Consumidores europeus antecipam inflação em queda e economia a ganhar fôlego
O medo da inflação esmorece entre os europeus, que agora veem a economia da Zona Euro e também o emprego menos em tom vermelho. Mesmo que a recuperação do PIB avance a conta-gotas.
A trajetória da inflação na Zona Euro pode estar a mudar de rumo. Os consumidores europeus voltaram a baixar as suas previsões para o aumento dos preços no próximo ano e, ao mesmo tempo, mostram-se menos pessimistas quanto à evolução da economia e do mercado de trabalho. Os sinais estão no mais recente inquérito às expectativas dos consumidores do Banco Central Europeu (BCE), referente a junho, divulgado esta terça-feira.
Segundo o inquérito, “as expectativas medianas para a inflação nos próximos 12 meses diminuíram 0,2 pontos percentuais para 2,6%, revertendo totalmente as subidas de março e abril”. É a segunda descida consecutiva e consolida a ideia de que as famílias já não antecipam um regresso da inflação aos picos de 2022.
Também a perceção sobre a inflação passada permanece estável. “A taxa mediana percebida para os últimos 12 meses manteve-se em 3,1% pelo quinto mês consecutivo, o valor mais baixo desde setembro de 2021”, lê-se no comunicado do BCE.
A melhoria de sentimento não se limita aos preços. O inquérito do BCE mostra que “as expectativas quanto ao crescimento económico nos próximos 12 meses tornaram-se menos negativas, subindo para -1% em junho, face a -1,1% em maio e -1,9% em abril”. Ainda em terreno negativo, é certo, mas a tendência aponta para uma recuperação gradual depois do arrefecimento vivido no inverno.
As famílias contam agora com um aumento de 3,1% no preço das casas (ligeiramente abaixo dos 3,2% de maio) e uma taxa de juro média para os novos empréstimos da ordem dos 4,3%, contra 4,4% no mês anterior.
Paralelamente, “a taxa de desemprego esperada no espaço de um ano caiu para 10,3%, contra 10,4% registados no mês anterior”, reforçando a perceção de que o mercado de trabalho permanecerá relativamente resiliente.
No campo dos rendimentos das famílias, o retrato é de aparente estabilidade. Tal como nas leituras de abril e maio, “as expectativas dos consumidores para o crescimento nominal do rendimento nos próximos 12 meses mantiveram-se inalteradas em 1%”, refere o BCE em comunicado. A estagnação, porém, esconde dinâmicas distintas: as camadas de rendimentos mais elevados tornaram-se ligeiramente mais pessimistas, compensadas por ganhos de otimismo junto dos grupos mais baixos.
A contenção surge, contudo, no lado da despesa. “O crescimento nominal esperado da despesa nos próximos 12 meses voltou a descer, fixando-se em 3,2% em junho, após 3,5% em maio e 3,7% em abril”. O corte reflete não só a menor pressão inflacionista, mas também “a incerteza económica acrescida dos últimos meses”, explica o BCE, apontando para um possível travão ao consumo das famílias.
Nos mercados de habitação e crédito, o panorama adota um tom mais suave. As famílias contam agora com um aumento de 3,1% no preço das casas (ligeiramente abaixo dos 3,2% de maio) e uma taxa de juro média para os novos empréstimos da ordem dos 4,3%, contra 4,4% no mês anterior. A sensação de acesso ao crédito mantém-se apertada, ainda que com uma ligeira melhoria nas expectativas para o próximo ano.
O inquérito, realizado online a cerca de 19 mil adultos em 11 economias da Zona Euro, confirma que as perceções variam consoante a faixa etária e o nível de rendimento: os mais jovens continuam a sentir menos inflação do que os grupos de 35-54 e 55-70 anos, enquanto os quintis de rendimentos mais baixos reportam expectativas de preços um pouco superiores, destacam os resultados do inquérito.
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