Compra de totalidade do capital “dá independência” à Via Verde, diz António Pires de Lima
Brisa vai adquirir a participação de 25% da Ascendi na Via Verde. Operação tem de ser aprovada pela Autoridade da Concorrência e pelo Banco de Portugal. Pires de Lima não antecipa dificuldades.
A Brisa vai adquirir os 25% da Ascendi na Via Verde, passando a controlar a maioria do capital. O CEO do Grupo Brisa, António Pires de Lima, afirma que o negócio vai dar independência à empresa de cobrança eletrónica de portagens e serviços de mobilidade urbana para concorrer a concursos internacionais. Para a transação se concretizar falta a autorização dos reguladores, que o gestor espera ter ainda este ano.
“A aquisição dá independência grande para a Via Verde poder participar de forma independente nos concursos, sem haver um desalinhamento de interesses com a Ascendi, que tem operações noutros países, tal como o seu acionista”, afirma António Pires de Lima em declarações ao ECO sobre o negócio.
A Ascendi, que gere concessões de autoestradas e ativos rodoviários em Portugal, Espanha e França, é detida pela gestora de capital de risco francesa Ardian, que tem outros investimentos no setor. “A Via Verde e a Ascendi poderiam ter interesses não totalmente alinhados em projetos internacionais a que viessem a concorrer. Esta unidade do controlo acionista reforça a consistência da Via Verde”, sublinha o gestor.
A Via Verde não é uma empresa meramente instrumental para o Grupo Brisa; faz parte do nosso plano de desenvolvimento nacional e internacional. É um ativo estratégico.
O CEO do Grupo Brisa afirma que a aquisição resulta de dois fatores: “Em primeiro lugar, é a Brisa e a Ascendi entenderem que o valor da operação, que não será revelado publicamente, é ‘win-win’ para as duas entidades. Em segundo lugar, esta compra resulta de uma visão estratégica. A Via Verde não é uma empresa meramente instrumental para o Grupo Brisa; faz parte do nosso plano de desenvolvimento nacional e internacional. É um ativo estratégico”.
Apesar da ‘separação’ acionista, António Pires de Lima assegura que “nada muda nas operações comerciais em Portugal, onde a Ascendi tem sido um importante parceiro, nem nos projetos internacionais“.
A Ascendi tem 25% da joint venture criada pela Via Verde e a alemã Yunex para implementar o novo sistema de cobrança eletrónica de portagens para pesados nos Países Baixos, que funcionará via satélite. O consórcio ganhou em outubro o concurso lançado pela autoridade holandesa dos transportes (RDW).
O CEO da Brisa dá também a garantia aos clientes da Via Verde que “tudo continuará a funcionar como até aqui. Não tem nenhuma implicação comercial”, sublinha.
Para que o negócio se concretize é necessária a aprovação da Autoridade da Concorrência e do Banco de Portugal, este último por causa da Via Verde Pay. Ambos já foram notificados.
“Não antecipamos nenhum problema. Temos a expectativa que seja este ano, mas temos de respeitar os timings das entidades regulatórias”, diz António Pires de Lima.
“A nossa aposta estratégica é de crescimento e desenvolvimento internacional com a Via Verde, a Controlauto e a A-to-Be”, refere o CEO do Grupo Brisa, seja de forma orgânica, ganhando novos contratos, seja “uma operação de aquisição que esteja alinhada com a estratégia do Grupo Brisa”.
A BCR – Brisa Concessão Rodoviária fechou o ano passado com lucros de 325,9 milhões de euros, o que representa uma subida de 17,8% face a 2023, de acordo com a informação comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os resultados beneficiaram do “crescimento do PIB português [que] continuou a impactar positivamente o tráfego” rodoviário.
O Grupo Brisa é detido pela Rubicone BidCo, que por sua vez é propriedade da holandesa APG e do Grupo José de Mello (16,7%). Em janeiro, a empresa liderada por António Pires de Lima incorporou a Rubicone, por fusão, uma operação que triplicou os capitais próprios da concessionária e abre portas ao investimento em novas geografias e áreas de negócio.
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