montenegro recordou que esteve no grupo de trabalho que em 2006 e 2007, “promoveu, em conjunto com muitas forças da sociedade, desde logo todas as profissões da área da Justiça, na reforma do Código Penal e do processo do Código Penal”.

“E hoje olhando para trás, algumas das intenções que o legislador teve não foram alcançadas“, admitiu. “Esta em particular, do mecanismo de detenção fora do flagrante delito e do primeiro interrogatório judicial, mas há outras, na área do respeito pelo segredo de justiça, na área de algumas diligências que devem ser complementares da obtenção da prova e não é o essencial do processo penal”.

Para o líder do PSD não é, no entanto, “a quente, com casos concretos em cima da mesa, nem é a quente, a três semanas de eleições legislativas que se mexe na arquitetura do direito penal português”.

“Eu tenho a responsabilidade de dizer que estamos disponíveis para participar numa reflexão, num debate alargado, no pós-eleições para melhorar alguns aspetos que são menos positivos, concluiu”.

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António Costa diz que valores europeus estão “sob ataque” da direita

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

"Somos defensores de uma Europa mais unida, mais solidária, mais social, mais coesa, mais aberta ao mundo, mais alargada e mais aprofundada", disse Costa, num evento em Barcelona.

Barcelona, 17 fev 2024 (Lusa) – Oprimeiro-ministro, António Costa, disse hoje que o projeto europeu, baseado em valores como a solidariedade e a coesão, está “sob ataque” da direita, incluindo a tradicionalmente mais moderada, “que se deixa condicionar pelo populismo”.

“Somos defensores de uma Europa mais unida, mais solidária, mais social, mais coesa, mais aberta ao mundo, mais alargada e mais aprofundada. Esta nossa visão da Europa está sob ataque, da direita populista, mas também da direita democrática que se deixa condicionar pelo populismo”, disse António Costa, em Barcelona, onde recebeu hoje o Prémio para os Valores Europeus do Partido Socialista da Catalunha (PSC).

O líder do Governo e ex-secretário-geral do Partido Socialista (PS) defendeu que, “perante as ameaças globais”, e ao contrário do que pretende o populismo, a resposta é “mais Europa”, nomeadamente, “mais solidariedade”, investimento em inovação e emprego, reforço dos laços da União Europeia com os outros continentes, aposta no alargamento do bloco comunitário (à Ucrânia e aos Balcãs ocidentais) ou aprofundamento do projeto de integração europeu “para garantir a paz”.

“Perante os receios, a ansiedade, a incerteza” de desafios como a globalização, as transições digital e climática ou a ameaça da guerra, “a resposta não é o discurso do medo do discurso das direitas, mas as políticas que reforçam a confiança”, acrescentou António Costa, que considerou que “esta é a grande diferença” que separa a esquerda europeia da direita neste momento.

“Os populistas alimentam-se do medo, nós, socialistas, temos de alimentar a Europa de confiança”, afirmou.

Num discurso em que falou em catalão e espanhol, António Costa lembrou os antigos primeiros-ministros de Portugal e Espanha Mário Soares e Felipe González para sublinhar que os valores europeus da igualdade, solidariedade, dignidade humana, democracia e respeito pelos direitos humanos “coincidem verdadeiramente” com “o ADN dos socialistas” e que “a integração europeia foi o grande desígnio da geração que liderou as transições democráticas” nos dois países.

“Só na Europa as democracias ibéricas se consolidariam”, afirmou, antes de defender que “os socialistas da Península Ibérica têm hoje um papel fundamental para o projeto europeu.”

Neste contexto, defendeu aquilo que considera ser o legado europeu dos governos de Portugal desde 2015 (que liderou) e dos de Espanha desde 2018, com o socialista Pedro Sánchez como primeiro-ministro.

Entre ouros aspetos, considerou que foram períodos, nos dois países, de “viragem da página da austeridade” e crescimento económico a par de contas públicas equilibradas, de alargamento da igualdade, de “vanguarda no combate contra as alterações climáticas” e em que “a estratégia de investimento nas energias renováveis foi recompensada durante a crise energética”, em 2022 e 2023, com uma solução ibérica para os preços da eletricidade que, afirmou, se tornou na referência para o debate da reforma do mercado europeu.

“Muitos europeus têm olhado para os governos de Portugal desde 2015 e de Pedro Sánchez em Espanha desde 2018 e têm podido testemunhar as soluções que encontrámos”, afirmou.

Para o futuro, Costa insistiu, entre outros aspetos, na abertura da Europa ao mundo e no papel que Portugal e Espanha podem ter nesse contexto, por causa dos laços históricos e atuais dos dois países com a América Latina e África, reiterando, em concreto, a defesa do acordo comercial da União Europeia com o Mercosul (bloco formado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Socialista Operário Espanhol) atribuiu o Prémio para os Valores Europeus a António Costa por o considerar “uma referência” da esquerda europeia e do europeísmo, segundo foi anunciado em setembro do ano passado.

Na cerimónia de hoje em Barcelona, o líder dos socialistas catalães, Salvador Illa, defendeu que António Costa, além de europeísta, é um político com um percurso marcado pelo diálogo e pela capacidade de fazer acordos numa trajetória que considerou exemplar e que deixa “uma mensagem potente” para outros países e regiões, como Espanha.

Esta foi a segunda edição do Prémio para os Valores Europeus do PSC, que foi pela primeira vez atribuído no ano passado ao alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, o catalão e também socialista Josep Borrell.

O prémio procura distinguir, segundo o PSC, personalidades que contribuíram para a construção e integração do projeto europeu e para a promoção do diálogo e da concórdia entre os povos.

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As propostas eleitoriais dos partidos para os media

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

Para um setor que enfrenta graves dificuldades, os partidos prometem apoios, mas também alterações na regulação e na concessão da RTP.

Os partidos que concorrem às próximas legislativas assumem que os media enfrentam dificuldades, com as várias propostas a incluírem apoios aos órgãos regionais e locais, e o PS e PSD a defenderem um reforço dos poderes do regulador.

Eis os pontos essenciais dos programas dos vários partidos e coligações candidatos às eleições legislativas de 10 de março, que ainda não incluem o PAN por este partido apenas apresentar o programa hoje.

PS

O partido liderado Pedro Nuno Santos propõe rever o modelo de regulação dos media, nomeadamente das competências da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) em função das novas obrigações, e “densificar” a Lei da Transparência dos media “a fim de equacionar obrigações especiais relativas à constituição da propriedade, implicando neste processo outros reguladores setoriais” como o Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Autoridade da Concorrência, entre outros.

De acordo com o programa, o PS propõe “assumir uma posição mais significativa na estrutura acionista da Lusa”, disponibilizando “os seus serviços sem custos a todos os órgãos de comunicação social”.

Pretende também criar “um incentivo à leitura de jornais para todos os jovens que completam a sua maioridade, através da atribuição de um cheque-jornal para aplicação em assinatura(s) de órgãos de informação geral de âmbito nacional ou loca” e “providenciar apoios à distribuição de publicações periódicas em zonas do interior do país”.

Está também prevista a concretização do Programa de Literacia Mediática (PLM) e o reforço dos “poderes de atuação legais face à ocorrência de campanhas de desinformação por via da utilização ilegítima das plataformas digitais, com a criação de mecanismos no âmbito da cibersegurança”.

No que se refere à RTP, o programa do PS inclui a revisão do Contrato de Concessão do Serviço Público de Rádio e Televisão, “criando mecanismos de reforço do caráter distintivo da programação, avaliação do modelo de governação e do modelo de financiamento, bem como ponderando o investimento necessário à salvaguarda do seu património arquivístico audiovisual” e o objetivo de “adequar a legislação nacional às obrigações definidas pelos novos regulamentos europeus”.

“Aprofundar o compromisso da RTP (rádio e televisão) com a difusão cultural e revisitar o seu papel no apoio à produção nacional, ponderando a afetação de uma percentagem da CAV [contribuição para o audiovisual] para o cinema e audiovisual e uma quota da emissão diária para o setor da cultura”, é outra das propostas.

Prevê ainda o apoio a projetos da sociedade civil, de organizações de media, de instituições de investigação e ensino, para criar “resiliência e desenvolver a sensibilização do público, a literacia mediática e o pensamento crítico, a fim de combater a manipulação da informação”.

Aliança Democrática (AD)

A AD, que junta o PSD, PP e Partido Popular Monárquico, propõe a criação de “um Plano de Ação para os media, envolvendo o setor dos media tradicionais e digitais, a academia, a sociedade civil, de forma a dar resposta aos graves problemas estruturais e conjunturais decorrentes das profundas mudanças tecnológicas, da configuração da nova oferta de conteúdos, da crise nas cadeias de produção e da violação de direitos de consumidores e empresas”.

Prevê “avaliar a possibilidade de criar uma dedução no IRS de despesas com órgãos de comunicação social e introduzir modelos de incentivo ao consumo de conteúdos de órgãos de comunicação social” e estudar a adoção de novos modelos jurídicos e fiscais empresariais e de investimento de impacto nos media, à semelhança do que acontece em outros países europeus.

Além da revisão da Lei de Imprensa, ouvindo as empresas do setor, a AD propõe-se “avaliar o regime fiscal aplicável às plataformas digitais e incentivar essa discussão a nível europeu, com as receitas a serem alocadas ao incentivo à procura de conteúdos dos media”.

No que respeita aos media do Estado, o programa da AD, liderado por Luís Montenegro, conta “clarificar a situação da agência Lusa e resolver o impasse na sua estrutura acionista de forma equilibrada envolvendo todos os agentes do setor”, enquanto na RTP pretende “salvaguardar o papel e a missão do serviço público de rádio, televisão e multimédia, garantindo a sua independência e transparência”.

Outra das metas é valorizar os media regionais e locais e reforçar o papel, independência e eficácia da regulação e supervisão e reforçar o papel da ERC “na fiscalização e na sanção de práticas de desinformação e de manipulação da informação, garantindo a sua independência, a sua eficácia e a sua articulação com outras entidades nacionais e internacionais”.

Defende também o estímulo da “criação e o reconhecimento de plataformas de verificação de factos (‘fact-checking’) que possam contribuir para a validação, a contextualização e a correção da informação que circula nas redes sociais e nos meios digitais” e criar um “código de conduta” para os políticos, partidos e as campanhas eleitorais “que estabeleça princípios e regras éticas para a comunicação política e que preveja mecanismos de monitorização e de denúncia de casos de desinformação e de ‘fake news’, designadamente, através da utilização da inteligência artificial generativa”.

O desenvolvimento de “uma estratégia nacional de educação e de literacia mediática, que envolva o sistema educativo, as universidades, as bibliotecas, as associações e as organizações da sociedade civil, e que promova o desenvolvimento de competências críticas, analíticas e criativas dos cidadãos, em relação aos meios de comunicação e à informação” é outra das propostas.

Chega

Já o partido liderado por André Ventura propõe “estabelecer programas de formação para jornalistas e profissionais de comunicação social, mais focados em competências digitais, jornalismo de investigação e reportagem, a fim de elevar o padrão do jornalismo, e adaptá-lo às novas exigências do mercado e às expectativas dos cidadãos”.

Prevê a criação de “um Fundo de Apoio à Comunicação Social destinado a apoiar financeiramente” os media regionais e locais “a fim de subsidiar operações, inovação tecnológica e formação profissional, garantindo a continuidade e a qualidade do jornalismo local, assim como aumentar a comparticipação do Estado no porte pago para publicações periódicas destes meios, desta forma assegurando a viabilidade dos meios locais”, que “têm uma maior ligação às populações, ao que se passa nas suas terras e um papel relevante na transmissão do saber popular e cultura local”.

Está também previsto o apoio aos media locais e o desenvolvimento de “um programa de apoio aos órgãos de comunicação social da diáspora, simples e transparente, e dinamizar a Plataforma dos Órgãos de Comunicação Social da Diáspora”.

Iniciativa Liberal

Por sua vez, o partido liderado por Rui Rocha pretende rever os estatutos da ERC e privatizar a RTP.

No caso da ERC, a Iniciativa Liberal (IL) diz pretender despolitizar os órgãos que a compõem: “desde logo, o Conselho Regulador, que, à semelhança do que se propõe para as demais entidades reguladoras, passaria a ser selecionado após concurso internacional aberto (o que implicaria uma alteração cirúrgica à Constituição), conduzido pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) e os seus membros sujeitos a audições prévias na Assembleia da República”.

Além disso, quer “tornar mais transparente a titularidade, a gestão e os meios de financiamento das empresas de media”.

Com esta medida, “propõe-se que todas as participações — não só as qualificadas no capital ou no que respeita a direitos de voto — tenham de ser objeto de comunicação à ERC e passíveis de publicação para escrutínio democrático” e, em caso de incumprimento, “o regulador poderá determinar a suspensão do direito de publicação/emissão dos títulos detidos pela sociedade infratora”.

A IL pretende ainda retirar à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) “as prerrogativas de atribuição, renovação, suspensão ou cassação dos títulos de acreditação profissional dos jornalistas, equiparados a jornalistas, correspondentes e colaboradores da área informativa dos órgãos de comunicação social”, passando estas atribuições para a esfera da ERC.

sobre a privatização da RTP, este processo tem como pressupostos criar “a possibilidade de ser vendida como um todo ou em partes” e a definição “de um caderno de encargos que assegure os critérios de serviço público a serem definidos de forma objetiva e clara”.

A produção de conteúdos de serviço público “será atribuída por concurso a qualquer operador que preencha os requisitos do caderno de encargos”, lê-se no documento, que refere a abertura de um concurso para a conservação e gestão do arquivo RTP, mantendo o Estado a sua propriedade e aplicando na sua gestão e manutenção as receitas provenientes da sua utilização comercial”.

Entre as propostas conta ainda o aumento da dedução à coleta de IRS de despesas com a compra de jornais e revistas ou com a subscrição de assinaturas mensais ou anuais dos mesmos quer em papel ou digital, “equiparando-a à que vigora para manuais e livros escolares”.

Pretende “promover novas formas de financiamento, através de incentivos fiscais, instituindo um modelo de mecenato especialmente vocacionado para a comunicação social, criando uma rede certificada de filantropos individuais ou corporativos e estimulando o ‘crowdfunding’ para financiamento de jornalismo de investigação”.

Bloco de Esquerda

O BE tem, entre as suas propostas, a criação de “um programa nacional para a atribuição de uma assinatura digital gratuita de imprensa generalista a todos os estudantes do secundário e do ensino superior” e de um imposto sobre os gigantes digitais, conhecido por “imposto Google”, “tributando os seus rendimentos obtidos em território nacional como forma de financiar os apoios ao jornalismo”.

O partido liderado por Mariana Mortágua propõe também a “eliminação de IVA nas assinaturas comerciais” e a “redução dos custos com a distribuição, através da reposição do porte pago como forma de apoio à distribuição, particularmente relevante para a imprensa local e regional”.

Com o objetivo de fomentar os géneros jornalísticos, o BE propõe “bolsas públicas, dirigidas a empresas de media, media comunitários, novos projetos e profissionais individuais — sob decisão de júris plurais e independentes”.

Já no âmbito da regulação, prevê a reintrodução dos limites à concentração dos media regionais e locais e “garantir a transparência de toda a cadeia da titularidade e a prévia avaliação da idoneidade dos acionistas e administradores das empresas e grupos de comunicação social, como condição de qualquer alteração na estrutura acionista”.

A criação de “um fundo público de financiamento de risco para estímulo à criação de novos media” é outra das medidas.

No caso da Lusa, defende o “adequado financiamento, que considere um reforço da indemnização compensatória e o seu atempado pagamento” e proteger a agência de notícias, “garantindo a maioria da posição acionista do Estado na empresa através da aquisição das participações atualmente detidas pelo Global Media [GMG] e pelas Páginas Civilizadas”.

Quanto à RTP, propõe a garantia do “investimento necessário”, tanto na televisão como na rádio, e a revisão do “modelo de gestão da RTP, extinguindo o Conselho Geral Independente [CGI] e assegurando que a Assembleia da República tem um papel central na definição da administração da empresa”.

O BE defende ainda que seja dado posse “a um administrador não-executivo da RTP eleito pelos trabalhadores”, bem como “tornar público o Relatório Único, garantindo a transparência sobre os pagamentos a trabalhadores e avençados da RTP”.

A adoção de uma política de tolerância zero à precariedade no serviço público, “impedindo novos contratos precários e integrando os que persistem na rádio, televisão e agência Lusa”, é outra das propostas.

Por último, atendendo à atual situação da GMG, propõe o seu controlo público, sendo que “estabilizado o grupo e as suas redações, ele deverá desenvolver-se futuramente como propriedade privada ou cooperativa”.

PCP

O PCP defende “medidas para travar a concentração monopolista e o comando multinacional dos media” e “defender o país do controlo, das imposições e da evasão fiscal das empresas tecnológicas e plataformas digitais multinacionais”, bem como o reforço da “capacidade dos organismos públicos de regulação do setor, seja no plano da capacidade de resposta às funções legais e constitucionais que lhes estão atribuídas, seja através da atribuição de competências que permitam uma intervenção efetiva e atempada, nomeadamente na fiscalização das obrigações que resultam da Lei da Imprensa, da Rádio e da Televisão, e na garantia da transparência e da não concentração da propriedade” dos media.

O partido liderado por Paulo Raimundo propõe uma “reestruturação profunda” do serviço público de televisão e rádio, “acompanhada de um plano de investimentos na RTP, uma gestão rigorosa e independente do poder político e económico, o financiamento adequado, os meios indispensáveis aos seus objetivos” e o investimento, modernização e alargamento da oferta pública da Televisão Digital Terrestre (TDT).

Para a Lusa, defende “investimento e consolidação do controlo público”

No que respeita ao apoio aos media regionais e locais, propõe “a criação de um programa de apoio com uma componente a fundo perdido, do apoio à aquisição de publicações periódicas de âmbito regional e local por entidades públicas e por entidades sem fins lucrativos, da retoma do porte pago da imprensa regional” e ainda “um jornal diário de propriedade pública, seja através da criação de um novo título ou através do regresso para a esfera pública de títulos que foram alvo de processos de privatização, que contribua para o rigor, o pluralismo e a valorização da língua, da cultura e da coesão social e territorial”.

Livre

A promoção da paridade de género nos media através da ERC e em órgãos coletivos de administração, gestão e acompanhamento de instituições e fundações culturais sob alçada do Estado e do setor privado, e a obrigatoriedade da divulgação das e dos principais acionistas das empresas de comunicação social são medidas apresentadas pelo partido liderado por Rui Tavares.

A criação de limites à concentração do capital nos media e o reforço dos poderes da ERC são outras das propostas do Livre.

Sobre a Lusa, propõe “manter a posição maioritária da agência Lusa pelo Estado como garante de um serviço público de informação de rigor, seriedade e qualidade”.

A criação de bolsas de apoio a projetos jornalísticos sem fins lucrativos ou cooperativos, apoiar o jornalismo “pela dedução fiscal para doações a órgãos, associações e projectos de comunicação social sem fins lucrativos, pelo financiamento de projetos de jornalismo de investigação que declaradamente persigam o interesse público, apoio à adoção de modelos de gestão cooperativos e sem fins lucrativos, e manutenção do programa de compra de publicidade institucional pelo Estado”, são outras das medidas.

No caso dos media regionais e locais, defende apoio “por meio da subscrição física de jornais locais nas bibliotecas, escolas e instituições públicas, de um subsídio à difusão de programas e agendas culturais locais, da dedução em sede de IRC de gastos publicitários, de um programa de apoio à contratação e transição digital, do financiamento de projetos de jornalismo de investigação à escala regional e local, equiparação em financiamento de subscrições digitais de órgãos locais, e criação de um programa de suporte à preservação dos arquivos”.

Para aumentar a leitura de notícias nos jovens, o Livre apresenta um cheque-cultura que abarque subscrições e compra de jornais e revistas.

No que respeita à RTP, defende o acesso a todos os canais na TDT e a alteração do processo de eleição da administração da RTP “para assegurar maior representação das pessoas trabalhadoras da RTP e das cidadãs e cidadãos”.

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Comissão Europeia vai apresentar proposta de estratégia industrial de defesa

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2024

Bruxelas quer aumentar os gastos com defesa, "gastar melhor" com compras conjuntas e acordos para proporcionar previsibilidade à indústria.

A Comissão Europeia vai apresentar uma proposta de estratégia industrial de defesa dentro de três semanas, revelou este sábado a presidente da comissão, Ursula von der Leyen, e também abrirá um escritório de inovação em defesa na Ucrânia.

“A Europa tem de reforçar a base industrial… Sou uma transatlântica convicta e, ao mesmo tempo, temos de construir uma Europa forte e isso anda de mãos dadas“, afirmou von der Leyen num painel na Conferência de Segurança de Munique, citada pela Reuters.

Adiantou que Bruxelas quer aumentar os gastos com defesa, “gastar melhor” com compras conjuntas e acordos para proporcionar previsibilidade à indústria e melhor interoperabilidade entre as forças armadas da Europa, e concentrar os gastos na Europa para manter “bons empregos” para os contribuintes que pagam a conta.

Von der Leyen defendeu que a Ucrânia deve ser integrada nos programas de defesa da Europa, uma vez que a Rússia está a “superar a Ucrânia” em número de soldados e a “lançar armas rápidas e sujas produzidas na Coreia do Norte e no Irão”.

Do lado da ajuda financeira, von der Leyen disse que era do interesse dos EUA aprovar um projeto de lei – atualmente paralisado no Congresso – para fornecer mais ajuda à Ucrânia, já que a medida simbolizava as democracias enfrentando os autocratas.

Não se trata apenas da guerra da Rússia na Ucrânia e das tentativas de Putin de desestabilizar as democracias, mas de todos os outros adversários autocráticos que estamos observando muito de perto… se as democracias permanecem unidas, estão determinadas, mostram determinação”, explicou.

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Exportações de componentes para calçado crescem 13,6%

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2024

As exportações da fileira de calçado recuaram 5,1% em 2023 em termos homólogos, para 2.222 milhões de euros, mas o setor de componentes para calçado aumentou as vendas em 13,6%.

As exportações da fileira de calçado recuaram 5,1% em 2023 em termos homólogos, para 2.222 milhões de euros, mas o setor de componentes para calçado aumentou as vendas em 13,6%, reforçando o seu papel estratégico na afirmação daquela indústria. De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), no ano passado, o setor de componentes para calçado exportou um total de 73 milhões de euros, um acréscimo de 13,6% relativamente a 2022.

Na mesma linha, o setor de artigos de pele e marroquinaria cresceu 14%, para 310 milhões de euros, enquanto as exportações de calçado recuaram 11,3% em quantidade e 8,2% em valor face ao ano recorde de 2022, com 66 milhões de pares de calçado vendidos, no valor de 1.839 milhões de euros.

Temos vindo a consolidar o ‘cluster’ de calçado e de artigos de pele em Portugal”, sustenta o porta-voz da APICCAPS, Paulo Gonçalves, destacando que, até final década, o plano estratégico do setor prevê um investimento de 600 milhões de euros em inovação, sustentabilidade, qualificação das empresas e dos trabalhadores e internacionalização.

Por mercados, a associação realça os crescimentos das vendas de componentes de calçado para a Alemanha, que subiram 4,7% para 16,5 milhões de euros, e para França, onde progrediram 43%, para 16 milhões de euros. Em Espanha, pelo contrário, assinala um recuo de 19%, para sete milhões de euros.

Citado numa ‘newsletter’ da APICCAPS, o vice-presidente da associação destaca que “um dos principais argumentos competitivos da indústria reside precisamente no facto de existir, num raio de 50 quilómetros quadrados da cidade do Porto, uma oferta variada de todo o tipo de componentes e de serviços à disposição das empresas de calçado”.

Portugal apresenta na indústria de calçado soluções muito interessantes ao nível de praticamente todos os componentes e mesmo de curtumes”, sustenta Paulo Ribeiro, enfatizando que, “numa altura em que tanto se fala de produção de proximidade, a indústria portuguesa é uma das mais qualificadas do mundo, que se soube reinventar, evoluir técnica e tecnologicamente e, por isso, está no radar das grandes marcas internacionais da especialidade”.

Em simultâneo, o dirigente associativo recorda que “o setor tem em curso planos de investimento ambiciosos, que vão transformar Portugal numa das grandes referências internacionais no desenvolvimento de soluções sustentáveis”. “Não é razoável que a Ásia assegure praticamente 90% da produção mundial de calçado”, sublinha.

Segundo Paulo Ribeiro, os investimentos que o setor de componentes para calçado tem vindo a implementar, nomeadamente nos domínios da digitalização e sustentabilidade, colocam “o ‘cluster’ português de calçado na linha de frente e capaz de responder a novos desafios que o mercado vai requerendo no plano internacional”.

No âmbito das várias ações de valorização do ‘cluster’ nos mercados internacionais que a APICCAPS está a desenvolver, e depois de uma campanha de imagem transversal, de iniciativas de promoção dos artigos de pele e de uma ação orientada para o calçado de criança, “Portuguese Shoes Cluster” é o ‘slogan’ da nova campanha que procura apresentar o setor de componentes como “estratégico na afirmação da indústria portuguesa de calçado nos mercados externos”.

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Representante da República anuncia decisão para crise política na Madeira

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, anunciaa sua decisão para resolver a crise política na região, na sequência da demissão do Miguel Albuquerque.

O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, anuncia este sábado a sua decisão para resolver a crise política na região, na sequência da demissão do presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), o social-democrata Miguel Albuquerque.

O anúncio da decisão do juiz-conselheiro está marcado para as 15:00 no Palácio de São Lourenço, no Funchal, e acontece um dia depois de Ireneu Barreto ter estado reunido com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.

Após a exoneração do líder do executivo regional, Miguel Albuquerque (PSD), constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira, o represente da República ouviu na semana passada os partidos com representação na Assembleia Legislativa Regional.

No final das audiências, Ireneu Barreto anunciou que iria consultar o Presidente da República sobre a crise política e que anunciaria depois a sua decisão. “Nesta situação muito complexa, cabe-me agora equacionar todas as opções que a Constituição prevê e decidir, em consciência, aquela que melhor defenda os superiores interesses dos madeirenses e porto-santenses, a autonomia regional e o regime democrático“, afirmou, na altura, Ireneu Barreto.

Segundo o representante da República, tendo em conta o poder de dissolução da Assembleia Legislativa Regional, que cabe ao Presidente da República, seria “indispensável” consultar Marcelo Rebelo de Sousa.

Interrogado sobre a eventual nomeação de um novo Governo Regional, Ireneu Barreto respondeu: “É uma das opções que eu tenho de ponderar, se valerá a pena nomear um Governo para um mês, mas, como digo, todos os cenários estão em aberto”.

Nos termos do artigo 231.º da Constituição, “o Governo Regional é politicamente responsável perante a Assembleia Legislativa da região autónoma e o seu presidente é nomeado pelo representante da República, tendo em conta os resultados eleitorais”.

O artigo 133.º determina que compete ao Presidente da República “dissolver as Assembleias Legislativas das regiões autónomas, ouvidos o Conselho de Estado e os partidos nelas representados”.

Contudo, nos termos do artigo 172.º, nenhuma Assembleia pode ser dissolvida “nos seis meses posteriores à sua eleição”, período que, neste caso, se estende até 24 de março.

O PSD e o CDS-PP, que governam a região em coligação com o apoio parlamentar do PAN, têm insistido na nomeação de um novo líder do executivo, considerando que a maioria parlamentar tem legitimidade para apoiar um novo Governo Regional, procurando assim evitar eleições antecipadas, defendidas pelos restantes partidos com assento no hemiciclo.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

Os três arguidos foram libertados na quarta-feira com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções, por despacho do juiz de instrução criminal, que considerou não terem sido encontrados indícios da prática “de um qualquer crime”.

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PGR deve demitir-se? Explicações sim, demissão não, defende o setor da Justiça

Advogados e magistrados consideram que, acima de tudo, a PGR deve esclarecimentos e que não pode esquecer-se da sua função e do papel que desempenha na democracia.

Os últimos meses têm sido movimentados na justiça portuguesa e o papel da Procuradora-Geral da República (PGR) e a atuação e prestação de contas do trabalho do Ministério Público (MP) tem vindo a ser colocado em causa. Depois do parágrafo controverso de um comunicado no âmbito da Operação Influencer – que acabou na demissão do primeiro-ministro António Costa – da absolvição do ex-autarca de Caminha, Miguel Alves – braço direito de Costa e do juiz de instrução não ver indícios daquele crime no caso da Madeira, deverá a PGR demitir-se ou prestar mais esclarecimentos pelas investigações em curso do Ministério Público?

“Não existe qualquer motivo determinante da demissão da PGR. Seria péssimo para o Estado de direito democrático, para a autonomia do MP e para a própria independência do sistema judicial que um PGR se demitisse ou fosse exonerado com fundamento em decisões tomadas em processos concretos”, defende à Advocatus Adão Carvalho, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP). “Quanto a esclarecimentos, não compete à PGR discutir na praça pública as decisões tomadas nos processos, que devem ser resolvidas no mesmo. Mas evidentemente, sempre que um processo gera ruído, tem repercussão pública, deve existir comunicação objetiva da PGR para contribuir para a serenidade e objetividade da informação que chega ao público e para reforçar a confiança nas instituições da justiça e no Ministério Público em particular”, concluiu.

Também o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses defende que o Ministério Público devia “explicar o que é que aconteceu” no caso da Madeira em que o juiz de instrução criminal concluiu não existirem indícios de crime. Manuel Ramos Soares, em declarações à Lusa, defendeu ainda que “deve ou não o MP, da forma que entender conveniente, explicar o que é que aconteceu? A meu ver, sim!”, declarou o desembargador Manuel Soares, recordando que, já depois das buscas na Madeira, houve uma “conferência de imprensa do diretor nacional da Polícia Judiciária [Luís Neves] explicando as razões de ser da operação” e da sua “complexidade logística”.

Os advogados contactos pela Advocatus consideram que, acima de tudo, a PGR deve esclarecimentos e que não pode esquecer-se da sua função e do papel que desempenha na democracia.

João Massano, presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, mais do que falar em demissões, é “crucial” explicações “claras” e “transparentes” sobre o que se está a passar no caso da Madeira e da Operação Influencer.

“A opinião pública tem o direito de saber as razões que desencadearam estas operações, os seus objetivos e os resultados que se pretende(ra)m alcançar. Assistimos a um desfile de declarações de toda a gente, muitas vezes contraditórias, o que contribui para aumentar a confusão e a desinformação. Assim como fomentar a desconfiança no sistema de Justiça”, referiu.

João Massano defende que a PGR assuma a liderança da comunicação, do lado do Ministério Público, e apresente uma “narrativa clara e coesa sobre estes casos”. O advogado sublinhou também que a PGR tem a responsabilidade de “garantir a confiança dos cidadãos na Justiça”, sendo necessário explicações.

“A política de “quintinhas” dentro do sistema judiciário é um problema grave que precisa ser combatido. É necessário uma coordenação conjunta que permita oferecer aos cidadãos respostas claras, transparentes e concretas. Todos os agentes do sistema judiciário devem trabalhar em conjunto com o objetivo de fazer justiça, e não para defender interesses particulares ou de grupos”, referiu.

Se se deve demitir ou não, é uma decisão que só à própria cabe ponderar e executar. A lei e a Constituição não fixam causas, nem taxativas nem exemplificativas, da sua exoneração. Tal como a nomeação, a exoneração compete ao Presidente da República (PR), sob proposta do Governo. Se o Governo e o PR entenderem que existem razões para exonerar a PGR, com certeza não deixarão de exercer as suas competências, sobretudo o PR por se encontrar na plenitude das suas competências“, considerou Rui Costa Pereira.

O associado da MFA Legal não considera que as recentes atuações da PGR coloquem em causa a atuação do MP, vendo antes o “copo meio cheio”. O advogado vê de positivo o alerta para a “consciência comunitária” que está a ser feito para o que há muito está mal “na forma como algum MP, não todo o MP, atua”.

“Essa forma errada, persecutória, abusiva, em que os fins justificam os meios, justicialista, como queiramos chamar, não é de ontem, não é de há dois dias, não é de há ano. Existe há muito tempo. E finalmente há uma atenção efetiva para esse problema. Com essa atenção veio uma preocupação natural de todos“, explicou.

PGR. Procuradora Geral da Republica, Lucilia Gago.JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA

Rui Costa Pereira destacou a forma “praticamente unânime” como a atuação do MP está a ser criticada. “E só não é unânime porque o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público dos dias de hoje persiste em considerar que a sua atribuição principal é a de salvaguardar uma imagem impoluta de todo o MP e da sua PGR. É hora de refletir seriamente sobre o MP que queremos, pois parece claro que já são muito poucos os que querem este”, acrescentou.

Também Rui Costa Pereira considera que a PGR deve dar explicações, mas na forma certa e “não é naquela forma atrapalhada num lobby, à saída de qualquer evento”, sublinhando que viver em Democracia implica, necessariamente, a “prestação de contas de todos os agentes públicos”.

“A PGR tem de recordar-se das suas atribuições e das suas competências, mandar chamar ao Palácio Palmela os responsáveis por estas investigações e o diretor do DCIAP e apurar por que razão havia indícios tão fortes para aquela desproporção óbvia de meios que houve e como é que se explicam as decisões jurisdicionais tomadas. E depois, de modo claro, deve apresentar essas explicações aos cidadãos”, explicou.

Para Miguel Pereira Coutinho, associado sénior da Cuatrecasas, mais importante que prestar esclarecimentos, o Ministério Público deve “aprender para o futuro”.

“Aprender que para interrogar um arguido não é imprescindível a sua detenção; aprender que não basta escrever num despacho que há indícios fortes para considerar que isso é suficiente para os considerar demonstrados; e acima de tudo aprender que os perigos de fuga, de continuação da atividade criminosa ou de perturbação de inquérito são os requisitos gerais para que seja decretada qualquer medidas de coação legalmente prevista, com exceção do termo de identidade e residência”, acrescentou.

O advogado sublinha que não coloca em causa a importância da investigação, para que haja mais “responsabilização” e “escrutínio”. No entanto, “para que a comunidade se consciencialize que a justiça penal atua eficazmente, não é suficiente o circo mediático pontual, se depois não há consistência e robustez”.

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CGD “estranha” greve quando negociações ainda decorrem

  • ECO
  • 16 Fevereiro 2024

A administração liderada por Paulo Macedo sugere que a marcação de uma greve no dia 1 de março tem objetivos políticos.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) estranha a marcação de uma greve para 1 de março, pelo STEC, salientando que as negociações ainda estão em curso e que esta paralisação corre o risco de confundir processos negociais com posições políticas.

Num comunicado em que reage à decisão do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), a Caixa manifesta ainda a sua estranheza pelo facto de a greve ter sido convocada quando as propostas que os outros bancos estão a negociar com os seus trabalhadores são “muito inferiores às que a CGD” tem em cima da mesa.

O STEC anunciou hoje a marcação de uma greve em 01 de março, com concentração em frente ao edifício sede do banco público, em Lisboa, tendo esta paralisação sido decidida num plenário realizado após a terceira ronda negocial com a administração da CGD, que contrapôs um aumento salarial de 3,25% para 2024 à proposta do sindicato que exige 5,9% e um aumento mínimo de 110 euros.

Tendo em conta que o país está neste momento em período eleitoral, a CGD considera também que “esta greve corre o risco de confundir processos negociais com posições políticas”.

A CGD contesta ainda a leitura do sindicato, referindo que a proposta que colocou em discussão “é muito superior a 3,25% (entre 3,00% e 6,74% de aumento, em função do nível remuneratório) de aumento na tabela salarial” e que, considerando as promoções, prémios e incentivos, a proposta se traduz num aumento da massa salarial global de 7,2%.

“Mesmo excluindo a componente variável de prémios e incentivos, que, no ano passado, foi recebida por 93% dos trabalhadores, a proposta significa um incremento de 4,36%”, adianta.

A Caixa entende que se queira colocar o foco apenas e só na tabela salarial e nas cláusulas de expressão pecuniária, não valorizando as restantes componentes da remuneração. No entanto, o mais relevante para os seus trabalhadores é a remuneração na sua globalidade, que se reflete na massa salarial total“, acrescenta.

Num comunicado divulgado na quinta-feira após a ronda negocial, o banco liderado por Paulo Macedo assinalava que a sua proposta “reflete o reconhecimento pela Caixa do contributo dos colaboradores para os resultados alcançados, mas tem igualmente em conta o atual contexto económico e as orientações conhecidas” para o setor empresarial do Estado (aumento da massa salarial global até 5% sendo a referência por trabalhador de 3%) e está acima do que propõe a generalidade do setor (2%).

A CGD refere que caso a greve venha mesmo a realizar-se, vai “minimizar” o impacto que a mesma poderá ter junto dos clientes, como “tem feito em situações semelhantes”.

O banco público tem contratação coletiva autónoma, pelo que negoceia com sindicatos à parte da maioria da banca (também BCP tem negociação própria). Em 2023, STEC e CGD acordaram um aumento de 76 euros na tabela salarial.

Os bancos subscritores do Acordo Coletivo de Trabalho do setor bancário (são cerca de 20, caso de Santander Totta, Novo Banco e BPI) têm uma mesa comum de negociação salarial comum, tendo proposto 2% enquanto os sindicatos afetos à UGT exigem 6%.

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Frente a frente: Pedro Nuno Santos admite solução de Governo com BE, Mortágua apela a entendimento

A coordenadora do Bloco insiste num acordo com o PS, mas o líder socialista atira negociações para depois de 10 de março. Pedro Nuno Santos defende que tem medidas "mais equilibradas".

A “boa memória” da geringonça, como lhe chamou Pedro Nuno Santos, foi o tiro de partida para o debate desta sexta-feira com a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, que foi transmitido pela RTP1.

Mariana Mortágua e Pedro Nuno Santos antes da entrada para o frente a frente na RTP1 e RTP3.RTP

 

A líder bloquista pressionou a um acordo à esquerda, mas o secretário-geral socialista só avaliará um possível entendimento com BE, no pós-eleições de 10 de março, isto é, se precisar do suporte daquele partido para conseguir governar com estabilidade.

De resto, foram mais as pontes do que as divergências entre PS e BE em matérias como saúde e habitação. Mas Pedro Nuno Santos defende que tem “medidas mais equilibradas”.

Balanço

Apesar de Pedro Nuno Santos rejeitar linhas vermelhas para negociações pós-eleitorais com o BE, o debate desta sexta-feira evidenciou pelo menos duas divergências claras.

O líder do PS rebateu por completo a ideia de Mortágua de condicionar a política de spreads da Caixa Geral de Depósitos (CGD) nos créditos à habitação. “O Governo não pode pedir à CGD para baixar o spread. Esta medida não seria possível, é uma medida que não funciona e tem um problema, porque é regressiva. É que os lucros da CGD são dividendos do Estado, de todos os portugueses, que pode, por exemplo, aplicar na construção de habitação”, defende o líder do PS.

Para além disso, Pedro Nuno Santos afastou a reversão da privatização de algumas empresas, como os CTT ou a ANA – Aeroportos de Portugal, como defende o BE. “O que lá vai, lá vai, não podemos andar para trás. Não está no nosso horizonte reverter privatizações”, defendeu o líder do PS.

Leilão

Pedro Nuno Santos: “Vamos aumentar a dedução em IRS com despesa com rendas para habitação para 800 euros”.

Mariana Mortágua: “É preciso tetos às rendas especulativas e diminuir a pressão que hoje existe do excesso do Alojamento Local nos centros das cidades”.

Bottom line

Pedro Nuno Santos: “Um acionista não pode dar orientações [à CGD] sobre baixar o spread, o que o acionista pode indicar é para ter uma politica de crédito generosa”.

Mariana Mortágua: “A única hipótese de haver estabilidade neste país é um entendimento à esquerda”.

Número

Pedro Nuno Santos: 40 anos é a idade limite para os jovens poderem aceder à garantia pública para o crédito à habitação, segundo a proposta eleitoral do PS.

Mariana Mortágua: 6% é o número de profissionais de saúde abrangidos no regime de dedicação plena no SNS, que Mortágua diz ser diferente da proposta de exclusividade do Bloco.

Parecer

Neste date da geringonça gauche, a coordenadora do Bloco apareceu logo muito bem, com um outfit que deixava o sempre elegante Pedro Nuno Santos sem vantagem. Mas sem querer agitar muito, Pedro Nuno Santos conseguiu desmontar ataques nos temas da Caixa e da habitação. Não perdeu. Mas também não ganhou muito.

Shrikesh Laxmidas, diretor-adjunto do ECO

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Já há acordo encontrar uma solução para a Global Media

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

A chegada acordo acontece em vésperas da assembleia-geral extraordinária de acionistas da GMG, convocada para a próxima segunda-feira.

A Páginas Civilizadas já chegou a acordo com o World Opportunity Fund (WOF) para encontrar uma solução para a Global Media, disse esta sexta-feira à Lusa fonte ligada ao processo, que passa pela saída do fundo. “Já se chegou a um acordo com o fundo [WOF] para se encontrar uma solução” para a Global Media Group (GMG), afirmou a mesma fonte contactada pela Lusa, que adiantou que o próximo passo é notificar as autoridades competentes.

De acordo com a informação da ERC, a participação efetiva da Páginas Civilizadas na GMG é de 50,25% do capital e dos direitos de voto. Esta posição é calculada a partir da soma da detenção direta de 41,51% e da indireta, através da Grandes Notícias Lda, de 8,74%. O fundo WOF detém 51% do capital social e dos direitos de voto da Páginas Civilizadas, tendo uma participação de 25,628% do capital social e dos direitos de voto da GMG.

A chegada acordo acontece em vésperas da assembleia-geral extraordinária de acionistas da GMG, convocada para segunda-feira, e na depois do projeto de deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Na quinta-feira, o Conselho Regulador da ERC anunciou que este projeto de deliberação determina a aplicação do artigo 14.º da Lei da Transparência ao WOF “por falta de transparência na identificação da cadeia de imputação da participação qualificada na sociedade Páginas Civilizadas”.

Assim, nos termos “dos artigos 121.º e 122.º do Código do Procedimento Administrativo, os interessados foram notificados para, no prazo máximo de 15 dias úteis, se pronunciarem sobre o sentido provável do projeto de deliberação do Conselho Regulador”.

A ERC referiu ainda que no cumprimento da missão de promover a independência, o pluralismo e a transparência, “e procurando salvaguardar a existência de uma solução que viabilize os projetos editoriais, a eventual aplicação do artigo 14.º não impede a transmissão da titularidade da participação qualificada em causa, desde que, sob prova bastante junto” do regulador “daí resulte uma inequívoca sanação da falta de transparência”, lê-se no comunicado.

“Não sendo sanadas as dúvidas, a ERC publicita a falta de transparência”, adiantou. O Grupo Bel detém uma participação indireta na GMG de 17,58%. A KNJ, de Kevin Ho, detém 29,350% e José Pedro Soeiro 20,400%.

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Trump condenado a pagar mais de 364 milhões de dólares por fraude

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

Esta decisão sem precedentes é acompanhada por uma proibição de três anos para o ex-presidente dos Estados Unidos de qualquer gestão empresarial no Estado de Nova Iorque.

O ex-presidente norte-americano e recandidato ao cargo, Donald Trump, foi condenado esta sexta-feira por um tribunal de Nova Iorque ao pagamento de uma multa de 364 milhões de dólares (337,7 milhões de euros) por fraude bancária. O juiz Arthur Engoron emitiu a sua decisão após um julgamento de dois meses e meio, estando em causa a acusação contra Trump de enganar os bancos com demonstrações financeiras que inflacionavam a sua riqueza.

Esta decisão sem precedentes é acompanhada por uma proibição de três anos para o ex-presidente dos Estados Unidos de qualquer gestão empresarial no Estado de Nova Iorque. A pena severa foi uma vitória para a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, uma democrata, que acusou Donald Trump por anos de práticas enganosas enquanto construía a sua multinacional de arranha-céus, campos de golfe e outras propriedades que catapultaram a sua riqueza e fama e lhe deram a Casa Branca.

Os advogados de Trump já tinham dito, antes mesmo da sentença, que iriam recorrer. Mas o político republicano enfrenta mais casos na justiça norte-americana. Na quinta-feira, foi decidido por um tribunal de Nova Iorque que o julgamento do ex-Presidente dos Estados Unidos sobre o alegado pagamento a uma ex-atriz pornográfica para ocultar um caso extramatrimonial vai iniciar-se conforme programado, em 25 de março.

O juiz Juan Manuel Merchan aproveitou um atraso num outro processo judicial – que decorre em Washington, em que Trump é acusado de conspirar para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e que ficou suspenso por causa de um recurso da defesa –para justificar o não adiamento deste julgamento.

A decisão anunciada significa que este caso será o primeiro de quatro processos criminais em que Trump está envolvido a seguir para julgamento, num total de 91 acusações.

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Lançado concurso para construção de dessalinizadora no Algarve

  • Lusa
  • 16 Fevereiro 2024

A construção de uma dessalinizadora em Albufeira, cujo preço base é de 90 milhões de euros, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região Sul de Portugal.

O concurso para a construção de uma dessalinizadora no Algarve, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi lançado esta sexta-feira, com a publicação do procedimento em Diário da República, anunciou a Águas do Algarve.

A construção de uma dessalinizadora em Albufeira, cujo preço base é de 90 milhões de euros, é uma das medidas de resposta à seca que afeta a região Sul de Portugal, prevendo-se que o equipamento tenha uma capacidade inicial de conversão de água do mar em potável de 16 hectómetros cúbicos.

Em comunicado, a Águas do Algarve, que gere o sistema multimunicipal de abastecimento de água na região, a obra fica preparada para o aumento da capacidade para 24 hectómetros (milhões de metros cúbicos) por ano. A empresa responsável pelo abastecimento de água em alta na região, que tem a seu cargo a gestão de infraestruturas como barragens ou Estações de Tratamento de Águas Residuais, salientou que a conclusão da obra está prevista para o final de 2026.

O ano de 2026 é o ano estabelecido como limite para a utilização de fundos do PRR, programa de apoio criado pela União Europeia para revitalizar a economia após a pandemia de covid-19. “Este projeto estrutural para a região visa garantir a resiliência do abastecimento público à população do Algarve, designadamente em períodos de seca prolongada, através de um acréscimo das disponibilidades hídricas”, destacou a empresa.

A mesma fonte observou que a Estação de Dessalinização de Água do Mar do Algarve está incluída num “leque de investimentos que a Águas do Algarve está a executar no âmbito do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve, ao abrigo do PRR, e que vão permitir aumentar em mais de 69 milhões de metros cúbicos por ano as disponibilidades hídricas da região.

O presidente da Águas do Algarve, citado no comunicado, realçou o trabalho executado pelos trabalhadores da empresa e que permitiu dar resposta às exigências e prazos do projeto, “num momento de elevada complexidade de processos, inerente aos desafios que a escassez hídrica tem vindo a aportar à região”.

António Eusébio disse ainda que o esforço realizado é também exemplo do “compromisso contínuo da empresa com a eficiência hídrica e a sustentabilidade ambiental”. O Algarve está a ser afetado por uma seca que causou uma escassez das reservas hídricas e o Governo tomou medidas de restrição do consumo para serem aplicadas a partir de março, como cortes de 25% à agricultura e de 15% ao setor urbano.

Além da dessalinizadora, estão também em curso investimentos municipais no combate às perdas de rede, a redução ou eliminação da rega em espaços verdes ou a utilização de água tratada para rega de campos de golfe e limpeza de ruas. Paralelamente, há planos e propostas para fazer a captação de água do rio Guadiana no Pomarão e conduzi-la até à barragem de Odeleite, no sotavento (leste) algarvio, e a construção de uma terceira barragem naquela zona do Algarve, na ribeira da Foupana.

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