Trabalhadores da Faurecia avançam para greve em Bragança e ameaçam com nova paralisação em agosto
Os mais de 500 trabalhadores da empresa de componentes para automóveis, que registou lucros mais de 100 milhões nos últimos cinco anos, exigem maiores aumentos salariais.
Os trabalhadores da fábrica da multinacional francesa Faurecia, em Bragança, realizam esta terça-feira uma greve, onde reivindicam maiores aumentos salariais, acusando a nova administração de não querer negociar. Caso não haja abertura para negociações, o sindicato já fala numa nova paralisação no dia 22 de agosto.
“Queremos que o aumento salarial dos trabalhadores seja condizente com a realidade do que foi a sua produtividade“, reclama Miguel Ângelo, coordenador do SITE-Norte, a entidade sindical que marcou a paralisação desta terça-feira. Em declarações ao ECO, o responsável destaca que a empresa tem vindo a aumentar a sua rentabilidade ao longo dos anos, tendo lucrado 18 milhões de euros em 2024, acima dos 17 milhões em 2023 e dos 14 milhões em 2022. “Nos últimos cinco anos a empresa já fez mais de 100 milhões de euros em lucros“, atira.
Segundo adianta o sindicato, este processo negocial com a empresa para melhorar os salários já começou em janeiro do ano passado, até à última reunião, em 11 de julho, tendo chegado a estar prevista uma greve, que acabou por ser desmarcada, depois de a anterior administração se ter comprometido com aumentos de 40 euros em janeiro. Já em abril deste ano, a administração, que entretanto mudou, aumentou os trabalhadores com valores que oscilaram entre 17 e 35 euros, com base nas avaliações de desempenho, valores que o representante dos trabalhadores considera insuficientes.
“Os salários não estão a acompanhar” a subida de lucros, defende Miguel Ângelo, acrescentando que o sindicato vinha a construir um caminho com a anterior administração, o que permitiu aumentar o salário médio dos mais de 500 trabalhadores da empresa fornecedora de componentes para o setor automóvel para um valor entre os 900 e os 1.000 euros. Contudo, diz, a nova administração não tem demonstrado vontade de negociar. “Não se quer comprometer” com aumentos salariais.
Várias empresas do setor de componentes para automóveis têm vindo a passar por algumas dificuldades nos últimos meses, devido à crise no setor, mas não é o caso da Faurecia de Bragança, que tem conseguido aumentar as suas receitas e os lucros.
Em comunicado, o sindicato destaca que “o processo desde a primeira reunião a, 24 de janeiro de 2024, foi pautado por uma falta de resposta e compromisso por parte da nova administração, desvalorizando totalmente todas as reivindicações apresentadas pelos Trabalhadores, desde o aumento salarial, aos subsídios de transporte, limpeza e manutenção de farda, e alimentação, bem como diuturnidades e gozo de férias, tentando cortar assim um caminho de algum reconhecimento tido pela anterior administração, ao nível salarial e condições de trabalho”.
Apesar de ainda não ter havido pré-anúncio de greve, Miguel Ângelo garante que se não houver abertura negocial da empresa os trabalhadores irão realizar uma nova paralisação no dia 22 de agosto. “Esperamos que não se realize, mas se nada mudar vai haver outra greve em agosto”, reforça.
“Queremos que os trabalhadores de Bragança tenham o mesmo nível salarial que os outros trabalhadores do grupo” no país, argumenta.
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