Governo dos EUA admite “ir mais longe” contra protestos
"Não temos medo de ir mais longe. Não temos medo de fazer algo diferente, se necessário", disse a procuradora-geral norte-americana.
A procuradora-geral norte-americana advertiu esta quarta-feira que a administração Trump não receia “ir mais longe” para conter os protestos contra as políticas migratórias, enquanto o governador da Califórnia avisou que o Presidente “não vai parar” neste estado.
“Estamos num bom momento. Não temos medo de ir mais longe. Não temos medo de fazer algo diferente, se necessário”, afirmou Pam Bondi, citada pela CNN, numa altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou invocar a Lei de Insurreição, que permite o envio de militares para as ruas.
Nas últimas horas, o Presidente Trump afirmou que está disposto a invocar esta legislação, o que não acontece desde 1807, e classificou como “insurrectos” financiados para protestar contra as rusgas e detenções levadas a cabo pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE).
“Faremos tudo o que estiver dentro da nossa autoridade legal para proteger os nossos agentes da lei e todo o povo da Califórnia neste momento”, insistiu Bondi, que confia que o recente recolher obrigatório decretado no centro de Los Angeles sirva para conter a violência dos protestos nos últimos dias e que levaram Trump a enviar a Guarda Nacional para a cidade, à revelia do governador democrata da Califórnia.
O governador, Gavin Newsom, acusou o Presidente dos Estados Unidos de colocar em risco a democracia. Diante da possibilidade de distúrbios dessa magnitude, outro estado com um alto índice de população migrante, como o Texas, governado pelo republicano Greg Abbott, ordenou o destacamento da Guarda Nacional.
Gavin Newsom, o influente governador democrata da Califórnia, já advertiu contra a intervenção de Donald Trump, considerando que poderia muito bem espalhar-se por todo o país. Considerado um dos favoritos para a candidatura democrata nas próximas eleições presidenciais, em 2028, Gavin Newsom acredita que o presidente republicano excedeu amplamente a sua autoridade ao enviar o exército para enfrentar os manifestantes em Los Angeles.
“A Califórnia pode ser a primeira, mas está claro que não vai parar por aí”, alertou Gavin Newsom na terça-feira, num discurso transmitido pela televisão. Donald Trump, acrescentou, é um “Presidente que não quer ser limitado por nenhuma lei ou Constituição, perpetuando um ataque à tradição americana”.
O líder democrata mostrou-se preocupado com as detenções realizadas pela polícia de imigração, que acusa de ter detido uma cidadã norte-americana grávida e a filha de 4 anos. “Se alguns de nós podem ser arrancados da rua sem mandado, apenas com base em suspeitas ou na cor da pele, então nenhum de nós está seguro”, afirmou.
“Os regimes autoritários começam por visar as pessoas menos capazes de se defender. Mas não vão parar por aí”, acrescentou Gavin Newsom. Diante da falta de contrapoder ao Presidente e de um “Congresso inexistente”, Gavin Newsom exortou os norte-americanos a “se defenderem e exigirem responsabilidades”, ao mesmo tempo que convidou os manifestantes a fazê-lo de forma pacífica.
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