Da inteligência artificial, ao clima e à geopolítica. Conheça os temas que vão dominar a agenda em Davos
Mais de 900 líderes empresariais e os líderes das maiores economias do mundo deslocam-se a Davos na próxima semana para debater os principais temas económicos. A IA é o tema em destaque na agenda.
Davos prepara-se para receber mais um Fórum Económico Mundial. O encontro, que vai reunir mais de 3.000 participantes, onde estão incluídos líderes governamentais e empresariais, numa lista que conta com oito portugueses, tem este ano como tema principal a inteligência artificial. O clima, a geopolítica, a nova administração norte-americana ou o Médio Oriente são outros dos assuntos em destaque na agenda do evento que decorre nos dias 20 a 24 de janeiro na conhecida estância turística nos Alpes Suíços.
Sob o lema “Colaboração para a Era Inteligente”, o Fórum de Davos vai discutir ao longo da próxima semana alguns dos temas mais importantes da economia. Pela primeira vez, a tecnologia — focada na Inteligência Artificial — vai dominar grande parte da discussão naquele que se tornou num dos eventos anuais mais aguardados e que junta milhares de participantes, entre empresários, líderes políticos e representantes da sociedade civil. Este ano são mais de 3.000 participantes, que incluem os 60 líderes governamentais, assim como mais de 900 líderes empresariais, representativos de 130 países de todo o mundo.
Num momento marcado pela rápida transformação tecnológica, em que a IA assume um papel cada vez mais relevante, o Fórum dedica várias discussões a este tema. O Fórum Económico Mundial explica que a tecnologia está a transformar o mundo, a mudar indústrias e a vida e trabalho das sociedades.
“A IA e a automação já estão a revolucionar setores inteiros. Na saúde, os sistemas que têm por base a IA estão a superar os humanos em benefício dos pacientes. No diagnóstico, a IA está a ajudar os médicos a tomar decisões mais precisas, explorando vastos conjuntos de dados para descobrir novos medicamentos e desenvolvendo planos de tratamento personalizados com base em informações genéticas”, explica um artigo publicado a propósito do simpósio. Já o diretor-geral Mirek Dusek sublinhou, numa conferência na semana passada, que estamos a passar uma “transição para uma nova fase da economia mundial”, numa época marcada por uma grande aceleração da tecnologia e inovação.
No que diz respeito à Inteligência Artificial, Mirek Dusek fala num “game changer”, que vai ter impacto nas mais variadas áreas. O responsável explicou que a agenda vai procurar explorar “as oportunidades da AI, mas também [vamos estar] atentos aos riscos“, sobretudo éticos e sociais, assim como as suas implicações, nomeadamente ao nível do emprego.
Clima, o desafio do século
Ainda que não seja o tema central, o clima volta a surgir com grande destaque na agenda. A diretora-geral Gim Huay Neo lembrou, na conferência em que foram apresentados os principais temas da agenda, a “urgência” deste tema, destacando que a discussão vai procurar explorar como as empresas estão a progredir na agenda climática, assim como explorar quais os desafios que estão a impedir esta transição de acelerar.
Segundo explicou Huay Neo, uma análise às empresas que representam dois terços da capitalização de mercado global mostra que apenas cerca de 10% estão a tomar medidas significativas e tangíveis na agenda climática e natural.
Os líderes empresariais e políticos também deverão discutir como garantir que a energia permaneça acessível, segura e verde e os desafios que impedem a aceleração dos esforços rumo à transição energética. “Estamos num momento realmente desafiador para o clima, onde os países se perguntam se outras nações estão a fazer a sua parte”, adiantou Rich Lesser, do Boston Consulting Group, citado pela Reuters.
Geopolítica, Médio Oriente e Ucrânia
Depois de um ano marcado por vários eventos eleitorais e pela continuação de vários conflitos, “esta reunião anual ocorre num momento marcado por um nível de incerteza global maior do que aquele a que assistimos numa geração, impulsionado por tensões geopolíticas, fragmentação económica e aceleração das alterações climáticas. Neste clima mais instável, a única forma de enfrentar desafios urgentes e desbloquear novas oportunidades é através de abordagens inovadoras e cooperativas”, disse o presidente do Fórum Económico Mundial, o norueguês Borge Brende, durante a apresentação da 55ª edição do Fórum.
A geopolítica será, assim, um dos temas em destaque na agenda. Desde logo, o evento contará com a participação virtual no dia 23 de janeiro de Donald Trump após a tomada de posse como novo presidente dos EUA, esta segunda-feira, dia 20 de janeiro.
“Quinta à tarde, [Donald Trump] vai juntar-se à distância. Vai ser um bom momento para ouvir mais sobre as políticas da nova administração”, adiantou Borge Brende, presidente e CEO do Fórum Económico Mundial.
Brende revelou ainda que são esperados outros altos representantes da Administração Trump, adiantando que desconhece se Elon Musk estará ou não representado no Fórum de Davos, mas “também é bem-vindo”. Questionado sobre os riscos de um maior protecionismo com Trump na Casa Branca, o novo CEO do Fórum Económico Mundial argumentou que “estamos no meio de duas ordens [económicas] e não sabemos o que a nova ordem vai ser”. Ainda assim, lembrou que “na primeira Administração [de Trump], o comércio e os negócios cresceram”.
Além das mudanças na Casa Branca, os líderes que se reúnem em Davos na próxima semana vão debater ainda os desenvolvimentos políticos na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad, a crise humanitária em Gaza, a guerra na Ucrânia, ou a situação no Iémen.
“Haverá um trabalho árduo na situação na Síria, na terrível situação humanitária em Gaza… na potencial escalada do conflito no Médio Oriente”, explicou Brende, acrescentando que, no caso da Síria, o Fórum vai procurar perceber se a nova liderança vai ser inclusiva e como vai ser a reconstrução.
Já em relação à Ucrânia, Brende lembrou que “a guerra continua, com enormes consequências humanitárias”. Para fazer um ponto de situação, o Fórum vai receber o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que intervirá na sessão de terça-feira, 21 de janeiro. Olhando para o futuro, haverá ainda uma participação com um grupo de CEO da Ucrânia, onde estes empresários vão explorar o que poderá ser um futuro sem guerra.
Em termos de participações, na agenda constam nomes de dirigentes políticos como o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, a presidente da Comissão Europeia, Ursula con der Leyen, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria na sequência da queda do regime de Bashar al-Assad, Asaad al-Shaibani, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o Presidente da Argentina, Javier Milei, o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, ou o Presidente de Israel, Isaac Herzog.
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