BRANDS' CAPITAL VERDE Renovação de parques eólicos é vital para nova era da transição energética
Eólica representa 28% da produção elétrica em Portugal desde o início do ano e está no centro do PNEC 2030. Capacidade produtiva ainda pode aumentar, mas não sem reforma dos parques energéticos.
Portugal está a entrar numa nova fase de transição energética, com metas ambiciosas definidas no Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), que identifica a energia eólica como uma das principais peças para o cumprimento dos objetivos. E considerando que 2030 está cada vez mais perto e que acabamos de sair de legislativas, não há tempo a perder!
A eólica é uma das formas mais competitivas de produzir eletricidade. O vento é um recurso inesgotável e gratuito, a produção de eletricidade é feita localmente e, no capítulo da sustentabilidade, Portugal dispõe de fábricas dedicadas à produção de aerogeradores. E sim, Portugal é um pais com bom recurso eólico, onde os ventos sopram com regularidade e, ao longo de um ciclo anual, é relativamente previsível a produção expectável para cada turbina eólica.
Este conjunto de fatores torna a eólica essencial no panorama da transição energética e confere-lhe um lugar de destaque entre as renováveis, razão pela qual o incremento da capacidade instalada é um dos focos da estratégia nacional. No entanto, e a menos de cinco anos da meta de 2030, o que falta fazer para desbloquear todo o potencial da energia eólica? É preciso agir em três frentes: renovar, hibridizar e modernizar.
Eólica ainda pode crescer?
A energia eólica tem vindo a consolidar-se nos últimos anos e é uma das mais representativas na produção de renováveis. Só o ano passado, de acordo com a REN, representou cerca de 34% da eletricidade consumida no país, com uma capacidade instalada de 6,21 Gigawatts (GW), distribuídos por cerca de 260 parques eólicos, segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Contudo, e apesar da relevância que já alcançou, ainda há espaço para crescer. O PNEC 2030 prevê aumentar a produção de energia eólica onshore e offshore de 6,3 para 10,4 GW e de 0,03 para 2 GW, respetivamente. Estes números, no entanto, dependem mais de uma estratégia de renovação do que propriamente de mais instalações.
À medida que as oportunidades de exploração eólica em terra se vão tornando mais limitadas, a aposta deve direcionar-se para as novas tecnologias e modernização dos aerogeradores mais antigos, que em alguns casos estão a atingir os 30 anos de vida. Estas permitem aumentar a produção e hibridizar os parques para que agreguem, por exemplo, energia eólica e solar no mesmo espaço. As soluções híbridas permitem maximizar a produção e otimizar o uso de infraestruturas comuns, como subestações e ligações à rede.
Parques eólicos do futuro são mais eficientes
A renovação dos parques eólicos é essencial para aumentar o seu contributo para a transição energética, principalmente através do reforço da eficiência e da modernização da infraestrutura.
Considerando que a vida útil de um empreendimento deste tipo varia entre os 20 e 25 anos e que 52% das turbinas em Portugal foram instaladas entre 2004 e 2010, muitos destes equipamentos estão em fim de vida.
Se mais de metade das turbinas têm 15 ou mais anos, naturalmente já não correspondem ao seu potencial produtivo ideal. É neste contexto que a renovação dos parques eólicos surge como uma oportunidade crítica para aumentar a eficiência já que as novas turbinas são maiores e mais potentes, sendo necessários menos equipamentos para produzir mais eletricidade o que, por sua vez, vai reduzir custos, modernizar a produção e tirar maior partido de locais já licenciados.
De acordo com a WindEurope, associação para a energia eólica que representa a indústria no panorama europeu, a renovação permite reduzir o número de turbinas num parque eólico em 25%, quase triplicando a produção de eletricidade e quadruplicando a produção por turbina.
Portanto, os equipamentos mais modernos são mais eficientes – as pás são mais longas e a aerodinâmica melhor –, permitem gerar eletricidade de forma mais estável, mesmo com menos vento, e incluem sistemas que ajudam ativamente a rede, mesmo nas condições que noutros casos poderiam causar instabilidade na rede ou apagões.
O que esperar na próxima década?
A nova geração de parques eólicos ficará marcada por maior capacidade produtiva, pela integração com outras fontes renováveis, mas também pela digitalização.
Entre as principais tendências destaca-se o desenvolvimento de turbinas de maior dimensão e potência, com modelos onshore já acima dos 8 Megawatts (MW). A maior parte dos aerogeradores instalados há 15 anos tinha potências entre os 2 e 3 MW.
A digitalização e a utilização de inteligência artificial (IA) também podem vir a revolucionar a operação dos parques, especialmente através da manutenção preditiva que possibilita a identificação de falhas antes que estas aconteçam e num melhor casamento entre a procura e a oferta.
Além disso, a digitalização permite otimizar o desempenho dos equipamentos e reduzir custos operacionais, de acordo com o relatório Wind Digitalization Outlook da Det Norske Veritas (DNV), organização internacional independente especializada em certificação.
A Agência Internacional de Energia (IEA) identifica ainda o armazenamento de energia, sobretudo com baterias de nova geração, como outro eixo estratégico. À medida que acrescentamos mais produção renovável variável, a capacidade de armazenar eletricidade é fundamental para os momentos de procura que não conseguimos evitar. Os momentos de procura que podem ser ajustados à oferta devem ser potenciados por IA.
Neste novo paradigma, a integração de mais fontes renováveis, se possível no mesmo espaço físico com a combinação entre solar e eólica — assume um papel estratégico. É neste contexto que empresas como a Voltalia se destacam, adotando uma visão integrada do setor. Com investimentos significativos em projetos híbridos, armazenamento de energia e digitalização, a Voltalia contribui ativamente para maximizar a eficiência dos recursos disponíveis, reforçando o seu papel como parceiro essencial para o cumprimento das metas do PNEC 2030.
A transição energética em Portugal exige mais do que metas: exige ação, inovação e compromisso. E é através de projetos como os que a Voltalia lidera que se constrói, hoje, a rede energética do futuro.
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