BRANDS' ECO “A sustentabilidade não é apenas um compromisso, mas um eixo estruturante da nossa visão de futuro”
Ramiro Matos, Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém, destaca como a empresa está a integrar energias renováveis e digitalização para um futuro mais sustentável.
A sustentabilidade dos recursos hídricos é um dos desafios mais urgentes da atualidade, exigindo inovação, eficiência e um compromisso sólido com práticas ambientalmente responsáveis. No próximo dia 16 de abril, a Conferência ESG e o Futuro da Água reunirá especialistas para debater soluções colaborativas que alinhem as metas de sustentabilidade global com a realidade do setor hídrico. A Águas de Santarém, que apoia esta iniciativa, tem estado na linha da frente da inovação, promovendo soluções que garantem a eficiência hídrica e energética. Ramiro Matos, Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém, partilha a sua visão sobre os principais desafios e avanços na gestão sustentável da água.
No próximo dia 16 de abril realiza-se a Conferência ESG e o Futuro da Água com o apoio da Águas de Santarém. Quer partilhar connosco a sua expectativa acerca desta conferência e que questões interessa sobretudo abordar?
A Conferência ESG e o Futuro da Água será uma oportunidade fundamental para debater um dos temas mais críticos da atualidade: a gestão sustentável dos recursos hídricos. Acredito que esta iniciativa, organizada pelo ECO e a Águas de Santarém, permitirá não só refletir sobre os desafios do setor, mas também promover soluções inovadoras para garantir a resiliência hídrica no contexto das alterações climáticas.
Pessoalmente, considero essencial abordar questões como a eficiência no uso da água, a digitalização dos serviços hídricos, a relação entre transição energética e gestão da água, e o avanço da economia circular. Além disso, espero que o evento seja um espaço de partilha de boas práticas e estratégias para uma gestão mais sustentável e inovadora deste recurso vital, quando este tema está na ordem do dia com a apresentação do Programa “Água que Une” e assim deve continuar, não só pela extrema importância que reveste, mas também porque não se espera que possa sair da prioridade da ação dos estados no futuro.
Quais considera serem os principais desafios que as empresas de gestão de recursos hídricos enfrentam atualmente em Portugal no que toca à inovação e eficiência?
As empresas de gestão de recursos hídricos em Portugal enfrentam desafios estruturais e operacionais, entre os quais destaco: A eficiência hídrica e energética – Reduzir perdas de água na rede e otimizar o consumo de energia, promovendo um sistema mais sustentável; A resiliência às alterações climáticas – Adaptar-se a períodos de seca prolongada e eventos climáticos extremos, garantindo um abastecimento fiável; A digitalização e monitorização em tempo real – Implementar smart metering para deteção de fugas e otimização da distribuição; A economia circular e reutilização da água – Integrar soluções que permitam a reutilização de águas residuais tratadas para fins agrícolas ou industriais e promover ações de sensibilização para que os utilizadores possam implementar, também soluções de reaproveitamento doméstico; e a sustentabilidade financeira – equilibrar investimentos em inovação e infraestruturas sem comprometer a acessibilidade da água para os consumidores.

A relação entre a gestão sustentável da água e a transição energética é um dos temas do evento. Como é que a Águas de Santarém está a integrar energias renováveis ou soluções mais eficientes para reduzir o consumo energético na gestão da água?
A Águas de Santarém tem vindo a apostar fortemente na redução da sua pegada energética, alinhando a gestão da água com a transição energética. Entre as iniciativas implementadas, destaco: Uma frota automóvel que conta já com 58% de viaturas elétricas; o autoconsumo com energias renováveis, com a instalação de painéis fotovoltaicos nas infraestruturas de captação e tratamento, reduzindo a dependência da rede elétrica e estando em estudo a implementação de uma Comunidade de Energia Renovável (CER) em conjunto com o Município; a monitorização e eficiência energética, com a conclusão de um grande investimento na instalação de Zonas de Monitorização e Controlo (ZMC) e um sistema global de Telegestão, em vista à otimização do funcionamento das estações elevatórias, depósitos e estações de tratamento; um estudo em curso para aproveitamento dos recursos dos equipamentos e infraestruturas e renovação dos mesmos, para redução de consumos energéticos e autoprodução.
O evento abordará o avanço da economia circular em Portugal. Que iniciativas a Águas de Santarém tem desenvolvido para reutilização de água, redução de desperdício ou outras práticas circulares no setor?
A economia circular é um eixo central da estratégia da Águas de Santarém, com projetos focados na reutilização e na minimização do desperdício de água. Algumas das principais iniciativas incluem, no campo da reutilização de águas residuais tratadas o desenvolvimento de parcerias com indústria e agricultura para utilização de águas tratadas pelas ETAR e o desenvolvimento de estudo para rega de jardins públicos municipais com a mesma água. No campo da redução de perdas na rede, nos últimos 5 anos temos realizado um grande investimento na modernização das infraestruturas e em sistemas de deteção precoce de fugas, desde ações de fiscalização constantes com equipamentos próprios e em prestação de serviços, a utilização de tecnologia avançada com deteção de fugas com recurso a satélites e a implementação de ZMC’s, Telegestão e Data Loggers na rede cuja informação está integrada e agregada na aplicação Baseform que permite uma monitorização da rede em tempo real e a emissão de relatórios diários para uma intervenção rápida, mediante a informação de pressão e caudais do dia anterior. Este software está também a agregar todas as ocorrências de roturas, com georreferenciação e, com recurso a inteligência artificial, a produzir relatórios que permitem priorizar os investimentos estruturais de acordo com a sua maior urgência e custo. Ao nível das perdas temos hoje um número de cerca de 18% de perdas reais que contrasta com as perdas medidas em 2019, de cerca de 35%.
Paralelamente temos investido em campanhas de sensibilização para a necessidade de combate ao desperdício de água e eliminação de plásticos, tendo como principais destinatários crianças e jovens, com o apoio das escolas e Município. Acreditamos que as gerações mais novas são os nossos principais embaixadores nesta luta contra o desperdício.
O novo site da Águas de Santarém introduz funcionalidades inovadoras, como a celebração de contratos através de reconhecimento facial. De que forma esta aposta na digitalização contribui para a redução da pegada ecológica?
A digitalização dos serviços da Águas de Santarém não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas também um passo fundamental para a sustentabilidade ambiental. Com a introdução de funcionalidades como a celebração de contratos via reconhecimento facial, conseguimos eliminar o consumo desnecessário de papel, reduzindo a pegada ecológica dos processos administrativos. Esta medida, para além de aumentar o conforto dos nossos clientes, pretende reduzir deslocações presenciais, evitando emissões de CO₂ associadas a transportes. Tem ainda como virtude a de acelerar processos e aumentar a eficiência, otimizando o tempo e os recursos da empresa e dos clientes. Também reforçamos a segurança e acessibilidade, garantindo que os serviços digitais são rápidos, intuitivos e confiáveis, tendo existido nos últimos anos um reforço considerável do investimento na área da cibersegurança. Esta aposta na digitalização alinha-se com as melhores práticas ESG, reforçando o compromisso da Águas de Santarém com a inovação e a sustentabilidade.
Quais são os próximos passos da Águas de Santarém para consolidar o seu compromisso com a sustentabilidade nos próximos anos?
A Águas de Santarém está comprometida em continuar a investir em inovação e sustentabilidade, com um plano estratégico assente em três pilares principais: A Gestão eficiente e sustentável da água, com uma maior redução das perdas, expansão dos projetos de reutilização de águas residuais para usos urbanos e industriais e o reforço da redundância e resiliência hídrica face às alterações climáticas. O segundo pilar é do da transição energética e digitalização, que pretendemos atingir com a expansão dos sistemas de energia renovável para tornar as operações mais autónomas e sustentáveis. Também queremos continuar a reforçar a utilização da inteligência artificial na gestão da rede, otimizando o consumo energético e a distribuição da água.
O terceiro pilar é o da promoção da economia circular, com aumento da valorização das lamas das ETARs e de outros resíduos da operação, o desenvolvimento de novas parcerias industriais para maximizar o reaproveitamento da água e outros subprodutos e a continuidade de implementação de projetos educativos e de sensibilização ambiental, promovendo o consumo responsável de água. A sustentabilidade não é apenas um compromisso para a Águas de Santarém, mas sim um eixo estruturante da nossa visão de futuro. Continuaremos a investir em soluções que garantam uma gestão eficiente, inovadora e ambientalmente responsável dos recursos hídricos.
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