Governo da Madeira quer “levantamento exaustivo” de prejuízos do incêndio até ao final da semana

  • Lusa
  • 27 Agosto 2024

O Governo da Madeira pretende ter até ao final da semana um "apuramento rigoroso" dos prejuízos do incêndio que lavrou durante 13 dias na ilha, resultados que serão apresentados publicamente.

O Governo da Madeira pretende ter até ao final da semana um “apuramento rigoroso” dos prejuízos do incêndio que lavrou durante 13 dias na ilha, resultados que serão apresentados publicamente, disse esta terça-feira a secretária da Agricultura do arquipélago.

“Até ao fim da semana é o tempo para conseguirmos fazer todos os apuramentos“, disse a secretária da Agricultura, Pescas e Ambiente, Rafaela Fernandes, à agência Lusa.

A governante adiantou que, em matéria de ambiente e da área ardida vão ser apresentados, em conferência de imprensa, “dados concretos […], com as evidências”, num relatório que será tornado público.

Além disso, acrescentou, o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza da Madeira irá realizar outro encontro com os jornalistas para clarificar a situação do manto florestal da ilha, “com os espaços e o que está a ser preconizado nos planos de ordenamento do que vai ser a fase seguinte de recuperação dos incêndios”.

“Há muita confusão, até de conceitos, daquilo que é a floresta Laurissilva e o que não é”, sublinhou, adiantando que esse trabalho está a ser preparado, “distanciando-se daquilo que são palpites que neste momento não ajudam em nada”.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, na freguesia da Serra de Água, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.

Na terça-feira, ao fim de 13 dias, a proteção civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”. Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida.

Segundo Rafaela Fernandes, numa primeira fase foi preciso salvaguardar o bem-estar animal, tendo sido necessário retirar animais e garantir a sua alimentação, nomeadamente feno para os bovinos e pasta alimentar para as abelhas nas áreas afetadas. Alguns animais foram transferidos para áreas de pasto onde se puderam alimentar diretamente.

Segundo os dados apurados pela Secretaria, apenas morreram galinhas e ovinos queimados pelo fogo na Serra de Água, sendo que o Governo Regional (PSD) irá atribuir animais aos produtores afetados.

A secretária regional assegurou ainda que as “áreas agrícolas que estavam trabalhadas e tratadas não arderam“. “Arderam os terrenos ao lado, contíguos que eram mato”, estando a decorrer um “apuramento rigoroso” nesta matéria, nomeadamente na Ponta do Sol.

Rafaela Fernandes considerou que essa distinção é determinante “para definir a tipologia dos apoios, porque uma coisa é recuperação daquilo que foi um ativo produtivo e desapareceu, outra coisa é aproveitar-se esta motivação por parte de proprietários que não tinham terrenos cultivados para iniciarem projetos agrícolas”.

A responsável indicou igualmente que foram afetadas produções de castanheiros no Curral das Freiras (concelho de Câmara de Lobos), sobretudo árvores que já estavam identificadas para serem renovadas, além de parte das cerejeiras no Jardim da Serra, no mesmo município, em áreas que estavam para ser renovadas, embora “uma grande parte da produção tenha ficado salvaguardada”.

Na área da agricultura vão funcionar “duas tipologias de apoios”, sendo uma para “recuperação do que havia, mas, sobretudo, maioritariamente é uma insistência junto dos proprietários e daqueles que são utilizadores dos terrenos para renovarem a área agrícola”, explicou.

A governante destacou, por outro lado, a importância de as pessoas procederem ao cadastro das propriedades para ser mais célere a concessão de apoios.

Segundo Rafaela Fernandes, a atribuição das ajudas depende da celeridade com que as pessoas entregam a documentação exigida.

Devido há dificuldade de identificar alguns proprietários de terrenos, o Governo Regional da Madeira está “a equacionar avançar para expropriações de utilidade pública relativamente a algumas áreas que são cruciais para intervenção dos meios de combate e devem estar no contexto de sem mato todo o ano” e, porque “são fundamentais e estratégicas, devem estar sob tutela pública”, acrescentou.

Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

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Startup Leiria já com 150 empresas e planeia extensão do espaço de incubação para novos concelhos

Startup Leiria já tem uma lista de espera de mais 20 empresas para incubação física e estuda expandir espaço de incubação para Alcanena e Batalha.

A Startup Leiria já tem 150 empresas incubadas e está a estudar com os municípios de Alcanena e Alcobaça a extensão do espaço de incubação. Leiria foi considerado o quinto maior ecossistema de inovação e empreendedorismo do país pelo “Global Startup Ecosystem Index 2024”, da StartupBlink.

“O dinamismo do ecossistema empreendedor de Leiria pode ser atribuído à forte cultura de inovação e à colaboração entre diferentes setores. A existência de uma rede robusta que inclui o IPLeiria (fundamental a nível de geração de conhecimento, spinoffs, colaboração, etc.), a Câmara Municipal de Leiria, a Nerlei, mas também empresas como a Void, Xgeeks, Incentea, etc. é prova disso”, aponta Vítor Ferreira, CEO e cofundador da Startup Leiria, ao ECO, quando instado a comentar a subida de 33 posições (para o 606.º lugar a nível global), de Leiria, segundo a mais recente análise ao ecossistema de empreendedorismo da StartupBlink.

Leiria está, neste momento, num processo de transformação, juntando o dinamismo industrial do passado (moldes, plásticos, vidro, desenvolvimento de produto e agroindústria) a empresas intensivas em conhecimento. A Bhout, por exemplo, é uma das nossas incubadas que combina IA, computer vision, com sensores, couro vegan, peças de plástico, espumas, estruturas metálicas, de empresas da região, controlando o modelo de negócio e a geração de valor”, refere ainda. Por outro lado, destaca, “Leiria tem uma qualidade de vida e oferta cultural única que permite atrair talento – estando a 20 minutos da praia, da serra e a 1h15 de Lisboa e do aeroporto.”

No último semestre a Startup Leiria registou um crescimento de 19% no número de incubadas, um total de 24 empresas e mais de 40 projetos. Hoje apoia cerca de 150 empresas, das quais 30 correspondem a projetos internacionais.

“Das empresas que entraram no primeiro semestre no ecossistema, a principal área de atuação é a Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que depois se inserem em diversos setores como indústria, agroalimentar, saúde, entre outros. Estes projetos são maioritariamente de origem portuguesa, mas existem vários projetos oriundos da Rússia (devido ao programa Startup Visa), Brasil e até Alemanha”, destaca Vítor Ferreira. Estes novos projetos geram cerca de 100 empregos.

A Startup Leiria tem vindo a levar a cabo esforços para atrair startups a instalar-se na região, tendo participado em projetos como o “Test4Food (um programa que pretende apoiar o desenvolvimento de novos produtos e serviços no setor agroalimentar)”, na “organização de eventos ligados ao empreendedorismo e a temas adjacentes (por exemplo o Talent Summit, um evento focado na gestão de RH que contou com mais de 180 participantes)”, bem como no “estabelecimento de parcerias com entidades nacionais e internacionais”.

Existe ainda “um forte programa de parcerias internacionais e nacionais –- hoje contamos com mais de 60 parceiros no mundo todo”, refere o cofundador da Startup Leiria que destaca ainda a iniciativa do Portugal Ventures, em conjunto com a Nerlei, CIMRL, Respol, de criar um fundo de capital de risco que “trouxe um boost acrescido.”

O “Região de Leiria Crescimento” visa investir em empresas desta zona do país com projetos inovadores e que operem sobretudo nas áreas da economia verde e eficiência energética, TIC e smart mobility, ciências da vida e biotecnologia. O objetivo é investir em “projetos de potencial de crescimento e impacto nas exportações, projetos de sucessão nas empresas e projetos assentes em operações de concentração, sendo que os montantes de investimento serão, preferencialmente, entre 250 mil euros até 1,5 milhões de euros por empresa”, referiu António Poças, presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria / Câmara de Comércio e Indústria (NERLEI CCI), em junho.

E o município de Leiria, adianta o responsável da Startup Leria, poderá seguir o exemplo do Porto ou Fundão e avançar com a atribuição de benefícios fiscais para atrair mais empresas a instalar-se no concelho. “Leiria está a caminhar nesse sentido também. A necessidade de rejuvenescer o tecido económico e empresarial leva a que sejam tomadas medidas mais atrativas. Neste momento, têm existido conversações entre a Câmara Municipal de Leiria e a Startup Portugal, de forma a entender aquilo que faz mais sentido estabelecer”, diz o cofundador da Startup Leiria sem mais detalhes.

Aposta na atração de startups internacionais

Das mais de 150 incubadas, 30 são internacionais de geografias como Brasil, EUA, Ucrânia, Rússia, Índia e Quénia. Atrair startups internacionais é uma das linhas de atuação da incubadora.

“Esse tem sido também um esforço muito grande da nossa parte. A participação em projetos internacionais, a integração de redes como a EBN e do projeto Startup Visa são etapas que têm permitido aumentar o número de startups de origem estrangeira”, adianta Vítor Ferreira.

Este ano, por exemplo, realizámos um programa de aceleração em Health Tech, com universidades da Áustria e Sérvia, lançamos um piloto de softlanding com incubadoras da Polónia e República Checa, fizemos formação no Quénia e vamos participar em formação em Angola, em parceria com a EBN.

“A imprevisibilidade dos tempos que correm não nos permite focar em apenas um ou dois mercados. Contudo, tendo em conta os dados mais recentes, a nossa tração tem passado muito por países como o Brasil, mas também Rússia e Ucrânia. Temos ainda uma iniciativa conjunta com parques tecnológicos no Brasil e entidades de política regional desse país — já fizemos inclusive hackathons e programa de aceleração internacionais –, que tem gerado alguns frutos”, diz.

“A nossa relação com o nosso incubado FCamara (uma software house brasileira que fez de Leiria a sua sede europeia, que conta com mais de mil colaboradores e um valor de mercado acima dos mil milhões), tem permitido criar laços no Brasil. Paralelamente, através de um dos nossos associados, a Void — outra software house — temos criado laços nos EUA”, descreve.

“Este ano, por exemplo, realizámos um programa de aceleração em Health Tech, com universidades da Áustria e Sérvia, lançamos um piloto de softlanding com incubadoras da Polónia e República Checa, fizemos formação no Quénia e vamos participar em formação em Angola, em parceria com a EBN”, sintetiza o cofundador da Startup Leiria.

Extensão de espaço de incubação para novos municípios

No ano passado o volume de negócios da incubadora cresceu 109%, tendo até junho destes ano atingido a ocupação máxima dos escritórios. “Já temos uma lista de espera de mais 20 empresas para incubação física”, adianta o responsável.

“Para responder a esta procura, nos últimos meses, temos estado em conversações com a Câmara Municipal de Alcanena, com a qual vamos firmar uma parceria, a fim de alargarmos a nossa rede de escritórios para esta zona até ao final do ano”. O município de Batalha está igualmente a ser estudado.

A associação oferece incubação de forma física, em Olhalvas, virtual e um espaço de coworking no Mercado Municipal de Leiria, mediante a colaboração com a Câmara Municipal de Leiria e mais de 60 parceiros estratégicos, dos quais 41 são associados. La Redoute, Delta, Novo Banco, Lusiaves, Municípios de Leiria e Ourém, Instituto Politécnico de Leiria e Nerlei, e de parceiros, como IAPMEI, Portugal Ventures, Turismo de Portugal e Startup Portugal são alguns dos parceiros da incubadora pelo qual já passaram mais de 600 projetos.

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Reunião do BCE será “fácil” porque dados tornam “clara” qual deve ser a trajetória dos juros, justifica Centeno

Para o governador do Banco de Portugal os dados sobre o comportamento da economia na Zona Euro tornam clara a trajetória que as taxas de juro devem seguir.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu esta terça-feira que os dados sobre a Zona Euro tornam “claro” qual a trajetória que as taxas de juro têm de ter, justificando assim o porquê considerar a próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE) como sendo de decisão “fácil”.

O fácil nunca é fácil, mas quando olhamos para os dados parece-me relativamente claro qual a trajetória que as taxas na área do euro têm de ter“, afirmou Centeno, em declarações ao podcast do regulador bancário.

O governador do BdP justifica o posicionamento com os dados dos países da moeda única, como a trajetória da inflação, “a economia que teima em não crescer” e o comportamento do mercado de trabalho. “Quando olhamos para as previsões de junho do BCE e para aquilo que se pode esperar das revisões para setembro, os dados têm vindo a confirmar aquilo que são as previsões que o Eurosistema tem vindo a produzir“, refere.

As declarações de Centeno surgem após, na última sexta-feira, ter afirmado que a reunião do BCE de setembro será “fácil” e a de outubro “engraçada”. Em declarações à Bloomberg TV, à margem do simpósio anual de Jackson Hole, nos EUA, Mário Centeno garantiu ainda que o banco central está a trabalhar para evitar que se regresse a taxas de juro negativas no futuro.

É claro que o movimento mais provável em termos de política monetária é continuar a cortar as taxas”, disse, momentos antes do discurso do presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell. Para Centeno, “setembro é fácil, outubro será uma reunião engraçada”, disse, realçando que o BCE “olha sempre para os dados como um todo”, avaliando “tendências” e não apenas um dado isolado, mas realçou, ainda assim, que “a economia europeia não está a crescer”.

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Trabalhadores da Carris avançam para greve a 18 de setembro

  • Lusa
  • 27 Agosto 2024

Os trabalhadores reivindicam um aumento salarial de 100 euros na tabela e a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais. A greve de 24 horas abrangerá todos os setores da empresa.

Os trabalhadores da transportadora Carris vão avançar para uma greve, no dia 18 de setembro, depois de terem reunido esta terça-feira com a administração da empresa e de esta não ter, segundo o sindicato, dado resposta às suas reivindicações.

A reunião terminou sem resposta positiva às questões da atualização dos salários e da evolução para as 35 horas semanais“, disse Manuel Leal, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), que se reuniu esta terça-feira com a administração da Carris, Companhia Carris de Ferro de Lisboa, operador de transportes públicos da capital.

Assim, adiantou, o sindicato vai “dar entrada com o pré-aviso de greve para o dia 18 de setembro, conforme decidido em plenário de trabalhadores”. A greve de 24 horas abrangerá todos os setores da empresa.

Os trabalhadores da Carris reivindicam um aumento salarial de 100 euros na tabela e a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, incluindo os tempos de deslocação no horário de trabalho, bem como a atualização dos valores do subsídio de refeição.

Entretanto, a empresa fez uma atualização de 60 euros, mas o sindicato pede agora que sejam somados 40 euros, de forma a corresponder à reivindicação de mais 100 euros na tabela.

Já em julho os trabalhadores da Carris cumpriram uma greve parcial, exigindo melhores condições de trabalho.

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Trabalhadores arriscam pagar IRS em 2025 com a descida extra dos descontos, avisa a Ordem dos Contabilistas

A bastonária da Ordem dos Contabilistas, Paula Franco, considera "excessiva" a redução das tabelas de retenção na fonte em setembro e outubro, ainda que reconheça que é o efeito da retroatividade.

A bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, considera “excessiva” a descida extraordinária das tabelas de retenção na fonte em setembro e outubro e avisa que, em 2025, na altura da liquidação do IRS, trabalhadores e pensionistas podem ter direito a reembolsos menores ou ser chamados a pagar imposto.

“Esta redução em setembro e outubro parece excessiva”, afirmou em declarações à RTP3, ainda que reconheça que este é o efeito da retroatividade a janeiro. Paula Franco explica que “é natural que, ao reterem muito menos e ao terem do seu lado, em setembro e outubro, mais dinheiro, isso vai refletir-se” no imposto a liquidar no próximo ano. “É preciso ter cuidado com os reembolsos ou com o que poderei ter de pagar no imposto final”, avisou.

“A nossa expectativa é que isso pode vir acontecer já e é algo que tem vindo a acontecer com a redução das retenções na fonte para aproximar ao IRS final. Muitos contribuintes já viram que, este ano em relação ao ano de 2023, tiveram menos reembolso ou tiveram de pagar imposto. Para o próximo ano, o que prevemos é que seja mais realista esta situação”, salienta.

A bastonária reconhece que esta descida dos descontos reflete “a redução generalizada das taxas de IRS nas contas finais”. Porém, teme que as taxas de retenção na fonte de setembro e outubro vão “além disso”.

As novas tabelas de retenção na fonte em sede de IRS que irão refletir a redução do imposto, aprovada pelo Parlamento, e compensar, em dois meses, o valor descontado a mais desde janeiro por trabalhadores dependentes e pensionistas foram publicadas esta terça-feira em Diário da República.

Em setembro e outubro, e de forma extraordinária, salários brutos até 1.175 euros estarão livres de retenção, quando até agosto descontavam 114,68 euros por mês, uma vez que esta isenção aplicava-se até aos 934 euros, no caso de um solteiro sem filho.

Nas pensões, não haverá lugar a retenção na fonte até aos 1.202 euros para um solteiro, divorciado, viúvo ou casado (dois titulares), quando até aqui este reformado descontava a partir dos 838 euros mensais. Isto significa um ganho, em setembro e outubro, de 111,71 euros por mês.

A partir de novembro e até ao final do ano, estarão em vigor outras tabelas já sem o efeito do mecanismo da retroatividade aplicado em setembro e outubro. Deste modo, em novembro, a retenção na fonte volta a aplicar-se a remunerações mensais a partir dos 935 euros e a pensões a partir dos 937 euros mensais para não casados sem filhos. Ou seja, pontualmente, as taxas baixam mais em setembro e outubro e depois, em novembro e dezembro, são atualizadas face às que estão em vigor até agosto, em linha com a redução do IRS aprovada pelo Parlamento. A taxa mais baixa, de 13,25%, recua para 13%, a de 18% diminui para 16,50% e assim sucessivamente.

Em 2025, os descontos deverão ser alvo de novas mexidas, indicou a bastonária. “Vamos ter novas tabelas nem que seja pela aplicação da norma do ajustamento das taxas à inflação”, sublinhou Paula Franco. O Ministério das Finanças já tinha confirmado ao ECO que, no próximo ano, as tabelas serão novamente alteradas, uma que vez que foi aprovado pelo Parlamento uma regra que dita a atualização das escalões do IRS de acordo com a inflação e a produtividade.

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Empresa de Luís Figo perdeu 9,3 milhões em 2023 após “mau investimento financeiro”

  • ECO
  • 27 Agosto 2024

Com estas perdas, os ativos da Damash Assets diminuíram de 23,1 milhões de euros para 13,6 milhões, enquanto o salário de Figo baixou de mais de 735.600 euros para 191.000 euros.

A holding Damash Assets, detida pelo ex-futebolista português Luís Figo, fechou as contas de 2023 no vermelho. De acordo com o El Confidencial, o principal negócio do antigo jogador que passou por clubes como Sporting, Real Madrid, Barcelona e Inter de Milão, registou perdas de 9,3 milhões de euros no ano passado, devido, sobretudo, a um revés num investimento financeiro.

O jornal digital espanhol detalha que a Damash Assets rendeu a Luís Figo uma remuneração de 191 mil euros no último ano, quando em 2022 auferiu um salário de mais de 735.600 euros. Isto apesar de as receitas da empresa se terem mantido estáveis em cerca de um milhão de euros.

A imparidade para alienação de instrumentos financeiros no valor de 9.339.654 euros negativos provocou também uma diminuição significativa dos ativos totais da empresa: de 23,14 milhões de euros no final de 2022, ascendem agora a apenas 13,6 milhões de euros.

No que diz respeito aos investimentos financeiros a longo prazo, verificou-se uma redução de 15 milhões para 6,3 milhões, enquanto a tesouraria caiu de 1,8 milhões para menos de um milhão de euros.

Além da Damash Assets, que se dedica, a par de investimentos financeiros, ao aluguer de casas e a serviços de relações públicas, o ex-futebolista português é também proprietário da Damash Minerals, na área da exploração de minerais, que tem sede em Portugal, na Charneca da Caparica, e na capital do Senegal, Dakar.

Figo deu a cara por empresa ligada a esquema de burla

O Expresso revelou esta terça-feira que o antigo capitão da Seleção Nacional de futebol foi uma das figuras que deram a cara para promover a OmegaPro, um esquema que, durante quatro anos, burlou mais de três milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo em Portugal.

Criada em 2019 e sediada no Dubai, a OmegaPro apresentava-se como uma empresa de investimento no mercado cambial, tendo também organizado palestras que eram promovidas por figuras públicas e influencers nas redes sociais.

O esquema fraudulento consistia, essencialmente, num modelo de vendas em pirâmide, em que os revendedores do produto ganham uma participação nos lucros obtidos, sendo vantajoso aumentarem a sua rede de clientes. O serviço era pago em criptomoedas.

Para se entrar na OmegaPro era necessário investir, no mínimo, um valor equivalente a 100 euros, mas quem angariava novos clientes tentava sempre captar mais investimento de quem entrava. Segundo as regras da empresa, existiam vários níveis de cliente, consoante o montante investido, variando entre o “Associado” (com investimento entre 365 e 550 euros) e o de “Coroa de Diamante Presidencial” (para quem investisse pelo menos 17 milhões de euros).

De acordo com o semanário português, os torneios de futebol eram eventos comuns de promoção da marca, sendo que Luís Figo foi um dos vários ex-jogadores que deram a cara para a promover. Em Portugal, terão sido burladas mais de uma centena de pessoas, num valor de pelo menos 18,7 milhões de euros.

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Construção anti-sísmica é regulada, mas há “grande ausência” de fiscalização

Vários especialistas ouvidos pelo ECO afirmam que os novos edifícios já cumprem a legislação europeia no que diz respeito à construção anti-sísmica. No entanto, alertam para a falta fiscalização.

Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado na madrugada de segunda-feira ao largo de Sines. O ECO falou com especialistas para perceber se os edifícios estão preparados contra os sismos e que regras existem para a construção. Vários intervenientes garantem que os novos edifícios têm características resistentes aos sismos e que existe um conjunto de regulamentos que têm que ser cumpridos. No entanto, a Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto (APEB) alerta para a falta de fiscalização.

Em Portugal a maior parte das construções são feitas em betão e a APEB afirma que “há uma grande ausência na fiscalização das obras”. Jorge Reis, diretor geral da associação, afirma que a “qualidade do betão incorporado na edificação de casas não é controlada pelas autarquias e produtores”.

O responsável aponta ainda outro problema: “Os construtores não tiram amostras para saber se a resistência do betão é a que está definida no projeto, uma medida obrigatória que não está a ser cumprida”, lamenta. Jorge Reis calcula que metade das empresas de betão não estão certificadas.

Os construtores não tiram amostras para saber se a resistência do betão é a que está definida no projeto, uma medida obrigatória que não está a ser cumprida

Jorge Reis

Diretor geral da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto

O diretor geral da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto assegura que testar a qualidade do betão tem um custo estimado de 150 euros para um apartamento que custe entre 200 a 500 mil euros e realça que “não é este fator que vai encarecer mais um edifício”. “Pelo contrário, vai conferir segurança.”

A primeira legislação anti-sísmica em Portugal remonta a 1958, tendo sido revista em 1983, de acordo com a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN). Atualmente, encontra-se em vigor o Regulamento Europeu denominado Eurocódigo 8, que é usado em vários países da comunidade europeia, nomeadamente em Portugal desde o final de 2019.

A associação liderada por Manuel Reis Campos assegura ao ECO que esta regulamentação europeia “veio aumentar as exigências de segurança e resiliência das estruturas em áreas sujeitas a terremotos, introduzindo ainda diretrizes para a avaliação e reforço de estruturas existentes”.

Questionado se existe há fiscalização para ver se as regras estão a ser cumpridas, Xavier Romão, professor de engenheira civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), afirma que “não existe uma fiscalização exatamente com esse sentido, mas sim uma fiscalização geral“. Xavier Romão nota ainda que “não vamos partir do princípio que estamos fugir à lei”, e garante que os projetos estão a ser “feitos de acordo com a regulamentação, e que os novos edifícios estão a ser construídos de acordo com o que é projetado”.

José Luís Zêzere, diretor do centro de estudos geográficos da Universidade de Lisboa, garante ao ECO “que Portugal tem desde a década 80 legislação rigorosa no que diz respeito à construção anti-sísmica“. No entanto, o geógrafo salienta que tem “muitas dúvidas que a reabilitação dos edifícios mais antigos, essencialmente em Lisboa, esteja a salvaguardar o risco anti-sísmico”.

Tenho muitas dúvidas que a reabilitação dos edifícios mais antigos, essencialmente em Lisboa, esteja a salvaguardar o risco anti-sísmico

José Luís Zezere

Diretor do centro de estudos geográficos da Universidade de Lisboa

A AICCOPN assegura que “a construção de edifícios e de outras obras de construção civil em regiões sísmicas está, desde há muito, amplamente regulada em Portugal” e que “as empresas de construção têm demonstrado um elevado nível de compromisso e de competência no cumprimento destes normativos”.

O CEO da Casais disse ao ECO que os “regulamentos em vigor são bastantes exigentes” e que os “edifícios em Portugal são concebidos para responder adequadamente a eventos sísmicos”. A empresa liderada por António Carlos Rodrigues realça que a “conjugação de regulamentos exigentes, formação especializada e um setor da construção comprometido com a segurança garante que os edifícios em Portugal ofereçam uma proteção robusta contra sismos”.

A conjugação de regulamentos exigentes, formação especializada e um setor da construção comprometido com a segurança garante que os edifícios em Portugal ofereçam uma proteção robusta contra sismos

António Carlos Rodrigues

CEO do Grupo Casais

O professor de engenheira civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, explica ao ECO que “nos projetos de construções novas e na reabilitação de construções existentes há um conjunto de regulamentos que têm que ser cumpridos para garantir um determinado nível de segurança, incluindo a segurança à ação sísmica”.

O professor de engenheira civil da FEUP detalha que a base desta regulamentação europeia, na componente da habitação, “tem como objetivo a salvaguarda da vida humana, ou seja, é suposto um edifício ser capaz de suportar um sismo de modo a que as pessoas consigam sair em segurança”.

Xavier Romão detalha que esta regulamentação contempla dois tipos de cenários: os edifícios devem resistir a um “sismo semelhante ao sismo de 1755, com o epicentro ao sul do Algarve e com magnitude na casa dos 7 e um segundo cenário que engloba um sismo com magnitudes por volta dos 6 com o epicentro na zona de Lisboa e Vale do Tejo”.

O professor universitário enumera que no caso de um sismo com base nos dois cenários, o “edifício tem que se manter de pé, não pode colapsar e apesar dos danos que irá ter, não pode impedir a evacuação em segurança”.

No entanto, apesar dos edifícios novos e reabilitados estarem sujeitos a regulamentação, dados da AICOOPN fornecidos ao ECO mostram que “23,1% dos edifícios foram construídos há mais de 50 anos, e que, de acordo com os Censos 2021, existem 498.700 edifícios a necessitar de reparações significativas”. A associação liderada por Manuel Reis Campos indica ainda que “se restringirmos a análise à área de Lisboa, verifica-se que 21,2% dos edifícios foram construídos antes de 1960″.

Dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) mostram que apenas uma em cada cinco casas tem seguro contra sismos. Para o regulador, os dados revelam uma cobertura insuficiente que poderá colocar em causa a capacidade de recuperação do país perante uma catástrofe de natureza sísmica.

Obras públicas têm fiscalização apertada

No caso de escolas, hospitais ou quartéis de bombeiros, Xavier Romão realça que estes edifícios têm exigências mais restritivas que, além de assegurar a salvaguarda da vida humana, têm de garantir “um conjunto de condições que os permitem estar operacionais após ocorrência de um sismo compatível com o cenário que está no regulamento”. Em suma, estes edifícios têm que ter mais resistência.

A Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto corrobora a ideia do professor de engenheira civil da FEUP e realça que “nas obras públicas (pontes, viadutos, autoestradas, hospitais, tribunais, escolas) a fiscalização é muito apertada, o problema é quando passamos para obras privadas, nomeadamente a habitação, onde o controlo é praticamente inexistente”.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, apelou para que se faça uma “reflexão” sobre a prevenção contra terramotos na construção de obras públicas. Embora considere que se aprendeu muito desde 1969 até agora, “pode aprender-se mais”, o que “significa, para o futuro, um debate sobre a construção de grandes obras públicas, em que genericamente há precauções que têm a ver com a prevenção de sismos”, disse.

O presidente do colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros (OE) corrobora a ideia do Presidente da República e afirmou à Lusa que o sismo desta segunda-feira constitui “uma oportunidade” para lançar um “debate rigoroso” entre os especialistas e as entidades envolvidas nesta área e para fazer uma “reavaliação dos procedimentos que são aplicados na construção e na reabilitação, eventualmente revisitando algumas das exigências que se colocam”. Humberto Varum apela a uma maior exigência na qualidade da construção.

Em declarações à Lusa, o presidente do colégio de Engenharia Civil da OE, Humberto Varum, explicou que o edificado da sociedade portuguesa representa “um conjunto muito complexo, com níveis de vulnerabilidade diversa”.

O edificado da sociedade portuguesa representa um conjunto muito complexo, com níveis de vulnerabilidade diversa.

Humberto Varum

Presidente do colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros

No final de maio, num visto ao contrato de gestão da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, o Tribunal de Contas obrigou o hospital a incluir no projeto do futuro Hospital de Lisboa Oriental uma solução de isolamento contra sismos. Entretanto, no rescaldo do sismo, o Público avançou esta segunda-feira que o consórcio liderado pela Mota-Engil aceitou fazer as alterações ao projeto de execução do novo Hospital Lisboa Oriental (HLO).

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou que o sismo registado esta madrugada representou um “teste real às capacidades de resposta [do país] no caso de uma catástrofe grave”.

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Fundo ligado à Fosun angaria investidores para BCP e Fidelidade com acesso a Visto Gold

  • Lusa
  • 27 Agosto 2024

Um fundo ligado à Fosun está a angariar investidores na Ásia para investir no BCP e na Fidelidade, detidos pela própria Fosun, podendo com esse investimento aceder ao Visto Gold em Portugal.

Um fundo de capital de risco ligado à Fosun está a angariar investidores na Ásia, sobretudo na China, para investir no BCP e na Fidelidade, detidos pela própria Fosun, podendo com esse investimento aceder ao Visto Gold em Portugal.

Na apresentação aos investidores a que a Lusa teve acesso, que está a ser feita na China mas também a investidores de outras regiões asiáticas (como Coreia do Sul e Singapura), o Aster Golden Future Portugal Fund refere que os investidores têm de investir no mínimo 500 mil euros e cumprir os requisitos para acederem ao Visto Gold (esta autorização de residência deixou de ser emitida por meio de compra de casa, mas mantém-se para outras atividades de investimento, como subscrição de unidades de participação em fundos de investimento).

A apresentação dá ainda informações sobre Portugal, como serviços públicos, custos de escolas privadas e vantagens fiscais e indica que há facilidade em imigrantes chineses se integrarem.

Segundo o documento a que a Lusa teve acesso, o fundo Aster Golden Future Portugal é gerido pela STAG Fund Management e tem como consultor de investimentos a Fosun International Assets Management (empresa do Grupo Fosun). O banco depositário dos fundos é o BCP, o consultor jurídico a CMS e o auditor a Deloitte.

O fundo indica que investe em produtos financeiros estáveis e de baixo risco, como obrigações que permitem reforçar capital.

A apresentação aos investidores explicita o plano de alocação do capital, que passa sobretudo por investir na Fidelidade (60% do valor) e no BCP (30% do valor) e a perspetiva de altas taxas de rentabilidade (cerca de 9 e 8%, respetivamente).

Os custos de administração são de 3,5% ao ano.

Por fim, como é habitual nestes fundos de risco, a apresentação diz que não há garantia que a estratégia de investimento funcione eficazmente e que cada investidor deve avaliar a sua capacidade de investir.

A Lusa contactou o regulador dos mercados financeiros, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), questionando se antevê conflitos de interesse por um fundo ligado à Fosun investir em ativos detidos pela própria Fosun e ter como depositário um banco em que a Fosun é o principal acionista.

Em resposta, a CMVM disse que este é um fundo de capital de risco e que está registado (o registo público pode ser consultado) e que à CMVM cabe supervisionar, entre outros aspetos, o “cumprimento dos requisitos prudenciais e comportamentais aplicáveis às entidades gestoras e aos fundos sob gestão”.

A CMVM cita ainda o Regime da Gestão de Ativos em que é dito que se considera “investimento em capital de risco a aquisição de instrumentos de capital próprio e de instrumentos de capital alheio em sociedades com elevado potencial de desenvolvimento, como forma de beneficiar da respetiva valorização”.

Referiu ainda o regulador que, segundo o Regime da Gestão de Ativos, cabe à sociedade gestora do fundo “evitar, identificar, gerir e acompanhar, a todo o tempo, eventuais conflitos de interesses e assegurar que os participantes são tratados equitativamente, sem prejuízo das correspondentes competências de supervisão da CMVM”.

Já a sociedade gestora STAG disse à Lusa que a gestão do fundo e as decisões de investimento lhe cabem “exclusivamente” e que “atua de forma independente” no “melhor interesse dos seus investidores e em cumprimento com a legislação e normas vigentes”. Acrescentou que analisa os temas de conflitos de interesse zelando “pelo melhor interesse dos investidores”.

Sobre a Fosun, a STAG afirmou que esta “atua exclusivamente na qualidade de consultor (investment advisor) do fundo“.

“Mais se informa que a STAG cumpre com todas as matérias relativas à identificação, mitigação e ‘disclosure’ de potenciais conflitos de interesse, agindo sempre no melhor interesse dos seus participantes, dessa forma dando escrupuloso cumprimento aos seus deveres fiduciários”, acrescentou a sociedade gestora.

A Lusa também contactou a Fosun (questionando sobre conflitos de interesse e se tem a intenção de diminuir as suas participações no BCP e na Fidelidade), mas esta remeteu explicações para a STAG pois – indicou – só atua como consultor do fundo.

Já o BCP disse que não comenta temas relacionados com clientes e que o seu serviço como banco depositário “observa cabalmente todos os normativos em vigor, nomeadamente no que se refere à identificação e prevenção e, sendo o caso, reforço da supervisão dos processos relativos a situações que de alguma forma possam indiciar potenciais conflitos de interesses.”

O grupo chinês Fosun detém em Portugal a Fidelidade (85% do capital), a Luz Saúde (detida pela Fidelidade) e 5% da REN (através da Fidelidade). É o maior acionista do BCP, com cerca de 20%.

A Fosun tinha cerca de 25% do capital do BCP, mas no início do ano vendeu parte das ações detidas e desde então os mercados têm especulado que o grupo chinês pondera reduzir mais a participação no banco.

Nos últimos anos, o grupo Fosun acelerou a venda de ativos para reforçar a liquidez devido à elevada dívida que tem (no início do ano o conglomerado somava uma dívida de 40 mil milhões de dólares, cerca de 36 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual) e à pressão que tem sentido do mercado obrigacionista.

Fonte próxima do grupo chinês disse à Lusa que este se quer manter como investidor de referência no BCP e que também na Fidelidade mantém o compromisso para com o mercado português.

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Construção enfrenta com “extraordinária resiliência” carência estrutural de mão-de-obra

  • Lusa
  • 27 Agosto 2024

Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas alerta que o maior obstáculo ao crescimento pelas empresas de construção prende-se com a dificuldade de contratação de mão-de-obra.

A construção tem demonstrado uma “extraordinária resiliência” face aos problemas estruturais de mão-de-obra, sustenta a associação setorial, apontando uma carência de 80.000 trabalhadores e lamentando as “dificuldades acrescidas” agora sentidas na contratação de estrangeiros.

“Os dados mais recentes demonstram que o nível de emprego assegurado pelas empresas do setor da construção manteve-se no segundo trimestre de 2024, quando comparado com o mesmo período de 2023, o que reflete a manutenção da capacidade do setor de gerar valor e empregar trabalhadores”, afirmou o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

Segundo Manuel Reis Campos, registou-se uma “ligeira variação negativa” de 0,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024, mas que atribui às “dificuldades estruturais no que toca à contratação de mão-de-obra qualificada e não propriamente a uma dificuldade do setor em criar postos de trabalho”.

Salientando que o número estimado de trabalhadores em falta no setor da construção é de cerca de 80.000, o dirigente associativo enfatiza que, face a este “cenário de profunda escassez, este equilíbrio no nível de emprego no setor demonstra uma extraordinária resiliência das empresas para manter a sua atividade”.

Alguns economistas ouvidos pela agência Lusa indicam que Portugal está próximo do pleno emprego, mas existem indicadores, nomeadamente o desemprego jovem e a travagem que se regista em alguns setores, que mostram o dinamismo a esmorecer, o que pode dar um impulso menor à economia.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a população empregada cresceu 1% no segundo trimestre, face ao período homólogo, mas entre as principais áreas de atividade só nos serviços é que se verificou um aumento. Assim, se a população empregada nos serviços aumentou 2,2%, na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca caiu 8,6% e na indústria, construção, energia e água recuou 1,4%.

Para Reis Campos, o menor dinamismo na criação de emprego no setor entre abril e junho “não se prende com uma incapacidade de o setor de criar emprego, mas assenta, essencialmente, na dificuldade de contratação de mão-de-obra”, que tem vindo a ser “reiteradamente identificada como o maior obstáculo ao crescimento pelas empresas de construção”.

Neste contexto, o presidente da AICCOPN lamenta que as recentes alterações à lei de estrangeiros, ao imporem restrições à imigração e à concessão de vistos, tenha vindo “dificultar a entrada de novos trabalhadores no mercado” e “acrescentar complexidade a um problema que necessita de respostas urgentes”.

Reis Campos alerta que um aumento das dificuldades de contratação de trabalhadores qualificados “poderá colocar em causa a capacidade do setor de dar resposta aos projetos de grande escala que estão em curso ou já planeados, como as obras constantes no Plano Nacional de Investimentos 2030″, o que levou a associação a definir um plano de ação, que denominou de “Construir 2030”, com medidas que visam “uma correta e atempada aplicação dos fundos europeus disponíveis”.

“No que concerne ao mercado de trabalho, com o objetivo de garantir às empresas do setor os recursos humanos necessários e devidamente qualificados, propõe-se, designadamente, uma aposta na capacitação e na inovação, tirando partido dos centros de excelência do setor, o CICCOPN e o CENFIC, a criação de uma ‘via verde empresas’ para a obtenção de vistos de trabalho, a pré-autorização de residência para vistos de trabalho e a simplificação dos processos de reconhecimento de qualificações”, concretiza.

Para a associação, estas são “medidas fundamentais que visam remover os obstáculos burocráticos e legais existentes” e “criar um ambiente mais propício e eficiente que otimize a contratação de trabalhadores, essenciais para o desenvolvimento e para a sustentabilidade do setor e de Portugal”.

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Zuckerberg diz que Governo de Biden pressionou a Meta sobre conteúdos relacionados com a Covid-19

  • + M
  • 27 Agosto 2024

"Acredito que a pressão do governo foi errada e lamento que não tenhamos sido mais francos sobre isso", escreveu o dono da Meta, acrescentando que vai reagir caso aconteça novamente.

Numa altura em que se debatem os limites à publicação de conteúdos nas redes sociais – numa discussão reacendida com a recente detenção em França de um dos fundadores do TelegramMark Zuckerberg acusou o governo de Joe Biden de ter exercido pressões sobre a Meta para “censurar” alguns conteúdos relacionados com a Covid-19, na altura da pandemia.

Numa carta dirigida a um comité da Câmara dos Representantes, o presidente da Meta – dona do Facebook, Instagram e Whatsapp – afirmou que altos funcionários da administração Biden “pressionaram repetidamente” e durante meses a equipa da Meta para censurar conteúdos relacionados com a Covid-19, onde se incluíam conteúdos humorísticos e satíricos, segundo o Financial Times (FT). Mark Zuckerberg acrescentou na missiva que iria reagir, caso voltasse a acontecer.

“Acredito que a pressão do Governo foi errada e lamento que não tenhamos sido mais francos sobre isso. Sinto firmemente que não devemos comprometer os nossos padrões de conteúdo devido à pressão de qualquer administração em qualquer direção — e estamos prontos para reagir se algo assim acontecer novamente”, escreveu o dono da Meta.

Por parte da Casa Branca, um porta-voz disse que a administração, quando confrontada com a pandemia, “encorajou ações responsáveis ​​para proteger a saúde e a segurança pública”. “A nossa posição tem sido clara e consistente: acreditamos que as empresas tecnológicas e outros atores privados devem ter em conta os efeitos que as suas ações têm sobre o povo norte-americano, ao mesmo tempo que fazem escolhas independentes sobre as informações que apresentam“, acrescentou, citado pelo FT.

Zuckerberg avançou ainda na carta que não vai fazer nenhuma contribuição para apoiar as infraestruturas eleitorais nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro. Através da Chan Zuckerberg Initiative, e segundo o próximo, Zuckerberg fez doações – que totalizaram mais de 400 milhões de dólares – com a intenção de garantir que os eleitores pudessem votar de forma segura nas eleições que tiveram lugar durante a pandemia.

No entanto, embora fosse um apoio “desenhado para ser apartidário”, o mesmo foi interpretado “por algumas pessoas” como se tivesse sido concedido em benefício de um partido e em detrimento do outro, diz Zuckerberg.

O meu objetivo é ser neutro e não desempenhar um papel de uma forma ou de outra, e nem parecer que desempenho um papel. Então, não planeio fazer uma contribuição semelhante neste ciclo [eleitoral]”, escreveu.

Recorde-se que recentemente, a Comissão Europeia enviou um pedido de informações à Meta, dona do Facebook e Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação online, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.

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Portuguesa sheerMe abre escritório em Barcelona

Com esta expansão, a sheerMe tem acesso a um mercado com cerca de 1,7 milhões de habitantes e contrata responsável ibérica para reestruturação e implementação da estratégia comercial da empresa.

A startup portuguesa sheerME abriu escritório em Barcelona e contratou uma nova responsável pelas operações ibéricas. Patricia Adrover, fundadora da Flexpass, será responsável pela “reestruturação e implementação da estratégia comercial da empresa e pelas novas contratações comerciais em Portugal e Espanha”.

“Barcelona é uma das cidades espanholas mais importantes não só em termos de cultura como económicos, sendo reconhecida como um hub tecnológico e de inovação na Europa. A cidade possui uma forte comunidade de startups, com acesso a variados recursos, eventos e redes de apoio que podem ser extremamente benéficos para a sheerME. Em Espanha, encontramos um universo endereçável quase 50% superior ao de Portugal, com mais de 50 mil espaços, entre salões de beleza, spas, ginásios e outros provedores de serviços de bem-estar”, afirma Miguel Alves Ribeiro, CEO e cofundador da sheerME, citado em comunicado.

Depois de em abril ter fechado uma ronda de 2,5 milhões de euros — elevando para cinco milhões o montante levantado no mercado em menos de um ano –, a sheerMe apontava a abertura em Barcelona para o segundo trimestre deste ano, expansão que agora se concretiza dando acesso a um mercado com cerca de 1,7 milhões de habitantes.

Com a abertura do novo escritório em Barcelona a startup nacional contratou Patricia Adrover, fundadora da Flexpass — uma plataforma semelhante à sheerME para descobrir os melhores estúdios de fitness e centros de bem-estar em Portugal, adquirida pela Urban Sports Club, onde era responsável pela área comercial nacional — como diretora de vendas da Península Ibérica, ficando encarregue da “reestruturação e implementação da estratégia comercial da empresa e pelas novas contratações comerciais em Portugal e Espanha”.

“Com um histórico impressionante em liderança de operações e desenvolvimento de negócios, a Patricia traz consigo uma vasta experiência, crucial para a nossa expansão e inovação contínua. A sua trajetória é marcada por um forte foco em resultados e eficiência operacional e a sua capacidade de gerir equipas e implementar estratégias eficazes é um grande ativo para nós. O seu compromisso com a excelência nesta área é uma qualidade que admiramos e que se alinha perfeitamente com a nossa missão de transformar a forma como os consumidores acedem a serviços de beleza e bem-estar e os profissionais gerem os seus negócios”, diz Karly Ribeiro, cofundadora e head of people & culture da sheerME.

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IL quer ouvir ERC sobre críticas à entrevista de José Rodrigues dos Santos a Marta Temido

A IL quer esclarecer se a deliberação da ERC interferiu ou não com a liberdade jornalística de José Rodrigues dos Santos e, por consequência, da própria RTP.

A Iniciativa Liberal quer ouvir no Parlamento a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre as críticas do regulador à forma como José Rodrigues dos Santos conduziu uma entrevista a Marta Temido durante a campanha das eleições europeias.

Numa deliberação sobre as “Participações contra a RTP1 a propósito da exibição de uma entrevista a Marta Temido, cabeça de lista pelo PS às eleições europeias’”, conhecida na última semana, a ERC avalia a pertinência de três queixas relativas à alegada falta de rigor e isenção do entrevistador na condução da sua entrevista, tendo concluído que o jornalista se afastou doregisto de factualidade e das regras de condução da entrevista jornalística”, prejudicando “o direito dos telespectadores de serem informados”.

Agora, num pedido de audição da ERC, entregue esta terça-feira pelo partido liderado por Rui Rocha na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, os liberais defendem que “qualquer pronunciamento, por parte de entidades públicas, referente à pertinência ou adequação da conduta de jornalistas deve ser cuidadosamente avaliado antes da sua emissão, atendendo à suscetibilidade das liberdades que podem estar em causa”.

Assim, “é fundamental que a Assembleia da República possa esclarecer em audição se a deliberação em causa interferiu ou não com a liberdade jornalística do visado e, por consequência, da própria RTP“, justifica a IL.

Este domingo, num artigo publicado no Observador, José Rodrigues dos Santos rebateu ponto por ponto a deliberação da ERC, defendendo que não violou qualquer dos seus deveres deontológicos na condução da entrevista, limitando-se a “ir a repique”, apontando ainda um erro factual na deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

“A ERC diz que teci ‘comentários laterais a afirmações da entrevistada que se situam no plano da opinião e não no plano da factualidade’. Para sustentar esta afirmação extraordinária, a ERC invoca que, quando a entrevistada afirmou que ‘alguns (países) têm até situações de tal modo graves que, neste momento, equacionar esta questão levanta uma série de outras questões’, eu terei replicado ‘por acaso, não creio‘. Fiquei muito espantado com esta citação, porquanto não proferi a declaração que a ERC me atribui. (…) Ao ouvir isto, eu de facto disse algo, mas, ao contrário do que pretende a ERC, não foi ‘por acaso, não creio’. O que eu disse foi ‘o caso da Ucrânia'”, apontou José Rodrigues dos Santos.

“Em suma, o problema desta entrevista não foi colocar em causa o direito constitucional dos telespectadores à informação, foi o facto de a entrevistada evitar o tema e, quando forçada a encará-lo, negar informação factualmente verdadeira ou prestar declarações factualmente falsas ou que induziam em erro, o que inevitavelmente obrigou a repique”, contestou o jornalista.

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