Turismo espera bater recordes este ano com 33 milhões de hóspedes e 6,5 mil milhões em receitas
Setor do turismo antecipa um ano de crescimento no número de hóspedes, dormidas e proveitos. Cluster reúne-se esta quinta-feira em Gaia para debater as tendências e perspetivas do turismo nacional.
O turismo em Portugal continua a dar cartas e deverá manter a tendência de crescimento este ano. São esperados 33 milhões de turistas, superando os 30 milhões registados em 2023, e receitas de 6,5 mil milhões de euros, face aos 5,7 mil milhões alcançados no mesmo período, mostram os dados do Barómetro do Turismo do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT). Os profissionais do setor projetam ainda entre 75,1 e 81 milhões de dormidas, em linha com as 77,2 milhões de dormidas registadas há dois anos.
“A previsão do aumento do número de hóspedes, dormidas e proveitos globais para 2025 reflete o potencial de crescimento sustentado do turismo nacional“, afirma o presidente do IPDT. “Num contexto global marcado por incertezas económicas e geopolíticas, Portugal continua a beneficiar da perceção de ser um destino seguro e acolhedor, o que se traduz num ativo estratégico para atrair turistas internacionais”, nota Jorge Costa.
A previsão do aumento do número de hóspedes, dormidas e proveitos globais para 2025 reflete o potencial de crescimento sustentado do turismo nacional.
Escassez de recursos humanos qualificados é o maior desafio
Apesar de os dados mostrarem um cenário positivo, o setor enfrenta obstáculos, com o Barómetro de Turismo a elencar a escassez de recursos humanos qualificados como o principal desafio, referido por 51% dos participantes. O aumento dos preços e a inflação, apontados por 40% dos especialistas, representam outro obstáculo relevante.
A recessão económica e a conjuntura internacional, identificadas por 33%, e os conflitos internacionais e a instabilidade geopolítica, mencionados por 29% dos inquiridos, evidenciam o impacto de fatores externos no desempenho do setor, nomeadamente no que respeita à dependência da mobilidade e das relações globais.
Em 2023, o setor do turismo atingiu máximos históricos e contribuiu para cerca de metade do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, o cluster defende que não existe turismo a mais, com os presidentes do turismo do Norte e do Algarve a recusarem um cenário de “pressão turística” ou “turismo em excesso”.
Os especialistas deste barómetro alertam ainda para desmistificação da perceção de overtourism, que começa a ganhar visibilidade em alguns destinos nacionais. Os resultados do IPDT evidenciam que 80% dos inquiridos classificam esta questão como “importante” ou “muito importante”, sublinhando a necessidade de respostas coordenadas e eficazes a curto prazo.
Neste ponto, o combate à desinformação, defendido por 58%, surge como a principal prioridade, implementando-se estratégias de comunicação mais transparentes e acessíveis que promovam um entendimento mais realista e contextualizado dos impactos do setor.
A sensibilização e o envolvimento das comunidades locais (22%), a descentralização da carga turística (17%), com foco no desenvolvimento das regiões interiores, e a definição de uma visão clara para o futuro da atividade turística (6%) foram outras das ações identificadas.
Como pode Portugal manter-se um destino turístico competitivo?
Para reforçar a competitividade de Portugal enquanto destino turístico, os profissionais do setor destacam duas ações: a promoção turística segmentada e a consolidação da imagem de Portugal como destino de excelência, além da diversificação e requalificação da oferta turística, com foco na sustentabilidade – ambas referidas por 19% dos inquiridos. A qualificação das infraestruturas, espaços públicos e a melhoria da mobilidade e acessibilidades foi referida por 16% dos especialistas do IPDT.
Outro aspeto transversal entre as prioridades é a captação e valorização dos profissionais do setor, com 14% dos participantes a apontarem a necessidade de melhorar as condições de trabalho e aumentar a competitividade dos serviços. Adicionalmente, 12% defendem que a formação e qualificação dos recursos humanos deve ser uma prioridade, alinhada com o maior desafio identificado para 2025: a escassez de recursos humanos qualificados.
O Barómetro do Turismo do IPDT mostra ainda as tendências para 2025, com as viagens personalizadas e feitas à medida a ocuparem o primeiro lugar da lista (63%), seguidas pela procura de experiências culturais autênticas nas cidades (60%). A segurança, elemento essencial na escolha de destinos, foi referida por 30% dos especialistas.
Os resultados da 72ª edição do Barómetro do Turismo do IPDT vão ser apresentados esta quinta-feira na IPDT Tourism Conference 2025, em Vila Nova de Gaia. Na conferência serão conhecidas as tendências e as perspetivas do turismo nacional. A sessão será inaugurada por Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo e por Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal.
O evento contará ainda com a intervenção de Cristina Siza Vieira (vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal), Luís Pedro Martins (presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte), Francisco Calheiros (presidente da Confederação do Turismo de Portugal), Manuel Violas (presidente do Grupo Solverde), entre outros.
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