Portuguesa EAD quer entrar na bolsa de Madrid após comprar mais empresas em Espanha

Paulo Veiga, CEO da gestora de arquivos e documentos, diz ao ECO que o objetivo é ganhar escala para dispersar o capital em bolsa.

A empresa portuguesa de arquivos e gestão de documentos EAD decidiu avançar com uma fusão com a sociedade Papiro, que tinha comprado há cinco anos, para que o grupo possa ganhar escala de forma a continuar a fazer aquisições em Espanha. O objetivo no médio prazo é atingir um volume de negócios de 50 milhões de euros e entrar na bolsa de Madrid.

“Continuamos às compras em Espanha, mas já não estamos a olhar para pequenos operadores regionais, porque chegou a altura de preparar a nova era da empresa, que é olhar para a Península Ibérica como um mercado único. Temos perspetivas mais ambiciosas, como a dispersão de capital quando faturarmos, pelo menos, 50 milhões”, avançou ao ECO o CEO da EAD.

Paulo Veiga descarta o índice PSI e almeja uma investida na bolsa de Madrid, onde “o mercado de capitais não está alicerçado em empréstimos obrigacionistas”, mas só em 2028. Até lá, a empresa que lidera e na qual detém uma participação de 30% vai focar-se no crescimento inorgânico num mercado de nicho como é o de quem gere e guarda documentos das empresas.

A EAD está a ser assessorada nas questões de project finance por um fundo de investimento português com ativos em Espanha, embora o nome não tenha sido revelado por questões de confidencialidade contratual. O plano é fazer novos investimentos no país vizinho. “Se estamos no Top 5 da gestão documental… Temos de olhar para os quartos, terceiros…”, diz Paulo Veiga ao ECO.

Os maiores players da gestão documental em Espanha são a multinacional norte-americana Iron Mountain, que em 2024 viu as receitas do negócio de centros de dados aumentarem 25% para os 620 milhões de dólares (545 milhões de euros). Seguem-se empresas de menor dimensão, o principal alvo da EAD, como a Adea, os galegos da Servicio Mobil, a Docout – comprada em 2024 pelo fundo português Vallis Capital Partners – e a AGS Records Management.

A primeira etapa – estratégica e administrativa – foi a integração da totalidade da Papiro na estrutura do grupo EAD através de um processo de fusão para simplificar a organização e lutar pela liderança do ranking da gestão documental. “Visa consolidar todos os ativos, clientes e operações do grupo sob uma única entidade, aumentando a eficiência e robustez da organização. O negócio não envolve qualquer despedimento ou alteração nos serviços prestados aos clientes”, esclarece a EAD.

A Papiro passa a ser uma marca, mantendo-se na área da gestão de salas de correspondência (mailrooms) físicos e digitais, documentos e desmaterialização de processos em empresas e organismos do Estado, bem como destruição de papel e outros ficheiros, entregas expresso e end-to-end finishing (ciclo completo do produto).

A responsabilidade pela marca Papiro fica a a cargo de Daniel Alves, que havia sido nomeado diretor da unidade de negócio e pretende “continuar a valorizar” a (agora) insígnia, “dar-lhe escala, recursos e capacidade de desenvolvimento dentro de um grupo sólido”, salientou, num comunicado de imprensa publicado esta aquando da fusão, que serve para dar resposta à pressão que a indústria tem enfrentado das clouds e data centers (nuvens e servidores).

Custódia de informação vale sete mil milhões

A EAD projeta uma faturação de 18 milhões de euros para este ano. Em 2024, teve um volume de negócios de 14 milhões de euros, quase o dobro dos 7,8 milhões de euros registados em 2023 com a prestação de serviço de custódia e gestão de arquivos, sala de cofres com maior segurança, consultoria em ciências documentais, reciclagem de documentação e digitalização (passar documentos físicos para versão online) e desenvolvimento e venda de softwares de gestão documental.

No mês passado, a EAD – Empresa de Arquivo de Documentação anunciou um investimento de 1,5 milhões de euros na aquisição de dois novos armazéns no Porto e contratação de 44 colaboradores. O crescimento na região norte é um sinal de proximidade à Galiza, que é uma zona estratégica para a expansão do grupo em Espanha, onde opera através das empresas Deletedoc (Barcelona, Madrid, Valencia e Bilbau) e DID Confidencial (Pontevedra), compradas em 2023 e 2024, respetivamente.

A média tem sido uma aquisição anual, tendo em conta que em 2021 foi a Fernandes & Canhoto e no ano que ficou marcado pelo início da pandemia foi a Papiro. Questionado sobre se teve ofertas no sentido contrário, inclusive uma proposta de compra da Iron Mountain, o CEO da EAD foi pragmático: “Várias vezes. Não estou vendedor”.

Globalmente, o mercado da gestão de documentos vale cerca de 7,16 mil milhões de dólares (2024) segundo a Fortune Business Insights.

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