Bulgária recebe luz verde do BCE para aderir à Zona Euro em janeiro de 2026

Bulgária vai adotar o euro a 1 de janeiro de 2026, tornando-se o 21.º país da Zona Euro, após cumprir todos os critérios exigidos pela Comissão Europeia e BCE, apesar de alguma resistência interna.

A Bulgária cumpriu todos os critérios necessários para adotar o euro a partir de 1 de janeiro de 2026, confirmaram esta quarta-feira o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia. Esta decisão abre o caminho para que a Bulgária se torne o 21.º Estado-membro da Zona Euro dentro de seis meses.

A decisão histórica marca o fim de uma jornada de quase duas décadas desde que o país aderiu à União Europeia, em 2007, e compromete-se a abandonar o lev búlgaro pela moeda única. “A Bulgária tem feito bons progressos no sentido da convergência económica com a área do euro desde 2024, de acordo com o Relatório de Convergência do Banco Central Europeu (BCE)”, refere o Banco Central Europeu em comunicado.

O país dos Balcãs conseguiu cumprir os quatro critérios de convergência estabelecidos pelos Tratados Europeus, mas por uma margem apertada no critério mais problemático: a estabilidade de preços.

“Esta avaliação positiva da convergência abre caminho à introdução do euro na Bulgária em 1 de janeiro de 2026 e permite ao país tornar-se o 21.º Estado-Membro da União Europeia a aderir à área do euro”, afirmou Philip R. Lane, membro da Comissão Executiva do BCE, sublinhando ainda que o “enorme empenho [da Bulgária] em proceder aos ajustamentos necessários.”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também saudou a conquista da Bulgária com entusiasmo, notando que “o euro é um símbolo tangível da força e unidade europeias”, e que “graças ao euro, a economia da Bulgária tornar-se-á mais forte, com mais comércio com parceiros da Zona Euro, investimento direto estrangeiro, acesso ao financiamento, empregos de qualidade e rendimentos reais.”

Critérios cumpridos por escassa margem

O país dos Balcãs conseguiu cumprir os quatro critérios de convergência estabelecidos pelos Tratados Europeus, mas por uma margem apertada no critério mais problemático: a estabilidade de preços. Em abril, a taxa de inflação média dos últimos 12 meses situou-se em 2,7%, ficando imediatamente abaixo do valor de referência de 2,8%, refere o BCE em comunicado.

No critério orçamental, a Bulgária registou um défice de 3% do PIB em 2024, exatamente no limite permitido, enquanto a dívida pública se manteve confortavelmente baixa, nos 24,1% do PIB. O país também cumpriu os critérios das taxas de câmbio e de juro de longo prazo, beneficiando da participação no Mecanismo de Taxas de Câmbio II (MTC II) desde julho de 2020.

Valdis Dombrovskis, comissário europeu da Economia e Produtividade, que tem acompanhado de perto o processo búlgaro, refere que “o anúncio de hoje é o culminar de uma viagem de cinco anos, desde que entrou no MTC II em 2020”, sublinhando ainda que “o êxito da integração da Bulgária na área do euro exigirá a prossecução de políticas sólidas para reforçar a competitividade e a resiliência da economia búlgara.”

Apesar da aprovação europeia, a decisão enfrenta forte resistência interna. O partido ultranacionalista Ressurreição (Vazrazhdane), terceira força política do país, tem liderado protestos contra a adoção do euro, considerando-a uma ameaça à soberania nacional.

Em maio, milhares de búlgaros manifestaram-se em Sófia e mais de uma centena de cidades sob o lema “Insistimos no nosso lev, insistimos no nosso referendo”. O presidente búlgaro, Rumen Radev, chegou mesmo a propor um referendo sobre a questão, embora o parlamento tenha rejeitado a iniciativa. E a oposição política tem sido alimentada por campanhas de desinformação com ligações à Rússia, segundo análises de especialistas, que aproveitam os receios sobre potenciais aumentos de preços após a transição.

Com a confirmação do BCE e da Comissão Europeia da adesão da Bulgária à área do euro, a decisão final cabe agora ao Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia, que deverá formalizar a aprovação no início de julho. Uma vez concluído o processo político, os responsáveis do banco central búlgaro serão convidados a participar como observadores nos grupos do BCE, incluindo o Conselho de Governadores, que define as taxas de juro.

A Bulgária torna-se assim o primeiro país a aderir à Zona Euro desde a Croácia, que se juntou ao clube da moeda única em janeiro de 2023. Com esta adesão, a Zona Euro passará a representar quase 350 milhões de europeus distribuídos por 21 países.

Para a economia búlgara, que representa menos de 1% do PIB da Zona Euro, a mudança significa o fim da incerteza cambial e o acesso pleno aos mecanismos de financiamento europeus, embora a sua influência nas decisões do BCE seja limitada pelo seu peso económico reduzido.

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