Von der Leyen avisa EUA que União Europeia se prepara para desacordo sobre tarifas

  • Lusa e ECO
  • 8:00

Comissão Europeia irá "defender os interesses europeus sempre que necessário" e tem "todas as opções em cima da mesa" para as negociações entre Bruxelas e Washington que decorrem até 9 de julho.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avisou os Estados Unidos de que a União Europeia (UE) se está a preparar para a possibilidade de não haver um “entendimento satisfatório”, prometendo defender os interesses europeus.

“Recebemos o mais recente documento dos Estados Unidos para prosseguir com as negociações e estamos a analisá-lo neste momento”, começou por dizer Ursula von der Leyen, falando em conferência de imprensa após um Conselho Europeu dedicado em parte a assuntos de competitividade económica, em Bruxelas.

E afiançou: “A nossa mensagem de hoje é clara: estamos prontos para chegar a um acordo, mas, ao mesmo tempo, estamos a preparar-nos para a possibilidade de não se alcançar um entendimento satisfatório”.

De acordo com a líder do executivo comunitário, a Comissão Europeia irá “defender os interesses europeus sempre que necessário” e tem “todas as opções em cima da mesa” para as negociações entre Bruxelas e Washington que decorrem até 9 de julho.

Fontes comunitárias ouvidas pela Lusa apontaram que a UE ambiciona e ainda acredita num acordo com os Estados Unidos, rejeitando uma prorrogação do prazo por implicar discussões mais pormenorizadas.

As mesmas fontes adiantaram que a parte mais difícil das negociações se deve ao défice comercial norte-americano face ao bloco comunitário e ao interesse dos Estados Unidos em vender automóveis à Europa.

Presente na conferência de imprensa, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou: “Um acordo é sempre melhor do que um conflito, e zero direitos aduaneiros é sempre melhor do que um direito aduaneiro”. “A incerteza é a pior coisa para a nossa economia e temos de avançar para dar certezas aos nossos investidores, aos nossos trabalhadores, às nossas empresas, o mais rapidamente possível”, apelou.

António Costa defendeu ainda, como abordado no Conselho Europeu, o “reforço da posição da Europa no palco mundial”, e que para tal contribuirão “as próximas cimeiras com o Japão, a China e os países da América Latina, das Caraíbas e da União Africana, na segunda metade deste ano”.

Já o presidente francês, Emmanuel Macron, apelou a um “acordo rápido”, defendendo que a situação atual não pode durar “para sempre”. “Há um desejo real entre os europeus de concluir (…) Mas não queremos concluir rapidamente a qualquer custo”, acrescentou, após uma cimeira dos 27 Estados-membros em Bruxelas.

As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios de Donald Trump de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas, entretanto, suspensas por 90 dias.

A suspensão acalmou os mercados, que chegaram a registar graves perdas, e foi saudada e secundada pela UE, que suspendeu, durante o mesmo período e até meados de julho, as tarifas de 25% a produtos norte-americanos em resposta às aplicadas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio europeus.

A Comissão Europeia, que detém a competência da política comercial da UE, tem optado pela prudência e essa cautela é apoiada por países como Portugal. Bruxelas quer conseguir negociar com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado. Segundo a instituição, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

Prazo de julho para negociação de tarifas “não é crítico”, alegam EUA

Por outro lado, a Casa Branca alega que não considera “crítico” o prazo de 9 de julho inicialmente fixado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para negociar novos acordos comerciais com os seus parceiros e evitar assim a aplicação “tarifas recíprocas”.

“O prazo não é crítico. O Presidente pode simplesmente oferecer um acordo a esses países se eles se recusarem a fazer um acordo connosco antes do prazo, e isso significa que o Presidente pode escolher uma taxa tarifária recíproca que considere vantajosa para os Estados Unidos”, afirmou a porta-voz da administração, Karoline Leavitt, numa conferência de imprensa.

Quanto ao progresso das negociações comerciais, Leavitt acrescentou que o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, “está a trabalhar arduamente e tem tido discussões muito boas e produtivas” com vários dos principais parceiros comerciais de Washington.

Questionada por um jornalista sobre o que irá acontecer depois de 9 de julho com a suspensão das tarifas, a porta-voz da Casa Branca respondeu que “essa é uma decisão que cabe ao Presidente tomar”.

No início de junho, o líder republicano já tinha manifestado abertura para alargar os prazos dos novos acordos comerciais e disse que “a dada altura” o seu Governo iria enviar cartas aos países com novos pactos elaborados pelos EUA e que estes poderiam “aceitar ou rejeitar”. “Eles não têm de o utilizar (o acordo). Não têm de comprar aos Estados Unidos, como eu disse”, acrescentou.

Desde que regressou ao poder em janeiro passado, Trump impôs tarifas globais, erradamente consideradas “recíprocas”, que depois suspendeu até 9 de julho para dar espaço aos restantes países para negociarem novos pactos comerciais com Washington.

Atualmente, a administração republicana chegou a um acordo informal com o Reino Unido e a outro pacto com a China para reduzir as tarifas. Trump especificou no início deste mês que estava a negociar com cerca de 15 países, incluindo o Japão e a Coreia do Sul, e insistiu que tinha “mais de 150” ainda em espera.

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