Exclusivo Virgílio Lima sem oposição na corrida à liderança do Montepio
Ao contrário do que sucedeu nas anteriores eleições, haverá apenas uma lista na corrida à liderança da maior mutualista do país. Virgílio Lima com via aberta para renovar mandato.
A maior associação mutualista do país vai a votos no final do ano para eleger os novos órgãos associativos. E o atual presidente, Virgílio Lima, já sabe que tem a vida facilitada para conseguir uma renovação do seu mandato à frente da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Ao contrário das últimas eleições, desta vez haverá apenas uma lista candidata – a lista incumbente– ao conselho de administração e conselho fiscal.
Com mais de 600 mil associados, o Montepio saiu dos holofotes nos últimos anos, mas continua a apresentar muitos desafios. Apesar dos lucros, mantém-se sob pressão sobretudo ao nível do seu balanço inflacionado pelos ativos por impostos diferidos e pelo banco (como o auditor tem repetido na certificação das contas), e também da necessidade de convergir para as regras do setor dos seguros exigidas pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) até 2030 – as quais obrigam a reduzir a sua exposição ao banco.
O próximo mandato, que irá até 2029, será assim decisivo para o futuro da mutualista, mas a oposição interna a Virgílio Lima – que transitou da administração de Tomás Correia – vai ficar de fora da corrida, ao contrário do que sucedeu em anteriores eleições.
ASF acelera prazos das eleições
Embora as eleições só venham a ter lugar previsivelmente na primeira quinzena de dezembro, o processo eleitoral já arrancou há vários meses por forma a dar tempo para se prepararem as listas e candidaturas.
O novo código mutualista, aprovado em 2018, trouxe uma exigência acrescida neste capítulo: para poder apresentar candidatura, os associados passaram a estar sujeitos a registo prévio da ASF que, não sendo ainda a autoridade de supervisão da AMMG, tem de autorizar o exercício de funções. Assim, para cumprir este requisito, os interessados tinham de solicitar os documentos à mutualista – incluindo a certidão de associado e um relatório de avaliação individual — até ao passado dia 30 de abril para darem início ao processo de avaliação junto do regulador.
O ECO sabe – e fonte oficial da AMMG confirmou – que apenas os associados que vão integrar a lista de Virgílio Lima para o conselho de administração e conselho fiscal fizeram este pedido.
Mudanças à vista na próxima administração?
Virgílio Lima, que assumiu a liderança do grupo em 2019, após o afastamento de Tomás Correia, tendo sido reeleito no final de 2021, tem assim caminho aberto para mais um mandato.
Internamente, especula-se que poderá haver alterações na sua equipa, informação que a AMMG não confirma, nem desmente. “Este é um período sigiloso, por natureza e por razões óbvias, pelo que não seria ético prestar qualquer informação sobre nomes”, indica fonte oficial da instituição, prometendo revelar os nomes “oportunamente”.
Oposição só no conselho de representantes
Do lado dos que há quatro anos se candidataram contra Virgílio Lima, Eugénio Rosa lamenta a falta de unidade para se juntarem várias tendências numa lista única concorrente, enquanto Pedro Corte-Real afirmou, com desalento, que o “esforço e dedicação pessoal e financeiro são muito grandes para uma luta que os associados não estão disponíveis para participar”.
“Vale a pena concorrer quando se consegue uma grande unidade. Agora também não foi possível construir uma unidade com as outras tendências”, refere Eugénio Rosa ao ECO. “Nas últimas houve uma divisão. As listas concorrentes tiveram mais votos que a lista de Virgílio Lima, que só ganhou porque houve um fracionamento nas outras listas”, lembra.
Corte-Real diz que ainda acompanha a vida do Montepio, mas apenas na qualidade de associado-espectador. E continua a apontar-lhe os mesmos problemas que apontava quando se encabeçou a lista B em 2021: “Infelizmente é uma associação que decidiu ficar no século XX”.
O ECO tentou falar com Pedro Gouveia Alves, o outro cabeça-de-lista, mas não conseguiu contactá-lo.
Sem listas concorrentes ao conselho de administração e conselho fiscal, à oposição restará lutar por assentos no conselho de 30 representantes, lugares aos quais ainda poderão concorrer sem ter de obter autorização do regulador.
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