Governo quer “Segurança Social sustentável, mas com pensões justas”

Lei laboral, formação, sustentabilidade da Segurança Social, modernização administrativa, segurança no trabalho e benefícios fiscais. Secretário de Estado indica prioridades dos próximos meses.

O secretário de Estado do Trabalho adiantou esta quarta-feira que o Governo não quer que a sustentabilidade da Segurança Social seja feita à custa das pensões, sinalizando que este será um dos temas que serão debatidos, nos próximos meses, na Concertação Social. Na Conferência Anual do Trabalho, promovida pelo ECO, Adriano Rafael Moreira revelou que em cima da mesa estarão também, nomeadamente, mudanças na formação profissional (para dar resposta aos “números preocupantes” de desemprego jovem) e à lei do trabalho.

O secretário de Estado do Trabalho, Adriano Rafael Moreira, intervém na Conferência Anual do Trabalho by ECO.

“É fácil ser sustentável se as pensões começarem a evoluir, cada vez mais, para a irrelevância. Não é esse o modelo que queremos. Pretendemos um modelo de Segurança Social sustentável, mas com pensões justas e adequadas às necessidades dos idosos“, sublinhou o responsável, no arranque da referida conferência.

E insistiu: “Não queremos um modelo que assegura a sustentabilidade do sistema pela redução permanente das pensões”. Estas declarações do secretário do Estado do Trabalho são feitas no dia em que está marcada uma reunião do grupo de trabalho que, no âmbito da Concertação Social, irá estudar e debater sobre as recomendações do livro verde sobre este tema.

Aliás, na conferência do ECO, Adriano Rafael Moreira deixou claro que a sustentabilidade da Segurança Social é um dos seis grandes temas prioritários, que serão discutidos nos próximos meses entre o Governo, as confederações empresariais e as centrais sindicais.

Os outros cinco são a segurança e saúde no trabalho (sobre o qual também existe um livro verde a estudar, conforme já avançou o ECO), a modernização administrativa, o estatuto dos benefícios fiscais – que hoje reúne “centenas de benefícios que estão desorganizados e são opacos”, criticou o responsável –, a lei do trabalho e a formação profissional, que será uma das ferramentas para resolver o problema do desemprego jovem em Portugal, de acordo com o secretário de Estado.

Governo aberto a melhorar acordo de salários

O novo acordo tripartido sobre valorização salarial e crescimento económico foi um dos temas da conferência promovida esta quarta-feira pelo ECO, e o secretário de Estado do Trabalho também aproveitou para deixar algumas notas sobre o assunto.

É obra porque teve o envolvimento de todos, de todas as confederações representativas dos trabalhadores e das empresas, que participaram ativamente na negociação. Como sabem, falhou a assinatura de um representante dos trabalhadores, mas que também esteve ativamente e com o mesmo papel na construção do documento”, começou por salientar Adriano Rafael Moreira.

E apesar de o entendimento já estar assinado, o responsável admitiu que será possível ir melhorando o seu conteúdo. “Está prevista a obrigatoriedade de uma revisão anual. O acordo foi pensado para um ciclo político de quatro anos, mas ele próprio prevê a necessidade da sua adaptação à conjuntura anual. Portanto, em 2025, o documento terá de ser revisitado e aprofundado. Temos aqui uma obra para melhoria em contínuo“, assinalou o secretário de Estado do Trabalho.

Sobre as medidas que estão hoje no acordo, o responsável destacou, nomeadamente, o alívio progressivo do IRC, a subida do salário mínimo, os referenciais para os aumentos do ordenado médio e os apoios à capitalização das empresas.

No fundo, há uma mensagem: o país precisa de criar riqueza e com isso temos a parte que tem de ser uma consequência natural: a valorização dos salários.

Adriano Rafael Moreira

Secretário de Estado do Trabalho

“Uma mensagem que é dada no sentido da capitalização das empresas, para que as empresas capitalizadas possam pagar melhores salários, aumentar a produtividade, continuar a desenvolver-se“, afirmou. “No fundo, há uma mensagem: o país precisa de criar riqueza e com isso temos a parte que tem de ser uma consequência natural: a valorização dos salários“, acrescentou.

Especificamente no que diz respeito aos salários, Adriano Rafael Moreira realçou que o acordo já prevê que aumentos serão feitos ao salário mínimo até 2028, o que dá estabilidade a empregadores e trabalhadores. “Um investidor externo ou uma empresa pode programar, neste momento, o seu cenário de custos nesta matéria a quatro anos“, declarou.

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Corte de publicidade de sete milhões de euros por ano “fragiliza a RTP”, diz Nicolau Santos

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

O presidente da RTP admitiu também que com o corte de publicidade de sete milhões de euros por ano "não é seguro" que a empresa "não entre no ‘vermelho’", depois de 14 anos com resultados positivos.

O presidente da RTP afirmou esta quarta-feira que o corte de publicidade de sete milhões de euros por ano “fragiliza” o grupo de media estatal e alertou que esta situação pode pôr em causa a paz social da empresa.

Nicolau Santos falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos dos grupos parlamentares do Bloco de Esquerda (BE), PCP, PS, Chega e Livre para ouvir o Conselho de Administração da RTP no âmbito do Plano de Ação para a Comunicação Social do Governo, o qual prevê o fim da publicidade em 2027.

Em resposta ao PSD, Nicolau Santos disse que, relativamente ao corte de cerca de sete milhões de euros por ano, segundo a análise que a administração fez, “isto fragiliza a RTP”.

O presidente da RTP advertiu ainda que esta situação pode pôr “em causa” a “paz social” que a empresa tem tido nos últimos tempos e “criar ondas de choque”.

O fim da publicidade na RTP será gradual nos próximos três anos, com redução de dois minutos/hora em 2025 e 2026, com um custo estimado total de 20 milhões de euros e o impacto da redução de receita de cerca de 6,6 milhões de euros por ano.

Na audição, Nicolau Santos disse que, perante a intenção do Governo em cortar a publicidade, o Conselho de Administração “propôs uma alternativa” que incluía uma diminuição da mesma, “mas não o desaparecimento total”.

Disse ainda que a administração colocou um conjunto de questões que são importantes para amortizar a quebra das receitas, onde está incluída a atualização da Contribuição para o Audiovisual (CAV) pela taxa de inflação e a situação da dívida do Estado para com a empresa de cerca de 14,29 milhões de euros.

O ministro da tutela, Pedro Duarte, afirmou na semana passada que a CAV não iria ser atualizada, uma vez que esta tem vindo a aumentar com o número de clientes de eletricidade (esta contribuição vem na fatura).

Já sobre o plano de saídas voluntárias, “é um plano acordado, em que o Governo nos propôs que se quiséssemos fizéssemos um plano atingindo mais pessoas e é isso que está em cima da mesa”, afirmou.

Por sua vez, o administrador da RTP Hugo Figueiredo respondeu à questão do serviço público e das audiências. “Não são as audiências que nos movem, mas um serviço público sem audiência não tem relevância“, sublinhou o administrador.

O serviço público “tem que ter público”, defendeu Hugo Figueiredo, adiantando que as receitas comerciais são importantes para a empresa porque “elas, muitas vezes, ajudam a financiar” determinados eventos.

Por exemplo, os grandes eventos desportivos são dos mais caros e dos preferidos do portugueses e a “ausência de receitas comerciais vai tornar muito mais difícil a nossa aquisição”, prosseguiu. “Recordo que no passado a RTP tinha a Liga dos Campeões”, mas pelos custos que foi tendo decidiu-se deixar de ter, lembrou.

Assim, “a Liga dos Campeões deixou de dar na RTP1, passou para os privados e agora não dá em lado nenhum (…), não se consegue ver um jogo de um clube português (…) que não seja através de uma assinatura”, rematou.

Corte da publicidade na RTP pode colocar empresa no ‘vermelho’ após 14 anos de lucros

O presidente da RTP admitiu também que com o corte de publicidade de sete milhões de euros por ano “não é seguro” que a empresa “não entre no ‘vermelho’”, depois de 14 anos com resultados positivos.

“A RTP não é, neste momento, (…) uma empresa que cause problemas, nem preocupações ao Estado”, afirmou o presidente do Conselho de Administração. “Há 14 anos que a RTP tem resultados positivos e devo acrescentar agora, a partir deste momento, com um corte de sete milhões [de euros] por ano, não é seguro que a RTP não entre no ‘vermelho’”, admitiu Nicolau Santos.

No ano passado, “houve três grupos de media em Portugal que tiveram resultados positivos. Provavelmente, se se concretizar esta medida, no próximo ano só haverá dois grupos” de media com resultados positivos “porque a RTP entrará no vermelho”, rematou.

Durante a sua intervenção, o presidente da RTP salientou que da parte do ministro da tutela Pedro Duarte tem havido “disponibilidade total” para ir buscar fundos europeus que possam apoiar a modernização da empresa.

Administração da RTP espera reunir-se com ministro a “muito curto prazo”

A administração da RTP espera mesmo reunir-se “a muito curto prazo” com o ministro dos Assuntos Parlamentares para debater “as alternativas ao financiamento” do grupo de rádio e televisão, disse Nicolau Santos.

“Temos tido abertura da parte do ministro Pedro Duarte para debatermos os assuntos, para propormos diversos aspetos relativamente à proposta do Governo”, afirmou o gestor. “Esperamos a muito curto prazo voltarmos” a reunir com o ministro da tutela “para debatermos precisamente as alternativas ao financiamento”, prosseguiu.

Durante a audição, Nicolau Santos recordou também que recentemente foi decidido que a estação pública espanhola RTVE deixaria de ter publicidade. “Nós também não nos importaríamos de não ter publicidade se tivéssemos qualquer coisa em matéria de financiamento público como a RTVE, que é 1.100 milhões de euros”, apontou Nicolau Santos.

Por exemplo, comparando países que são muito próximos de Portugal, em termos de dimensão e de mercado, “a televisão pública grega recebe 300 milhões [de euros]”. E a televisão belga “recebe 900 milhões e não tem delegações fora da Bélgica”, como é o caso da RTP. Agora, “nós recebemos à volta de 180 milhões, podemos equacionar deixar de ter financiamento através de publicidade”, mas seria preciso uma compensação, considerou.

Referindo-se às declarações do comentador e político Luís Marques Mendes na SIC, no passado domingo, Nicolau Santos salientou que a RTP África e a RTP Internacional prestam missões que são do interesse estratégico do Estado português e que estas “poderiam ser suportadas por indemnização compensatória à semelhança do que existe relativamente ao que a BBC faz para a Commonwealth e que é apoiado precisamente pelo erário público inglês”.

Nicolau Santos recordou ainda declarações desta semana do diretor-geral da BBC, Tim Davie, que disse que a China e a Federação Russa “estão a ganhar” com os cortes orçamentais que obrigaram o grupo de media britânico a reduzir o seu serviço internacional, para avançarem com uma “propaganda incontestada”.

O gestor disse ainda que a RTP recorreu ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para melhorar a eficiência energética e tem processos em curso nesta área no Centro de Produção do Norte e em Lisboa. Os projetos PRR são no valor de 7,3 milhões de euros, concluiu.

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Benfica SAD afirma que acusação de corrupção e fraude é “infundada”

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

A Benfica SAD "considera infundada a referida acusação, pelo que tomará oportunamente posição processual, exercendo o seu direito de defesa de acordo com a tramitação legal".

A SAD do Benfica voltou esta quarta-feira a defender, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que é infundada a acusação de vários crimes contra si e o antigo presidente Luís Filipe Vieira.

A Sociedade considera infundada a referida acusação, pelo que tomará oportunamente posição processual, exercendo o seu direito de defesa de acordo com a tramitação legal”, lê-se no comunicado da SAD das ‘águias’.

De acordo com um despacho do Ministério Público (MP), a que agência Lusa teve acesso na terça-feira, a Benfica SAD e o antigo presidente Luís Filipe Vieira foram acusados de vários crimes, entre os quais corrupção ativa e fraude fiscal, com a sociedade a recordar hoje que “nenhum outro dos anteriores ou atuais membros do Conselho de Administração da Sociedade, incluindo o seu presidente, foi acusado no âmbito deste processo”.

Além da SAD, e de Luís Filipe Vieira, o despacho que iliba o atual presidente ‘encarnado’, Rui Costa, envolve também o antigo assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves, e a SAD do Vitória de Setúbal. Em causa está, segundo a acusação, um alegado esquema que teve como mentor Luís Filipe Vieira e que teria como objetivo a subversão da verdade desportiva pelo controlo de outros clubes para facilitarem ao Benfica nos jogos de confronto direto.

A investigação da Polícia Judiciária, realizada entre 2016 e 2019, também se debruçou sobre a atuação da equipa do Vitória em jogos contra o Benfica, tendo concluído que o clube da Luz foi beneficiado pela má atuação em campo, alegadamente propositada, de alguns atletas adversários.

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Com 79 milhões de euros de dívidas, Lisgráfica abre falência. 110 pessoas ficam sem emprego

  • + M
  • 16 Outubro 2024

A gráfica responsável pela impressão de jornais como o Expresso e de revistas como a Visão abriu falência e fechou portas. Mais de uma centena de pessoas perdem o emprego.

A Lisgráfica abriu falência e deixou de laborar. A já frágil situação financeira da empresa viu-se agravada pela não homologação do seu plano de recuperação por parte do tribunal de Sintra, o que levou ao fecho das portas da gráfica que imprime publicações como o Expresso ou a Visão.

O administrador de insolvência da empresa, Nuno Lemos, confirmou que a atividade da Lisgráfica “foi suspensa, pois foi cortado o fornecimento de energia ao edifício, não existindo liquidez na tesouraria para pagar as faturas em dívida”, refere o Jornal de Negócios.

A já conhecida decisão judicial de não homologação do plano de recuperação, aliada ao corte do fornecimento de energia, “levou, naturalmente, à preocupação dos clientes que retiraram os títulos de produção, pelo que a Lisgráfica parou a atividade“, explicou ainda Nuno Lemos.

Sem posto de trabalho ficam 110 pessoas, sendo que alguns trabalhadores já contavam com dois e três meses de salários em atraso, conforme noticiou o +M. A dívida total da empresa — que imprime outras publicações como a TV 7 Dias, TV Guia, TV Mais, Avante ou Fugas — ronda os 78,7 milhões de euros.

Com o fim das operações, e de acordo com o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), segue-se o encerramento formal da Lisgráfica e da sua atividade, a cessação dos contratos de trabalho e a liquidação do ativo do ativo da empresa.

Foi no final da semana passada que se soube que o plano de recuperação da Lisgráfica não tinha sido homologado. “O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, Juízo de Comércio de Sintra – juiz 6 de Sintra, decidiu não homologar o plano de recuperação”, informava a gráfica à CMVM na sexta-feira.

A empresa tinha apresentado em fevereiro deste ano um plano de recuperação ao Juízo do Comércio de Sintra no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, depois de em dezembro ter apresentado insolvência.

A Lisgráfica registou prejuízos líquidos de 571 mil euros na primeira metade de 2023, inferiores aos de 1,20 milhões de euros verificados no mesmo período do ano passado, segundo anunciou em setembro.

A 21 de junho anunciou que o seu plano de insolvência e recuperação tinha sido aprovado por 62,3% dos credores. O plano previa o pagamento integral dos créditos laborais, dos créditos da Autoridade Tributária e da Segurança Social em planos prestacionais a contratar nos termos da lei, o perdão de 95% dos créditos comuns e um perdão de 100% dos créditos subordinados.

No início de setembro, José Brás Monteiro apresentou a sua renúncia ao cargo de administrador da Lisgráfica, tendo cessado funções no final desse mês.

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Parceria da AIP e da Five Credit percorre o país com soluções de financiamento a empresas

  • ECO
  • 16 Outubro 2024

A AIP e a empresa de financiamento Five Credit começam a 14 de novembro uma ronda por 12 localidades do país, de modo a apresentar aos empresários soluções de crédito a pequenas e médias empresas.

A Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a FiveCredit, empresa de financiamento, acabam de fechar uma parceria que as levará a percorrer 12 localidades do país para promoção de soluções de financiamento às pequenas e médias empresas (PME). A iniciativa irá para o terreno a partir de 14 de novembro.

Esta iniciativa pretende divulgar e facilitar o acesso das PME nacionais a linhas de crédito adaptadas às empresas que tenham já pelo menos três anos de atividade.

A empresa de financiamento refere, em comunicado, a oferta de dois tipos de soluções financeiras: um financiamento a médio prazo, com montantes entre 25 mil e 500 mil euros, e prazo de pagamento até cinco anos; e outro de curto prazo, focado em necessidades de tesouraria, para montantes até 250 mil euros. Como o ECO já tinha noticiado, a Five Credit dispõe de um fundo de crédito de 300 milhões de euros para créditos a 5.000 PME.

Por seu lado, à AIP caberá auxiliar as PME na candidatura às soluções de financiamento, avaliando se podem ser elegíveis para o acesso a estes fundos, resposta essa que decorrerá num prazo máximo de cinco dias.

A iniciativa vai começar em Leiria e passará ainda por Águeda, Almada, Caldas da Rainha, Cantanhede, Famalicão, Fundão, Loures, Maia, Mangualde, Ponte de Lima e Torres Novas. A perspetiva da AIP e da FiveCredit é o prolongamento da iniciativa noutras localidades a partir do início de 2025.

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Líderes da família europeia do PSD pedem a Borrell que reconheça Urrutia como Presidente da Venezuela

Líder do PPE e mais 35 signatários, um dos quais Sebastião Bugalho, urgem ao chefe da diplomacia europeia que siga o "passo lógico" de reconhecer Urrutia como Presidente eleito da Venezuela.

O líder do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber e outros 35 signatários, entre eles, Sebastião Bugalho, enviaram esta quarta-feira uma carta ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelando que a União Europeia reconhecesse Edmundo González Urrutia como o legítimo Presidente eleito da Venezuela, na sequência das eleições a 28 de julho.

Na missiva a que o ECO teve acesso, os responsáveis do PPE – que incluem ainda o vice-presidente do Parlamento Europeu, Esteban González Pons, o presidente da Comissão de Assuntos Externos, onze chefes de delegações nacionais e oito vice-presidentes do grupo – apelam a Borrell para que seja coerente nas suas ações.

Na carta, os eurodeputados recordam que Borrell afirmou recentemente que face às abundantes provas recolhidas pela oposição e os resultados eleitorais apresentados publicamente pelo Centro Carter, “Maduro não ganhou as eleições e foi o líder da oposição que as ganhou”.

Assim, o PPE considera que o chefe da diplomacia, em nome da União Europeia, deve dar o “passo lógico e necessário de reconhecer expressamente Edmundo González Urrutia como o legítimo Presidente eleito da Venezuela” de forma inequívoca, em conformidade com a resolução do Parlamento Europeu, de 19 de setembro de 2024, sobre a situação na Venezuela.

A família europeia do PSD pede também o responsável a fazer “todos os esforços para garantir que a democracia venezuelana e a vontade dos eleitores”, “sejam respeitados”.

Além do tema ter sido discutido no Parlamento Europeu, em setembro, por cá, os deputados também irão debater e votar na Assembleia da República um conjunto de projetos de resolução dos vários grupos políticos no mesmo sentido, esta quarta-feira. A Iniciativa Liberal é o único partido que pede para que haja um “reconhecimento internacional de Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições presidenciais venezuelanas de dia 28 de julho de 2024“.

Fora os liberais, também o Chega e o PSD, respetivamente, recomendam ao Governo que tome medidas para não só “defender a democracia e o Estado de Direito na República Bolivariana da Venezuela” – à semelhança dos projetos de resolução do PCP, Bloco de Esquerda e Livre – como também sejam feitos “todos os esforços necessários para garantir a segurança da comunidade portuguesa” que reside naquele país.

Recorde-se que no passado dia 10 de outubro, o primeiro-ministro esteve reunido com Edmundo González Urrutia, em São Bento, numa demonstração de apoio ao opositor de Nicolás Maduro. Esta terça-feira, no debate preparatório para o Conselho Europeu, Luís Montenegro sublinhou o Governo “não reconhece o resultado eleitoral que mantém no poder” o atual presidente mas “olha para a Venezuela sem esquecer o interesse e a obrigação de preservar a segurança dos nossos compatriotas, que são centenas de milhares que vivem naquele país”.

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Roubo “sistemático” de material atrasa obras na ferrovia

O presidente da Infraestruturas de Portugal afirmou no Parlamento que existe "uma situação complicada" de roubo de material. Atribui derrapagem nos prazos ao calendário desadequado com a realidade.

Miguel Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), justificou os atrasos no Ferrovia 2020 com a “elevada complexidade de um empreendimento ferroviário”, que demora cerca de dez anos desde a conceção à conclusão, e a falta de resposta do mercado. Apontou também “uma situação muito complicada de roubo de material” nas obras.

Há algo que estamos com muita dificuldade em lidar, e tem vindo a acontecer sistematicamente, que é o roubo de material“, afirmou o presidente da empresa pública responsável pela gestão da infraestrutura ferroviária e rodoviária, que está a ser ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, a requerimento da Iniciativa Liberal, por causa dos atrasos no Ferrovia 2020.

Miguel Cruz afirmou que “a situação muito complicada de roubo de material” está a contribuir para atrasos nas obras, dando como exemplo a Linha do Algarve, onde os furtos levaram a um atraso de três meses, e a Linha do Oeste, onde “foram necessários seis meses para recuperar material”.

“A nossa preocupação não é tanto o valor. Os roubos são feitos enquanto estamos em obra e a responsabilidade recai sobre o empreiteiro. A questão principal é o tempo. O roubo de cabo significa, necessariamente, que o empreiteiro vai ter de encomendar novamente cabo. Podemos estar a falar de seis meses para entrega. Tem impacto sobre todo o investimento”, esclareceu o presidente da IP, acrescentando que a empresa está “a trabalhar com os empreiteiros para aumentar a segurança e autoridades poderem dar apoio”.

Carlos Guimarães Pinto, deputado da Iniciativa Liberal, assinalou que o calendário inicial do Ferrovia 2020 previa a conclusão das obras em 2021, que em 2019 foi apresentado um novo calendário com data limite de 2023, e, “quase oito anos depois, continuam por concluir obras em sete das oito linhas intervencionadas”. Lembrou as críticas de “suborçamentação”, que “limita a concorrência e faz com que os prazos derrapem”.

O presidente da IP defendeu que os atrasos resultam de um calendário desadequado da realidade. Na intervenção inicial, Miguel Cruz afirmou que o Ferrovia 2020 arrancou com o país a sair do período de assistência financeira e num contexto de “forte limitação na dimensão do mercado e na capacidade de resposta do mercado”.

Miguel Cruz salientou também a “elevada complexidade” e o elevado tempo necessário para a implementação dos projetos, apontando que os estudos preliminares e a avaliação estratégica demoram cerca de um ano, os trabalhos preparatórios quatro anos, a obra quatro anos e meio e seis meses para testes e certificações.

Existiu uma desadequação entre a previsão da data de conclusão de muitos investimentos e aquilo que era possível executar.

Miguel Cruz

Presidente da Infraestruturas de Portugal

Existiu uma desadequação entre a previsão da data de conclusão de muitos investimentos e aquilo que era possível executar“, apontou também. “Em boa medida temos um Ferrovia 2020 que arranca com um planeamento e previsão de conclusão de obras, quer pelas condições de mercado quer de condições de profundidade dos projetos que avançam para financiamento comunitário, que tornam o planeamento notoriamente desadequado com a capacidade que existia”, acrescentou.

Tanto o PSD como o Chega questionaram Miguel Cruz sobre se a IP concordou com os prazos, que serviram para diferentes ministros fazerem anúncios de obras. O social-democrata Gonçalo Oliveira Lage perguntou se existiu uma “ocultação dos prazos reais” e deixou críticas ao antigo ministro das Infraestruturas. “Ou o anterior ministro Pedro Nuno Santos acordou estes prazos com a IP ou o objetivo foi fazer aqui um show off“, disse.

Houve uma gestão política na elaboração dos prazos. A IP sabia que os prazos eram impossíveis. Havia uma conveniência política em colocar esses prazos”, acusou Carlos Guimarães Pinto.

O calendário foi apresentado num pressuposto de capacidade de resposta. Houve um excesso de otimismo“, reconheceu Miguel Cruz. “A IP assume a responsabilidade pelo planeamento, com aquilo que conhecemos hoje e as condições que temos hoje”, acrescentou o presidente da IP.

Sobre o atraso na Linha da Beira Alta, Miguel Cruz reiterou que a obra estará concluída no primeiro trimestre de 2025, mas afirmou não ser possível garantir que não existirão mais derrapagens nos prazos.

O presidente da IP afirmou que já sugeriu a simplificação de mecanismos para acelerar o tempo dos projetos. “Nós não nos queixamos dos atrasos de resposta das entidades. Trabalhamos muito bem com as APA, as ICNF ou o Tribunal de Contas. O problema é que todo o processo, quando estamos com uma quantidade de pedidos enorme, cria um determinado acumular. Importa perceber se do ponto de vista das regras não há eficiências que possam ser conseguidas”, disse.

Segundo o relatório e contas da IP relativo a 2023, nesse ano foram executados 466 milhões de euros em investimentos do Ferrovia 2020, 65% do que estava orçamentado. No ano anterior tinha sido de 69%. O programa devia ter ficado concluído em 2021.

O Plano de Investimento Ferrovia 2020 contempla a modernização de cerca de 1.200 km de rede, que inclui ligações a Espanha, a renovação de parte da linha do Norte ou a eletrificação de mais de 400 km de linhas existentes.

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Indico e Oxy receberam mais 35 milhões do Banco de Fomento para capital de risco

Indico Capital e Oxy Capital cumpriram primeira meta de investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 30% do montante subscrito até 30 de junho.

A Indico Capital e a Oxy Capital receberam mais 35 milhões de euros do Banco de Fomento no âmbito do programa de Venture Capital, anunciou esta quarta-feira a instituição liderada por Ana Carvalho. O aumento de capital decorre do bom desempenho das duas capitais de risco e da superação da primeira meta de execução. Programa de capital de risco sobe execução para 10%.

“Face à boa performance e à superação da primeira meta de execução, o Banco Português de Fomento aprovou o reforço de capital nos fundos geridos pela Indico Capital Partners e Oxy Capital, elevando a participação do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR) de 65 para 100 milhões de euros, disponibilizando assim mais recursos financeiros para apoiar startups e empresas em crescimento”, anunciou o banco em comunicado.

As regras do do programa de Venture Capital preveem a possibilidade de aumento de capital por parte do Banco de Fomento caso as capitais de risco o peçam e estejam cumpridas duas metas: o investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 30% do montante subscrito até 30 de junho de 2024; e o investimento efetivo em beneficiários finais corresponder a, pelo menos, 60% do montante subscrito até 31 de março de 2025.

A Indico Capital e a Oxy Capital cumpriram a primeira meta e, assim, viram as dotações, que lhes foram concedidas inicialmente serem aumentadas de 35 milhões para 50 milhões de euros no Indico VC Fund II, e de 30 milhões para 50 milhões de euros no Fundo Juno, gerido pela Oxy.

“Este reforço de investimento permite que o fundo alcance de imediato os 76 milhões de euros de capacidade de investimento, tendo em conta o capital de privados já investido no mesmo”, afirma Stephan de Moraes, líder da Indico Capital Partners. “Desde o início do ano foram já comprometidos cerca de 15 milhões de euros em quatro empresas: Rows, Indie Campers, Oscar e FRVR, estando outras operações em fase final de análise e concretização“, refere ainda o gestor, em comunicado enviado às redações.

O Programa de Venture Capital tem uma dotação de 400 milhões de euros para subscrever fundos de capitais de risco que apoiem empresas, sobretudo nas fases de arranque (pré-seed, seed, start-up, later stage venture). Em julho, o BPF revelou ao ECO que já tinha assinado todos os contratos no âmbito deste programa e agora, num novo balanço, revela que, dos “12 fundos de capital de risco contratados, sete já concretizaram investimentos em empresas”.

Em causa está um investimento global de 51,8 milhões de euros, dos quais 25,32 são públicos, o que se traduz numa execução de 10,1% do Programa de Venture Capital e uma subida de oito pontos percentuais face ao início de junho. Este investimento foi feito em 21 empresas, abrangendo setores como TIC, e-commerce, engenharia, financeiro, cleantech, consultoria, alojamento, turismo, biotecnologia e fabrico de motociclos, entre outros. As empresas estão distribuídas por várias regiões: Porto, Lisboa, Braga, Viseu, Guimarães, Santo Tirso.

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Quase um quarto dos cidadãos não-europeus vive em casas sobrelotadas

A crise da habitação é mais grave para cidadãos a viver em Portugal que vêm de fora da Europa. Entre os residentes, a percentagem de cidadãos em casas sobrelotadas baixa para menos de metade: 10,9%.

O número de pessoas a viver em casas sobrelotadas continua a aumentar, mas são os cidadãos provenientes de fora da Europa que sentem mais a crise da habitação. Segundo o Eurostat, 23,8% dos cidadãos não europeus a residir em Portugal viviam, em 2023, em casas que não têm o número de quartos apropriados para o número de moradores. Esta percentagem é mais do dobro do número de residentes que vivem sem condições.

Os preços das casas e o valor elevado das rendas têm deixado muitas pessoas em dificuldades, forçando-as a dividir casa, muitas vezes sem que o imóvel tenha condições para ter tantos moradores. Esta situação levou a que, no ano passado, o número de pessoas a viver em casas sobrelotadas tenha aumentado de 9,4% para 12,9%, segundo números do Instituto Nacional de Estatística.

No entanto, o acesso à habitação varia em função da origem das pessoas. Para os estrangeiros, sobretudo os que vêm de fora da Europa, conseguir uma casa com condições é ainda mais difícil, conforme revelam os números publicados pelo gabinete de estatísticas europeu esta quarta-feira.

No final de 2023, 23,8% dos cidadãos não-europeus em Portugal viviam em casas sobrelotadas, uma taxa que compara com 16,6% dos cidadãos europeus e 10,8% dos residentes.

No conjunto da Europa a realidade é ainda pior. Em 2023, 34,2% dos cidadãos não europeus viviam em casas sobrelotadas, acima dos 32,9% registados um ano antes. Entre os cidadãos dos próprios países, a taxa situou-se em 13,7%, ligeiramente abaixo dos 13,9% em 2022. Já entre os cidadãos europeus a viver noutros países da região, 20,8% habitavam em casas sem condições para o número de pessoas que o imóvel alberga.

Numa análise país a país, Polónia (53,3%), Itália (50,7%), Suécia (48,3%) e Grécia (47,5%) são os países europeus onde os estrangeiros que chegam de fora do Continente vivem com piores condições, em casas sobrelotadas. Já o Chipre, Irlanda e Malta apresentam a realidade oposta: apenas 4%, 9,1% e 10,8% dos cidadãos não-europeus partilham casas sobrelotadas, respetivamente.

Mais oferta, apoios a jovens e IVA a 6%

A crise na habitação é um dos principais problemas, sucedendo-se histórias de casas sobrelotadas, particularmente de cidadãos imigrantes. O Governo aprovou, no passado mês de maio, o pacote Construir Portugal, procurando responder à crise de oferta habitacional em Portugal.

Incentivar a oferta com a disponibilização de imóveis e redução de custos; promover a habitação pública; devolver a confiança no arrendamento; simplificar a legislação; fomentar a habitação jovem; e assegurar a acessibilidade na habitação foram os seis capítulos detalhados neste plano.

No âmbito deste pacote surgem ainda os apoios aos jovens que querem comprar casa, com o Executivo a aprovar a Isenção de IMT e Imposto de Selo na compra da primeira casa para os jovens até aos 35 anos nos imóveis até ao 4.º escalão de IMT, ou seja, até 316 mil euros.

Ademais, na proposta de Orçamento do Estado para 2025, o Governo incluiu uma autorização legislativa para aplicar a taxa reduzida de IVA às empreitadas de construção e reabilitação de imóveis, com objetivos sociais. A intenção vai, parcialmente, ao encontro das exigências de promotores imobiliárias e construtoras.

A autorização legislativa permite ao Governo proceder à alteração da verba 2.18 da lista de produtos e serviços às quais se aplica a taxa reduzida de IVA, de 6%, e que diz respeito às “empreitadas de construção ou reabilitação de imóveis de habitações económicas, habitações de custos controlados ou habitações para arrendamento acessível”.

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Bruxelas conclui que X não é uma grande plataforma digital comercial

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Segundo a Comissão Europeia, o X não se qualifica como plataforma principal uma vez que "não é uma plataforma importante para as empresas alcançarem os utilizadores finais".

A Comissão Europeia decretou esta quarta-feira que a rede social X (antigo Twitter) não pode ser designada como uma plataforma principal ao abrigo da legislação para serviços digitais.

Em comunicado, o executivo comunitário anunciou que concluiu uma investigação iniciada em 13 de maio deste ano sobre as implicações de o X ser uma plataforma digital principal.

O X “argumentou contra, explicando as razões para que esta rede social não seja considerada como uma ponte entre empresas e consumidores, ainda que (…) cumpra os requisitos da Lei dos Mercados Digitais para esse efeito”.

Ou seja, o X alegou que, apesar de haver empresas a operar na sua plataforma, a rede social não faz a ponte entre essas empresas e os utilizadores que são consumidores, como outras plataformas, por exemplo, a Google.

“A Comissão [Europeia] concluiu que, de facto, o X não se qualifica como ao abrigo desta lei, já que o X não é uma plataforma importante para as empresas alcançarem os utilizadores finais“, sustentou o executivo de Ursula von der Leyen, acrescentando que vai “continuar a monitorizar” as operações da rede social.

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Governo criticado por baixar preços dos transportes sem reforçar a oferta

Especialistas em transportes apontam o dedo ao Governo por baixar o preço sem aumentar a oferta à população.

Ao reduzir o preço dos transportes públicos — implementando medidas como o Passe Ferroviário recentemente aprovado –, sem reforçar os veículos em circulação, o Governo não está a garantir mobilidade à população. Acaba, sim, por condicionar o aumento da procura por um sistema congestionado, gerando sobrecargas e uma maior dificuldade das pessoas acederem aos transportes, alertaram esta terça-feira, no Porto, três especialistas em mobilidade.

“O que mete confusão nos sistemas de transporte é que a política é baixar preço, não é garantir mobilidade. Com este baixar de preço, nós não estamos a garantir nada, estamos a tirar o acesso às pessoas, estamos a congestionar os sistemas”, assinalou o vice-presidente da Associação Comercial do Porto, Álvaro Costa, durante a conferência “Mobilidade: desafios e soluções para as grandes cidades”, numa iniciativa da Rádio Renascença e da Câmara Municipal do Porto.

Os sistemas estão congestionados, há roturas, as pessoas não andam, e há uma política central para baixar o preço”, criticou Álvaro Costa, que também é CEO da TRENMO. Aliás, avisou, “baixar o preço [só vai] agravar o problema”. Para o especialista, “direito à mobilidade” e gratuitidade são duas coisas completamente distintas, uma vez que a baixa de preços pode acabar por limitar a capacidade dos transportes em circulação.

O que mete confusão nos sistemas de transporte é que a política é baixar preço, não é garantir mobilidade. Com este baixar de preço, nós não estamos a garantir nada; estamos a tirar o acesso às pessoas, estamos a congestionar os sistemas.

Álvaro Costa

Vice-presidente da Associação Comercial do Porto

Também Carlos Oliveira Cruz, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, defendeu que, primeiro, o Governo deveria ter apostado no reforço da capacidade dos transportes. “Sou favorável à melhoria da acessibilidade económica (…), mas isto deveria ter começado primeiro com o reforço da acessibilidade física: ter mais comboios a circular, mais autocarros“, e só depois baixar o preço, vincou.

“Temos problemas de capacidade no sentido em que os comboios circulam cheios. Tenho um preço barato, mas para um serviço que não tem a qualidade suficiente”, sustentou Carlos Oliveira Cruz. Em relação ao sistema rodoviário, o professor sugeriu a criação de mais corredores BUS, o que permitiria “aumentar a velocidade de circulação dos autocarros e com isso melhorar a eficiência”.

Paula Teles, presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade (ICVM), apontou a necessidade de se “pensar no espaço, na acessibilidade que se tem e no desenho urbano” e condicionar a presença do veículo privado nas ruas. Podem ser praticados “preços mais baixos, o que é importante para as famílias” ou uma “maior oferta”, mas “se o espaço público não permitir a competitividade do sistema de transportes, não há hipótese”, alertou.

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Lusocargo reforça ligação rodoviária a Marrocos com rotas semanais para Tânger e Casablanca

Em parceria com a Gondrand, a transitária reforça ligação a Marrocos, para onde as empresas portuguesas exportaram 1.000 milhões de euros. Mercadorias chegam a Tânger em 48h e a Casablanca em 72h.

A Lusocargo, que foi comprada em 2021 pelo grupo francês BBL e é uma das maiores empresas transitárias do país, vai reforçar a ligação rodoviária a Marrocos. Com saídas semanais às sextas-feiras as mercadorias vão chegar a Tânger em 48 horas e a Casablanca em 72 horas.

“Este novo serviço é uma oportunidade para reforçar as trocas comerciais entre Portugal e Marrocos, proporcionando aos nossos clientes um serviço rápido, seguro e de confiança”, afirma João Silva, diretor geral da Lusocargo.

A parceria com o grupo logístico Gondrand, criado em 1866, vai permitir à empresa portuguesa melhorar a conectividade e eficiência na movimentação de mercadorias entre os dois países. Em comunicado, realça ainda que “permite aos clientes tirar partido da European Road Freight Network do Groupe BBL, (…) alargando a sua rede de distribuição e aumentando a conectividade entre a Europa e o Norte de África”.

No ano passado, as exportações portuguesas para Marrocos ultrapassaram pela primeira vez os mil milhões de euros, de acordo com dados do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia.

Em junho, a transitária anunciou o reforço da ligação rodoviária aos Países Baixos, um dos principais mercados da empresa. Na altura, João Silva explicou ao ECO que o transporte rodoviário representa o core da atividade da Lusocargo, “desdobrando-se na importação, exportação e no transporte a nível nacional, sendo, atualmente, 86% da faturação anual”.

Fundada em 1984 e integrada no Grupo BBL, a Lusocargo emprega 200 pessoas e dispõe de espaços físicos no Porto, Mealhada, Lisboa e Pombal, numa área total de 20 mil metros quadrados de armazéns e 5.000 metros quadrados de escritórios.

Fundado em 1997 por Kaci Kébaïli, o Grupo BBL construiu um modelo original de “federação de especialistas” que reúne cerca de 20 pequenas e médias empresas (PME), com um total de mais de 2.000 colaboradores, tendo fechado 2023 com um volume de negócios de 720 milhões de euros.

Oportunidade para exportadores de carne

Esta nova ligação surge numa altura em que o Governo marroquino decidiu reforçar a importação de carne de bovinos e ovinos para fazer face à crise da carne vermelha, marcada pela subida dos preços e pela diminuição do efetivo pecuário.

De acordo com uma nota publicada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), além dos animais vivos, Marrocos vai autorizar a importação de carne halal (proveniente de um abate especial) pronta para consumo, refrigerada ou congelada.

A agência liderada por Ricardo Arroja, que vai ver as transferências das Finanças mais do que triplicam no próximo ano, frisa que esta medida de emergência tem como objetivo “garantir um abastecimento adequado de carne a preços acessíveis, preparando simultaneamente o país para o próximo período de grande consumo, nomeadamente o Ramadão”.

 

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