Lacerda Machado discorda “completamente” do relatório da IGF sobre a TAP

O advogado esteve envolvido na aquisição da brasileira VEM pela TAP, que originou perdas de mais de 900 milhões de euros. Lacerda Machado insiste que foi "o melhor negócio em 50 anos" da companhia.

A auditoria realizada pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) às contas da TAP, divulgada em agosto de 2024, deixou críticas à aquisição da Varig Manutenção & Engenharia pela companhia portuguesa, que até 2023 ascendiam a 906 milhões de euros. Diogo Lacerda Machado, que esteve envolvido no negócio como representante do financiador, a Geocapital, disse no Parlamento que discorda das conclusões daquela entidade e voltou a defender veementemente o negócio.

“Discordo completamente com o relatório da IGF”, afirmou esta terça-feira o advogado, que também foi administrador não executivo da TAP, em representação do Estado, na Comissão de Economia e Obras Públicas do Parlamento, onde está a ser ouvido a requerimento da Iniciativa Liberal.

O relatório da entidade do Ministério das Finanças concluiu que “a racionalidade económica da decisão da administração da TAP, SGPS, de participar no negócio da TAP Manutenção e Engenharia Brasil, SA (VEM) e, posteriormente, de não partilhar os riscos e encargos daquela participação com a Geocapital não foi demonstrada“.

A TAP celebrou em 2005 um contrato com a Geocapital para a aquisição de 90% da Varig Manutenção & Engenharia e de 95% da Varig Log, que estabelecia uma sociedade veículo, a Reaching Force, dando à TAP uma opção de compra da parte da Geocapital. Segundo a IGF, a opção de compra pela TAP era mais onerosa do que a opção de venda pela Geocapital.

Segundo a auditoria, a TAP acabou por exercer a opção de compra mediante o pagamento de um prémio de 20% à Geocapital. A companhia portuguesa ficou com as empresas brasileiras pagando cerca de 62 milhões.

A Geocapital retirou-se sem qualquer mais-valia ou prémio e nas condições acordadas com a TAP depois de malograda a aquisição da Varig”, afirmou Lacerda Machado. “A Geocapital jamais propôs a renegociação do que quer que fosse. A condução estratégica de tudo foi da gestão da TAP [na altura liderada por Fernando Pinto]. A Geocapital foi apenas o financiador”, afirmou. “A Geocapital não ganhou dinheiro nenhum com a operação”, reiterou.

Tal como já tinha feito na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP em maio, o advogado, que é amigo pessoal de António Costa, afirmou que a compra da Varig Manutenção e Engenharia foi “o melhor investimento da TAP dos últimos 50 anos”.

“Foi este investimento que fez da TAP uma multinacional e que faz com que tenha uma quota absolutamente anormal no tráfego entre o Brasil e a Europa e o que leva a grupos de aviação quererem ter uma participação na TAP”, defendeu Lacerda Machado.

TAP deve ser privatizada e rapidamente, defende

O antigo administrador da TAP defendeu ainda que a companhia deve ser privatizada rapidamente, com o Estado a manter uma posição estratégica de 50%, mas uma gestão “orientada para o mercado”.

“O que acho, com toda a franqueza, é que [a TAP] deve ser privatizada e rapidamente”, afirmou em declarações aos jornalistas no final da audição, segundo a Lusa. Para Lacerda Machado, “a gestão da TAP deve ser privada, orientada para o mercado”.

(Notícia atualizada às 16h50 com mais informação)

 

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