Meo oferece aos clientes aplicação de IA apoiada por Bezos
À semelhança do que fez em Espanha com a Telefónica, a Perplexity assinou com a Altice Portugal um acordo exclusivo a nível nacional que permite a empresas e famílias usarem o sistema.
A norte-americana Perplexity, uma das empresas de inteligência artificial (IA) mais importantes do mundo, selecionou a Meo para uma parceria estratégica em Portugal que permite aos clientes da operadora de telecomunicações utilizarem o sistema rival do ChatGPT. A tecnológica investida pelo bilionário Jeff Bezos tem estado a escolher um parceiro por país para mostrar o avanço dos seus algoritmos e em Portugal assinou com a Altice.
Para a Altice Portugal, é uma forma de passar de telco… a TechCo. Disponibilizar gratuitamente o acesso ao sistema Perplexity Pro — a plataforma mais avançada de IA da marca — durante um ano “é um passo estratégico de relevo”, que reforça a aposta na inovação digital e tenta enriquecer a proposta de valor dos seus serviços pós-pagos, avançou ao ECO a Meo, que se junta a um grupo restrito de operadoras internacionais, como a Telefónica em Espanha ou a Sunrise na Suíça.
O diretor de produtos e serviços da Meo diz que “este acordo vai muito além de uma simples parceria comercial”. “A colaboração com a Perplexity AI reforça a nossa missão de promover a inovação digital de uma forma verdadeiramente relevante para os nossos clientes, particulares ou empresariais, criando soluções que tornam as suas vidas mais conectadas, produtivas e acessíveis. A lA está a ter um impacto crescente e multifacetado no mundo. Não é apenas uma ferramenta tecnológica”, defende Tiago Silva Lopes.
No país vizinho, o acordo envolveu a primeira experiência mundial da Perplexity na televisão, através de uma aplicação dentro do catálogo da Movistar Plus+ para os clientes terem direito a um descodificador Ultra HD. Questionado sobre se está previsto o mesmo em Portugal, o diretor de produtos e serviços da Meo disse apenas que “acompanham com grande interesse” inovações como esta. “A tecnologia que permite manter a privacidade de dados (nomeadamente a capacidade de processamento local, na STB, de modelos de IA) está agora a dar os primeiros passos e irá seguramente transformar a forma como interagimos com a nossa televisão”, acrescentou Tiago Silva Lopes.
E Meo vai utilizar o Perplexity internamente? “Estamos agora a identificar as áreas onde podemos trabalhar em conjunto”, responde Tiago Silva Lopes.
As empresas e particulares (pós-pagos) podem aderir até dia 31 de dezembro de 2025 e utilizar a plataforma digital ao longo do próximo ano, desde que os assinantes entrem na área pessoal (myMEO) que disponível na aplicação ou website e sigam as instruções para obter e ativar os respetivos códigos.
A partir daí, podem utilizar o plano premium da Perplexity, que é comparado ao ChatGPT Plus e faz análises de dados, responde às perguntas de forma rápida e organiza a informação com tópicos e fontes. No setor da tecnologia, é caracterizado como “menos conversador” do que o ChatGPT, porque se dedica mais a sintetizar e organizar os dados em vez de “falar” com o utilizador.
O executivo da Meo enumerou ainda os mais recentes desenvolvimentos da empresa na área da IA, entre os quais os chatbots nas lojas físicas para fazer diagnósticos e intervenções remotas nos equipamentos (box estragada, por exemplo), explicadores de faturas para melhorar a transparência e a compreensão por parte dos clientes, assistente virtual para profissionais de saúde do SNS e modernização dos softwares de gestão de pagamentos e encomendas (order entry) e de relação com os clientes (CRM – Customer Relationship Management).
Perplexity quer ficar com TikTok
Apesar dos vários nomes de interessados em comprar o TikTok à chinesa ByteDance, a Perplexity AI foi das poucas a apresentar uma oferta formal pela rede social dos vídeos curtos que está à venda nos Estados Unidos.
A Perplexity pretende fundir-se com o TikTok e implementar várias mudanças, nomeadamente: reconstruir o algoritmo a partir de informação vinda de data centers dos EUA controlados por norte-americanos, tornar o sistema de recomendação “transparente” e de código aberto (open source) e construir a infraestrutura de IA com chips Nvidia Dynamo.
Ou seja, americanizar a app. “A Perplexity está singularmente posicionada para reconstruir o algoritmo do TikTok sem criar um monopólio, combinando capacidades técnicas de classe mundial com a independência de Little Tech [das pequenas tecnológicas]”, justificou a empresa com sede em São Francisco.
Depois de a xAI de Elon Musk ter adquirido a X (antigo Twitter), os analistas preveem que a transação leve a outras do mesmo género, entre tecnológicas de IA e redes sociais. “Pode ser um sinal de que os rivais, incluindo a OpenAI, a Athropic, a Perplexity e a Mistral vão procurar negócios que aumentem o seu alcance junto dos consumidores e capacidade de distribuição”, referiu Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.
Em outubro do ano passado, a Perplexity foi processada em tribunal pela Dow Jones, editora do Wall Street Journal, e pelo jornal New York Post, ambos de Rupert Murdoch, por alegada violação de direitos de autor, nomeadamente uma “quantidade massiva de cópias ilegais” do trabalho destes meios de comunicação social.
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