Dona do óleo Fula vende 22% nos EUA. Fábricas no país ajudam a “fugir” às tarifas

EUA já são o principal mercado para a empresa que comercializa marcas como o azeite Oliveira da Serra ou o óleo Fula, com um volume de faturação de 440 milhões de euros.

Com duas fábricas nos Estados Unidos, a Sovena, dona de marcas como o azeite Oliveira da Serra e o óleo Fula, tem já no país o seu principal mercado, representando 22%, ou 400 milhões de euros, da faturação da empresa. A presença local permite à empresa portuguesa, que fatura cerca de 2.000 milhões de euros por ano, ter tarifas “mais baixas”.

“Os EUA são uma geografia muito interessante e muito importante [para a Sovena]. Neste momento já é a nossa primeira geografia. Vendemos 400 milhões nos EUA, 22% das nossas vendas são nos EUA“, explicou Eduardo Alves da Silva, CFO e CIO do Grupo Sovena, na conferência Risco País, organizada pela Coface, que decorreu no Porto, no passado dia 3 de junho. Apesar do peso significativo do mercado norte-americano na faturação do grupo, o responsável apontou que, no caso concreto da Sovena, as taxas aduaneiras não têm grande impacto.

E explicou porquê: “Temos duas fábricas nos EUA. O que fazemos nos EUA é receber produtos a granel, engarrafamos e distribuímos”, sublinhou. “Tirando o azeite, que vem da Europa e está exposto ao tema tarifas, o resto é feito de compra de óleos feitos dentro dos EUA ou no Canadá, beneficiando dos temas especiais de tarifas, que paga 10%. E produção de abacate, de uma fábrica que temos na Colômbia, que está abrangida no esquema USMCA [Acordo EUA-México-Canadá]”, detalhou Eduardo Alves da Silva. “Não estamos muito expostos a esse tema da tarifa.

Não estamos muito expostos a esse tema das tarifas (…) Por termos fábricas de processamento em Nova Iorque e Califórnia, isso faz com que as tarifas sejam de facto mais baixas.

Eduardo Alves da Silva

CFO do Grupo Sovena

De acordo com o CFO da companhia, “os EUA relativamente aos produtos com valor incorporado, ou seja, por termos fábrica em Nova Iorque e Califórnia, em termos de fábricas de processamento, faz como que as tarifas sejam de facto mais baixas“.

Ainda que a exposição às tarifas seja menor, não é nula. “O produto engarrafado, esse sim, provavelmente será alvo de uma tarifa total”. Já “os produtos nos EUA, vindos de granéis, a tarifa é um bocado mitigada”, refere.

Com um volume de faturação em torno de 2.000 milhões de euros e um EBITDA de 100 milhões, com um resultado líquido de 35 milhões de euros, o CFO da Sovena destaca que se trata de um negócio com “uma margem pequena”, o que explica a diferença entre o volume de vendas e os ganhos. “É um negócio duro, porque a margem é muito pequena“, o que implica “trabalhar sempre num gelo muito fino”.

Com fábricas em Portugal, Espanha, Estados Unidos, Angola, Colômbia e uma participação numa empresa no Chile, a Sovena apresenta uma quota de mercado de 26% em Portugal e de 24% no Brasil. No mercado nacional, o responsável conta que a empresa conta com uma presença muito grande no óleo em Portugal, onde vende o produto com a marca Fula, Vêgê e Frigi. Contabilizando ainda as marcas próprias que a empresa fornece, “oito em cada dez” garrafas de óleo são produzidas pela Sovena, adianta Eduardo Alves da Silva.

Perante um mundo marcado por novos desafios, com impacto nas cadeias de valor, o CFO do grupo agroalimentar português diz que “temos que estar expostos à sorte”, notando a necessidade de estar “extremadamente preparados, ter variáveis muito bem preparadas e capacidade de resposta”.

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