Diversificar e crescer em valor são desafios para o turismo do Norte do país

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  • 8 Julho 2024

O Norte tem tido um aumento constante do turismo, mas este crescimento tem trazido alguns desafios. Diferenciar a oferta e dispersar os turistas para outras zonas da região são possíveis soluções.

Tal como no resto do país, o turismo continua a crescer na região Norte e a reforçar o seu peso na economia local. De acordo com os dados do primeiro trimestre deste ano, a região melhorou em todos os indicadores de alojamento, face ao período homólogo de 2023, e também em volume de negócio, com um acréscimo global de receitas na casa dos 14,4%.

Apesar desta trajetória ascendente, que adivinha, para o ano em curso, um resultado superior às quase seis milhões de dormidas registadas em 2023, a região enfrenta vários desafios para continuar a desenvolver-se nesta área, de forma sustentada e com enfoque na diversificação da oferta de hotelaria e lazer.

A Associação Comercial do Porto – Câmara de Comércio e Indústria (ACP-CCIP), a mais antiga representante empresarial portuguesa e parceira da Associação de Turismo Porto e Norte, tem tomado parte neste debate e produzido vários contributos para qualificar o produto turístico da região. Entre eles, a defesa de uma conectividade aérea reforçada para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a autonomia orçamental das entidades regionais de turismo ou, mais recentemente, a posição pública sobre o combate à insegurança na cidade do Porto.

Nuno Botelho, presidente da ACP CCIP, reconhece que “o turismo teve um impacto transformador na cidade do Porto, na sua regeneração urbana e num novo dinamismo económico, que não existia há 15 anos”. Apesar do diagnóstico positivo, o dirigente identifica a necessidade de se “reformar a atividade”, investir na “diferenciação e na qualificação dos produtos e serviços” e perseguir o objetivo de “trazer maior valor acrescentado à economia” regional.

Um dos aspetos mais relevantes para Nuno Botelho é o alargamento dos voos intercontinentais no Aeroporto Francisco Sá Carneiro: “estamos já a crescer significativamente em mercados como a América do Norte e o Brasil, mas temos de continuar a apostar em destinos emissores não-europeus porque trazem ao Porto e ao Norte outro tipo de turistas, mais exigentes e com maior poder de compra, o que é fundamental para a nossa indústria hoteleira”, refere o presidente da ACP-CCIP. Na mesma linha, acrescenta a importância de dispersar a procura por outros destinos da região, contribuindo para reforçar a “coesão económica em todo o território”. “O Porto e o Alto Douro Vinhateiro já apresentam um nível de maturidade muito elevado no serviço turístico que oferecem, mas há outras zonas com grande potencial de crescimento, em áreas como o turismo de natureza, o de saúde e bem-estar, o gastronómico, o patrimonial ou o religioso”, enumera.

A mesma perspetiva é partilhada por Manuel Proença, presidente do grupo Hoti Hotéis e sócio da ACP-CCIP. Para o empresário, “a diversificação e alargamento da oferta” é um dos “maiores desafios da região do Porto”, impondo-se uma distribuição dos fluxos turísticos por novos pontos de atração. “Atualmente, o fluxo turístico está concentrado na baixa da cidade do Porto e na zona ribeirinha do Porto e de Vila Nova de Gaia, no entanto é crítico dinamizar outras áreas de Gaia, a zona oriental da cidade do Porto, Matosinhos, Maia, entre outras localizações”, considera o empresário, que aponta a necessidade de se evoluir para uma oferta “mais abrangente, qualificada e dispersa territorialmente”.

André Cordeiro Rodrigues, administrador da Rollertown, empresa que opera na área dos transportes turísticos, aponta para a necessidade de haver uma melhor gestão da mobilidade no Porto, designadamente “ao nível do acesso e desembarque nos diferentes pontos da cidade”, que, confessa, “tem sido um desafio nos últimos anos para continuar a apresentar um serviço de qualidade aos visitantes”. Olhando para o âmbito mais regional, o operador concorda com a ideia de “haver um maior número de ligações diretas aéreas” e desse reforço “contribuir para um melhor posicionamento do destino Porto e Norte”.

Falta de mão de obra: uma questão estrutural

Se há diagnóstico consensual entre os stakeholders do setor, ele é certamente a escassez de mão de obra em domínios como a hotelaria, a restauração ou as atividades de lazer. André Rodrigues recorda o “impacto do período de pandemia” nesta matéria e a necessidade que os operadores tiveram de promover um “recrutamento contínuo”, que respondesse ao crescimento da atividade. No quadro atual, o gestor defende a aposta na “capacitação dos novos colaboradores” e na “qualificação dos que já existem”, para garantir “novas dinâmicas de oferta” turística. Ainda assim, não deixa de apontar para a necessidade de haver políticas públicas capazes de “motivar estes esforços empresariais”, designadamente através de “apoios ao fundo de maneio” das empresas, que “muitas vezes são micro-negócios”.

Manuel Proença, por sua vez, sublinha a obrigatoriedade de os agentes económicos “redesenharem processos, procedimentos e apostarem na automatização de várias tarefas”. Uma transformação que, na opinião do empresário, visa “minimizar a utilização de mão-de-obra” humana, ainda que reconheça que esta é “crítica para a experiência” oferecida aos clientes. Já no plano político, o presidente do grupo Hóti aponta duas prioridades: “reforçar a rede das escolas de hotelaria e facilitar o acesso aos vistos de trabalho para trabalhadores da CPLP”.

Desde a geografia, ao clima, passando pela “natureza acolhedora” dos portugueses, o empresário reconhece as vantagens competitivas que o turismo do nosso país oferece, no contexto internacional. Mas a aposta para o futuro, na opinião de Manuel Proença, deve estar no valor acrescentado e não na quantidade, “uma vez que só com um turismo qualificado é que poderemos pagar mais e melhores salários”. André Rodrigues partilha a perspetiva da “diferenciação da oferta, com maior valor percecionado”, ainda que mantenha uma visão otimista quanto a possibilidades de crescimento no setor: “o turismo pode crescer mais em Portugal. O Porto e a região Norte, de uma forma particular, mantêm um grande potencial de desenvolvimento”.

Num olhar mais amplo sobre a atividade, o administrador da Rollertown identifica, como desafios fundamentais para o futuro, “um melhor planeamento de recursos”, a “definição de uma agenda para a sustentabilidade” e a adaptação à “transição digital”, um requisito que, na sua perspetiva, “afeta sobremaneira as microempresas”. Ao mesmo tempo, André Cordeiro Rodrigues advoga a criação de “grupos de trabalho”, que aproximem os agentes turísticos, as autarquias e outras instituições com responsabilidade neste setor, para “discutir regularmente as diferentes preocupações, limitações e oportunidades de melhoria”.

A estas propostas, Manuel Proença acrescenta a necessidade de “garantir os investimentos que reforcem as acessibilidades ao território”, com destaque para os aeroportos e a ligação de alta velocidade “a Madrid e à Galiza”; apostar no “planeamento e ordenamento do território” para que o setor cresça em sustentabilidade e valor; e melhorar o desempenho da justiça, considerando tratar-se de um “fator crítico para a credibilidade de Portugal junto dos investidores internacionais”.

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Volkswagen está a avaliar produção de carro elétrico na Autoeuropa

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

"Estamos, como é óbvio, bastante agradados com a possibilidade de a Autoeuropa estar em posição de poder receber mais um modelo para a produção e desta vez elétrico", diz a Comissão de Trabalhadores.

A administração do grupo Volkswagen garantiu à Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa que a fábrica de Palmela “está a ser considerada para receber um carro elétrico”, disse esta segunda-feira à Lusa o coordenador daquele órgão representativo dos trabalhadores.

Segundo Rogério Nogueira, a informação foi transmitida pela administração do grupo alemão durante as reuniões do Comité Mundial das Comissões de Trabalhadores da Volkswagen, realizadas nos dias 27 e 28 de junho, em Wolfsburg, na Alemanha, prevendo-se que a decisão final seja conhecida nos próximos meses.

De acordo com o representante dos trabalhadores, a revelação da administração da Volkswagen surgiu após a insistência da CT na reivindicação da atribuição de um novo modelo para a Autoeuropa, de forma a substituir o novo T-Roc a partir de 2028.

Estamos, como é óbvio, bastante agradados com a possibilidade de a Autoeuropa estar em posição de poder receber mais um modelo para a produção e desta vez elétrico“, disse o coordenador da CT da fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal.

“Como é do conhecimento de todos, está a ser feito um grande investimento para o futuro, para preparar a fábrica para estar em condições de produzir também carros elétricos. A Comissão de Trabalhadores continuará a fazer pressão ao seu nível para que essa possibilidade se torne uma certeza”, acrescentou Rogério Nogueira.

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Montenegro prefere “ir embora” a faltar aos compromissos com o povo

O primeiro-ministro aceita "dialogar" e admite "aproximar posições" com a oposição, mas recusa entrar em "jogos de sombras políticas" ou "andar a simular negociações", avistou.

Quase a completar 100 dias de governação, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, deixou esta segunda-feira um aviso ao PS e ao Chega, que têm viabilizado diplomas à revelia do programa do Executivo: “Podem pedir-me para aproximar posições, já temos dado muitos passos nesse domínio, não podem é pedir para fazermos o contrário daquilo que nos trouxe até aqui e daquilo em que acreditamos, porque, para isso, eu prefiro ir embora.”

Montenegro indicou que essa é mensagem que quer “passar à sociedade portuguesa e à sociedade política”, afirmou no enceramento da conferência Millennium Talks, que decorreu no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.

“Não vou andar com jogos de sombras políticas, não vou andar a simular negociações, se, antecipadamente, as partes tiverem já a sua decisão assumida. Francamente, digo isto com o peito aberto e com uma postura que não é de arrogância, é de quem tem a humildade de ter a obrigação de cumprir com os seus compromissos com o povo, em primeiro lugar, com o Presidente da República, em segundo lugar, e com a Assembleia da República, em terceiro”, reforçou.

Ainda assim, reconheceu que, “pela força e vicissitude do resultado eleitoral e da composição da Assembleia da República”, é preciso “negociar, dialogar”. Mas há uma linha vermelha: “Não aceito contrariar a minha palavra do ponto de vista dos principais compromissos eleitorais e não aceito deturpar os princípios pelos quais assumi, perante o Presidente da República e perante os deputados da Assembleia da República, a incumbência de executar o programa”. Ora, esse limite já foi pisado algumas vezes com a aprovação, por exemplo, dos projetos de lei do PS para a eliminação das portagens das ex-SCUT no Interior ou para a descida do IRS.

A descida dos impostos sobre as empresas e o trabalho, assim como o plano para saúde e educação, estão entre as principais medidas que o Governo quer implementar, sublinhou Montenegro. No âmbito do IRC, foi proposta uma redução da taxa média de 21% para 15% até 2027, à razão de dois pontos percentuais por ano.

“A política fiscal não é um instrumento de política financeira, mas, sobretudo, de política económica e social. Deve mexer-se num imposto para haver maior crescimento económico. Quando decidimos diminuir o IRC, quando fazemos isso, olhamos para o efeito económico e social das medidas, não estamos a pensar na receita fiscal”, defendeu.

Montenegro ressalvou que não é “irresponsável” e reconheceu que “há objetivos de arrecadação de receita que têm de ser cumpridos”. “Mas o país quer ou não arriscar? Quer ficar na mesma, fazer o que sempre foi feito nos últimos anos? Se quer fazer isso tem de escolher outro Governo, porque este foi escolhido para fazer coisa diferente”, rematou.

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Dos salários às pensões, passando pelos impostos. O que prevê o programa económico da esquerda francesa?

Vencedora inesperada das eleições francesas, Nova Frente Popular tem programa económico que custa à volta de 125 mil milhões de euros. Dos salários às pensões, o que propõe a coligação de esquerda?

A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) conseguiu uma surpreendente vitória nas eleições francesas deste domingo, conquistando 182 dos 577 lugares da Assembleia Nacional e derrotando a extrema-direita. Mas, sem uma maioria absoluta, será muito difícil de pôr em prática o seu programa económico para o país, com França a arriscar tempos de ingovernabilidade.

O que prevê o programa macroeconómico da Nova Frente Popular? A ideia dos seus líderes passa por “colocar o Estado no centro da economia”, tendo como foco reforçar o apoio aos cidadãos com menores rendimentos, reduzir a idade da reforma e agravar significativamente os impostos junto dos mais ricos para compensar o aumento da despesa.

Trabalho

  • Aumentar o salário mínimo para 1.600 euros líquidos (cerca de 1.400 euros líquidos atualmente);
  • Indexar os salários à inflação;
  • Aumentar em 10% o indexante para os funcionários públicos.

Pensões

Empresas

  • Condicionar o apoio às empresas que não respeitem os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG);
  • Tornar os trabalhadores “verdadeiros atores da vida económica”, dando-lhes pelo menos um terço dos lugares nos Conselhos de Administração das empresas;
  • Regulamentar o setor bancário e financeiro “para evitar novas crises”;
  • Criação de vários mecanismos de ajuda às PME e às microempresas: adiantamentos a 0% durante 1 ou 2 anos, pelo setor bancário público, para empresas em dificuldades financeiras;
  • Criação de um fundo de solidariedade para o desenvolvimento das PME;
  • Criação de um regime de crédito bonificado para as PME e microempresas que pretendam fazer investimentos estratégicos (financiamento a 0% ou mesmo a taxas de juro negativas para quanto mais útil for o investimento do ponto de vista social e ambiental).

Poder de compra

  • Congelar dos preços dos alimentos de primeira necessidade, energia e dos combustíveis;
  • Anular a taxa de 10% sobre as faturas de energia e do aumento do preço do gás a partir de 1 de julho.

Impostos

  • Introduzir um 14.º escalação de imposto sobre o rendimento;
  • Criar uma sobretaxa sobre os salários mais elevados;
  • Tributar os dividendos, distribuição de lucros, poupança salarial, compra de ações e horas extraordinárias;
  • Reintroduzir o imposto sobre o património com uma dimensão climática;
  • Abolir o flat tax e reinstituir o exit tax (um imposto para os que deixam de ser residentes em França);
  • Reformar o imposto sobre as heranças tornando-o mais progressivo, visando os ativos mais elevados e introduzindo um limite de herança máxima;
  • Introduzir um imposto quilométrico sobre os produtos importados;
  • Eliminação de nichos fiscais “ineficazes, injustos e poluentes”.

Educação

  • Dar os primeiros passos para uma escolaridade totalmente gratuita (transportes, cantina, material e atividades extracurriculares).

Indústria

  • Reindustrializar França no sentido de acabar com a dependência do país e da Europa em setores estratégicos (energias renováveis, semicondutores, medicamentos, tecnologias de ponta, automóveis elétricos).

Imigração

  • Revogar as leis de asilo e imigração de Macron;
  • Facilitar o acesso aos vistos, regularizar o estatuto dos trabalhadores, dos estudantes, pais de crianças em idade escolar e introduzir uma autorização de residência de dez anos;
  • Rever o Pacto Europeu de Asilo e Imigração para “garantir que os migrantes sejam migrantes”.

A NFP reúne mulheres e homens de organizações políticas, sindicais, comunitárias e cívicas que estão unidos na construção de um programa para romper com as políticas de Emmanuel Macron, respondendo a questões sociais, ecológicas, democráticas e de paz urgentes.

Programa eleitoral Nova Frente Popular

Défice excessivo agrava preocupações

Apesar da vitória nas eleições, existem dúvidas quanto à capacidade da coligação de esquerda vir a implementar estas medidas. “Sem uma maioria absoluta, e dada a radicalidade do seu programa socioeconómico, o NFP não conseguirá aprovar uma única lei, a não ser que recorra ao instrumento (artigo 49.º, n.º 3, para forçar a legislação) que o próprio tanto criticou durante a anterior legislatura”, lê-se numa nota do ING divulgada esta segunda-feira.

O banco neerlandês continua a análise afirmando que a atual retórica da esquerda “poderá reacender alguma volatilidade nos mercados”, mas deixa sublinhado que “não será possível este programa ser implementado na sua totalidade, uma vez que não encontrará outro apoio no parlamento“.

Certo é que o programa económico da coligação tem feito soar os alarmes entre os partidos da oposição, o tecido empresarial e os mercados por poder representar uma ameaça às contas publicas. Pressionada a quantificar o seu programa económico, a Nova Frente Popular estima que as medidas tenham um custo que ascenderá a 25 mil milhões de euros este ano e a 100 mil milhões no próximo. No entanto promete que o programa não será financiado por “um aumento dos défices”.

Além disso, estas propostas, onde se inclui a indexação dos salários à inflação, a revisão dos escalões do imposto sobre o rendimento e a revogação da reforma das pensões, surgem numa altura em que a França está a ser alvo de um processo da Comissão Europeia por ter um défice excessivo. O défice francês atingiu 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, enquanto a dívida pública do país se fixou em 110,6% do PIB.

Caso não reduza o seu défice orçamental até ao limite de 3% e o rácio da dívida pública para menos de 60% do PIB, mediante o cumprimento de ajustamentos anuais que terá de negociar com o Executivo comunitário, Paris arrisca-se a ter de pagar uma multa de 0,1% do PIB, o que equivale a cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Reviravolta deixa França à beira da ingovernabilidade

O resultado das eleições do passado domingo foi uma surpresa, na medida em que se esperava uma vitória da extrema-direita. A Nova Frente Popular conquistou 26% dos votos, enquanto o bloco do Presidente Emmanuel Macron, a Renascença liberal, ficou em segundo lugar, com 24%.

A maior surpresa foi a queda do Reagrupamento Nacional (RN, de extrema-direita) de Marine Le Pen, que, na primeira volta, esteve em vias de ganhar as eleições com uma maioria absoluta, mas, na segunda ronda, caiu para a terceira posição, ainda que tenha tido mais votos do que os seus adversários (37%).

Resumindo, nenhum dos partidos conseguiu a maioria absoluta. E se, por um lado, o resultado permitiu que parte do país (e da Europa) respirasse de alívio, devido aos receios em relação a um governo de extrema-direita, levantou outras preocupações quanto a uma possível ingovernabilidade.

Afinal de contas, a coligação de esquerda é composta pelos socialistas, ecologistas e a extrema-esquerda, e embora o Emmanuel Macron ainda não se tenha pronunciado sobre o resultado eleitoral, os liberais já rejeitaram a ideia de a esquerda chegar ao Governo sob o argumento de não haver nenhuma maioria no parlamento.

A resistência à esquerda também se refletiu na vontade do primeiro-ministro, Gabriel Attal, apresentar a demissão, que não foi, “por enquanto”, aceite pelo Presidente.

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Saiba quem são as melhores firmas de advogados em 2024

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  • 8 Julho 2024

A Leaders League divulga o ranking que dá a conhecer, numa parceria ECO/Advocatus, os melhores escritórios de advogados de 2024, em cinco áreas distintas. Conheça-os aqui.

Numa parceria com o ECO/Advocatus, a Leaders League divulga o novo ranking que mostra quem são as melhores firmas de advogados em 2024.

Os escritórios foram distinguidos em cinco áreas distintas, nomeadamente Data Protection & Cybersecurity, Trademark Prosecution, Telecoms, Technology, Patent Prosecution, IP Litigation.

Os resultados dos rankings do diretório internacional baseiam-se nos questionários aos clientes, entidades externas e aos respetivos pares – advogados – de cada jurisdição.

Conheça, aqui, os resultados:

Ranking Leaders League: melhores firmas de advogados 2024

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Algarve abre novo “envelope” de 6,6 milhões de euros para reduzir perdas de água

Novo aviso de 6,6 milhões de euros dirigido a projetos que promovam a “gestão eficiente dos sistemas de abastecimento de água” na região. Candidaturas podem ser apresentadas até 30 de setembro.

A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) acaba de lançar um novo aviso no valor de 6,6 milhões de euros para apoiar projetos que promovam a gestão eficiente dos sistemas de abastecimento de água na região. As candidaturas podem ser apresentadas até 30 de setembro.

Em causa estão apoios a operações que visem a redução de perdas reais nos sistemas de distribuição de água, designadamente “a reabilitação de infraestruturas degradadas ou inadequadas para uma boa gestão de perdas reais, a gestão de pressões e a deteção de fugas em componentes da infraestrutura mais problemáticos em perdas reais”.

Em comunicado emitido esta segunda-feira, a AMAL informa ainda que o aviso é dirigido principalmente às entidades gestoras das redes de abastecimento de água para os consumidores finais (em baixa).

Este 4º aviso surge no âmbito da “Medida SM1 – Reduzir Perdas de Água no Setor Urbano”, que é gerida pela AMAL e conta com financiamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). Já foram aprovadas 53 candidaturas, a que correspondem 42,10 milhões de euros e 157 empreitadas e aquisição de serviços, estando as obras a decorrer, na maioria dos casos, contabiliza a instituição.

A Deco Proteste alertou no mês passado que o Algarve desperdiça metade da água potável e que a água perdida em 2022 seria suficiente para colmatar metade das necessidades das famílias algarvias.

Dos 16 concelhos da região, metade registou perdas elevadas e 15 ficaram abaixo dos mínimos de recuperação de redes envelhecidas. Lagoa, Lagos, Silves, São Brás de Alportel, Loulé e Castro Marim estão no top 6 dos concelhos algarvios que mais água tratada desperdiçaram em 2022. Já Aljezur, Tavira, Alcoutim, Vila Real de Santo António e Portimão são os concelhos que menos água desperdiçaram.

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Águas do Tejo Atlântico vai requalificar ETAR de Torres Vedras por 4,9 milhões

  • Lusa
  • 8 Julho 2024

ETAR vai ficar dotada de "tecnologias que irão permitir melhorar a eficiência do tratamento, a minimização de custos energéticos e operacionais".

A Águas do Tejo Atlântico vai investir 4,9 milhões de euros na requalificação da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Torres Vedras, tendo já lançado o concurso público para a empreitada, informou a empresa.

“A empreitada de remodelação […] vai promover a otimização do processo de tratamento, incrementar a automatização, aumentar a eficiência energética da instalação, bem como reabilitar e substituir equipamentos antigos por equipamentos mais eficientes“, explicou a empresa à Lusa.

Com um prazo de execução de dois anos e dois meses, a intervenção contempla a remodelação das etapas de pré-tratamento, tratamento biológico, água de serviço, espessamento e desodorização.

Além disso, segundo a empresa, a ETAR vai ficar dotada de “tecnologias que irão permitir melhorar a eficiência do tratamento, a minimização de custos energéticos e operacionais, contribuindo para uma melhoria global ao nível da sustentabilidade da infraestrutura”.

A ETAR tem capacidade para tratar efluentes de cerca de 36 mil habitantes, recebendo um caudal médio diário de 8.632 metros cúbicos de águas residuais.

O concurso público, no valor de 4,9 milhões de euros, para a empreitada de conceção-construção da beneficiação da ETAR foi lançado em abril, podendo ser entregues propostas até ao final de julho.

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Dois terços das unidades de saúde com telemedicina falham entrega de relatório ao utente

Inquérito realizado pela Entidade Reguladora da Saúde revela ainda que 30% das unidades de saúde com telemedicina não controlam o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos.

Cerca de dois terços das unidades de saúde com telemedicina não disponibilizam o relatório com a informação clínica ao utente, o que poderá “configurar uma lesão dos direitos dos utentes”, revela um estudo divulgado esta segunda-feira pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

O estudo do regulador tem por base um inquérito que obteve 2.515 respostas de unidades do setor público, social e privado, e aponta que “não estão a ser adotados na íntegra procedimentos que garantam o cumprimento integral dos direitos dos utentes”.

De acordo com o estudo, dos 1.764 estabelecimentos que realizam teleconsultas, 65,5% dizem que produzem relatórios com “informação clínica relevante resultante da consulta”, enquanto 34,5% não o fazem.

Dos 1.156 que fazem este relatório, mais de um terço (37,5%) faz o registo manual em software autónomo, ao passo que 16,3% preenche diretamente a informação na plataforma de teleconsulta e 14,9% opta pelo registo manual e digitalização.

Já no que diz respeito ao registo do relatório da teleconsulta no processo clínico do utente, a maioria cumpre esta obrigatoriedade (98,4%), havendo apenas 18 unidades (o equivalente a 1,6%) a não o fazer.

O estudo da ERS conclui que “nem todos os prestadores garantem a integridade da informação clínica, na medida em que não procedem ao registo da informação resultante da teleconsulta”, sublinha o relatório. “Acresce que o acesso à informação clínica relativa à teleconsulta não é garantido, em 66,6% dos casos, situação esta que poderá configurar uma lesão dos direitos dos utentes”, acrescenta.

No que toca aos procedimentos que garantem o cumprimento integral dos direitos dos utentes, entre as falhas apontadas pela ERS estão os tempos máximo de resposta garantidos (TMRG) e a obtenção do consentimento informado, livre e esclarecido.

Segundo o estudo, 30% das unidades de saúde com telemedicina não controlam o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos. A situação é pior no setor privado, social e cooperativo (apenas cerca de 43% fazem esta monitorização) do que no setor público (70%).

Na prática, significa que “poderá estar comprometida a garantia do direito de acesso a cuidados de saúde em tempo útil e razoável”, avisa a ERS, notando que “a teleconsulta, enquanto forma de prestação de cuidados de saúde, não deve ter tratamento distinto quando comparada com a consulta presencial física, vulgo tradicional, pelo que à mesma se aplicam os TMRG previstos” na lei.

Por outro lado, foram também identificadas situações de prestadores de cuidados de saúde que não cumprem com a obrigação de obtenção do consentimento informado, livre e esclarecido (17,1%), e outras de prestadores que não o fazem de acordo com as exigências formais devidas (70,9 %), sublinha o regulador.

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Tecnológica portuguesa procura recém-licenciados interessados em Inteligência Artificial

Closer Consulting tem candidaturas abertas para curso sobre dados e inteligência artificial. Formação é uma porta de entrada na empresa: depois do curso, jovens poderão ser integrados em projetos.

A porta está aberta para os recém-licenciados que queiram trabalhar na empresa especializada em inteligência artificial Closer Consulting. Esta tecnológica portuguesa acaba de abrir as candidaturas para um curso de seis meses que visa formar jovens que, depois, serão integrados em projetos. Em quatro anos, este programa já garantiu emprego a quase 150 profissionais.

“A Closer Consulting, especializada em inteligência artificial e ciência dos dados, acaba de anunciar uma nova edição do Data Academy. Com início a 16 de setembro, a empresa está a receber candidaturas para este programa até 28 de julho“, adianta a tecnológica, numa nota enviada às redações.

A Closer Consulting está à procura de candidatos que tenham formação em Engenharia Informática, Física, Estatística, Matemática ou áreas similares. As candidaturas devem ser feitas por via digital.

Aos selecionados, oferece um curso intensivo de seis meses, que é composto por “módulos focados em conhecimento tecnológico, gestão de projetos e skills comportamentais em equipa“. Ainda que estes seis meses sejam dedicados somente a formação, os selecionados serão remunerados, garante a empresa.

Já depois do curso, o objetivo será integrar estes profissionais em projetos da Closer Consulting. Aliás, o Data Academy nasceu em 2020 precisamente com o objetivo de “formar jovens profissionais em áreas das ciências e oferecer-lhes um conjunto de competências técnicas e especializadas em data science e business intelligence, de forma a integrarem projetos da empresa”.

“Em quatro anos, já integrámos perto de 150 recém-licenciados, que têm contribuído significativamente para os nossos projetos e para o crescimento da Closer. O feedback tem sido muito positivo, e vamos continuar a avançar com novas edições”, sublinha o cofundador desta tecnológica Fernando Matos.

Apesar de ser portuguesa, a Closer Consulting tem escritórios também no Brasil e no Reino Unido. No total, diz contar com mais de 350 especialistas altamente qualificados em Tecnologias de Informação, Física e Matemática.

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“Muito feliz a liderar equipas”, Rosália Amorim, da EY, na primeira pessoa

Com origens na lezíria ribatejana, Rosália Amorim veio para Lisboa estudar e dedicar-se ao jornalismo. Ao fim de 30 anos trocou de profissão, assumindo a direção de marketing e comunicação da EY.

Sou muito feliz a liderar equipas. Eu gosto de gerir equipas, investir nas pessoas, fazê-las crescer, vestir a camisola com elas e estar no dia-a-dia. Arregaçar as mangas e fazer parte da task force. E depois dar-lhes também liberdade para exporem, trazerem ideias, novos projetos, num brainstorming“, diz Rosália Amorim, desde fevereiro diretora de marca, marketing e comunicação da EY para os mercados de Portugal, Angola e Moçambique, posição na qual coordena atualmente uma equipa de sete pessoas.

A veia de comunicadora veio ao de cima desde cedo e foi-lhe dada continuidade ao longo de mais de três décadas, com um percurso profissional iniciado na Rádio Comercial, onde trabalhou com “figuras” como Nuno Markl ou Pedro Ribeiro. Passou também por outros órgãos de comunicação social como a Exame ou Expresso, foi diretora do Dinheiro Vivo e assumiu o desafio de ser a primeira diretora do Diário de Notícias em mais de 150 anos de História, antes de assumir o cargo de diretora de informação da TSF. Esteve também envolvida na fundação da marca Rumo para Portugal e Angola.

Pelos meios por onde passou, tentou sempre pensar as marcas “muito 360º”, ou seja, “como posicionar a marca enquanto produto editorial, mas também enquanto marca importante no jornalismo, e como chegar aos leitores, a toda a gente, para democratizar o acesso à informação“, refere em conversa com o +M.

Esta linha de pensamento está também a tentar agora transpô-la para a EY, onde chegou em fevereiro deste ano e onde encontrou “várias boas surpresas”, sendo que uma delas é o facto de a EY ser uma “fábrica de conteúdos qualificada“.

“Aqui fazem-se os melhores estudos de mercado, tendências, análises. E acredito que o conteúdo é o rei de uma estratégia de marketing e comunicação, sem conteúdo não existe nada. Não existe uma boa entrevista ou uma boa reportagem, mas também não existe uma boa campanha de marketing ou comunicação. O conteúdo e conhecimento é completamente rei na EY, e portanto o desafio é agarrar neste conhecimento e torná-lo acessível e comunicável ou ‘marketizável’. No fundo fazer estratégia e campanhas para tornar o conteúdo acessível”, explica a responsável.

Além disso, a EY, tal como um jornal generalista, toca muitas áreas, desde a segurança à saúde, à educação, desporto, sustentabilidade ou inteligência artificial, refere Rosália Amorim. “Gosto muito de poder continuar a olhar para os conteúdos como um todo. Portanto não foi uma adaptação difícil, antes pelo contrário. O desafio é comunicar tudo isto de forma cada vez mais multimédia, digital, interativa“, afirma.

Estamos a apostar num posicionamento cada vez mais focado no digital e em conteúdos que sobretudo sejam multimédia. Hoje em dia os leitores e os clientes privilegiam cada vez mais o acesso a um podcast, a um videocast, e essa é uma forma também de lhes transmitir todo este conhecimento”, detalha Rosália Amorim.

A EY encontra-se assim a implementar algumas iniciativas dentro do género, tendo estreado recentemente o podcast “EY e um café. À conversa com”, que “permite trazer líderes de grandes empresas a bordo da EY para darem a conhecer os seus projetos, a forma como os gerem, e também um pouco o seu lado mais pessoal. Porque por detrás de um gestor há uma pessoa, há um ser humano e eu acho que é também uma oportunidade de os conhecer melhor”, explica a diretora de marketing e comunicação.

Apesar de apaixonada por Lisboa e pelo rio Tejo, Rosália Amorim não esquece as origens no Cartaxo e na lezíria ribatejana, onde encontra a paz de que necessita no meio de uma “agenda frenética”.

Se vai ou não voltar às origens ainda é uma incógnita, mas certo é que acaba por ir lá passar vários fins de semana, acompanhada pelo marido e pelos filhos, Rita (22 anos) e Miguel (19 anos), que “adoram” esta ligação a terras ribatejanas, sendo “muitas vezes” eles próprios a pedirem estas “escapadinhas” de fim de semana.

Esses retornos às origens constituem também um regresso à infância de Rosália Amorim e a tempos passados “sempre na brincadeira e a ajudar os avós em tarefas de campo”. “Foi uma infância super livre, só me lembro de estar na rua o tempo todo, com total liberdade, e tento também transmitir isso aos meus filhos, daí as nossas idas, sobretudo quando eles eram pequenos, para lhes dar a oportunidade de estar no campo, de mexer na terra ou estar com animais”, diz.

“Tentei sempre que não perdessem esta ligação, é muito importante esta ligação às raízes e à família. E dá esta sensação de liberdade que a cidade nos tira e o campo nos traz. Este equilíbrio manteve-se sempre, até hoje, aos 50 anos”, acrescenta.

Foi também ainda na meninice que começou a despontar a sua queda para a comunicação, tal como lhe recordaram os pais há uns anos, quando relembraram que, desde que começou a saber ler e escrever, Rosália Amorim levava consigo para todos os eventos da sua vida um bloco e um lápis para tomar notas, em jeito de reportagem, que depois relatava à família no regresso a casa.

Mas é, portanto, na capital que Rosália Amorim reside, com o marido, os dois filhos e uma Labrador cujo nome é também ele “Lisboa”. Além de “trabalhar muito”, Rosália Amorim faz algum desporto, junto ao rio ou do mar, espaços que a “tranquilizam muito”. No campo desportivo, foi atleta de competição de ginástica gimnodesportiva e acrobática, pelo que fez “muitos saraus pelo Ribatejo” entre o seu quinto e 12º ano de escolaridade.

No âmbito do seu percurso profissional, Rosália Amorim foi enviada a países tão diferentes como Peru, China ou Macau, momentos que tem sempre presente na sua memória. “Sempre fui apaixonada por conhecer o mundo [formou-se em Relações Internacionais] e sempre tentei aproveitar para conhecer pessoas, novos destinos. Gosto de pessoas e de descobrir o mundo, e isso é o que marca a minha vida“, diz.

Gostou do tempo que passou a trabalhar em Angola e “adorou” conhecer África. “Muitas vezes os portugueses vão a Marrocos ou Cabo Verde, mas isso não é conhecer África. Adorei ter estado em Angola a viver e em Moçambique a fazer reportagens porque senti mesmo que estava a perceber o que era a África profunda e porque é que aqueles países foram tão importantes para Portugal. E essas experiências marcaram-me muito”, considera.

“E agora, curiosamente, na EY sou diretora de marca, marketing e comunicação da EY para os mercados de Portugal, Angola e Moçambique, e acabo por ter esta oportunidade de lá voltar e a reatar alguns contactos”, acrescenta.

De resto, tenta também ler muito, gostando particularmente de ler poesia. Além de Fernando Pessoa – sendo que a EY até tem uma frase de Fernando Pessoa escrita numa parede (além de outras obras de arte) – gosta “imenso” de Eugénio de Andrade, pelo que o poeta natural do Fundão seria a sua escolha, caso tivesse de escolher um poeta de eleição.

A poesia e a arte levam-nos para um caminho muito mais criativo e disruptivo. Até porque não há limites, podemos fazer aquilo que quisermos“, considera.

No entanto, Rosália Amorim não se aventura com a sua própria pena neste género literário, dedicando-se unicamente à prosa. Já lançou alguns livros, dos quais destaca “O Homem Certo para Gerir Uma Empresa é Uma Mulher”. Aliás, se tivesse outra profissão, seria a de escritora, o que espera que aconteça daqui a 10 anos.

Rosália Amorim em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

A nível nacional, sem dúvida, a da Telecel. Criar um storytelling em que um simples pastor passa a publicitar algo muito avançado para época, como um telemóvel, foi genial e disponibilizou a todos o acesso à tecnologia. Além disso, o ‘Tou xim, é para mim’ ficou nos nossos ouvidos até aos dias de hoje.

Já em termos internacionais, a atual campanha da Uber com o José Mourinho. A mensagem explicita e implícita revela uma forma de, por um lado, democratizar o acesso a uma plataforma digital e, por outro, elevar o segmento a que se dirige. Hoje esse negócio tanto serve as classes C1, C2 e D como a A e a B. Associar o José Mourinho foi, sem dúvida, a entrada da bola na baliza das plataformas digitais.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

É querer fazer mais e melhor e o orçamento não chegar para tudo!

3 – No (seu) top of mind está sempre?

O conteúdo como ponte que nos liga aos clientes. Acredito que, tal como se aprende na gestão dos media, ‘content is the key’. E é isso mesmo! É a chave para tudo: para uma eficaz campanha de marketing, para um plano de comunicação, para estreitar relações com clientes e parceiros, para construir um mundo melhor de negócios, como fazemos na EY todos os dias. O conteúdo deve ser o rei da atuação de qualquer marketeer e comunicadora. E isso não passa de moda. Podem mudar as plataformas, cada vez mais digitais; podem mudar os formatos, cada vez mais curtos e interativos; podem mudar os públicos, cada vez mais exigentes e informados; mas, acredito, que o conteúdo vai continuar a ser o rei do marketing e da comunicação.

4 – O briefing ideal deve…

Deve ter um objetivo claro e KPI definidos. O briefing tem de dizer ao que vamos, porque que vamos, com quem vamos, para quê, para onde e quando. No fundo, em primeiro lugar, deve responder às seis perguntas básicas a que deve responder uma notícia: Quem, o quê, onde, como, quando e porquê? Depois, deve estabelecer indicadores de desempenho, sem deixar de abrir espaço para estimular a criatividade, ou seja, não criar amarras nem ideias pré-concebidas até porque o mundo muda a uma velocidade cada vez maior e temos de ter a humildade e a capacidade de nos adaptarmos às circunstâncias, ao mercado e aos clientes.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Que percebe o que queremos antes mesmo de apresentarmos um briefing completo. É aquela que investiu tempo em estudar e conhecer tão bem a cultura da marca, o seu propósito e a sua ambição, que propõe soluções totalmente alinhadas com a nossa marca, respeitando o ADN da mesma e correspondendo à expectativa dos colaboradores, dos clientes e dos parceiros.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Depende do momento de cada marca ou produto. Numa estratégia B2C, muitas vezes, é crucial arriscar, lançar uma pedrada no charco com um produto novo e irreverente. Veja-se o que aconteceu com a Telecel ou com a Frize. Numa estratégia B2B, e no caso de uma consultora e auditora, a segurança, confiança, transparência e responsabilidade é determinante na forma como chegamos ao mercado através das peças de marketing e publicidade. Isso não quer dizer que a estratégia da marca não seja criativa, e tem de o ser todos os dias na forma como aborda o mercado, mas minorando risco e otimizando resultados.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Apoiaria mais a área da cultura. Este ano, foi criada a assinatura ‘A EY apoia a cultura’, para vários projetos. Por exemplo: a criação da galeria de arte na nova sede da EY em Lisboa, cuja inauguração aconteceu no dia 27 de junho; o convite a três artistas de renome – Pedro Cabrita Reis, Rueffa e Pitanga – para darem vida às paredes da EY e trazerem para dentro de portas a criatividade, disrupção e arrojo para o ambiente desta Big4; a inclusão da poesia, da guitarra portuguesa e do fado na abertura de portas do novo escritório, entre outras iniciativas que vão acontecer nos próximos meses. Se o orçamento fosse ilimitado criaria mais pontes entre as artes e os negócios. Outra área e maior aposta seria a da responsabilidade social, na qual a aposta e dedicação nunca é demais pela forma como pode ajudar a sociedade civil.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

É sempre surpreendente e os criativos nacionais são do melhor que há no mundo, como, aliás, provam muitos dos premiados já recebidos a nível global.

9 – Construção de marca é?

Um caminho diário que junta marketing, publicidade, comunicação, reputação, notoriedade, posicionamento e, acima de tudo, transparência e ética.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Escritora. Já escrevi alguns livros, entre os quais se destaca ‘O Homem Certo para Gerir uma Empresa é uma Mulher’, por ter estado várias semanas sucessivas no Top de Vendas e por ter recebido uma crítica de ‘5 estrelas’ na revista do Expresso, e gostaria de escrever mais.

 

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Novo governo britânico afasta aumento de impostos. Conheça o plano dos trabalhistas para “proporcionar crescimento”

A ministra das Finanças assume ainda a meta de construir 1,5 milhões de casas nos próximos 5 anos e a intenção de utilizar o sistema de pensões para potenciar o investimento em empresas nacionais.

Rachel Reeves, a nova ministra das Finanças do Reino Unido, apresentou esta segunda-feira o plano para impulsionar o crescimento económico do país, num discurso que marca o início da sua gestão no novo governo trabalhista liderado por Keir Starmer.

A ministra anunciou uma série de medidas ambiciosas, destacando que “não há tempo a perder” para elevar a taxa de crescimento britânica. “Onde os governos anteriores se mostraram relutantes em tomar decisões difíceis para proporcionar crescimento — ou esperaram demasiado tempo para agir — eu irei concretizar”, afirmou Reeves, sublinhando que esta é agora “uma missão nacional”.

Entre as principais medidas anunciadas pela ministra destacam-se as seguintes:

  • Fim imediato da proibição de novos parques eólicos onshore em Inglaterra, que Reeves classificou como “absurda”.
  • Consulta pública sobre a possibilidade de decisões relativas a grandes projetos eólicos onshore serem tomadas nacionalmente, em vez de localmente.
  • Reintrodução de metas obrigatórias de construção de habitação, com o intuito de construir 1,5 milhões de novas casas nos próximos cinco anos.
  • Avaliação do estado atual da economia britânica, com um relatório a ser apresentado ao Parlamento antes de os deputados irem de férias.
  • Elaboração de um relatório sobre o estado das despesas públicas até ao final do verão.
  • Compromisso de não aumentar o IVA, as contribuições para a Segurança Social ou o imposto sobre o rendimento.
  • Intenção de utilizar o sistema de pensões para impulsionar o investimento em empresas britânicas.

A ministra das Finanças também prometeu anunciar a data para a entrega do próximo Orçamento de Estado antes de o Parlamento encerrar para férias de verão, sinalizando a urgência do governo em implementar as suas políticas económicas.

Paralelamente, o primeiro-ministro Keir Starmer voltou a fazer declarações relevantes sobre a relação futura do Reino Unido com a União Europeia.

Embora tenha descartado a possibilidade de reintegração do país à União Europeia e ao mercado único ou à união aduaneira, Starmer afirmou que “[tem] um mandato muito forte para a mudança e para uma relação diferente com a União Europeia” e acredita que o país pode “obter um acordo melhor do que o acordo mal feito que Boris Johnson conseguiu”.

Estas declarações sugerem que, apesar de manter o Brexit como um facto consumado, o novo governo trabalhista procurará melhorar as relações comerciais e diplomáticas com a União Europeia, potencialmente negociando novos acordos em áreas como comércio, investigação e desenvolvimento, defesa, segurança e educação.

O discurso de Reeves e as declarações de Starmer marcam o início de uma nova era na política económica britânica, com um foco claro no crescimento sustentável e na melhoria das relações internacionais.

Os próximos meses serão cruciais para avaliar a eficácia destas novas políticas e o seu impacto na economia do Reino Unido.

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Bruxelas abre investigação a ajudas de Estado concedidas à Lufthansa na pandemia

A Comissão Europeia abriu uma investigação aprofundada ao auxílio de 6 mil milhões de euros concedido à companhia aérea durante a pandemia da Covid-19, considerado nulo pelo Tribunal Geral.

A Comissão Europeia anunciou esta segunda-feira a abertura de uma investigação aprofundada às ajudas de Estado recebidas pela Lufthansa durante o período da pandemia. A companhia alemã recebeu 6.000 milhões de euros, entre capital e obrigações convertíveis.

O apoio foi concedido originalmente à Lufthansa em junho de 2020, no âmbito do enquadramento temporário criado devido à Covid-19, considerando-o compatível com as regras para auxílios. A companhia ficou impedida de pagar dividendos ou bónus e teve de ceder 24 faixas horárias (slots) nos aeroportos de Frankfurt e Munique.

Essa ajuda foi, no entanto, anulada pelo Tribunal Geral da União Europeia a 10 de maio de 2023, na sequência de uma queixa apresentada pela Ryanair, considerando que não preenchia integralmente as condições necessárias para a ajuda. A transportadora alemã recorreu da decisão.

“Na sequência do acórdão do Tribunal Geral, a Comissão irá agora realizar uma investigação mais aprofundada para avaliar melhor a medida de recapitalização”, afirma o Executivo da UE, em comunicado.

Entre outros aspetos, será avaliada a elegibilidade da Lufthansa para o auxílio, a necessidade de um mecanismo para incentivar a saída do Estado do capital ou a a existência de “poder de mercado significativo” noutros aeroportos, além de Frankfurt e Munique.

Na semana passada, a Lufthansa recebeu “luz verde” da Comissão Europeia para adquirir 41% da Ita Airways por 325 milhões de euros, embora com condições. A transação deverá ficar fechada até ao final deste ano.

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