Conselho Económico e Social só envia parecer às Grandes Opções do Plano em outubro

PSD e PS chegaram a acordo, após debate tenso, para que o agendamento para plenário da proposta do Governo sobre Grandes Opções 2024/2028 fique condicionado à conclusão do parecer do CES.

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Luís Pais Antunes, indicou esta quarta-feira que a instituição só terá o parecer à proposta do Governo das Grandes Opções do Plano (GOP) 2024-2028 pronto em outubro. As declarações de Pais Antunes ocorreram ao mesmo tempo que PSD e PS, noutra sala, chegaram a acordo, após debate tenso, para que o agendamento para plenário da proposta do Governo sobre Grandes Opções fique condicionado à conclusão do parecer do CES.

“Não vamos poder ter um parecer do CES [às Grandes Opções do Plano] antes do mês de outubro”, afirmou o presidente do CES, numa audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), quando questionado pelo PS relativamente ao tema.

O responsável do CES explicou que a comissão especializada da instituição tem o parecer pronto “há mais de um mês”, sendo que “já houve várias reuniões, mas ainda não foi possível chegar a um consenso”.

Luís Pais Antunes defendeu ainda “alterações urgentes na lei do CES”, para que seja “acionado mais cedo em relação a todos os procedimentos na definição de políticas públicas”, de modo a ser mais célere na emissão dos pareceres. “O CES continua a funcionar desse ponto de vista nos anos 90”, disse.

Enquanto decorria a audição de Pais Antunes, na reunião da Comissão de Assuntos Constitucionais, na apresentação do relatório sobre a área da Justiça da proposta de lei das GOP, por consenso entre o PSD e o PS, ficou assente que o agendamento da proposta do Governo à conclusão e entrega do parecer do CES.

Antes de chegarem a consenso, a deputada socialista Isabel Moreira alertou que, apesar de no diploma se referir especificamente a existência de um parecer do CES, esse mesmo parecer ainda não existe. Por seu lado, o dirigente da bancada social-democrata, António Rodrigues, retorquiu que o PSD votaria contra o relatório da deputada do PS caso se mantivesse a referência à ausência do parecer do CES – entidade que conhece sempre mudanças significativas em termos de composição no início das legislaturas, sobretudo quando há mudanças de Governo.

Em 21 de junho passado, o Parlamento elegeu à segunda tentativa o antigo secretário de Estado social-democrata, Luís Pais Antunes, para presidente do CES, conseguindo então ultrapassar a fasquia mínima de dois terços de votos favoráveis. Em 212 deputados que votaram, Pais Antunes obteve 150 votos favoráveis, 57 brancos e cinco nulos.

Na sua intervenção, António Rodrigues acusou a socialista Isabel Moreira de procurar “reduzir o papel do CES” e apontou que esse mesmo parecer do CES sobre a proposta de Grandes Opções, tal como agora acontece, também já tinha chegado tarde ao Parlamento em outras ocasiões, designadamente em outubro de 2020 e outubro de 2022.

Isabel Moreira reagiu, negando qualquer tentativa da sua parte de menorização do CES. E salientou o ponto central do problema: “A proposta de lei diz que foi objeto de parecer do CES, mas não foi”. Hugo Carneiro, também dirigente da bancada do PSD, explicou que a proposta do Governo foi entregue ao Parlamento em junho passado, em versão final, razão pela qual nessa altura se antecipa logo o futuro parecer do CES.

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Euribor a 12 meses renova mínimos de dezembro de 2022

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa continuem em queda. Euribor a 12 meses renovou mínimos de quase dois anos.

As Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, voltaram a cair esta quarta-feira, com a taxa a 12 meses a renovar mínimos desde dezembro de 2022.

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, recuou para 3,239%, menos 0,029 pontos que na anterior sessão.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro, também desceu para 2,921%, menos 0,027 pontos e um novo mínimo desde 15 de dezembro de 2022.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses caiu para 3,458%, menos 0,022 pontos.

Na mais recente reunião de política monetária, na passada quinta-feira, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia.

Os analistas antecipam que as taxas Euribor cheguem ao final do ano em torno de 3%.

A média da Euribor em agosto voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas mais acentuadamente no prazo mais longo, tendo baixado 0,137 pontos para 3,548% a três meses (contra 3,685% em julho), 0,219 pontos para 3,425% a seis meses (contra 3,644%) e 0,360 pontos para 3,166% a 12 meses (contra 3,526%).

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Concorrência alega decisão “cristalina” do tribunal europeu para pedir condenação dos bancos

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Autoridade da Concorrência defendeu a condenação dos bancos depois da "decisão cristalina" do tribunal europeu. Sentença sobre multas de mais de 200 milhões será conhecida na sexta-feira.

A Autoridade da Concorrência defendeu esta quarta-feira em tribunal que, após a decisão “cristalina” da Justiça europeia, devem ser confirmadas as coimas superiores a 200 milhões de euros aplicadas aos bancos por troca de informação sobre créditos.

O julgamento do processo conhecido por “cartel da banca” tem esta semana a sua fase final, estando hoje a decorrer, no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (em Santarém), as alegações dos bancos sobre o acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE). A leitura da sentença está agendada para sexta-feira.

Hoje, nas alegações após a decisão de julho do tribunal europeu, que admitiu que a troca de informações “pode constituir uma restrição à concorrência por objeto”, a Autoridade da Concorrência considerou que essa sentença foi “cristalina, assertiva”, sem ambiguidades, pelo que, perante isso, o tribunal nacional tem condições para confirmar as multas que aplicou em 2019.

“Perante estas conclusões irrefutáveis, o tribunal está em condições de confirmar na íntegra a decisão da Autoridade da Concorrência e não há como não secundar a Autoridade da Concorrência quanto à forma como a infração era configurada, por objeto. […] O tribunal tem todas as condições para confirmar na íntegra a decisão da Autoridade da Concorrência“, disse a defesa do regulador.

Desde outubro de 2021, decorre no Tribunal da Concorrência o julgamento de recurso de 11 bancos dos multados, em 2019, pela Autoridade da Concorrência (AdC) pela prática concertada de troca de informação sensível no crédito.

Segundo o regulador, entre 2002 e 2013, mais de dez bancos partilharam informação entre si, nomeadamente tabelas das taxas spreads (margem de lucro comercial) a aplicar aos créditos a clientes (habitação, consumo e a empresas) e os volumes de produção, tendo-os multado no total em 225 milhões de euros.

No processo, que teve origem num pedido de clemência apresentado em 2013 pelo Barclays, a AdC condenou a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao pagamento de 82 milhões de euros, o BCP de 60 milhões, o Santander Totta de 35,65 milhões, o BPI em 30 milhões, o Montepio em 13 milhões (coima reduzida em metade por ter aderido ao pedido de clemência), o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria em 2,5 milhões, o BES em 700.000 euros, o Banco BIC em 500 mil euros, o Deutsche Bank (cuja infração prescreveu em outubro de 2020) e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo em 350.000 euros cada um. Já à Union de Créditos Inmobiliarios coube um pagamento de 150.000 e ao Banif (que não recorreu) de mil euros.

O Abanca, também visado no processo, viu a infração prescrever ainda na fase administrativa e o Barclays, que apresentou o pedido de clemência, viu suspensa a coima de oito milhões de euros.

Em abril de 2022, a juíza Mariana Gomes Machado deu factos como provados, que os bancos trocaram entre si informação sobre preços/taxas (atuais e futuras) que não eram do domínio público ou que eram de difícil acesso e sistematização, que partilhavam valores mensais de produção e que esta troca de informação, ocorrida num mercado relativamente concentrado, “facilitou o alinhamento” e permitiu o “estabelecimento de uma coordenação informal entre as instituições bancárias”.

Contudo, ao mesmo tempo, decidiu suspender a instância e remeter ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) para que este se pronunciasse sobre se os factos constituíram restrição de concorrência por objeto, por não ter ficado provado se a troca de informação teve ou não efeito sobre os consumidores.

Em julho deste ano, o tribunal europeu admitiu que a troca de informações mantida pelos bancos durante mais de uma década “pode constituir uma restrição à concorrência por objeto” e que “basta que essa troca constitua uma forma de coordenação que, pela sua própria natureza, seja necessariamente (…) prejudicial ao correto e normal funcionamento da concorrência”.

Segundo o TJUE, para que um mercado funcione em condições normais, “os operadores têm de determinar de forma autónoma a política que tencionam seguir e têm de permanecer na incerteza quanto aos comportamentos futuros de outros participantes”.

Após esta interpretação do tribunal europeu, cabe agora ao Tribunal da Concorrência decidir se os factos são ou não uma “restrição por objeto” – geralmente os tribunais nacionais seguem o entendimento do tribunal europeu – e decidir as coimas a aplicar aos factos provados (se se mantêm ou são revistos os valores da Autoridade da Concorrência).

Ainda hoje, logo no início da sessão do julgamento, a juíza deu conta de que vários bancos (BBVA, BPI, BCP, Santander e CGD) apresentaram requerimentos para admissão de pareceres, sobretudo quanto a prescrições, tendo Mariana Gomes Machado dito que teria tempo de os ler até sexta-feira (data da sentença) mas que não haveria tempo para os contraditórios.

O procurador do Ministério Público, Paulo Vieira, considerou que “requerimentos entrados à 25ª hora”, num processo já longo, “são pouco compreensíveis” e que o objetivo parece ser “obstar a que Autoridade da Concorrência e o Ministério Público possam exercer o contraditório na sua plenitude”.

O advogado da CGD pediu a palavra para dizer que, no caso do banco público, “o objetivo não é evitar contraditório” mas acautelar que esses pareceres podem ser juntos ao processo mesmo que em fase de recurso da sentença de primeira instância e disse que o requerimento deste banco não é só sobre prescrições mas também sobre questões de direito.

Após troca de ideias com advogados dos bancos, a juíza decidiu admitiu os pareceres e que esses farão parte de eventuais recursos e que aí haverá lugar ao contraditório.

MP espera que julgamento reforce “reputação” do setor

Já o Ministério Público (MP) disse nas alegações em tribunal que espera que o julgamento do processo conhecido como ‘cartel da banca’ contribua para o reforço da confiança no setor bancário.

Na sessão do julgamento de hoje, que deverá ser a última antes da sentença, o procurador Paulo Vieira destacou o papel “importante da banca na economia” e como “a atividade económica assenta em relações de confiança” para manifestar a esperança de que este processo contribua para que as famílias e empresas tenham mais confiança no setor bancário.

“Esperamos que este processo venha a contribuir para o reforço da reputação do setor bancário no seu todo, através da visibilidade pública das suas condutas passadas, do papel fundamental da intervenção dos reguladores e do sistema judiciário, das condutas corretivas, entretanto, implementadas”, disse.

O Ministério Público considerou ainda que este processo demonstrou que a partilha de informação entre os bancos teve efeitos no mercado “com clientes prejudicados”, ao pagarem preços no crédito mais elevados. Ao mesmo tempo, a partilha de informação permitiu aos bancos “dar créditos com maior segurança” por conhecerem a posição competitiva dos concorrentes.

O procurador disse ainda que há bancos que “continuam, contra a evidência, a negar a motivação e conhecimento hierárquico dessas práticas” e aludiu aos “ótimos resultados” dos bancos, desde logo em 2023, para considerar que isso poderia “em abstrato levar a ponderar um agravamento das coimas porque grande parte desses proveitos estão diretamente relacionados com o crédito à habitação”, um segmento de crédito alvo das práticas pelas quais os bancos foram sancionados pela Autoridade da Concorrência.

O Ministério Público falou ainda das comissões bancárias para considerar que, na sequência da subida das taxas de juro “de forma substancial”, se esperava uma descida das comissões cobradas pelos bancos mas que isso não aconteceu e que, da informação existente, o único que reduziu marginalmente as comissões foi a Caixa Geral de Depósitos (CGD). “E isto diz tudo sobre este setor. É um setor que tem uma necessidade especial e aguda de intervenção quanto a estas matérias, de se tornar mais competitivo”, afirmou.

No fim da sua intervenção, o Ministério Público manifestou-se sobre as coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência em 2019, considerando genericamente adequadas até tendo em conta os resultados dos bancos em 2023.

Paulo Vieira referiu-se especificamente à situação do BCP, afirmando que nas alegações de 2022 defendeu que a coima não deveria afetar a sua solidez financeira (numa altura de recuperação pós-pandemia e em que banco tinha problemas na operação na Polónia) mas que hoje, e perante resultados do ano passado, “essa situação está perfeitamente esbatida”.

Assim, considerou adequadas e de manter as coimas de CGD (82 milhões de euros), BCP (60 milhões de euros), Santander Totta (35,6 milhões de euros). Quanto ao BPI, considerou adequada (30 milhões de euros) mas admitiu uma “redução marginal” face à postura do banco no processo e assunção de responsabilidades.

Considerou ainda adequadas as coimas de BBVA (2,5 milhões de euros), Caixa Central de Crédito Agrícola (350 mil euros) e de UCI (150 mil). Quanto à coima do BIC (500 mil euros) admitiu uma “redução marginal”.

No banco Montepio considerou que atendendo a ser uma entidade com componente social e mutualista, à postura no processo e à situação “algo débil” deve ter como máximo de coima os 4,8 milhões de euros.

Para o BES, defendeu uma coima “meramente simbólica” atendendo que está em liquidação.

O Barclays como foi o que divulgou a concertação de informação e pediu clemência deverá ser dispensado de qualquer coima.

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Trabalhadores do Fisco não receberam formação sobre mudanças nos recibos verdes

Os funcionários dos serviços do Fisco foram "surpreendidos" por mudanças na emissão de faturas dos trabalhadores independentes, não tendo recebido qualquer informação ou formação prévia sobre o tema.

Se é trabalhador independente e foi surpreendido pelas mudanças na emissão de faturas no portal da Autoridade Tributária, saiba que não está sozinho. Os próprios trabalhadores do Fisco foram apanhados de surpresa, não tendo recebido qualquer formação prévia sobre as novas funcionalidades. A denúncia é feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), Gonçalo Rodrigues.

“O que aconteceu foi uma alteração na maneira como os trabalhadores independentes emitem faturas. A evolução é positiva, mas devíamos ter sido informados sobre o que ia acontecer. Os serviços não sabiam de nada até ontem“, garante o sindicalista, em declarações ao ECO.

Esta semana, o Fisco reformulou a emissão de faturas dos trabalhadores independentes, acrescentando-lhe três novas funcionalidades: passa a ser possível ter serviços com taxas diferentes de IVA na mesma fatura, criar uma base de dados de clientes habituais e criar fichas de produtos e serviços que sejam regularmente faturados.

De acordo com uma apresentação da Autoridade Tributária, a que o ECO teve acesso, o objetivo foi tornar a emissão de faturas “mais completa e intuitiva”, mas, conforme já admitiu a Ordem dos Contabilistas Certificados, “é natural” que existam algumas dúvidas e dificuldades, nesta primeira fase, por parte dos contribuintes.

No entanto, se contactarem o Fisco através das várias vias disponíveis (como o centro de atendimento telefónico), encontrarão do outro lado trabalhadores que não foram formados sobre estas novas funcionalidades.

“Uma alteração destas garantidamente já era do conhecimento do Governo há uns meses. Há muito tempo que podiam ter informado os serviços. Podiam ter informado há duas semanas, para eventualmente tirarmos dúvidas. Mas não foi isso que aconteceu”, salienta o presidente do STI.

Sem formação ou esclarecimentos prévios, os trabalhadores que estão a atender os contribuintes estão, portanto, “a tentar desenrascar”, explica o mesmo. “Os serviços receberam ontem um panfleto explicativo, e nem foram todos os serviços. Os colegas começaram a tirar fotos do panfleto e a partilhar entre si. Começaram a desenrascar”, detalha Gonçalo Rodrigues.

Em conversa com o ECO, o dirigente realça ainda que as carreiras da Autoridade Tributária têm sido desvalorizadas, frisando que, enquanto antes os trabalhadores do Fisco tinham uma carreira especial e um curso profundo sobre as matérias em causas, hoje o Estado tem ido buscar funcionários às carreiras gerais. “Temos muitas pessoas a trabalhar na Autoridade Tributária sem formação nenhuma“, avisa.

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Relatório do Tribunal de Contas sobre venda da ANA tem “erros técnicos graves”, alega Sérgio Monteiro

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas, criticou no Parlamento a avaliação à privatização da ANA pelo Tribunal de Contas, divulgada em janeiro. Venda já poupou 800 milhões ao Estado, disse.

Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado das infraestruturas no Governo de Pedro Passos Coelho, recorreu à avaliação feita pelo Tribunal de Contas em 2015 para defender no Parlamento os méritos da privatização da ANA três anos antes. Deputados da esquerda atacaram com auditoria de 2024, que o gestor considera ter “erros graves”.

Não devemos confundir a qualidade de um relatório que não cumpre o que é suposto com a qualidade de um tribunal“, afirmou esta quarta-feira Sérgio Monteiro durante a audição na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, onde está a ser ouvido sobre a privatização da ANA a requerimento do PCP.

O ex-secretário de Estado disse que o Tribunal de Contas (TC) “é da maior importância” e que o respeito pela instituição “é total”, mas considerou que o relatório divulgado “tem erros técnicos graves” e “considerações que são opiniões”.

Sérgio Monteiro preferiu salientar as conclusões da avaliação feita pelo TC em 2015, enviada para contraditório ao Governo, mas que nunca chegou a ser formalmente concluída. “O processo foi até elogiado pelo staff do Tribunal de Contas“, assinalou, socorrendo-se das conclusões para afirmar que a venda foi um sucesso “na maximização do encaixe financeiro e nos objetivos de desenvolvimento e eficiência dos aeroportos”.

O Tribunal de Contas divulgou no início do ano um relatório com duras críticas ao processo de privatização da ANA – Aeroportos de Portugal conduzido pelo Governo de Passos Coelho. A análise, que não foi unânime, com três dos nove juízes a votarem vencido, conclui “não ter sido maximizado o encaixe financeiro resultante da alienação das ações representativas do capital social da ANA”. Considera ainda que o processo não protegeu “cabalmente os interesses nacionais”, que o contrato de concessão fragilizou a regulação e criou um monopólio.

Conclusões que foram usadas pelos deputados do PS e PCP para criticar a venda. “A urgência em concluir a privatização fez iniciar e aprovar o respetivo processo sem todas as condições necessárias à sua regularidade, transparência, estabilidade, equidade e maximização do encaixe financeiro”, leu Pedro Coimbra, do PS.

Uma avaliação do Tribunal de Contas feita há oito anos fez, no entanto, uma avaliação oposta da operação, concluindo que foi adequada “à luz dos interesses dos contribuintes” e maximizou o valor da venda. O presidente da entidade, José Tavares, afirmou recentemente no Parlamento que esta avaliação não completada e não vincula o Tribunal.

Questionado pelo deputado Filipe Melo, do Chega, sobre as contradições entre as duas análises, Sérgio Monteiro, afirmou ser “estranho que o conteúdo seja diametralmente oposto e que conclusões sejam tão diferentes”. Considerou ainda ser “estranho que não tenha sido dada oportunidade para contraditório aos intervenientes” na auditoria divulgada este ano, ao contrário de 2015.

Uma das críticas deixadas ao TC por Sérgio Monteiro diz respeito ao desconto dos dividendos pagos pela ANA no preço de venda à Vinci, que os juízes condenaram. “Para que todos os concorrentes estivessem em situação de igualdade, todos os eventos subsequentes a 30 de junho de 2012, sejam pagamentos feitos ou endividamentos contraídos, teriam de ser descontados. É assim em todas as operações do mundo”, disse. Os trabalhadores da ANA que têm ações sabem que o valor da empresa baixa a seguir ao pagamento de dividendos“, atirou.

À direita há muito respeito pelo Tribunal de Contas, exceto quando o Tribunal de Contas faz as contas“, reagiu António Filipe, do PCP.

Venda da ANA “determinante para a saída limpa”

Sérgio Monteiro argumentou que a privatização da ANA à Vinci, por 3.080 milhões de euros, foi “determinante para a saída limpa” do período da troika em 2014. Para o ex-secretário de Estado o processo “foi elogiado por vários entidades, desde logo pelo mercado”. “Foi uma operação de referência nesse ano e mudou a forma como a comunidade de investidores olhava para Portugal. O país era olhado com desconfiança perante a possibilidade de sair do euro”, referiu. Segundo contas do antigo governante, o encaixe de 2.400 milhões para o Estado permitiu “em 11 anos uma poupança de 800 milhões de euros em juros, considerando uma taxa média anual de 3%”.

Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, questionou Sérgio Monteiro sobre o facto de a concessão da totalidade dos aeroportos à ANA ter criado um monopólio. O antigo secretário de Estado, respondeu que foi feito um estudo de contabilidade analítica de cada aeroporto e, “exceto Lisboa, todos eram deficitários”. “Lisboa podia ser vendido por um valor superior, mas não se conseguiria vender os outros”, defendeu.

António Filipe confrontou Sérgio Monteiro com o facto de a administração da ANA que estava em funções ter transitado para a empresa privatizada, num “conflito de interesses”, tendo primeiro considerado a proposta da Vinci “irrealista e irrealizável”, mudando depois de opinião, afirmando vê-la com “entusiasmo” e “prudência”. Sérgio Monteiro rejeitou que existisse um conflito de interesses e que o Governo mudou a administração antes de fechar o processo de privatização, porque a anterior “queria impor o seu próprio modelo de privatização”, com parte do encaixe a servir para a construção de um novo aeroporto.

(Notícia atualizada às 12h30)

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Fábrica da Stellantis em Mangualde com “paragens pontuais” devido aos incêndios

"Constrangimentos logísticos" e ausência de funcionários para proteção de bens e auxílio às famílias afetadas pelos incêndios estão a afetar a produção da segunda maior fábrica automóvel em Portugal.

Fábrica da Stellantis em Portugal, anterior PSA Mangualde, está há mais de 60 anos nesta localidadeStellantis

A fábrica da Stellantis em Mangualde está a sofrer atrasos e paragens pontuais em resultado dos incêndios que assolam aquela região do país. “Existem constrangimentos pontuais logísticos”, explica ao ECO/Local Online o diretor de comunicação da Stellantis em Portugal. “A maior preocupação é a segurança do nosso pessoal e das famílias”, frisa Jorge Magalhães.

O responsável de comunicação do grupo nascido da fusão da PSA – Peugeot/Citroën com o grupo Fiat Chrysler diz que “é muito cedo para projetar se vai haver impacto na produção”. “Ainda podemos recuperar”, afirma. A expectativa é de que as perdas neste período possam ser colmatadas com reforço da produção mais tarde, não colocando em causa os objetivos definidos para a fábrica de Mangualde.

É muito cedo para projetar se vai haver impacto na produção. Ainda podemos recuperar.

Jorge Magalhães

Diretor de comunicação da Stellantis em Portugal

A fábrica da Stellantis, onde se fabricam pequenos furgões da Citroën, Fiat, Opel e Peugeot, é a segunda maior do setor no país. No ano passado, foi responsável pela produção de mais de 80 mil viaturas, apenas superada pelas 220 mil unidades da Autoeuropa, tendo atingido o seu recorde anual das seis décadas de existência logo no final de novembro de 2023. Com os investimentos ali realizados, a fábrica onde o grupo automóvel assinalou, em julho, o início da produção de veículos elétricos, após um investimento de 119 milhões de euros, exporta 95% da produção.

Com os cortes de estradas que se têm verificado nas principais estradas e autoestradas do centro e norte do país desde segunda-feira, dos quais se mantém o fecho de um troço da A25 — via que liga o litoral à fronteira com Espanha em Vilar Formoso, passando por Mangualde –, o abastecimento de componentes está a condicionar as operações.

Na terça-feira, a Luís Simões, um dos maiores operadores do país no transporte de mercadorias, explicou ao ECO/Local Online que a “preocupação está mais direcionada para o fluxo ibérico, pois as limitações na A25 e A24 estão a condicionar-nos, gerando atrasos ou desvios de muitos quilómetros. Também alguns fluxos industriais para a zona de Mangualde/Nelas ou foram suspensos pelos clientes ou estamos a fazê-los com fortes limitações”. A situação era, contudo, já menos gravosa do que na segunda-feira, quando as autoestradas de ligação do eixo Lisboa-Aveiro-Porto (A17, A29 e A1) estiveram encerradas em simultâneo. A A1 acabaria por abrir na íntegra apenas na noite desta terça-feira.

Alguns funcionários são bombeiros e são sempre libertados para o combate ao fogo. Aos colaboradores com família e bens em risco, é permitido acudir aos seus.

Jorge Magalhães

Diretor de comunicação da Stellantis em Portugal

À equipa da fábrica de Mangualde, a Stellantis está a permitir a ausência do trabalho “para acudir a bens e família”, afirma Jorge Magalhães. A fábrica tem mesmo algumas viaturas para quem necessite de se deslocar com urgência. “Alguns funcionários são bombeiros e são sempre libertados para o combate ao fogo. Aos colaboradores com família e bens em risco, é permitido acudir aos seus”, frisa o responsável da Stellantis em Portugal.

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Seis associações empresariais pedem alargamento do prazo para novas regras anti desflorestação

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Setembro 2024

APED, CAP, FIPA, Centromarca, IACA e APEL alertam que burocracia e encargos financeiros podem levar empresas a incumprir regras que proíbem importação de produtos sujeitos a desflorestação após 2020.

Um conjunto de seis associações empresariais subscreveram um manifesto a apelar à extensão do prazo para a implementação das novas regras anti desflorestação da União Europeia (UE), que visam proibir a importação de produtos como carne de bovino, café ou madeira que sejam provenientes de regiões desflorestadas após dezembro de 2020.

O manifesto junta as assinaturas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), a CAP – Confederação de Agricultores de Portugal, FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares, Centromarca (Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca), IACA – Associação Portuguesa dos industriais de Alimentos Compostos por Animais e Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).

Em comunicado, as associações de setores diretamente visados pelo novo regulamento comunitário justificam o pedido com o “atraso” no desenvolvimento de um sistema informático próprio a cargo da Comissão Europeia, no qual as empresas têm de introduzir declarações de diligência devida (DDD) e a “falta de informação e orientações” que as ajudem a esclarecer dúvidas sobre a aplicação das regras.

Além do aumento da burocracia e dos encargos financeiros, as seis associações alertam que “existe um risco real de as micro e pequenas empresas não conseguirem cumprir o regulamento por incapacidade de adaptação, com impacto em toda a cadeia, designadamente no que se refere à produção nacional”.

Acresce que fornecedores de países terceiros podem vir a “redirecionar a sua oferta para outros destinos que não a UE por incapacidade ou falta de disponibilidade para cumprir” as novas obrigações e podem existir “disrupções na cadeia de fornecimento, de que poderão resultar escassez e aumento do preço dos bens à disposição dos consumidores”.

Nesse sentido, os signatários consideram ser “urgente” alargar o período de transição para a implementação do regulamento “para, pelo menos, seis meses após os sistemas informáticos e os critérios de classificação de risco estarem totalmente operacionais e harmonizados” e, por outro lado, dar seguimento a um trabalho de estreita cooperação com os diferentes elos da cadeia de valor, em conjunto com as entidades oficiais, que garanta um alinhamento claro com as necessidades práticas das empresas e a sua implementação sustentável”.

O regulamento anti desflorestação prevê que, a partir de 30 de dezembro, passe a ser proibida na UE a comercialização de produtos provenientes de regiões que tenham sofrido desflorestação após dezembro de 2020. Na lista de produtos abrangidos constam, por exemplo, a carne de bovino, o café, o cacau, a palmeira-dendém, a soja, a borracha, a madeira ou os produtos impressos.

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BEI concede empréstimo verde de 166 milhões à BNZ, que tem projetos fotovoltaicos em Portugal

O empréstimo financiará 17 projetos fotovoltaicos da BNZ espalhados por Portugal, Espanha e Itália, que vão fornecer energia limpa equivalente ao consumo anual de mais de 390 mil famílias.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) concedeu um empréstimo verde de 166 milhões de euros à empresa BNZ, que servirão para apoiar o desenvolvimento de 17 projetos fotovoltaicos em Espanha, Itália e Portugal.

Os 17 projetos que são agora apoiados vão fornecer energia limpa equivalente ao consumo anual de mais de 390 mil famílias, e serão instalados em zonas de coesão, nas quais o rendimento está abaixo da média europeia, informa ainda a nota enviada à imprensa pela instituição bancária.

“O projeto vai impulsionar a oferta de energia e a segurança energética, ao mesmo tempo que contribui para a autonomia da Europa ao reduzir a dependência das importações de combustíveis fósseis”, comenta o diretor do BEI de Project Finance, Alessandro Izzo. Por seu lado, o CEO da BNZ, Luís Selva, afirma que este financiamento “demonstra a solidez do nosso negócio“, ao mesmo tempo que abre portas para a empresa “explorar a diversidade tecnógica e geográfica”.

Esta é a primeira fatia de um empréstimo total de 500 milhões de euros, aprovado pelo BEI, para financiar o lançamento de 1,7 gigawatts (GW) de capacidade no sul da Europa, até ao final de 2026. Este financiamento insere-se no InvestEU, um programa para mobilizar mais de 372 mil milhões de euros de investimento adicional de fundos do setor público e privado, com o objetivo de apoiar os objetivos para o período entre 2021 a 2027.

Tal como o ECO/Capital Verde avançou recentemente, a BNZ iniciou em setembro a construção do primeiro de nove projetos fotovoltaicos que pretende instalar no país. Os outros dois projetos mais avançados deverão entrar na fase de construção nos primeiros seis meses do próximo ano. Tecnologias de armazenamento e energia eólica também estão na calha.

 

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Bruxelas pede mais dinheiro e nova estratégia para responder a catástrofes como os incêndios em Portugal

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Comissário para a Gestão de Crises recorre aos incêndios em Portugal para alertar que a UE tem de “melhorar a sua capacidade de resposta”, o que exige "reforçar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

A Comissão Europeia reconheceu esta quarta-feira, exemplificando com os incêndios em Portugal, que é necessário financiamento adequado e uma estratégia inovadora para apoiar com eficácia Estados-membros e regiões afetados por fenómenos meteorológicos extremos, que deixaram de ser uma exceção.

“Do outro lado da Europa, milhares de hectares de florestas estão a arder em Portugal […], quero expressar a minha solidariedade para com as pessoas afetadas por estes desastres e enviar as minhas condolências às pessoas que perderam familiares”, disse o comissário para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič, na abertura de um debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, em França.

O comissário europeu reconheceu que “estes acontecimentos meteorológicos extremos, que antes ocorriam uma vez na vida, são hoje recorrentes, acontecem todos os anos”, por isso a União Europeia tem de “melhorar a sua capacidade de resposta”.

E isso só é possível, por enquanto, “reforçando a capacidade de resposta do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, assegurando o seu financiamento”, incentivando os eurodeputados a olharem para o futuro e para uma estratégia que consiga proteger as populações “quando acontecer o próximo desastre” e assegurar a recuperação das regiões afetadas.

Janez Lenarčič advertiu que já não é possível “voltar para um passado de segurança”, até porque a Europa “é a massa continental que mais está a aquecer”.

Um relatório de abril de 2024, da agência meteorológica das Nações Unidas e da União Europeia, identificou que o continente europeu é o que está a aquecer mais, cerca de duas vezes mais do que a média global.

Só com uma estratégia correta, alertou o comissário, vai ser possível evitar imagens como as de pessoas em desespero “com apenas a roupa que tinham nos corpos”. “Estas tragédias já não são anomalias, são a norma e assim serão no nosso futuro”, completou.

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Portugal financia-se em 500 milhões a 12 meses com juro abaixo dos 3%

Tesouro financiou-se esta quarta-feira em 750 milhões de euros, com os custos a baixarem significativamente. Pagou menos de 3% para emitir 500 milhões de euros em bilhetes a 12 meses.

Portugal financiou-se esta quarta-feira em 750 milhões de euros através da emissão de títulos de dívida de curto prazo, com os custos do financiamento a baixarem em relação ao anterior leilão.

O IGCP emitiu 500 milhões de euros com Bilhetes do Tesouro a 12 meses e pagou aos investidores uma taxa de juro de 2,794%, abaixo dos 3,451% do leilão realizado em maio. Desde julho do ano passado que a taxa a 12 meses ficou sempre acima dos 3%.

Já na linha a seis meses a agência liderada por Miguel Martín obteve 250 milhões de euros a uma taxa média de 3,161%, baixando em comparação com os 3,631% que pagou há apenas quatro meses.

Custos de financiamento baixam

Fonte: IGCP

Em ambas as linhas a procura revelou-se robusta, o que ajudou a baixar os custos do financiamento. O que era, de resto, já esperado em função do alívio das taxas de juro oficiais do Banco Central Europeu (BCE). Desde maio, a autoridade monetária da Zona Euro cortou as taxas diretoras por duas ocasiões — a última na semana passada — e a tendência será de desaperto da política de juros nos próximos meses perante a redução das pressões inflacionistas. A Reserva Federal americana deverá seguir hoje o mesmo caminho.

“A descida que verificamos acaba por refletir o movimento que temos tido no mercado e está em sintonia com as perspetivas dos bancos centrais”, explica Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

“A inflação tem vindo a descer como se previa e por força das políticas monetárias que estavam em vigor, temos agora uma inversão das mesmas. As economias estão a ter o comportamento esperado, motivo pelo qual o discurso dos bancos centrais continue no modo de ver os dados futuros para depois darem as indicações sobre se e quando teremos novas descidas de taxas”, acrescenta o responsável.

Devido ao aperto da política monetária, os governos assistiram a um agravamento do custo da dívida pública nos últimos anos. No caso português, o custo da dívida emitida escalou dos 0,5% para 3,5% entre 2020 e 2023, de acordo com os dados do IGCP.

(Notícia atualizada às 10h58)

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Justiça da UE anula multa de 1.500 milhões à Google na publicidade online

  • Lusa
  • 18 Setembro 2024

Em causa está uma multa aplicada em março de 2019 pela tutela da Concorrência da União Europeia (UE) por a ‘gigante’ tecnológica norte-americana ter cometido três infrações distintas.

O Tribunal Geral da União Europeia, de primeira instância, anulou uma multa de cerca de 1,5 mil milhões de euros à Google imposta pela Comissão Europeia há cinco anos por abuso de posição dominante na publicidade ‘online’.

Num acórdão divulgado esta quarta-feira, o Tribunal Geral anuncia que “anula a decisão pela qual [a Comissão Europeia] aplicou uma coima de quase 1,5 mil milhões de euros à Google, com o fundamento, nomeadamente, de que esta não teve em consideração todas as circunstâncias relevantes na sua apreciação da duração das cláusulas contratuais que considerou abusivas”.

Em causa está uma multa aplicada em março de 2019 pela tutela da Concorrência da União Europeia (UE) por a ‘gigante’ tecnológica norte-americana ter cometido três infrações distintas, que, segundo a argumentação da altura, constituíam uma infração única e continuada, de janeiro de 2006 a setembro de 2016. Na altura, a instituição acusou a Google de ter consolidado neste período o seu domínio na área dos anúncios ‘online’ no motor de busca e, dessa forma, através da imposição de restrições contratuais com sites terceiros.

Agora, Tribunal Geral afirma que “confirma a maior parte das conclusões da Comissão”, mas salienta que o executivo comunitário “cometeu erros na sua apreciação” do caso, ao “não ter demonstrado que as três cláusulas que tinha identificado [como violadas pela Google] constituíam, cada uma delas, um abuso de posição dominante e que, no seu conjunto, constituíam uma infração única e continuada ao artigo 102”.

O Artigo 102 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia proíbe a prática de abuso de posição dominante no mercado único. Por essa razão, o Tribunal Geral anula a decisão da Comissão Europeia na sua totalidade, sendo que esta decisão ainda pode ser sujeita a recurso, com a última palavra a caber ao Tribunal de Justiça da UE.

Desde 2003, a Google explora uma plataforma de publicidade ‘online’ AdSense, através da qual a empresa presta serviços como um de intermediação denominado AdSense for Search.

TJUE confirma multa de mais de 238ME à Qualcomm por abuso de posição dominante

A primeira instância do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) confirmou uma multa de mais de 238 milhões de euros aplicada pela Comissão Europeia à Qualcomm por abuso de posição dominante.

Num comunicado que acompanha o acórdão daquela instância judicial, o TJUE confirmou a aplicação da multa, mas reduziu o seu montante de 242 milhões de euros para 238,7 milhões de euros.

O TJUE concluiu que a Qualcomm, enquanto empresa que fabrica componentes essenciais para a maioria dos aparelhos eletrónicos de utilização diária, abusou da sua posição dominante no mercado para praticar preços muito mais elevados.

A Qualcomm é uma empresa norte-americana especializada em circuitos integrados e tecnologias sem fios. Os circuitos integrados são vendidos a empresas que fabricam telemóveis, computadores portáteis, módulos de dados, entre outros bens de consumo eletrónicos. Em junho de 2009, a Icera, uma sociedade britânica (na altura o Reino Unido ainda fazia parte do bloco comunitário), fez uma denúncia à Comissão Europeia contra a Qualcomm. Mais tarde, em 2012, a Nvidia, sociedade norte-americana que tinha adquirido um ano antes a Icera, forneceu dados complementares, acusando a Qualcomm de “preços predatórios”.

Em 18 de julho de 2019, a Comissão decidiu aplicar uma multa de 242 milhões de euros. A empresa contestou e levou o processo ao TJUE, pedindo a anulação na totalidade ou uma redução substancial do valor da multa. A primeira instância deste tribunal analisou os 15 argumentos apresentados e rejeitou-os “integralmente, com exceção de um relativo ao cálculo do montante da coima”.

Neste último, concluiu que a Comissão Europeia “se afastou, sem justificação, do método imposto” pelas orientações para calcular o valor da multa, fixando um novo valor.

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Mercadona cria hub tecnológico em Gaia. Retalhista já está a recrutar especialistas em software

Centro de desenvolvimento de software vai ficar instalado nos escritórios da sede da retalhista em Portugal, em Vila Nova de Gaia. Equipa da Mercadona IT conta com mais de 1.000 profissionais.

A Mercadona vai instalar um hub de desenvolvimento de software nos escritórios da sede em Portugal, localizados em Vila Nova de Gaia. Esta nova estrutura será integrada na Mercadona IT, responsável pela digitalização da retalhista de origem espanhola e que conta com mais de 1.000 profissionais.

“Neste hub, a equipa trabalhará da mesma forma e em proximidade com a equipa de Espanha, centrando-se na digitalização e na reengenharia dos mais de 300 sistemas internos e de aplicações utilizadas nos mais de 1.600 supermercados da cadeia, em Portugal e Espanha, bem como nos seus 17 blocos logísticos”, detalha.

Em comunicado, a Mercadona detalha que já se encontra a recrutar profissionais de Java Back Developer para este novo hub tecnológico em Portugal. Entre os perfis que compõem esta equipa tecnológica da empresa estão especialistas em áreas como desenvolvimento e arquitetura de software, cibersegurança, DevOps, gestão de dados, product management, product designers, cloud, infraestrutura IT ou design UX/UI.

A Mercadona abriu o primeiro supermercado em Portugal a 2 de julho de 2019 em Canidelo, Vila Nova de Gaia, calculando já ter investido um total de 1.000 milhões de euros no país e gerado perto de 6.000 novos empregos, apontando ao objetivo de chegar aos 150 espaços comerciais. Deste lado da fronteira, até ao final do ano irá chegar às 60 lojas e concluir o bloco logístico de Almeirim (Santarém).

Quanto às equipas de tecnologias de informação, refere ainda na mesma nota, têm como missão “definir, desenvolver e implementar as soluções tecnológicas que melhor se adaptam às necessidades da Mercadona, com um único objetivo: melhorar e otimizar os processos internos da empresa, desde a logística aos recursos humanos, passando pelo departamento financeiro ou obras”.

Em 2023, a cadeia de supermercados Mercadona faturou um total de 35.527 milhões de euros, dos quais 1.403 milhões de euros em Portugal, onde quase duplicou (+90%) as vendas face ao ano anterior e “pela primeira vez não [perdeu] dinheiro”, como destacou o presidente, Juan Roig.

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