DeepSeek deixa 400 milhões dos fundos nacionais sob pressão
Empresas como a Alphabet, Apple e Microsoft fazem parte das apostas dos fundos nacionais. A Nvidia, que perdeu perto de 600 mil milhões de dólares numa sessão, também é presença nas carteiras.
O sell-off que roubou um bilião de dólares às empresas de Inteligência Artificial também vai ter impacto nos fundos de investimento em Portugal. Empresas como a Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla, as chamadas sete magníficas, estão entre as apostas de grandes fundos nacionais, sobretudo os que investem em ações mundiais e norte-americanas. Os dados mais recentes mostram que têm mais de 400 milhões investidos nas “big tech” que estão a ser penalizadas pelo fenómeno DeepSeek.
A Alphabet, Apple e Microsoft são as “big tech” preferidas dos gestores de fundos nacionais nos EUA. Mas, não são as únicas. Empresas como a Nvidia, Facebook, Amazon, Tesla, ou a Oracle, que também foi fortemente castigada pela ameaça chinesa ao domínio norte-americano na inteligência artificial (IA), estão entre as apostas dos gestores nacionais.
Contabilizando as participações, os fundos nacionais tinham mais de 416 milhões investidos nestas empresas, de acordo com os dados levantados pelo ECO nas carteiras dos fundos mobiliários geridos por entidades nacionais no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, relativos ao final de setembro.
Microsoft, acionista da OpenAI, e Apple são as empresas com maiores investimentos, acima de 118 e 116 milhões de dólares, respetivamente. Com perto de 110 milhões de investimento dos fundos surge ainda a Alphabet. Já a Nvidia, que protagonizou esta segunda-feira a maior perda de valor diário de uma empresa na história do mercado de capitais, ao perder cerca de 590 mil milhões de dólares de capitalização bolsista num dia, apenas capta cerca de 22 milhões dos fundos nacionais, sendo preterida face a outras gigantes de Wall Street.
Além das 7 magníficas, que foram penalizadas pelo surgimento de um modelo de IA low cost lançado pela chinesa DeepSeek, também a Oracle, outra empresa fortemente castigada pelo sell-off na IA, surge em várias carteiras de fundos, nomeadamente da GNB e da IMGA.
Entre as gestoras de ativos, a Caixa Gestão de Ativos, a maior gestora nacional com 6,9 mil milhões de ativos, apresenta o maior volume de investimento nestas empresas, com cerca de 270 milhões aplicados nestas empresas. Só o Caixa Ações Líderes Globais, o maior fundo nacional, com 2,3 mil milhões de euros sob gestão, tem 262 milhões investidos na Alphabet, Apple e Microsoft.
A Casa de Investimentos, através do seu PPR Save & Grow, e a IMGA seguem-se na lista das gestoras com maior exposição às big tech norte-americanas, com uma exposição superior a 33 e 30 milhões de euros respetivamente, segundo os números mais recentes das carteiras divulgados no site da CMVM.
Além da exposição a empresas ligadas à IA nos EUA, os fundos nacionais também sentiram o impacto da crise nas tecnológicas através da sua exposição à empresa de semicondutores ASML, onde têm investidos mais de 12 milhões de euros.
As “big tech” ligadas ao setor da IA sofreram fortes quedas em bolsa esta segunda-feira, arrastadas pelo sucesso do modelo apresentado pela DeepSeek, que superou o ChatGPT, colocando dúvidas sobre as avaliações das chamadas 7 magníficas, com a Nvidia a ser a mais castigada, após dois anos de subidas estratosféricas no mercado acionista.
Queda de ações castiga fortunas
O travão nas ações de IA castigou também as maiores fortunas do mundo, com os 500 mais ricos a verem o seu património encolher em mais de 108 mil milhões de dólares. Jensen Huang foi um dos milionários que liderou as perdas, com o cofundador da Nvidia a ver o valor da sua fortuna encolher 20,1 mil milhões de dólares, o que representa uma queda de 20%, arrastado pelo tombo das ações da Nvidia.
Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, reconheceu o valor da solução lançada por DeepSeek, qualificando-a como “impressionante”. Já o Presidente dos EUA disse que esta nova plataforma deve ser uma chamada de atenção para o setor.
O sell-off registado no arranque desta semana surge num período dourado para as tecnológicas, que vinham a acumular sucessivos máximos nos últimos dois anos. Na semana passada, o setor voltou a patrocinar novos recordes nas bolsas, depois de o Presidente Donald Trump ter anunciado um plano do setor privado, com um envelope para investir 500 mil milhões de dólares em infraestruturas de IA através de uma joint venture conhecida como Stargate.
Na semana passada, a Meta anunciou que vai investir mais de 65 mil milhões de dólares este ano no desenvolvimento de IA. Já Sam Altman, CEO da OpenAI, disse no ano passado que a indústria da IA vai necessitar de biliões de dólares em investimentos para apoiar o desenvolvimento de chips muito procurados, necessários para alimentar os centros de dados de eletricidade que gerem os modelos complexos do setor.
Contudo, o modelo lançado pela DeepSeek veio lançar dúvidas sobre a necessidade destes investimentos, tendo desenvolvido a sua solução de IA com menos de seis milhões de dólares, e precipitou um sell-off no setor.
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