“Não precisamos de ter pressa em ajustar as taxas de juro”, diz Jerome Powell

O presidente da Fed expressou cautela na condução da política monetária, afirmando que não há pressa para fazer novos ajustes nas Fed Funds e que os riscos para a economia estão equilibrados.

O Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva Federal dos EUA (Fed) decidiu esta quarta-feira manter as taxas de juro inalteradas no intervalo entre 4,25% e 4,50%, em linha com as expectativas do mercado. Na conferência de imprensa que se seguiu à decisão, o presidente da Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso, sinalizando que a autoridade monetária não tem pressa em ajustar a sua política.

Powell começou por sublinhar que a inflação tem vindo a aproximar-se do objetivo de 2%, embora permaneça “algo elevada”. “A inflação total do PCE subiu 2,6% nos 12 meses até dezembro, enquanto o PCE subjacente subiu 2,8%”, afirmou o presidente da Fed, que salientou ainda que “não precisamos de esperar para que a inflação desça até aos 2% para cortarmos as taxas”.

Quando questionado sobre as recentes declarações do Presidente Trump sobre a política monetária, Powell manteve-se neutro. “Não vou comentar o que o Presidente disse” e sublinhou também que ainda que não teve qualquer contacto com Donald Trump, que tem feito várias declarações a pressionar a Fed para baixar imediatamente as Fed Funds.

No entanto, relativamente às políticas de Trump de aumentar tarifas sobre a importação, Powell salientou que “não se sabe como as tarifas serão transmitidas aos consumidores” e que “o leque de possibilidades de aplicação dos direitos aduaneiros é muito, muito vasto.”

Relativamente ao mercado de trabalho, Powell destacou a sua estabilidade e equilíbrio. “O mercado de trabalho tem-se mantido amplamente estável. As condições do mercado de trabalho estão amplamente equilibradas”, disse, acrescentando que “a taxa de desemprego estabilizou e permanece baixa”.

Ao nível da atividade económica, o presidente da Fed referiu que “o PIB de 2024 parece ter crescido acima de 2%”, notando que “a atividade no setor da habitação parece ter estabilizado”, embora “o investimento em equipamentos pareça ter abrandado”, sinalizando ainda que “neste momento” antecipa “uma situação muito boa para a política económica, para a economia.”

Um dos pontos mais relevantes da conferência de imprensa foi a ênfase de Powell na necessidade de cautela na condução da política monetária. “Não precisamos de ter pressa em ajustar a taxa de política monetária”, afirmou, sublinhando que a “política está muito bem calibrada para equilibrar a realização dos objetivos”.

Jerome Powell mostrou-se confiante relativamente ao controlo da inflação, afirmando que “as expectativas de inflação a longo prazo parecem bem ancoradas”.

O presidente da Fed deixou claro que serão necessários progressos reais na inflação ou um enfraquecimento do mercado de trabalho para justificar novos cortes nas taxas. “Estamos a concentrar-nos em progressos reais na inflação e na fraqueza no mercado de trabalho antes de fazer novos cortes”, disse Powell.

Esta postura cautelosa reflete-se também na avaliação dos riscos para a economia. “Os riscos para alcançar os objetivos estão aproximadamente equilibrados”, afirmou Powell, acrescentando que está “atento aos riscos em ambos os lados do mandato”.

O presidente da Fed também abordou os potenciais riscos de uma política monetária demasiado agressiva ou demasiado tímida. “Reduzir a restrição política monetária demasiado rápido poderia dificultar o progresso” e fazê-lo “demasiado lentamente pode enfraquecer indevidamente o emprego”, explicou. Powell reiterou a flexibilidade da Fed na condução da política monetária, afirmando que não existe “um curso predefinido” e que ajustará “a linha política para promover os objetivos”.

Relativamente às expectativas de inflação, o presidente da Fed mostrou-se confiante, afirmando que “as expectativas de inflação a longo prazo parecem bem ancoradas”.

Powell também comentou sobre a revisão em curso do quadro de política monetária da Fed, afirmando que “as discussões sobre o quadro político começaram nesta reunião” e que “a revisão do quadro será concluída no final do verão”. No entanto, deixou claro que “o objetivo de inflação não será o foco da revisão”.

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