Noronha Lopes critica Benfica District em campanha eleitoral e quer conhecer contas do projeto
Entre promessas de piscinas e hotéis à porta do Colombo, cresce o receio de que o “Benfica District” de Rui Costa é propaganda sem sustentabilidade, revela o candidato em entrevista exclusiva ao ECO.

O Benfica prepara-se para anunciar no final desta terça-feira o “Benfica District”, um plano de modernização que pode chegar aos 300 milhões de euros. A horas da apresentação pública, João Noronha Lopes, candidato à presidência do clube, exige transparência. “Um projeto desta envergadura […] não deveria ser apresentado em clima de campanha eleitoral”, refere o gestor em entrevista exclusiva ao ECO, notando que este era um projeto que deveria ter sido apresentado aos sócios na última Assembleia Geral, realizada há cerca de um mês. “Pelo menos para partilhar a ideia”, diz.
Além disso, Noronha Lopes sublinha também que não basta ter ambição para apresentar projetos desta grandeza. O gestor destaca que é preciso provar que há meios para concretizar o maior investimento na Luz desde a construção do novo Estádio da Luz, em 2004. “Há uma diferença entre uma boa ideia e a capacidade de a concretizar”, reforça.
Noronha Lopes recorda que há quatro anos, a atual direção do Benfica, liderada por Rui Costa, também prometeu uma “cidade das modalidades” que “não saiu do papel”. Por isso, o gestor quer ver o plano financeiro em detalhe antes de aplaudir a ideia. “É preciso saber qual é a sustentabilidade financeira, qual é a sociedade do Grupo Benfica que está envolvida, como é financiado, que garantias é que o Benfica vai dar”, sublinha Noronha Lopes, receando que o montante anunciado do projeto ponha em risco o principal objetivo do clube, que é “o sucesso desportivo”.
Um dos pontos que mais inquieta Noronha é o retorno comercial do “Benfica District”, questionando, desde logo, “qual é a viabilidade de uma área comercial ao lado do Colombo?”.
Porém, reconhece que a zona envolvente precisa de intervenção há anos e garante ter propostas concretas. “Projetos como, por exemplo, a Casa do Sócio, que apresentei há cinco anos, já deveriam estar feitos”. Caso seja eleito, Noronha Lopes promete apresentar “com tempo suficiente” um plano alternativo, sem ter de ir a “correr a fazer um PowerPoint ou ao ChatGPT para fazer um desenho por inteligência artificial”.
Um dos pontos que mais inquieta Noronha é o retorno comercial do “Benfica District”, questionando, desde logo, “qual é a viabilidade de uma área comercial ao lado do Colombo?”. A proximidade ao maior centro comercial do país pode tornar a operação mais complexa, elevando o risco financeiro. O gestor pede, por isso, estudos de mercado e garantias de financiamento externo para que o projeto não caia sobre a tesouraria da SAD.
Apesar das reservas, Noronha Lopes não descarta aproveitar parte do “Benfica District”. Em caso de vitória nas próximas eleições que decorrem em outubro, admite integrar boas ideias de adversários eleitorais, desde que se encaixem na sua matriz de “benfiquismo” e melhorem “a experiência do dia do jogo, que neste momento é muito pobre”, diz.
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Entre as inspirações para potenciar a marca Benfica, Noronha Lopes aponta as fan zones de Mundiais e das ligas norte-americanas, que visitou recentemente com os Miami Heat, destacando a importância de restauração, catering e merchandising para gerar receitas e envolver famílias.
Com as eleições marcadas para outubro, o “Benfica District” deverá ser tema-chave da campanha. Rui Costa apresenta hoje o dossiê com o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e promete iniciar a fase de licenciamento ainda em 2026. Noronha Lopes, por seu lado, sublinha que “há tempo para apresentar aos sócios” o seu contraponto e apela a um “debate e uma partilha de ideias” para que os associados escolham “o projeto que é mais realista, […] que mais se enquadra dentro da filosofia do clube”.
Sem garantias sobre quem estará à frente do clube em 2027, o futuro do “Benfica District” dependerá tanto do voto de outubro como da robustez financeira que for demonstrada. Até lá, a pergunta de Noronha ecoa na Luz: faz sentido avançar já com um investimento de centenas de milhões sem contas detalhadas à vista e a cerca de dois meses de umas eleições que prometem ser renhidas.
- A entrevista completa de João Noronha Lopes será publicada na íntegra na próxima sexta-feira.
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