Lucro da Benfica SAD mais que duplica para 40 milhões de euros no primeiro semestre

Apesar do aumento do resultado líquido, a Benfica SAD continua a ser deficitária operacionalmente (sem as transações de atletas), ao mesmo tempo que dívida líquida continua a subir.

As contas do primeiro semestre da Benfica SAD revelam um balanço mais sólido do que há seis meses, mas com os mesmos problemas desde que fechou as contas anuais em junho.

Segundo um comunicado, enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAD benfiquista encerrou o primeiro semestre fiscal (entre julho de dezembro) com um crescimento homólogo de 124% do resultado líquido, que se traduziu em lucros de 40,3 milhões de euros, e com um aumento de 49,9% do capital próprio para 122,8 milhões de euros.

Além de ter sido o segundo ano consecutivo em que a Benfica SAD fechou o primeiro semestre com lucros, foram também os resultados mais elevados alcançados nos primeiros seis meses do ano desde a época 2019/2020, quando a operação fechou com lucros históricos de 104,2 milhões de euros no mesmo período por conta da venda dos direitos do atleta João Félix para o Atlético de Madrid.

No primeiro semestre da presente época desportiva, por cada 10 euros de rendimentos operacionais (sem contar com transações de atletas), a Benfica SAD contabilizou 13,5 custos operacionais. Há um ano, esse rácio era de 13 e há dois anos era de 11,2.

A sustentar o crescimento dos resultados nos primeiros seis meses do atual exercício estão mais de 104 milhões de euros registados com a transação de atletas, com particular enfoque nas alienações dos passes de João Neves, David Neres, Marcos Leonardo e Morato.

Além disso, os resultados da SAD liderada por Rui Costa foram também impactados positivamente com 39,7 milhões de euros de prémios da UEFA pela participação do Benfica na Liga dos Campeões – que mesmo assim registaram uma queda homóloga de 8,5% em função de uma nova estrutura da Liga dos Campeões, que fez com que estas contas não contabilizassem a receita gerada com dois jogos da fase a eliminar realizados em janeiro.

Apesar da mais que duplicação do resultado líquido e do crescimento de 52,4% dos rendimentos de direitos de atletas nos primeiros seis meses deste ano fiscal, as contas da SAD benfiquista continuam a mostrar uma operação deficitária quando não contabilizada as transações de atletas.

Os números apresentados esta quinta-feira ao mercado revelam que os rendimentos operacionais sem transações de atletas tiveram uma correção homóloga de 0,7% – que já inclui a renovação do contrato com a Emirates –, passando de 106,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 105,7 milhões de euros no final do ano passado, enquanto os gastos operacionais aumentaram 2,7% para 142,9 milhões de euros.

Isto significa que, no primeiro semestre da presente época desportiva, por cada 10 euros de rendimentos operacionais (sem contar com transações de atletas), a Benfica SAD contabilizou 13,5 custos operacionais. Há um ano, esse rácio era de 13 e há dois anos era de 11,2.

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A SAD do Benfica refere que para o aumento dos gastos operacionais do primeiro semestre contribui a inclusão do futebol feminino no perímetro da SAD (com um impacto orçamental de cerca de 2,4 milhões de euros), um aumento de 28,1% dos royalties da marca Benfica (6,8 milhões de euros), mas sobretudo um crescimento de 14,2% dos gastos com pessoal para 71,2 milhões de euros.

Nesta rubrica pontifica indemnizações superiores a 10 milhões de euros com as demissões da anterior equipa técnica e jogadores – sem as indemnizações, os gastos operacionais teriam registado uma correção homóloga de 5,2%.

A SAD benfiquista antecipa encerrar este ano fiscal com lucros, depois de no ano passado ter fechado o exercício com prejuízos de 49,4 milhões de euros.

Outro elemento relevante nas contas da Benfica SAD é o comportamento da dívida líquida. Após ter registado um aumentado de 43% no último exercício anual (e duplicado nos últimos três anos) para mais de 200 milhões de euros, as contas do primeiro semestre revelam uma dívida líquida ligeiramente acima dos 196 milhões de euros no final do ano passado.

Apesar de traduzir-se num aumento homólogo de 2,6% face aos números da dívida registados em dezembro de 2023, trata-se de uma correção de 2,8% face às últimas contas anuais (apresentadas em junho de 2024).

A gestão mais prudente da dívida, juntamente com o crescimento dos rendimentos operacionais nos primeiros seis meses do ano, espelha um sinal positivo na gestão financeira da SAD num histórico pouco animador. Isto porque, pela primeira vez desde a época 2020/2021, os rendimentos operacionais da Benfica SAD nos primeiros seis meses do exercício situaram-se acima da dívida líquida. Isto significa que, nos últimos quatro anos, esta foi a primeira vez que a operação da SAD foi capaz de gerar fluxos de caixa suficientes para cobrir as suas obrigações financeiras sem ter a necessidade de recorrer a novos empréstimos ou à venda de ativos.

Porém, não é displicente o facto de, mais uma vez, o passivo ter aumentado (6,8%) mais que o ativo (3,7%), com a Benfica SAD a terminar os primeiros seis meses com um passivo de 472,3 milhões de euros face a um ativo de 594,5 milhões de euros. Este diferencial sublinha a necessidade de uma gestão ainda mais cuidadosa do balanço financeiro da SAD nos próximos períodos.

Sabendo-se que os resultados do segundo semestre das sociedades anónimas desportivas costumam ser menos positivos que o primeiro, em função da natureza do seu negócio, o ECO sabe que a SAD benfiquista antecipa encerrar este ano fiscal com lucros, depois de no ano passado ter fechado o exercício com prejuízos de 49,4 milhões de euros.

A contribuir para essa expectativa estará a receita da UEFA pela participação na Liga dos Campeões – que até ao momento se traduz em receitas de 71,8 milhões de euros – e também a receita gerada pela participação da equipa de futebol no Mundial de Clubes, que só como prémio de participação deverá encaixar entre 15 milhões a 18 milhões de dólares.

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