DBRS revê em alta rating de Portugal

Depois de uma revisão em alta, DBRS admite voltar a fazê-lo na próxima avaliação se o rácio da dívida pública “cair para níveis significativamente mais baixos".

A DBRS reviu esta sexta-feira em alta o rating de Portugal. A notação financeira é agora de “A” elevado e a perspetiva passou para estável, uma atualização face à “notável redução da dívida pública de Portugal, sustentada por um forte desempenho orçamento, o que reforçou a sua qualidade de crédito”, justifica a agência de notação financeira canadiana.

A nova avaliação da agência de rating canadiana surge seis meses depois da última notação, altura em que manteve a notação da República em “A” — o sexto nível mais elevado da escala de classificações — tendo melhorado o outlook (perspetiva) para “positivo”.

A DBRS justifica também a “atualização com a redução significativa das vulnerabilidades externas ao longo das últimas décadas e um sistema bancário mais resiliente”. A DBRS sublinha ainda o facto de o rácio da dívida pública ter diminuído “acentuadamente” de 116,1% do PIB em 2019 para 97,9% em 2023, e a expectativa de que poderá ficar abaixo do limite de 90,0% do PIB nos próximos dois a três anos.

Uma expectativa que assenta nas previsões do Executivo de Luís Montenegro de que o rácio da dívida pública diminua para 95,9% do PIB em 2024 e continue a tendência decrescente até atingir 83,2% em 2028, graças a excedentes primários e um crescimento moderado do PIB nominal. Previsões secundadas pelo Conselho das Finanças Públicas, pelo Banco de Portugal e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que também antecipam uma descida acentuada do rácio da dívida, sublinha a DBRS.

A DBRS admite que poderá vir a rever em alta, novamente, o rating de Portugal se o rácio da dívida pública “cair para níveis significativamente mais baixos e se existirem evidências persistentes de que o país está a melhorar a sua resiliência económica e potencial de crescimento”. No entanto, uma deterioração das perspetivas de crescimento ou um abrandamento no compromisso da disciplina orçamental podem ditar uma revisão em baixa da dotação financeira.

Apesar de elogiar a significativa redução da dívida pública portuguesa, a DBRS frisa que “o nível de dívida ainda comparativamente elevado de Portugal aumenta a vulnerabilidade das finanças públicas à contração da economia e choques das taxas de juro ou à cristalização de passivos contingentes”.

“A gestão prudente da dívida e o declínio do rácio da dívida pública ajudam a mitigar os riscos associados ao ambiente de taxas de juro ainda elevadas”, sublinha a DBRS. “Os custos dos juros em percentagem do PIB são estimados em 2,1% em 2024, em comparação com 1,9% em 2022, e deverão atingir uma média de 2,1% durante o período de 2025–28, acrescenta a agência canadiana. Ainda assim, este valor é inferior aos 2,9% registados em 2019. O prazo médio da dívida pendente era de 7,6 anos em setembro de 2024, recorda a DBRS, em comunicado, o que “limita o risco de refinanciamento e abranda o aumento dos custos do serviço da dívida num ambiente de taxas de juro mais elevadas”.

De acordo com a DBRS, “a atual situação orçamental de Portugal está entre as mais fortes da zona euro”, lembrando que “Portugal registou um excedente orçamental global de 1,2% do PIB em 2023 e espera-se que registe pequenos excedentes em 2024 e 2025”.

Para a agência, a “aprovação do orçamento para 2025 é um bom presságio para a durabilidade do atual Governo no curto prazo” alertando que “a incerteza orçamental irá provavelmente aumentar ao longo do tempo”. Mas a DBRS considera que “o risco de Portugal se desviar significativamente do seu compromisso com uma política orçamental prudente é relativamente baixo”, assegurou.

A perspetiva estável reflete a opinião da agência de que “os riscos para as notações de crédito são equilibrados”, uma opinião sustentada “pelo facto de o país pertencer à área do euro e pela sua adesão ao quadro de governação económica da UE”, aliada ao “forte desempenho orçamental de Portugal desde 2016 e a posição reforçada do sistema bancário português também sustentam a notação de crédito do país”.

Para a DBRS, as “principais vulnerabilidades” de Portugal são o “elevado nível de dívida pública, a elevada dívida externa e o potencial de crescimento económico relativamente baixo”, sendo que a “gestão destas questões poderá tornar-se mais difícil se as taxas de juro se mantiverem elevadas durante um período prolongado”, alertou.

Notícia atualizada pela última vez às 22h13

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