BCE compromete-se a agir de forma “vigorosa” se inflação estiver demasiado alta ou muito baixa

Lagarde reafirma o compromisso com a estabilidade de preços. BCE tem objetivo simétrico de 2% para a inflação a médio prazo e promete agir perante desvios significativos em ambos os sentidos.

O Banco Central Europeu (BCE) comprometeu-se a responder de forma “vigorosa” a desvios da meta de inflação de médio prazo de 2%, quer quando a inflação está demasiado alta ou baixa. A decisão faz parte da revisão estratégica da instituição liderada por Christine Lagarde, apresentada esta segunda-feira, em Sintra, onde arranca o Fórum BCE, e na qual o Conselho decidiu manter inalterado o conjunto de instrumentos disponíveis, mas Christine Lagarde garante que o compromisso com a estabilidade de preços é total, sobretudo perante o desafiante contexto internacional.

O novo contexto dá-nos muitas razões para nos preocupar, mas com o que não temos de nos preocupar é com o nosso compromisso com a estabilidade de preços“, afirmou a presidente do BCE, Christine Lagarde, em conferência de imprensa.

O Conselho do BCE confirmou na revisão estratégica o objetivo simétrico de 2% para a inflação a médio prazo, mas destaca que a “simetria exige uma resposta adequadamente vigorosa ou persistente da política monetária a grandes desvios sustentados da inflação em relação ao objetivo, em ambos os sentidos“.

A revisão estabelece ainda que “o conjunto de instrumentos disponíveis permanece inalterado e a escolha, a conceção e a implementação dos mesmos possibilitarão uma resposta ágil a novos choques”.

Christine Lagarde recordou que o contexto internacional mudou desde a última revisão estratégica, em 2020-2021. “Algumas das questões com as quais mais nos preocupávamos em 2021 – incluindo a inflação muito baixa durante muito tempo – tomaram um rumo bastante diferente”, destacou.

Assistimos não apenas a um aumento da inflação, mas também a mudanças em algumas características estruturais fundamentais da nossa economia e do ambiente inflacionista: a geopolítica, a digitalização, o uso crescente da inteligência artificial, a demografia, a ameaça à sustentabilidade ambiental e a evolução do sistema financeiro internacional”, elencou.

Neste sentido, sublinhou que o ambiente em que o BCE opera irá continuar “altamente incerto e potencialmente mais volátil”. “Isto tornará mais desafiador conduzir nossa política monetária e cumprir nosso mandato de manter os preços estáveis”, admitiu. No entanto, reafirmou que a instituição está comprometida com o seu mandato.

Questionada sobre vozes criticas que defendiam uma alteração dos instrumentos disponíveis pelo BCE, Lagarde defendeu as alterações levadas a cabo desde a última revisão. “Aceitamos críticas e, na verdade, estamos bastante acostumados a elas. Mas prestamos atenção porque, obviamente, isso identifica a perceção dos outros e daqueles que estão nos bastidores e tomam as decisões. E se houver a perceção de que algo não funcionou então analisamos e levamos isso em consideração“, disse.

“Durante as várias crises e os grandes choques que foram, de certa forma, sucessivos respondemos e acho que demonstramos grande agilidade em responder a esses choques. Por exemplo, criamos novos instrumentos que simplesmente não existiam na altura, como o Instrumento de Proteção de Transmissão”, disse, acrescentando que a “beleza” do exercício levado a cabo pelo BCE “é fazer um balanço e manter o que deveria ser mantido, mas também analisar o que aprendemos com o último ano e que precisava ser aprimorado para refinar as projeções, chegar a propostas melhores e ter recomendações ainda mais robustas”.

(Notícia atualizada às 13h38)

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