Lucros da Navigator descem 46% para 85,2 milhões no primeiro semestre. Tarifas já pesam no consumo
Papeleira segurou vendas acima de mil milhões, num período marcado por "contexto macroeconómico particularmente exigente", que tem "contribuído para uma redução de consumo em vários mercados".
A papeleira Navigator fechou o primeiro semestre do ano com um resultado líquido de 85 milhões de euros, o que representa uma quebra de 46,3% face aos 158,8 milhões reportados no período homólogo, num período marcado por “situações de mercado muito adversas“, adianta a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Empresa vai fazer revisão “criteriosa” de investimentos e focar no PRR.
O volume de negócios ascendeu a 1.019 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 1.065,5 milhões registados nos primeiros seis meses de 2024, enquanto o EBITDA atingiu os 216 milhões, menos 27,6% que os 298,8 milhões no período homólogo.
“A The Navigator Company alcançou no 1.º semestre de 2025 uma margem EBITDA de 21,2%, num contexto macroeconómico particularmente exigente, marcado pela elevada volatilidade geopolítica, com o escalar dos conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, pela persistente ameaça de aumento das tarifas aduaneiras por parte da administração norte-americana, que tem contribuído para uma redução de consumo em vários mercados“, realça a empresa no comunicado.
A empresa refere que o volume de entrada de encomendas de papel de impressão e escrita (UWF) aumentou 10%, em contraste com uma queda de 2% na indústria. “Este desempenho positivo verificou-se também relativamente aos mercados da Navigator na Europa, onde a empresa registou um crescimento de 4%, face a uma quebra média da indústria de 4%”, diz o comunicado.
“A evolução permitiu também à Navigator reforçar a sua quota de encomendas, colocadas à indústria europeia, face ao período homólogo em três pontos percentuais à escala global para 27% e em dois pontos percentuais no mercado europeu, atingindo 20%”, detalha a apresentação de resultados.
A empresa foi ainda penalizada por questões cambiais. A recuperação dos preços da pasta registada no primeiro trimestre foi interrompida a partir de abril, criando pressão sobre os preços internacionais de papel, com destaque para o UWF. “Neste cenário, o preço do papel da Navigator também regrediu face ao 1.º trimestre, sobretudo devido à desvalorização do dólar, divisa em que a Empresa transaciona em mais de 100 países“, aponta a empresa.
No tissue, o volume de vendas atingiu 119 mil toneladas, um aumento de 27% face ao período homólogo, enquanto o valor das vendas cresceu 35% face ao mesmo período de 2024, um crescimento para o qual contribuiu a integração do negócio da Navigator Tissue UK, adquirido em maio de 2024.
Já o segmento de packaging apresentou um crescimento de 8% de volume de negócios.
Empresa faz revisão “criteriosa” de investimentos
Após aquilo que qualificou como um primeiro semestre “marcado por um contexto macroeconómico e geopolítico desafiante — com o avanço do protecionismo, tensões comerciais agravadas entre blocos económicos, instabilidade no Médio Oriente e no Leste da Europa, volatilidade nos mercados de matérias-primas e energia” —, a Navigator adianta que em 2025 já foram implementadas “medidas robustas para mitigar os impactos adversos e capitalizar oportunidades emergentes, mantendo o foco na eficiência e na competitividade”.
Desde logo, a empresa cita medidas de otimização de consumos de matérias-primas, a redução de custos variáveis de produção e de custos fixos, através de programas de aumento de eficiência interna e de renegociação com fornecedores, nomeadamente reduzindo de forma muito expressiva a importação de madeira.
A companhia refere ainda que “está a ser realizada uma revisão criteriosa dos investimentos, no montante de cerca de € 40 milhões, através da recalendarização dos projetos com menor retorno potencial, priorizando os projetos ao abrigo do PRR”.
Outro dos temas com impacto nas vendas da papeleira é a política comercial norte-americana. “Dada a forte incerteza sobre a evolução das tarifas nos EUA, a empresa decidiu, no início de abril, reforçar preventivamente os stocks neste mercado, deduzindo cerca de 10 milhões de euros ao potencial de vendas no trimestre“.
Segundo a empresa, “a forte dependência de importações, que se agravará com a entrada em funcionamento de tarifas aduaneiras, irá provavelmente potenciar preços elevados e com tendência para subir, mesmo em situações de quebra de consumo, prevendo-se níveis ainda mais elevados para 2026″.
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